Capítulo 3
Olá, amores e amoras!
Estou de volta agora com a história de Henrique Hauser!
As postagens ocorrerão todas às segundas-feiras. Se gostarem, deixem estrelinhas e comentários. Beijos e até a próxima semana! <3
Boa leitura,
A.C.NUNES
***
— Não acredito que saiu de casa. — ela me diz, e eu tento ignorá-la.
Há dois dias discuti com Lívia por causa de toda sua atenção em Alfredo. Há dois dias eu transei com sua melhor amiga. Só eu sei como isso me atormentou e me desestabilizou. Assim, eu resolvi nos dar um tempo, me dar um tempo. Eu precisava de alguns dias sozinho para pensar na maior burrada da minha vida e de tempo para curar minha ferida por Lívia outra vez estar se aproximando do meu irmão — mesmo na atual circunstância. E por essa razão, juntei algumas roupas e fui para a casa de mamãe. É claro, Lívia não concordou com essa minha mudança provisória e agora está aqui, o braço cruzado na frente do tórax, a expressão séria e dura, esperando uma resposta minha.
Mas tudo o que faço é fixar mais meus olhos no livro em minhas mãos e me concentrar em montar o processo de um cliente particular da minha advocacia. Eu faltei à empresa hoje, realmente para evitá-la, e me refugiei aqui, pois sabia que ela também me procuraria na casa de mamãe. No entanto, eu subestimei essa mulher, e ela facilmente me encontrou.
— Eu não saí de casa, Lívia — respondo, sem erguer meus olhos aos seus. — Estou apenas me dando um tempo para esfriar a cabeça.
E transar com sua melhor amiga, minha consciência adiciona, me alfinetando.
— Sabe que sua atitude é completamente infantil, não é? — ela diz, a voz é acusadora com uma pitada de raiva. — Discutimos porque... porque estou sendo solidária com um homem em coma que terá de receber a notícia da morte da esposa e da filha quando acordar? Se acordar. É por isso que nós discutimos, Henrique?
Exaspero e saio de trás da minha mesa, me levantando com brusquidão. A raiva domina cada célula do meu corpo; eu queria poder me controlar, mas simplesmente não posso. Abro a porta do meu escritório, dizendo:
— Eu preciso trabalhar Lívia, e você está me atrapalhando. Por favor — e indico a saída.
Ela me olha espantada, os olhos castanhos um dia tão encantadores e que me conquistaram cintilam de espanto. No entanto, Lívia permanece impassível, sem revelar, de fato, a dor de minha rejeição. Por causa das canalhices do meu irmão onze anos atrás, ela aprendeu a disfarçar bem suas emoções; pelo menos, na minha frente. Mas seus olhos sempre a entregam. E agora, eu posso ver neles que ela está chateada e magoada comigo, com minha indiferença. Eu gostaria de poder me agarrar à esperança de que isso é algum sinal de que ela me ama, mas eu não posso. Por muitas vezes me agarrei a isso, e no fim eu saí apenas machucado. Talvez eu nunca mais acredite realmente em seu amor por mim. A confiança entre nós morreu há muito tempo.
— Não entendo como ainda pode odiar seu irmão — enuncia, quase inaudível, ainda plantada no seu lugar, ignorando meu pedido e a porta aberta. — Ele esta à beira da morte, e, mesmo se sobreviver, ainda terá de viver pelo resto da vida com a dor da perda da filha e da esposa, e você... simplesmente está frio, não se importa. É como se... não sentisse por Alfredo.
— E por que eu deveria? — rosno, entre os dentes, elevando a voz. — Alfredo me tirou tudo, Lívia. Éramos perfeitos um para o outro onze anos atrás, e ele não pensou nem em mim nem em você quando decidiu te enganar, partir o seu coração! Eu lutei por nós, passei por cima do meu ódio e do meu orgulho para assumir Enzo, abri mão de outros relacionamentos porque sempre fui cego de amor por você! E o que eu recebo em troca? Bastou Alfredo voltar da França pra todo seu ódio de anos desaparecer. Você me deixou pra ficar com ele! — digo, agora quase gritando.
— Não foi bem assim. Eu tinha planos contra ele, e você sabe! — se defende, também irritada.
— Sim, queria se vingar — jogo as mãos para o ar, suspirando de raiva. — Você teve sua vingança, e depois jurou odiá-lo o resto da vida, mas veja só: está cheia empatia e preocupação com ele!
