Capítulo 2 - Penny
A Penny é a do Mothman
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É como um encontro de antigas amigas da escola, tirando o fato de que estamos aqui para fazer um ritual milenar para quebrar a maldição que nos assombra há um ano. Bem, umas mais do que outras.
É nítida a diferença entre Hanna e Bria, mais ainda entre Olívia, com seu Rolex de ouro e procedimentos estéticos e eu.
Dou outro gole do meu Wisky com gelo.
Eu gostaria mais do meu dom se os fantasmas se calassem à noite ou que viessem apenas quando eu chamo.
Abaixo a cabeça dolorida sobre o balcão enquanto essa mulher pinga gotas sujas de água lamacenta em minha jaqueta, perguntando sobre seu marido.
—O que ela faz aqui? —a voz estridente de Lexie supera as lamúrias, me fazendo levantar e olhar para o meio da sala — achei que não viesse.
—Ela estava lá naquele dia, tem todo direito de estar aqui.
Samantha cruza seu olhar com o meu e vejo ódio nele. Ela sabe que nem todas conseguimos bons dons, que o dela poderia ser uma merda, mas é claro que está morrendo de ciúme. Afinal, ela é a única que não se tornou bruxa.
Me pergunto se ela não vê o que isso fez comigo, minhas olheiras fundas, a pele pálida, unhas e cabelos quebradas, escondida atrás de um capuz e uma jaqueta de couro.
—A bonitinha tá certa — Alicia fala ainda descendo a escada — se essa aí não fosse frígida, eu não estaria tendo problemas.
—A culpa não é minha se o seu robô não sabe o buraco certo — Samantha se defende.
Dou outro gole, adorando o show.
— Você adora anal — Anna se manifesta ao se sentar ao lado de Claire no sofá —todo mundo sabe disso.
— Mas não dá pra gozar assim — Samantha responde antes de se virar para Lexie — e eu estou aqui pra garantir que vocês não morram enquanto fazem o ritual.
— A gente pode morrer? Isso não estava no acordo — Bria dá um passo rápido para trás, esbarrando em um abajur horroroso que estava em uma mesa ao lado do sofá, mas claro que Olívia pegou instintivamente antes que atingisse o chão.
Eu não chamaria isso de sorte, era um favor essa coisa ter quebrado.
— Bria tem razão — essa é a primeira vez que Liv falava — nós concordamos com o ritual pelo bem das que receberam dons perigosos — ela olha para Lexie com pesar antes de continuar — mas eu não quero morrer por isso.
— Ninguém vai morrer, a Samantha só está aqui porque quer fazer parte disso. Não é, Sam? Foi por isso que procurou Astoth no mês passado — Alicia tem tanto prazer em sua voz que chega a transbordar.
— Procurou Astoth? — minha pergunta não carrega nenhum julgamento, mas me surpreende que ela tenha tentado conseguir poderes quando nós já tínhamos marcado esse encontro, depois do que houve com a Hanna.
— Ela tá mentindo, vocês sabem como Alicia é — dando de ombros, Samantha caminha até a cozinha e pega uma garrafa de vinho, tomando direto do bico enquanto se apoia ao meu lado — eu nem saberia como invocar um demônio.
Eu aceno com a cabeça, mesmo sabendo que se alguém é capaz de algo assim, é a Sam.
— Que se dane, vocês trouxeram tudo?
Diante da pergunta impaciente de Alicia, Hanna abre sua capa em um movimento, a usando para cobrir a mesa de centro. Seus braços e costas expostos, mostram algo parecido com uma colcha de retalhos. Ela é a única que realmente parece bruxa, com sua saia e capa esvoaçante, cabelo longo até a cintura e maquiagem escura.
Logo, todas estamos nos aproximando da mesa. Alicia acende velas sobre pires antigos, seu livro de feitiço é aberto, sempre me perguntei se essas páginas são mesmo feitas de papel, para mim, parece com couro.
Deixo a mulher escandalosa para trás, para a minha surpresa, ela não me acompanha. Ao contrário disso, quando olho por cima do ombro, ela está sumindo lentamente até não ser mais vista.
O silêncio é estranho, eu nem me lembrava como era, mas eu gosto. Aproveito o momento, sem tirar os olhos de onde a mulher sumiu completamente.
—Penny?
Sou atraída pela voz doce de Claire, eu sorrio para ela antes de me ajoelhar ao seu lado. Logo noto a ficha de fliperama em sua mão, sendo arranhada por lascas de esmalte vermelho.
Só então me lembro do que trago no bolso, em um movimento dentro da jaqueta, pego algo que não caberia na fantasia de vinil de freira do ano passado.
— Eu trouxe uma régua escolar.
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