17. Amanda
Faltava menos de 1 hora para Sam chegar e eu ainda olhava para o meu armário sem saber o que usar. Pelo menos, estava de banho tomado. Qual era a roupa ideal para encontrar um possível empregador e, ao mesmo tempo, o professor Marco? Se fosse só o possível empregador, eu usaria um vestido branco normal. Se fosse só o professor Marco, bem, aí eu teria que pensar mais...
Olhei para o meu celular mais uma vez e chequei a conversa com o Luca. Desde a nossa briga no carro, eu tentara falar com ele algumas vezes, mas ele estava determinado a não me responder. Aí, naquela manhã, ele tinha me mandado uma mensagem inacreditável. Eu li novamente, ainda sem entender.
"Amanda, o seu egoísmo me fez pensar sobre a nossa situação. Preciso de um tempo para mim. Espero que use esse tempo para refletir sobre as suas escolhas. O emprego na escola é perfeito. É o que os seus pais esperam de você. É o que eu espero de você. Espero que não nos decepcione. Luca."
Senti meu queixo tremendo enquanto lia aquela mensagem de novo. Droga, Amanda, não seja tão fraca, pensei. Luca está sendo injusto e você sabe.
Caçando no fundo do meu armário, lembrei de um vestido preto que não usava há anos. Ele tinha uma combinação por baixo e, por cima, um tecido transparente e fluido, com pequenos pontinhos pretos em relevo. O vestido tinha mangas compridas e transparentes e, no colo, um decote, mas se fechava com um laço no pescoço. Decidi que aquele era o equilíbrio perfeito entre futuro empregador e professor gato. Ex-professor gato, pensei. O único detalhe que destoava estava nos punhos, onde minúsculos moranguinhos vermelhos tinham sido bordados. Hesitei por um minuto, já que não queria passar uma imagem infantil. Mas tinha vestido tão bem, eu estava tão satisfeita que pensei: dane-se, nenhum homem vai reparar nisso.
Calcei uma botinha de salto alto – nada de all star pra um evento como esse! – e passei o meu perfume Burberry favorito. Estou pronta, pensei, me olhando no espelho. Estou nervosa, percebi, e comecei a conferir cada detalhe. Eu já estava maquiada, só um blush e um rímel, não queria parecer que estava indo para a balada, e usava meu colar de lua e os brincos combinando. Pensei que talvez eu devesse escolher um brinco mais chamativo, quando minha mãe gritou: - Amanda, a Sam chegou!
Ué! Ela estava adiantada!
- Manda ela entrar, mamãe! – berrei de volta.
- Sam, achei que você só ia chegar em 1h – eu disse, dando um abraço nela.
- Uau, você está linda! Isso tudo é para o professor Galão?
- Ah, para! Você também está linda! Por que chegou tão cedo?
- Ora, primeiro, porque eu percebi sua voz chorosa hoje no telefone e não adianta negar, quero entender essa história com o Luca. Depois, porque eu sei que você é mais travada do que parece.
- E...? – eu olhei para ela desconfiada.
- Acha mesmo que eu vou permitir que você vá para esse encontro com o Galão sem um aquecimento antes?
- Sam, não é um encontro! É um lançamento e o editor dele vai estar lá!
- Blá blá blá... Você vai falar e eu vou fingir que acredito – disse ela, retirando uma garrafa de tequila da bolsa.
- Samantha! – ralhei com ela, rindo.
- Não vai sair desse quarto sem beber uma dose, mocinha.
- Você é impossível, eu tenho um encontro com o editor...
- Entenda isso como uma prescrição médica. Eu sei que você faz tudo o que os médicos mandam nessa casa!
- Samantha!
Uma hora depois, eu estava em frente ao restaurante D'Angelo, com duas doses de tequila no meu estômago e uma sensação de profundo agradecimento a Samantha, que tinha passado a última hora me ouvindo e falando tudo que eu precisava ouvir. Sim, Luca estava sendo injusto. Não, eu não devia nada para ele. Sim, o professor Marco estava me dando condição. Sim, eu precisava viver aquilo.
Ainda do lado de fora do restaurante, através do vidro da fachada, eu vi o professor Marco sentado em uma das mesas, uma fila de fãs se estendendo à sua frente. Ele usava os óculos de sempre e uma camiseta de botões preta. Ele sorriu para uma senhora, enquanto assinava o livro, e eu senti meu coração acelerar.
- Merda – disse Sam. – Ele é muito gato. Você está nervosa? Eu sei que eu estou.
- Estou ficando...
- Eu estaria aterrorizada, acho que o único homem gato assim que eu peguei foi aquele cantor do bar de blues. Nossa, ele era uma delícia.