— Porque Alfredo pode morrer! Não tem cabimento esse seu ciúme, Henrique. — protesta se aproximando de mim, e eu posso ver a irritação pulando dos seus olhos.
— Não estou com ciúmes — grito. — Estou com raiva! É, ele pode morrer, e você se importa o suficiente para pôr Alfredo na frente da nossa relação! Sabe por quê? Porque ainda o ama!
— Não ficarei aqui ouvindo essas baboseiras. — pronuncia, passando por mim e indo embora.
Quando ela passa e fecha a porta com um baque, eu dou um forte soco na madeira, buscando um meio de descarregar o ódio, a raiva e o ciúme me consumindo e me tirando a sanidade. Respiro fundo e volto para meu trabalho, tento me concentrar nas letras, frases e parágrafos, quero grifar as partes mais importantes, mas preciso ler duas ou três vezes a mesma coisa porque simplesmente me desconcentro pensando na discussão com Lívia — mais uma pra coleção de "discussões por causa de Alfredo".
Olho no relógio: são quase oito da noite. Volto-me para os livros e documentos em minha mesa, porém, minha concentração toda foi embora. Então, eu penso nela. Não em Lívia, mas em Victória. Meu peito aperta de uma forma inexplicável ao projetar os lábios carnudos, os olhos verdes chamativos, a pele branca e delicada como porcelana, os seios médios contra meu tórax, o calor do seu corpo no meu.
Minha respiração falha um pouco, e quando percebo, já tomei uma péssima decisão.
Preciso de uma dose de coragem pra não virar os calcanhares e ir embora. Eu realmente não sei o que me deu de vir aqui, de procurá-la. Eu não pensei nem por um segundo por que eu a procuraria, mas aqui estou eu, obedecendo meus desejos, e não minha razão.
Ergo o dedo para tocar a campainha, mas logo o abaixo, acovardando-me. O que direi a ela, se não há nada para ser dito entre nós? Não precisa dizer nada, meus pensamentos tomam forma em minha mente, apenas beije-a e a leve pra cama!
Chacoalho fortemente a cabeça. Foi loucura vir aqui. Por isso, decido ir embora e esquecer essa mulher. No entanto, quando giro o corpo, eu a vejo. Está chegando, sozinha, ainda com seu dólmã do restaurante onde trabalha e é dona. Por um segundo ela não me vê, está de cabeça baixa, revirando a enorme bolsa transversal (parece-me masculina), talvez à procura de suas chaves.
Nesse momento eu gostaria de ser invisível ou poder sumir, tudo para Victória não me ver aqui. Meu coração fica preso na garganta quando, por fim, ela me vê parado em frente ao seu apartamento. Vic pisca, assimilando minha presença, e então se agarra à sua bolsa fortemente.
— Oi... — sou eu quem quebra o silêncio.
— O que está fazendo aqui? — pergunta, mas não é ríspida.
— Vim ver você.
Victória ergue uma sobrancelha, continua parada em seu lugar, as chaves penduradas em seu indicador.
— Henrique... Deveria ir embora.
— Vic, por favor. Só cinco minutos.
Ela não me responde. Termina seu percurso, passando por mim e pondo a chave na fechadura. Ela me dá espaço, muda e cabisbaixa, quando abre a porta. Entro primeiro, ela o faz depois, devagar, encostando a porta lentamente. Fico sem palavras e sem ações. Eu não sei exatamente por que vim procurá-la, apenas agi por instinto, movido pelas minhas emoções, por não conseguir parar de pensar nela, ou no nosso sexo, nos últimos dois dias.
— Estou esperando — suspira, me olhando com curiosidade.
— Só quero saber... como você está. Depois de tudo.
— Quer saber como estou depois de ter dormido com o homem da minha melhor amiga? — indaga, meio sarcástica, meio nervosa. Ela termina de entrar e joga sua bolsa no sofá, então me encara. — Eu estou bem, Henrique. — diz, e suas palavras soam firmes. — E você? — A pergunta me pega de surpresa.
Suspiro baixo e desvio meu olhar do seu. Os olhos verdes vêm mexendo comigo desde aquela noite, e agora, tão perto deles, me sinto deslocado e encurralado.
— Não muito bem. Estou dormindo fora de casa e discuti com Lívia hoje.
