addictive heart.
“For every question why
you were my because.”
— Walls, Louis Tomlinson.
Nada pode me acordar mais, do que acordar sozinha.
Meus olhos piscam lentamente, tentando se acostumar com a luz forte e desconfortável da sala de hospital em que meu corpo descansa. Minhas mãos alcançam meu travesseiro, e, me esforçando para não arrancar a via em meu pulso, o coloco em meus olhos, tentando evitar a claridade.
— Bom dia, senhorita Bittencourt. — Meu sobrenome escapa da técnica de enfermagem sentada ao meu lado. — Você está com fome? Eu tenho algumas notícias. — Sua voz irritante me perturba mais uma vez, fazendo com que tirasse o travesseiro do rosto e suspirasse irritadamente. Tento me acostumar com a luz, olhando pelos arredores.
— Eu quero dormir mais. — Olho para a enfermeira de cabelos castanhos claros, caindo sobre suas costas cobertas pelo seu uniforme branco e sem graça, assim como sua pele que se assemelhava a parede atrás de si. Ela me olha com uma desaprovação.
— Você precisa comer, Bittencourt. Não vai levar alta do hospital se ainda estiver comendo na sonda. — Me esforço para encostar minhas costas no apoio da maca. — A psicóloga quer falar com você, aliás. — Suas mãos alcançam uma bandeja com uma comida de hospital grosseira e nojenta, torço minha cara para o prato.
— Meu nome é Ártemis. — Repreendo. A enfermeira que me olha confusa, curvando seu pescoço em dúvida. — Não me chama de Bittencourt. É deselegante. — A mulher me olha de cima a baixo, pousando um sorriso debochado em seu rosto, levanto as sombrancelhas, levando uma colher da sopa insosa até minha boca.
— Perdoe-me por tal deselegância, senhorita Ártemis. Se me der licença, preciso chamar a psicóloga para avisar que você acordou. — Dou de ombros, a olhando com desgosto. Eu odeio salas de hospitais. Principalmente quando estou sozinha nelas.
Dou mais uma colherada na sopa, estou enojada, e a expressão em meu rosto mostra isso com 100% de precisão. Deixo a bandeja na mesa do lado, com a refeição não terminada. Mas eu não me importo, de qualquer maneira, ou tento não o fazer.
— Senhorita Bittencourt! — Uma voz não conhecida adentra a porta, seus cabelos loiros tingidos eram levemente ondulados, seus olhos eram tão cinzas quanto uma manhã tempestuosa. Segurava uma planilha em seus braços, vestida em branco como qualquer outro médico deste hospital, exceto por alguns desenhos aparentemente feitos por crianças estampados em seu jaleco. — É bom saber que está acordada. Você comeu?
— Pouco. — Murmurei, desviando meu olhar. A voz da psicóloga era confortável, diferente daquele som agudo que a enfermeira irritante fazia quando falava.
— Precisas comer. Caso contrário não te deixarão sair tão cedo. — O sotaque britânico é notável. — Pelo seu fichário, você tentou cometer suicidio? — Fala, sem muitas preocupações, folheando a planilha em sua mão e ajustando seus óculos para que ficassem confortáveis em seus olhos.
— Não. — Sussurro baixinho, o que chama a atenção da psicóloga a minha frente.
— Perdão? — Sua sombrancelha se arquea, e seus dedos vão até o meio de seu óculos, dando um touché na sua organização.
— Não foi uma tentativa de suicidio. Eu só queria dormir. — Minto mais claro dessa vez, fazendo com que fosse possível para que a loira me ouvisse. Ela passa a língua sobre seus dentes superiores, rindo discretamente.
— Me desculpe, Bittencourt, mas quem quer dormir não toma 12 comprimidos de Xanax a menos que sejam imprudentes o suficiente. — Escreve algo em sua planilha, a apoiando em seu colo desajeitadamente. Chuto que foi algo como “Paciente nega tentativa de suicídio” Escrito de uma maneira mais formal.
— Não é como se fosse da sua conta, também. — Falo ríspida.
— Mas é meu trabalho conversar como pessoas iguais você. — Eu não sei o que ela quis dizer com isso, mas “Pessoas iguais você” soou extremamente não-profissional. Embora eu estivesse sendo rude, não a dava o direito de falar com sua paciente dessa forma. — Eu sou um lugar seguro para que você possa falar de seus problemas, confiar, e eu realmente me import- — A interrompo.