- Sam...
- Está bem, está bem, não estou ajudando. Vamos lá – ela disse, decidida, me pegando pela mão e abrindo a porta do restaurante. Ainda estava me acostumando com a quantidade de pessoas, vozes e garçons servindo champagne, quando ouvi meu nome.
- Amanda, Samantha! Que bom ver vocês!
Olhei para o lado e vi a reitora Lucila, ao lado do seu marido Antonio, dono do melhor hotel fazenda da região. Eu já tinha ido muito lá com meus pais e conhecia os dois desde pequena.
- Não sabia que vocês estariam aqui, fico muito feliz! – disse Lucila, animada.
- Ahn, Amanda é uma fã de romance policial – disse Sam, me surpreendendo.
- Ah, eu confesso que não é minha praia, mas Antonio é viciado nos livros do Marco, não é mesmo, Antonio?
- Ah, sim, eu sempre tento convencê-lo a me mostrar qualquer coisa antes. Tenho certeza de que vou ler esse em três dias.
- Esse é o problema de livros assim – disse Sam. – São tão viciantes que logo acabam.
Enquanto eles conversavam, meu olhar foi atraído pelo professor Marco que, agora, atendia uma adolescente de cabelos cacheados. Perdi o ar olhando pra ele e pensando no que poderia acontecer, quando ele se virou na minha direção. Seu olhar estacionou em mim, por cima dos óculos, como ele costumava me olhar na sala de aula. Me senti novamente uma aluna sendo repreendida, mas então ele sorriu, só com o canto da boca. Para a minha surpresa, ele deu uma piscadela e retornou a atenção para a garota.
- Amanda? – chamou Sam.
- Oi?
- Estamos falando sobre o fim de semana no hotel fazenda, já vamos amanhã...
- Bom, eu estou confirmadíssima, e, quer saber, Amanda também! Ela está precisando!
- Sam... Eu não sei... O Luca... – sussurrei.
- Esqueça isso! É claro que você vai! Você e Antonio podem levar os livros do Marco e fazer uma gincana de quem descobre primeiro quem é o assassino.
- Olhe só, a fila diminuiu – disse Antonio. – Venha Amanda, vamos garantir nossos autógrafos.
Ele caminhou até uma pilha de livros e me passou um, seguindo para a fila. Eu o segui, sentindo Marco cada vez mais próximo. A cada pessoa que saía da fila, minha excitação aumentava e comecei a ficar com calor. Quando só restava um homem na minha frente, senti o peso do olhar do Marco sobre mim. Lembre-se de respirar.
- Antonio – cumprimentou Marco, assim que o homem saiu da nossa frente. A voz dele era clara e alta, tomando todo o ambiente. Me senti tola e apertei o livro contra o meu peito.
- Meu caro Marco! Você é meu único amigo que me obriga a pegar uma fila para vê-lo! – disse Antonio. Marco riu e fez um aceno com a mão.
- Que besteira. Me passe esse livro aqui – disse ele, enquanto pegava o livro. - Neste ano, você quer com dica ou sem dica? – perguntou Marco.
- Bem, o autor deve me dizer... O que acha, Amanda?
- Ahn... Como assim? – perguntei.
- Amanda é esperta, Antonio. Ela não precisa de dicas.
- Todo ano, Marco faz uma dedicatória intrigante – explicou Antonio. – Que tal assim, Marco? Dê uma dica na dedicatória da Amanda, e uma na minha. Podemos tentar descobrir juntos na viagem.
- Antonio! Você é impossível! Eu já te dou uma dica por ano, agora você quer duas! O que acha disso, Amanda?
- Acho que o Antonio vai passar bem sem dicas... – eu disse, me divertindo.
- Amanda! Como você é cruel!
- Não posso contrariá-la, Antonio. Por isso, vou escrever assim: "Para o meu grande amigo, Antonio. Um abraço, Marco."
- Isso não é dica, Marco! Sinceramente... – reclamou Antonio, saindo da fila e me deixando sozinha com ele.
- Amanda – ele disse e eu pensei que gostava do jeito que ele falava meu nome.
- Professor...
- Não sou seu professor – ele rebateu.
- Ah, sim, eu... – Merda, Amanda. Vê se completa uma frase, pelo menos. – Bem, Marco, então.
Eu me abaixei um pouquinho e coloquei o meu livro sobre a mesa, me concentrando em sustentar o seu olhar. Ele pegou um livro que estava do lado, e me passou.
- Eu não ganho uma dedicatória? – perguntei, surpresa.
- A sua já está pronta – ele respondeu. – Aí dentro – ele apontou.
- Será que ganhei uma dica? – perguntei.
- Você gostaria de uma?
- Ahn... Na verdade, não... Gosto de me surpreender. Mas meu pai, com certeza, adoraria uma.
- Vai dividir esse livro com seu pai?
- Sim, ele é um grande fã de Marco Gallo...
Ele riu, pegou o outro livro, abriu na primeira página e me perguntou: - Como ele se chama?
- Meu pai? Enrico Pigossi... Ah, mas não precisa de outro! Eu posso dividir...
- Amanda – ele disse, levantando o dedo da mão esquerda, enquanto terminava de escrever. – Vai ver que é melhor ele ter o dele.
Ele me estendeu o outro livro e eu peguei, ansiosa, colocando os dois contra o meu corpo. Assim que fiz isso, um adolescente me empurrou, dizendo a Marco que era um grande fã e, só de ler a sinopse, já tinha um palpite sobre o final.
Eu me afastei rindo, e procurei Sam pelo restaurante. Ela estava conversando com um careca elegante, segurando uma taça de champagne. Eu me aproximei deles e ela me apresentou o sujeito, que acabara de conhecer. Eles pareciam bem entretidos enumerando quais filmes indicados ao Oscar daquele ano já tinham visto, e eu aproveitei o momento para abrir o meu exemplar e ler a dedicatória que Marco escrevera para mim.
"Para a verdadeira Amanda, um raio de Sol em meus dias nublados. Marco."
Verdadeira Amanda...? Então, olhei a capa do livro e li a sinopse, sem acreditar.
"Amanda estava em seu primeiro ano de enfermagem no hospital, quando um menino de quatro anos foi trazido para a emergência com misteriosos hematomas pelo corpo. Ele não se lembrava quem era, nem onde estavam os seus pais, muito menos como se machucara. Quanto mais ele se recuperava, mais Amanda se preocupava com o destino do menino e se apegava mais a ele. Porém, no dia em que ele teria alta e a assistência social iria levá-lo, o seu pai apareceu.
Desconfiada da história daquele homem e sem acreditar que ele seja o verdadeiro pai do menino, Amanda se envolve em uma perigosa trama, revelando segredos esquecidos e colocando a vida em risco."
Amanda era a protagonista do livro. Ele deu meu nome para a protagonista, pensei. Queria contar aquilo para a Sam, mas ela estava tão entretida com o careca que eu não queria cortar o clima. Então, senti uma mão pesada nas minhas costas e a voz de Marco ao meu lado.
- Amanda, Samantha – ele cumprimentou, seus dedos ainda contra o meu vestido. – Vejo que conheceram Dante – disse ele.
- Ah, então essa é a famosa Amanda Pigossi? – perguntou Dante, dirigindo, pela primeira vez, a sua atenção para mim. – É um grande prazer conhecê-la.
- Amanda, este é Dante, meu editor – explicou Marco. – Mostrei a ele seu conto.
Nesse momento, senti os dedos de Marco avançarem pelas minhas costas, indo e voltando e, nessa volta, me deixaram. Ele não me tocava mais, e eu me sentia mais aliviada, mais lúcida para falar com o editor. Percebi, pelo canto do olho, que Marco se afastara sutilmente e, agora, conversava com Lucila e Antonio.
Dante era um homem negro, alto e completamente careca. Apesar de não ter nenhum fio de cabelo, ele era um cara atraente e eu percebi que Sam queria que eu acelerasse aquele papo sobre o conto para que ela pudesse voltar à conversa com ele.
Por fim, Dante me disse o quanto gostara do conto, que ele, inclusive, enviara para o seu supervisor. Eu fiquei abismada com aquela informação e, depois de trocarmos nossos números de celular, combinamos de nos encontrar em uma reunião na editora no meio da semana seguinte. Assim que isso ficou decidido, senti que seu foco voltou para Samantha.
Procurei pelo restaurante, mas não vi o Marco. Querendo uma desculpa para deixar Sam sozinha com Dante, decidi que iria ao banheiro. Pedi licença aos dois, atravessei o restaurante, encontrando um garçom que informou que eu deveria sair para o jardim interno e seguir as pedras no chão. Depois que deixei o reservado e lavei as mãos, passei um pouco de água no meu pescoço. Não estava quente naquele dia, mas apenas o rápido toque de Marco, o seu olhar sobre mim e a possibilidade de que retornasse a qualquer momento me deixava nervosa a ponto de sentir calor.
Desbloqueei o celular e vi que tinha uma mensagem de Nat em nosso grupo.