— Ah... — seu tom sai decepcionado. — Então me procurou porque brigou com Lívia?
— Não. — respondo, movendo a cabeça. — Eu te procurei porque estou irritado.
Victória pisca várias vezes, me encarando com espanto. Ela se mexe no seu lugar, puxa as pontas da manga do dólmã e molha os lábios inferiores.
— Não entendo — confessa, enfim, com um sussurro.
— Eu discuti com Lívia, e nem foi por causa do Alfredo. Não totalmente. Mas porque estou irritado. E sabe por que estou irritado, Victória? — questiono-a, diminuindo o espaço entre nós com apenas duas passadas no apartamento. Ela me olha nos olhos, de cima para baixo, por ser alguns centímetros mais baixa do que eu. Como resposta, ela apenas nega com um movimento. — Estou irritado porque não paro de pensar em você.
A revelação também me surpreende. Nos últimos dois dias eu tentei de todas as formas negar o óbvio. Mas agora sou um livro aberto para ela, e não há motivos para esconder como aquela noite junto dela mexeu comigo. E sou completa e irrevogavelmente sincero quando lhe digo que não paro de pensar nela.
Ela engole em seco e pisca, sem deixar de me olhar intensamente. Ela me pergunta:
— Não consegue parar de pensar em mim porque está arrependido ou... porque gostou?
Sem perceber, minha mão já está em contato com sua pele, acariciando-a na bochecha com o polegar, de forma amorosa e cândida. Abro um sorriso pequeno para ela, vendo sua expressão com meu toque: ela está gostando.
— Serei sincero: é um pouco de cada.
Victória não me responde por alguns segundos, mas também não se afasta das minhas carícias. Ela morde o lábio inferior carnudo de uma forma que me faz desejar fazer o mesmo.
— Também não parei de pensar em você... — confessa, murmurando timidamente. Conheço-a há tempo suficiente para saber que ela é desinibida e quase incapaz de ruborizar ou sentir timidez. Mas agora, bem na minha frente, eu vejo isso nela, vejo suas bochechas brancas tomarem uma cor avermelhada, e seus olhos verdes tremularem de encontro aos meus.
— Não consegue parar de pensar em mim porque se arrependeu ou... porque gostou? — devolvo sua pergunta de trinta segundos atrás.
Victória desenha um sorriso contido.
— É um pouco de cada — admite, usando minhas palavras.
Atrevo-me a aproximar-me mais um pouco dela, tocando agora sua cintura com a mão livre. Ela arqueja alto, quando a toco, e fecha os olhos, como se assim pudesse me sentir melhor.
— Eu estaria disposto a me arrepender de novo se eu pudesse sentir outra vez como é maravilhoso transar com você. — sussurro, deixando nossas bocas a centímetros uma da outra. As palavras fluem da minha boca com facilidade e sinceridade, sem pudor ou medo das consequências.
Ainda de olhos fechados, ela umedece os lábios mais uma vez, deixando-me à beira da loucura. Quero experimentar dela mais uma vez, da sua boca e do seu corpo, mas agora com mais calma e mais lucidez. Eu nem me importo em estar traindo Lívia de novo, com sua melhor amiga.
— Faça. — Victória murmura, abrindo os olhos. — Faça de novo. Faça o que quiser. Faça-me sua. Possua-me, Henrique.
Seu pedido é quase uma ordem pra mim. Sem esperar sequer um segundo, eu avanço sobre sua boca, abrindo caminho com minha língua para sugar a sua. Victória me dá espaço e me agarra pela nuca, trazendo-me mais para perto. Nosso beijo é desesperado e intenso, e eu perco meu blazer enquanto a conduzo mais para dentro de sua cozinha, onde há uma mesa de vidro. Sem separar seus lábios dos meus, eu desabotoo seu dólmã, jogando-o longe. Por baixo eu vejo, ao cessar nosso beijo por dois segundos, que Victória usa uma regata de cetim de alças finas, os seios médios estão soltos e livres debaixo da roupa, seus mamilos enrijecidos fazem relevo no tecido — o que me deixa extremamente excitado: seus seios rijos e o fato de ela estar sem sutiã.