— Ah, se importa? Fala sério! — Reviro meus olhos, deixando um leve tapa em minha coxa coberta por um vestido de hospital verde-água. — Você conversa com 10 pessoas no mesmo dia, ouvindo todos eles falarem como a vida deles são miseráveis pra caralho. Deve ser uma estagiária de merda que ganha um salário mínimo e não sabe lidar com os próprios problemas, muito menos com os dos outros. — Não me arrependo das minhas palavras, embora todas soem severas em excesso.
Eu odeio quando pessoas que não se importam, fingem se importar.
Consigo ver a psicóloga ajeitar seu corpo na cadeira, engolindo a seco. Posso dizer que está prendendo seu choro, ou talvez só agindo como uma idiota.
— Voltando ao assunto principal. Você tentou suicídio, pessoas da ala suicida costumam passar mais que um mês internadas, mas como você não tem histórico, e sim é um caso isolado, só precisamos que você volte a comer para dar a alta, isso não é ótimo? — Seu sorriso soa sincero enquanto fala aquelas palavras. — No entanto, você não pode sair daqui sem ser acompanhada por um psicólogo e psiquiatra. Então, antes de te darmos alta, precisamos garantir que você vai frequentar terapia por no mínimo 6 meses. Isso está incluso no papel de alta que você vai assinar, exatamente como um contrato.
Reviro meus olhos com o pensamento de estar em uma sala de terapia toda semana, por no mínimo 6 meses seguidos.
— Que seja. — Dou de ombros, voltando a me deitar. A mulher continua me encarando descaradamente. — Se for só isso, você já pode dar o fora. Eu não tenho mais nada para te contar. — Aponto para a saída com o dedo indicador. A psicóloga levanta, saindo do quarto e fechando a porta cuidadosamente.
Minhas mãos alcançam o abajur do outro lado, tentando achar o pequeno botão que o desligava, e assim que o faço, descanso minha cabeça no travesseiro, olhando para o quarto escuro com pesar.
Meus olhos conseguem obter um ponto determinado, em que uma figura estática bem vestida se encontra, completamente estática, meu coração palpita, e instintivamente, deixo um pequeno grito sair de minha garganta.
— Billie? — Choramingo seu nome. Meus olhos lacrimejam quando ligo o abajur, e ela ainda está lá, me encarando com sua imensidão oceânica e seu estilo impecável. — Billie... — É uma chamado de alívio. Tento me levantar, mas minha fraqueza me para. O silêncio incessante da garota de cabelos escuros me incomoda.
Volto para a maca, não desviando meu olhar dela, com medo de que, se eu piscasse, ela não estaria mais lá, e na verdade, havia sido apenas algo que minha mente criará para me confortar.
O frio incessante não era sentido, fora substituído por um vazio gritante.
— Você é real? — Mordo meu lábio inferior, deixando uma lágrima rolar sobre minha bochecha.
— Mais do que você pode imaginar. — Responde, com sua voz rouca e vazia.
Embora toda a saudade, me lembro o motivo daquela raiva ruidosa. Me lembro da dor que passei, sem a ter segurando minha mão, me dizendo que estava tudo bem.
— Por que voltou? — Questiono, com a voz embargada, tentando não demonstrar a raiva que escondia.
— Porquê preciso de você. — Também soa como se estivesse prestes a chorar. Suas roupas largas pareciam sujas, ela parecia mais esgotada do que nunca, seu olhar era de um cansaço agoniante. — E eu sei que você precisa de mim também. E nós somos muito mais do que meus erros. — Sua última frase soa real, me fazendo soluçar baixo. É possível escutar seus passos se alastrando para próximo de mim, o vazio gritante se aproxima, me fazendo parte dele, refém dele.
— Por onde esteve? — Ignorei suas falas. A pergunta saiu carregada de raiva, meus olhos com lágrimas se semicerraram, encarando Billie sem desviar meus olhos.
— Lugares muito cruéis para que possam sair da minha boca. — Sorriu meiga. — Bebida após bebida, mas ainda estava sozinha. Eu deveria saber.
— Como...? — A pergunta era incompleta, mas entendível.
— Você esteve em um sonho meu. Quando me sinto muito exausta emocionalmente, preciso dormir, porque tudo depende dos meus estúpidos sentimentos. — Serra seu punho, seus olhos azuis lacrimejam, assim como os meus. — Você estava chamando meu nome, enquanto afogava. Eu não sei como conseguia gritar, mas estava gritando. Você dizia que não conseguia, não sem mim.
Engulo a seco.
— Eu não cheguei a tempo naquele sonho. Você afogou, e eu fui obrigada a assistir seu corpo se decompor, e você esquecer de cada segundo nosso que foi bom. — Soluçou. Se aproximou mais de mim, tocando em meu rosto receosa, acariciou minha bochecha com seu polegar. — Mas não tem que ser assim... Não aqui, docinho, não aqui... — Seu dedo limpa uma de minhas lágrimas. Meus dedos trêmulos tentam alcançar os cabelos escuros da moça a minha frente, uma de suas mechas e colocada para trás. — Eu não posso deixar meu orgulho te afogar. Mas também não posso... te am– — Se autocorrige. — Te gostar de maneira irresponsável.
Ela estava certa, no final.
— Não posso te machucar como se fosse de meu direito. Como se fosse minha para magoar. — Morde seu lábio inferior, contendo seu choro. — Tu és minha para proteger e respeitar. Para cuidar, mas nunca para ser imprudente, ou descuidada. Eu nunca cuidei antes, coração. Eu fui criada como uma arma, uma assassina, fui feita para destruir, não para cuidar. Não para amar. — Ela se senta ao meu lado, me afasto, a dando espaço. — Então eu preciso que você me ensine. Assim como me ensinaram a matar e destruir, você precisa me ensinar como amar e cuidar. Porquê tu és minha, e eu deveria ser tua. Só tua. — Sorriu. Seu sorriso irradia meu rosto, e involuntariamente, sorrio de volta, mesmo com os olhos úmidos, e meu coração afundando.
Não acabou.
Como eu pensei que poderia acabar?
Pertencemos juntas. Escritas pelas estrelas.
— Eu sinto sua falta, e do seu coração viciante. — Descanso minha cabeça em seu ombro.
— Eu sempre te disse que eu estragaria tudo eventualmente. Eu não sei o que você esperava de mim. — Afirma, risonha. — Eu estava fora de controle, dentro do espaço e tempo certo, me desculpa por ter decepcionado. — Suas mãos alcançam meus fios bagunçados, os organizando lentamente. — Acho que já descobri o que sempre soube.
— É? E o que é isso? — Sorrio de leve, olhando pra seu rosto sereno e relaxado.
— Eu era melhor com você. E sinto sua falta agora. — Contorce sua boca em um sorriso desajeitado, seus olhos brilhantes contra a luz do quarto, deixando suas lágrimas discretas visíveis. — Porque para cada questão de “por quê?”, você é meu “porquê”.
— Isso é um tanto, você sabe, clichê. — Confesso risonha. Escondo meu rosto tímido no ombro da garota ao meu lado, que solta uma risada nasal. — Mas eu gosto de clichê como é.
Descansando na curva do pescoço alheio, uma questão paira sobre minha cabeça.
— Então... Somos oficialmente... Hm... Err... — Minha vergonha me impede de continuar. Billie parece gostar de assistir meu nervosismo.
— Namoradas? — Completa.
— Isso.
— Você quer ser minha namorada? — Questiona, com a voz rouca, mas ao mesmo tempo demonstrando felicidade. Não foi como um pedido, sim, como uma pergunta genuína, de curiosidade.
— Sim. Eu quero ser sua namorada, demônio de quinta categoria. — Um sorriso tímido se forma das minhas bochechas até minhas orelhas.
— Então, seja minha namorada, Ártemis Bittencourt. — Reviro meus olhos, dando uma risadinha baixa.
— Eu aceito ser sua namorada, Billie O'Connell! — Felicidade é expressada em todos os lugares de meu rosto, não é capaz de ser escondida, é quase palpável. — Isso significa que eu sou a futura rainha do inferno? — Ironizo, tirando uma feição preocupada dela. Gargalho com sua reação. — Estou brincando, idiota.
Eu senti falta disso, ah, e como senti.
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esse capítulo é uma junção de músicas do louis, amamos ver! streamem bigger than me, aliás.
esse capítulo 'tá bom? vou dizer como disse no outro capítulo em que artemis e billie brigaram: eu sou péssimo com relações, mas resolvo problemas de maneira rápida, sincera, e direta. resolveria esse problema exatamente como a billie fez.
eu não perdoaria a billie por isso nunca, porém, eu só faço personagem trouxa, né.
desculpa se soou incompleto, ou se parece que elas se resolveram rápido demais.
precisava juntar elas o mais rápido possível.
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