Capítulo 15 - Essa foi por pouco
Vanessa Schneider
De uma coisa eu tenho certeza na minha vida: nada é tão ruim que não possa piorar, sério, eu achava que era cagada o suficiente na vida, mas ai, acontece alguma coisa e todo aquele papo de otimismo cai por terra.
Eu não devia estar desanimada, afinal, O HEXA É NOSSO!!! Mas o João Francisco, infelizmente ou felizmente, ainda não era meu. Digo isso porque desde aquele dia em que encontrei com Tadeu na rua, João estava estranho. Não nos falamos por um bom tempo e eu já estava sentindo a fosse bater em minha porta, e eu lindamente a abrir. Eu odiava a hipótese de permanecer no estado de insegurança, mas estando com ele, isso era algo que ocorria todos os dias, o que não era nada bom.
Caminhei a passos lentos pelo parque da cidade, estava sozinha e queria refletir um pouco sobre a minha existência e minhas decisões fodidas. Era incrível como eu era azarada, gente é sério, era tão difícil alguém querer ficar comigo de verdade? Do tipo assumir pros amigos, pra família e pro caralho a quatro? Eu tinha cara de piranha? Jeito de piranha? Se bem que hoje em dia até as piranhas namoram.
Sentei-me em um banquinho após comprar um saquinho de pipoca e curti o momento. Ao longe eu podia ouvir, além dos pássaros, uma música soar de leve. Eu ainda não tinha conseguido identificar qual era, por isso, apurei um pouco mais os ouvidos e logo pude escutar.
E o preço que eu pago é nunca ser amada de verdade, ninguém me respeitar nessa cidade, amante não tem lar, amante nunca vai casar...
Ah, era só a Marília Mendonça jogando na minha cara mais uma certeza que eu já tinha. Eu era uma pessoa horrível, meu Deus!
-Vanessa? - Uma sombra masculina apareceu em minha frente.
Ele estava ali, parado, valendo-se de sua farda mais bem passada, estava uma delícia e eu me sentia um abutre secando a carne.
-João? - Fingi desinteresse, ele estava me dando um gelo, nada mais justo que dar outro.
-O que está fazendo perdida aqui? Quer dizer, você parece estar no mundo da lua. - Ele se embolou um pouco.
-Bem, é um belo domingo, pós hexa, um frio gostoso e congelante passando pela minha espinha, amigas que já tinham um compromisso e um cara que parece um antibiótico, acho que tenho razão para estar no mundo da lua. - Fui seca.
-Olha, me desculpa por ter sumido, tudo bem?! Eu não queria ficar tanto tempo longe de você, mas é que... - Ele já estava com a desculpa pronta.
-Mas é que sua namorada te vigia, e blá, blá, blá. - Fiz uma careta. - Você poderia melhorar um pouco mais suas desculpas, já estou sabendo quase todas de cor.
João soltou um suspiro e sentou-se ao meu lado, bem perto por sinal.
-Preciso que tenha paciência. - Ele fechou os olhos.
-Mais? João, estamos nisso a quase dois meses, a única coisa que eu esperava de você era um pingo de consideração, coisa que nem isso você tem, as vezes eu me pergunto se isso realmente vale a pena. - Desabafei.
A vontade de desistir era grande, meus caros e minhas caras.
-Não...por favor, não diga isso. - Seus olhos se alarmaram e ele segurou minhas mãos com firmeza.
Eu cogitei a hipótese de continuar sentindo o calor da palma de suas mãos entrelaçadas em meus dedos, contudo, percebi uma garotinha muito familiar correndo em nossa direção, e quanto mais ela se aproximava, mais ela se parecia com a versão mini da minha rival Fabiana. Soltei-me de João e me certifiquei se estava em uma distância segura.
Ele percebeu meu desespero e olhou na direção em que eu olhava.
-Helena? - Arqueou a sobrancelha, espantado.
-João!! - Ela estava risonha e foi direto para os braços do padrasto.
-O que está fazendo aqui sozinha? Sua mãe está aonde? - Perguntou para a garotinha e eu já estava quase desfalecendo no banquinho.
-Mamãe foi comprar pipoca, e eu vi você. - Ela riu divertida. - Quem é ela?
E o que eu temia aconteceu, a garota apontou para mim.
-Ela...é uma amiga. - João tentou contornar a situação.
-Meu nome é Helena. - Ela estendeu a mãozinha.
-Encantada, Helena. - A cumprimentei tentando ser o mais natural possível.
Aquilo não podia estar acontecendo, o destino deveria me ajudar, não detonar ainda mais minha consciência. Essa era a hora dos xamãs me ajudarem, nem que eu tivesse que invocar a deusa da pomba gira interior, eu precisava sair dali.
-Eu preciso ir. - Falei me levantando sem olhar para ninguém em específico.
-Ah, não! Quero brincar com você. - Helena agarrou minha mão e eu senti meu rosto perder a cor. - Faz ela ficar, João.
Olhei desesperada para meu ex namorado, ele sabia tanto quanto eu que eu não podia, em hipótese alguma, ficar cara a cara com a atual dele e muito menos brincar com a enteada dele.
-Helena, querida, ela não pode ficar, ela está indo encontrar o namorado dela. - Falou um tanto quanto amargo.
Pendi minha cabeça para o lado e franzi o cenho, ele estava falando do Tadeu, tenho certeza disso, e só pela tonalidade de sua voz, eu pude perceber o ciúme que estava instalado ali. Ponto pra mim!
-Ela namora igual você namora a mamãe? - A garotinha quis saber.
-Não sei amorzinho, talvez sim. - João segurou os ombros da menina, gentilmente.
-Preciso mesmo ir. - Falei rapidamente. - Mais uma vez foi um prazer te conhecer, Helena.
-Tchau amiga do João. - Ele acenou e eu sorri.
Não me atrevi a olhar novamente para o Cabo ao meu lado, mas eu não precisava de uma bola de cristal para saber que ele estava tão aliviado quanto eu. Aquela era uma saia justa que eu pretendia não passar nunca mais.
Essa foi por pouco...ufa!
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Olá meus amores, titia Vanessa não pode nem andar mais pelas ruas da cidade...será que Helena será um problema para João Francisco?
Quero saber o palpite de vocês <3
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