Passo a peça pela sua cabeça e no próximo milésimo de segundo estou chupando seus mamilos, devorando-os pra mim, ouvindo-a gemer e se segurar forte em meus cabelos. Ponho-a na mesa, e Victória me puxa pelo cós da calça, desesperada para tirar minha camisa social. Em um segundo eu também já a perdi. Devorando-me, Victória procura a fivela do meu cinto e trabalha rapidamente para ter total acesso ao meu membro rijo e pulsante, trazendo-o para fora. Quando sua mão leve me toca, eu não sou capaz de segurar um gemido dentro de sua boca. Movo-me lentamente para frente e para trás, sentindo sua mão de veludo segurar-me firme.
Afasto-a de mim, brusco, arquejando, meu coração pulsando acelerado. Puxo sua calça pelas pernas, tirando sua calcinha e seus tênis junto. Ela geme quando a beijo e a toco em seu clitóris sensível, contorcendo-se em meus dedos.
Victória me segura novamente, pedindo aos gemidos para penetrá-la.
— Não ainda — rouquejo, inflado de excitação. — Quero experimentar cada centímetro do seu corpo, Vic; como não fiz isso da última vez, farei agora. — Ajeito-a melhor na mesa e vou distribuindo beijo pelo seu corpo níveo e macio.
Ela se contorce sobre mim quando passo a língua pelo seu pescoço, clavícula, ombros e colo, deixando um rastro molhado do meu beijo quente e cálido. Suas pernas contornam minha cintura, e eu continuo descendo minha boca até alcançar seu abdômen. Seguro-a pelas pernas antes de escorregar minha língua até seu ponto sensível e chupá-la intensamente. Seu gosto é estupendamente maravilhoso, e eu me vejo desejando senti-la cada vez mais, e mesmo nem tendo terminado o hoje, já penso que quero sentir seu gosto de novo amanhã, e depois, e depois, e depois.
Intercalando as chupadas entre seu clitóris e sua fenda encharcada, eu a penetro com dois dedos, movendo-os suavemente contra suas paredes, enquanto a outra mão brinca com seus mamilos rijos. A combinação dos meus toques arranca dela gemidos altos e intermitentes, causando-lhe seu primeiro orgasmo dessa noite. Ela se desmancha em minha boca, e o gosto do seu gozo é delicioso e se torna ainda melhor ao se mesclar com seu gosto natural e o suor da sua pele. Chupo-a por inteiro, limpando-a com a língua, e subindo novamente pelo seu abdômen, o sabor e o aroma almiscarado do seu corpo me inebria e tira minha razão, aguçando meu paladar e, consequentemente, minha excitação. Beijo-a na boca, com força e desespero, querendo sugar todo seu ar dos pulmões enquanto me encaixo entre suas pernas e a penetro.
Victória geme alto e tresloucado ao me arremeter contra ela. Suas pernas se fecham com mais força em torno dos meus quadris, e eu a sinto fazendo pressão com sua vagina no meu pênis — e, Deus!, como é fodidamente maravilhoso. Inclino-me um pouco mais sobre ela, jogando suas pernas mais para cima das minhas costas, encontrando um ângulo estupendo, quase a ponto de me fazer gozar dentro dela instantaneamente. Seguro-a pela nuca, fechando meus dedos em seus cabelos, e a como com força, com muita força, fazendo contato visual com seus olhos verdes grandes e cheios de luxúria.
Ela geme meu nome em meio às suas obscenidades, provocando a chegada do meu ápice; sinto-o vindo das minhas entranhas e subindo pelo meu pênis dentro dela. Urro forte, me segurando para não gozar já. Preciso aproveitar mais dessa mulher.
Puxo-a da mesa, ainda conectado nela, beijo sua boca para abafar seus murmúrios de prazer deixados no ar e nos levo para sofá. Ela ainda me cinge com suas pernas e ergue mais os quadris para encontrarmos o ângulo e o ritmo que nos levará a um nível alto de prazer.
— Henri... — geme, olhando-me profundamente nos olhos. — Estou quase... de novo.
Eu não digo nada, mas suas palavras me dão um alívio do caralho. Eu quero me jorrar dentro dela com toda força, mas estou me segurando para não deixá-la não mão.
Sorrio e a beijo, cândido, e depois toco seu rosto, com um carinho incomum partindo de mim.
— Vamos juntos — digo-lhe, me arremetendo com mais força dentro dela e encontrando seu clitóris com meu indicador. — Vamos gozar juntos, Victória — sussurro, e então mordo seu lábio inferior suculento e carnudo, sugando seu melhor beijo pra mim.