- Como está com o Galão? Aqui no date, ainda não tenho novidades... 🙄
Me sentindo Dorothy em "O Mágico de Oz", saí do banheiro, seguindo a trilha de pedras, e comecei a responder Nat no whatsapp, quando ouvi uma voz grossa chamando meu nome.
- Amanda – ele disse, simplesmente, quase me matando de susto.
- Professor – respondi, automaticamente. Ele estava apoiado em uma mesa vazia, sua silhueta quase encoberta pela sombra de uma árvore mal iluminada.
- Não sou seu professor - ele respondeu. – Venha até aqui.
Eu caminhei até ele, como uma criança a quem um doce é oferecido. Não poderia descrever o que se passou na minha cabeça, porque preciso admitir que não sei. Tudo que eu sabia era que ele pedira que eu me aproximasse. E ele era o professor Marco e eu seria incapaz de lhe negar qualquer coisa.
Eu tinha tantas coisas para falar... Agradecer a indicação para o editor Dante era uma delas. Falar sobre o nome da protagonista era outra... Agradecer o segundo livro para o meu pai... Mas, apesar da imensa gratidão, eu só conseguia olhar para a sua boca, o seu corpo causalmente apoiado na mesa, os primeiros botões abertos da blusa preta. Eu cheguei o mais perto que a educação permitia, me perguntando se, talvez, eu teria coragem de dar mais um passo... Aí eu sentiria aquele perfume que me fazia esquecer quem eu era.
- Marco – eu disse. E ele sorriu.
- Amanda – ele respondeu. – Obrigado por ter vindo.
- Eu... Eu não perderia por nada... Sou uma fã de Marco Gallo.
- Fico feliz em saber... Acho que nunca te vi com um vestido preto – ele comentou.
- Andou reparando nos meus vestidos, professor? – perguntei, curiosa, mas logo percebi que havia cometido novamente o erro de chamá-lo de professor.
- Quanto tempo acha que vai levar para perder esse hábito? – perguntou ele, se aproximando de mim. – Ou pretende continuar me chamando assim?
- Eu... – formule uma frase, Amanda!, pensei comigo mesma, enquanto aquele cheiro delicioso invadia minhas narinas, confundindo meus sentidos. – Demoro a aprender, professor. Mas um dia vou parar...
Ele riu, e eu me surpreendi com sua gargalhada forte e alegre. Não era como o homem enigmático e contido que eu conhecera em sala de aula. Ele se aproximou ainda mais e, instintivamente, encostei minha mão em sua barriga, enquanto ele passava o braço sobre meus ombros e falava contra o meu ouvido: - Gostaria que me chamasse de Marco. Acha que consegue fazer isso?
- Eu... Posso tentar... Marco – repeti, me sentindo atordoada.
Ele inspirou e percebi, com uma estranha satisfação, que ele cheirava os meus cabelos.
- Acho que tenho que me afastar de você – ele disse, sua barba roçando contra o meu ouvido.
- Não quero que se afaste – consegui dizer, puxando sua blusa entre meus dedos.
Mas, nesse momento, uma voz se sobressaiu sobre os barulhos do restaurante e eu percebi que outras pessoas se dirigiam ao jardim interno.
- Também não quero – respondeu Marco, porém, mesmo assim, ele se afastou, encostando novamente na mesa.
Duas mulheres passaram atrás de mim, seguindo em direção ao banheiro e, mesmo de costas, eu soube que elas olhavam para o pedaço de mau caminho que era Marco. Apesar disso, o olhar de Marco permanecia sobre mim, pesado e insistente.
- Você fica bem de preto – ele disse, enquanto bebia um gole de uma bebida que eu não sabia qual era. – Mas me surpreende a falta estampa... Queria passar uma imagem diferente para Dante?
- Eu... – tentei responder algo, mas estava sem palavras. Sim, ele estava certo, mas como? Como era possível que ele soubesse algo assim? – Está errado, Marco – eu disse, deliberadamente faltando seu nome. – Tem uma estampa nesse vestido, mas estou curiosa para entender como o senhor ficou tão a par do meu estilo...
- Se me chamar de senhor novamente, vou ter que te repreender, Amanda – ele disse, com um sorriso divertido. Depois, senti seu olhar vagando pelo meu corpo, escrutinando cada detalhe, em busca de algo. É a estampa, pensei. – Não consigo achar nada, acho que precisarei ver mais de perto – ele anunciou, depois que as duas mulheres passaram atrás de mim, refazendo seu caminho para o restaurante.
Ele se aproximou novamente e eu senti seus dedos na minha bochecha, guiando meu olhar para o dele. De novo, pousei minha mão na sua barriga. Ele vai me beijar, pensei.
- Quer dizer que você vai nessa viagem de Lucila e Antonio? – ele perguntou, enquanto seu dedão passeava pelo meu lábio inferior.
- Eu... Na verdade, ainda não sei – respondi, sem conseguir tirar meus olhos da sua boca.
- Não sabe? – ele indagou, e eu senti sua mão esquerda na minha cintura, me puxando para ele.
Me senti hipnotizada pela proximidade daquela barba e passei meus dedos por ela. Vi que seu olhar se desviava para o meu pulso e ele riu.
- Pelo jeito, encontrei – ele disse, pegando meu pulso e dando um beijo suave na parte nua, onde terminavam os moranguinhos. Senti uma descarga elétrica pelo meu corpo quando a sua boca tocou a minha pele. Me beija, eu imploro, pensei. Depois, ele devolveu a minha mão para a sua barba e passou a sua mão direita pela minha nuca, enroscando seus dedos nos meus cabelos.
- O que falta para você decidir se vai? – perguntou ele e, por um momento, tive que refletir sobre o que ele estava falando. A viagem.
- Você vai? – perguntei, pensando em quanto tempo ele ainda iria me torturar. Ele estava tão perto, seus dedos firmes na minha cintura, os outros na minha nuca... – Você quer que eu vá?
- Quero – ele respondeu, sorrindo. Então, ele veio. Seus lábios tocaram os meus, devagar, e puxaram meu lábio inferior. Achei que fosse ficar sem ar e passei minha mão da sua barba para os cabelos, ficando na ponta dos pés, enquanto eu sentia seu aperto na minha cintura, me pressionando contra ele. Sua barba roçou contra a minha pele produzindo o efeito que eu tanto imaginara. Senti o calor tomando meu corpo e, finalmente, a sua língua contra a minha, úmida, quente...
O barulho da porta correndo me despertou e o Marco se afastou, me deixando ofegante.
- Marco, você está aqui! Que bom que te encontrei! – a voz de Lucila ecoou atrás de mim. – Ah, oi, Amanda.
- Oi... – respondi, passando as mãos pelo meu vestido.
Marco se recostou na mesa novamente, seu olhar intenso sobre mim, enquanto abria um sorriso educado para Lucila.
- Lu... O que justifica essa empolgação toda?
- Ora, é seu evento...
- Vamos, Lu... Te conheço.
Olhei de um para o outro, sem saber se eu deveria ir embora ou ficar. Eu sempre via os dois juntos no campus e sabia que eram grandes amigos, mas era tão diferente ver o professor Marco assim tão informal.
- Ah! Olhe quem chegou! A Bianca...
Marcou riu.
- Que coincidência, Lu! – ele disse, piscando para mim, enquanto ela não via.
- Tá, não foi uma coincidência, eu a convidei. Quer dizer, você convidou.
- Eu?
- Sim, você... Talvez, eu tenha dito que todos os professores sempre vêm aos seus eventos. Que era uma questão de consideração...
- Ah que ótimo... – respondeu Marco, passando os dedos pelos cabelos. Ele queria parecer irritado, mas não percebi que não era de verdade.
- E ela também vai na viagem, viu, Marco? Amandinha também vai, não é mesmo?
- Eu vou – respondi, me concentrando para não rir daquela situação.
- Está bem, Lu. Eu vou também. Você ganhou.
- O quê? É mesmo??? Nem acredito que eu te convenci!
- Pois é, você é muito persuasiva.
Depois disso, todo mundo resolveu sair para o jardim interno e percebi que eu não teria mais um momento a sós com o Marco. A professora Bianca estava entre nós e, apesar do clima constrangedor de encontro arrumado, eu sentia que ela curtia o Marco. Era impossível não curtir... Marco mantinha uma conversa educada, dando atenção a todos, mas eu sentia seu olhar sendo atraído para mim a cada cinco minutos.
Ainda era surreal pensar que o Marco me beijara e que ele pedira para eu ir à viagem. Eu, Amanda. E eu, Amanda, ganhara o nome da protagonista do livro... E ainda tinha aquela dedicatória incrível... Um raio de Sol... Eu era um raio de Sol para o Marco? Seria possível?
No final da noite, Sam me perguntou se eu gostaria de rachar o uber para casa e eu concordei. Afinal, agora eu concordara em ir à viagem e não tinha nada pronto! Decidimos que iríamos juntas, no dia seguinte, após o almoço.
~*~
Fim da degustação
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✨ Essa é a primeira vez que você lê um livro meu? Sabia que eu tenho mais três livros? Vou deixar as sinopses aqui embaixo!
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