Introdução
O destino de Plínio, Andreia, Anderson, Gia, Ana Lúcia, Luísa, César, Erasmo e Kakau se une em decorrência de uma grave notícia. Com exceção dos irmãos Erasmo e Kakau, e do casal Anderson e Gia, os demais nunca se encontraram em nenhum círculo social ou de trabalho.
Todos eles são jovens, acalentando sonhos e objetivos e levando uma vida normal – com seus desafios, alegrias e tristezas. Em comum, eles têm o fato de não parar muito para pensar na passagem do tempo ou no valor da vida. Não há tempo para pensar. A rotina de trabalho, de casa e de estudos ou mesmo de diversão entre os amigos, imprime o ritmo. Além de tudo, a alegria tóxica está no ar, como um véu colorido que filtra a visão maior do cenário.
A reflexão sobre a vida se abate sobre eles quando descobrem que não são invencíveis. Nem as pessoas que amam são eternas. A descoberta de que a saúde de um ente querido está em risco modifica sua percepção.
Em uma semana particularmente atribulada, ditada pela roda viva de trabalho, das obrigações e compromissos, eles são lançados ao precipício caótico do enfrentamento e da reflexão. Não uma reflexão passiva – e, sim, pautada pela dor e acossada pelo medo.
Vários graus de assimilação consciente e inconsciente se entrelaçam, em situações como a que os nocauteia e depois, une. Isso costuma acontecer quando os problemas se acumulam – e um evento de magnitude alienígena desce sobre as pessoas e as sufoca como um cobertor em noites de verão. Os problemas anteriores se tornam insignificantes, perto deste – que tira o chão; desorienta; deixa a pessoa sem referência e sem rumo.
Todas as certezas caem por terra.
Para os mais controladores, eventos como este são tratados como aborrecimentos a serem ignorados ou rapidamente resolvidos. Para os mais suscetíveis, tornam–se o inferno na Terra. De difícil recuperação emocional. Outros tentam criar, em meio ao caos, algo que ajude pessoas na mesma situação. Contudo, no que se refere aos nossos protagonistas, a ficha não cai imediatamente.
O câncer é uma doença complexa, porque além do aspecto físico – que envolve o tratamento sem demora –, a menção à palavra traz toda uma bagagem histórica pesada e repleta de significados. Essa bagagem se abre diante dos pacientes e das pessoas que os amam. Deixa–os fragilizados e abalados, tanto quanto indivíduos, como família.
Cada parente reage à situação de maneira diferente, contudo, estar num hospital, acompanhar o tratamento e/ou a cirurgia de um ente querido, faz com que enfrentem emoções e sentimentos que não desejam experimentar. Nem estão preparados para tal.
Alguns sentem medo. Da doença, da morte, da possibilidade da perda. Alguns sentem raiva. Do compromisso, da injustiça e do problema que lhes foi "jogado" no colo a fim de solucionar. Alguns se sentem culpados por serem dominados pela aversão, raiva e medo. Outros sentem solidão e desespero... Pela incerteza, impotência, pela dor emocional que só piora.
Assim sendo, há quem fuja, há quem se comprometa, há quem faça o melhor que pode, por quanto tempo aguente... O pior é nunca saber quanto mais irão ter que se doar, consumir–se pela sobrevivência de um ente amado (ou odiado). Uma doação que pode não ser suficiente para que tudo volte a ser como antes.
Entretanto, nunca se sabe do que uma pessoa é capaz até que ela seja.
–––
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro