Distante de Casa
Tony pov's
Tudo o que tinha acontecido a seguir foi muito rápido.
Num momento eu estava na armadura,o recurso de vôo falhando e cai no mar.
Lembro do beijo,de perder o fôlego ao cair na água,cheguei a acreditar que fosse morrer.
A voz do Jarvis estava distante,então tudo ficou escuro.
-Senhor?Senhor!
O som de alerta vibrava constante em meus ouvidos.
Meus olhos abriram devagar,estava um pouco escuro até que o sistema do Jarvis ativou com algumas falhas devido aos danos.
-Desliga o alarme,eu já acordei.
-Esse alerta de emergência é disparado quando a força cai abaixo de 5%.
Foi quando eu percebi uma coisa:
Estávamos caindo.
Não dava para enxergar naquela escuridão e os sistemas repletos de falhas,tudo o que senti foi o impacto que teria sido pior se eu não estivesse com a armadura.
Foi inevitável não gritar,ainda que ninguém me ouvisse.
Deitado no chão,virei ficando de barriga para cima,respirando ofegante.
Meu corpo inteiro doía,minha cabeça parecia que iria explodir.
Então agitado retirei a máscara da armadura.
-Está nevando,né?-Questionei Jarvis-Onde estamos no Norte?
-A oito quilômetros de Rosehill,Tennessee.
Inacreditável.
Tinha que ser tão longe?
-Por quê?-Não obtive resposta-Jarvis,não era o que eu queria!O que estamos fazendo aqui?Estamos há milhares de quilômetros,eu tenho que pegar a Ânia!
Ela poderia estar em imenso perigo agora,aquela ruivinha teimosa e altruísta.
Tenho que encontrá-la,não posso permitir que o Mandarim a machuque de novo.
Eu fiz uma promessa.
E não ia descansar até cumpri-la.
-Eu fiz um plano de vôo,essa era a localização.-Jarvis respondeu.
-Quem te pediu isso?-Suspirei contrariado.-Abre a armadura.
-Eu acho que estou com um mal funcionamento,senhor.
-Abre,Jarvis.
Uma vez que ele fez o que eu pedi,sentei abruptamente sentindo o ar terrivelmente frio sobre a pele.
-Acho melhor ficar aqui dentro.
-Pensando melhor,acho que preciso dormir,senhor- A voz de Jarvis estava perdendo a força.
-Jarvis -Ele não atendeu-Jarvis!Não me abandona,amigo.
Era tarde,ele já havia desligado.
..............
Tive que arrastar a Mark 42 pela neve até encontrar o posto de gasolina mais próximo.
O frio era terrível para dizer no mínimo,não vi outra opção a não ser pegar o poncho da estátua de um índio que fazia parte da decoração do lugar.
Encontrei uma cabine telefônica na esperança de conseguir enviar um recado para Pepper,talvez ela pudesse tentar me encontrar e Ânia estaria com ela na melhor das hipóteses.
Infelizmente,algo me dizia que não era tão simples assim.
Arrombei a porta do que parecia ser claramente uma oficina,com os materiais necessários,seria capaz de reativar o Jarvis.
Com algum esforço,ajeitei a armadura num sofá.
-Vamos ficar bem quentinhos-Sim,eu tô conversando com uma armadura -Tá feliz agora?
Vasculhando as ferramentas depois de ascender a luz,usei um alicate para remover os fragmentos de vidro dos meus ferimentos.
-Parado!-Uma voz infantil me interrompeu.-Não se mexa.
Era um garoto segurando um lançador de batatas.
-Me pegou-Ergui as mãos-Arma maneira com munição de batata,mas o cano é comprido.Considerando o seu diâmetro,vai perder em velocidade.
Ele disparou num pote de vidro que foi destruído para provar que sabe o que está fazendo.
-E agora tá sem munição.-Concluí ao baixar as mãos.
-O que é isso no seu peito?-Apontou o reator sob a camisa.
-É um eletroímã.Devia saber,tem uma caixa cheia deles.
-E alimenta o quê?
Me afastei um pouco para o lado,direcionando o abajur para a armadura no sofá.
Na mesma hora o garoto largou o lançador empolgado.
Crianças.