Suas unhas passam pelas minhas costas, marcando-me, quando ela grita de prazer e permite a chegada do seu orgasmo. Seu corpo amolece, de repente, diminuindo nosso ritmo sexual; e então eu sinto seu gozo escorrendo por suas pernas. Um segundo depois, apertando forte sua cintura fina, eu me descarrego, não contendo um gemido estrangulado e alto.
Exaurido, escondo meu rosto na curva do seu pescoço. Victória cheira a perfume masculino, suor e sexo, uma mistura excitante nela. Nossos corpos ainda estão ligados um ao outro enquanto recuperamos o ar — e a sanidade. Como eu previ, estou novamente arrependido, mas tento não demonstrar, afinal, o arrependimento valeu a pena.
Fecho os olhos com força, num esforço de compreender toda essa reviravolta na minha vida. Até nove dias atrás eu era louco pela minha mulher, eu vivia num relacionamento por qual eu estava batalhando e tentando manter vivo há mais de uma década. E há dois dias — e agora — eu joguei todo meu esforço no lixo. Perdi a última década num sexo de quinze minutos.
Respiro fundo e me afasto um pouco dela para olhá-la nos olhos. Victória está abatida, vejo isso em seus olhos. Giro-me de cima dela, enfim, me ajeitando ao seu lado no sofá apertado o máximo que consigo.
— Nós fizemos de novo — ela diz, encarando o teto, inexpressiva.
— Fizemos. — admito com um suspiro, olhando para ela.
Quero adicionar "e quero fazer de novo daqui a dez minutos, e amanhã e depois", mas guardo isso comigo na parte mais obscura do meu cérebro e na parte mais inalcançável do meu coração.
— Prometi a mim mesma não fazer mais isso — confessa, baixinho, se ajeitando mais perto de mim, talvez buscando se aquecer. A atitude mexe comigo e com meu interior, e, quando percebo, estou abraçando seu corpo nu, suado e quente. Cheiro seus cabelos antes de dizer:
— Eu também.
Ficamos assim, agarrados um ao outro, aquecendo um ao outro, por um longo tempo. Então ela se afasta, se levantando e vestindo sua roupa.
— Você deveria ir. — fala, tão baixo que quase não a ouço, entregando-me minhas roupas.
Com um suspiro, eu me visto.
Na porta, ela me olha tristemente. Seus braços envolvem o próprio corpo, e não sei se ela sente frio ou se é só um mecanismo de defesa.
— Eu posso voltar amanhã? — pergunto, para minha própria surpresa.
Eu não sei que diabos há comigo. Não quero me tornar um amante de Victória, e hoje nem deveria ter acontecido. Não deveria ter acontecido nem duas noites atrás. Eu a conheço há tempos demais e sempre a vi apenas como a amiga da mulher que eu amo. No entanto, desde aquela noite na minha casa, eu não consigo vê-la a não ser despida e embaixo de mim.
Victória me encara igualmente surpresa. Separa os lábios, atônita.
— Desculpe — dou-me conta, enfim, da minha pergunta. — Foi uma pergunta estúpida. Esqueça.
Sem esperar por nenhuma resposta, eu viro nos calcanhares e a deixo para trás.
No meu antigo quarto na mansão Hauser, eu já estou deitado, ainda com a minha roupa, ainda cheirando a sexo. Não quis tomar banho porque o aroma dela ainda está na minha pele, e eu me descobri apaixonado por esse cheiro inebriante.
Meu celular sobre o criado-mudo vibra. Por um segundo, me esqueço de toda a minha traição e penso em Lívia, desejo ser uma mensagem dela me dizendo para voltar pra casa, pra fazermos amor e nos entendermos; me dizendo que não porá mais Alfredo na frente da nossa relação. Mas quando confiro a mensagem, o identificador mostra o nome de Victória.
A mensagem tem apenas quatro palavras, mas desperta um estranho sorriso em mim. Um sorriso que eu não entendo e também me confunde sobre meus reais sentimentos, fazendo-me pensar seriamente neles. No entanto, eu jogo todas as minhas dúvidas para o fundo da minha mente e penso apenas no anoitecer do dia seguinte.
O sorriso desaparece vagarosamente, e eu tomo uma precaução mesquinha, egoísta e covarde. Apago a mensagem que dizia:
Você pode voltar amanhã.
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