-Que maneiro!Isso...isso é o Homem de Ferro!?-Ele se aproximou mais.
-Tecnicamente eu sou.-Apontei.
-Tecnicamente,tá morte-O garoto me entregou uma manchete de jornal.
-Tem razão.
-O que aconteceu com ele?-Perguntou sentando ao lado da Mark 42.
-A vida.-Respondi dobrando o jornal e jogando-o na mesa.-Eu o construí,eu cuido dele.E vou consertar.
-Como um mecânico?
-É.
Ele girou a cabeça da armadura antes de falar:
-Se eu fosse construir o Homem de Ferro e o Máquina de Combate...
-Agora é Patriota de Ferro.-Corrigi.
-Muito mais legal.
O moleque pirou de vez.
-Não é não.-Retruquei contrariado.
-Olha,eu teria colocado bem aqui-Continuou sua explicação tocando o ombro do traje-Um painel...
-Painel retro-reflexivo?-O garoto concordou.
-Para ficar em modo furtivo.-Mandou bem sugestão,admito.
-É,eu até posso criar um,é uma boa ideia.
As coisas estavam indo calmamente.
Até o garoto soltar o dedo da armadura.
-Opa.
-O que tá fazendo?-Dei alguns passos para frente-Vai quebrar o dedo dele,tá doendo.Olha,ele foi ferido,deixa ele em paz.
-Desculpa.-Certo,foi um acidente.
-Desculpado.Deixa,eu conserto.
Após alguns instantes de silêncio,perguntei:
-E aí?Quem tá em casa?
-Bem,a minha tinha um jantar para ir e o meu pai saiu para jogar na loteria.
Ah eu sabia o que essa última parte significava.
-Acho que ele ganhou porque isso foi há seis anos.-O garoto acrescentou meio cabisbaixo.
-Isso acontece,o pai ir embora,deixa de frescura.-Cruzei os braços,nunca fui o melhor com crianças-Eu preciso do seguinte:-Ele me encarou com atenção -Um laptop,um relógio digital,um celular,o atuador pneumático da sua bazuca ali,um mapa da cidade,uma mola grande e um sanduíche de atum.
Afinal um gênio precisa comer para funcionar.
-E o que eu ganho com isso?-Garoto esperto.
-A salvação.Qual o nome dele?-Achou que eu não ia perceber.
-De quem?
-O garoto que mexe com você na escola.Qual o nome?
Ele desviou o olhar por um momento.
-Como sabe disso?
Me abaixei na frente dele.
-Tenho uma coisa perfeita.-Abri um compartimento na Mark 42,retirando uma pequena cápsula -Isso é a mochila de um hamster,brincadeira,é uma arma muito poderosa.Aponte longe do seu rosto,aperte o botão em cima que desencoraja bullying.E não é letal,só para você sair fora.-O encarei-Fechado?
-Fechado.-Aceitou,então dei a cápsula para ele.
-Qual o seu nome?-Perguntei,se a miniatura de gente ia me ajudar,era o mínimo que eu precisava saber.
-Harley.-Respondeu olhando para o dispositivo com curiosidade-E você é...?
-O mecânico...Tony.-Suspirei -Sabe no que eu tô pensando?Onde é que tá o meu sanduíche.
...........................
-Eu quero ficar na encolha,continua andando.
-Beleza.
-Não estraga meu disfarce.
Quem diria que eu estaria numa cidadezinha,completamente ferrado,sem acesso ao Jarvis e com um garoto andando pela rua!?
Pois é,eu também nunca imaginei isso.
-Olha,quando disse que a sua irmã tinha um relógio,eu esperava uma coisa mais adulta.-Afastei a manga do casaco revelando o relógio vermelho e branco da Dora Aventureira.
-Ela tem só seis anos,é uma edição limitada.Quando vamos falar sobre Nova York?
Eu entendia a curiosidade do garoto,mas odiava falar sobre o ocorrido do ataque alienígena.
-Talvez nunca,esquece.
-E os Vingadores?A gente pode falar deles?
-Não sei,mais tarde.-Cortei o assunto.-Olha,garoto,me dá um tempo.
Paramos em frente a uma parede com marcas de silhuetas humanas e algumas flores,velas,fotografias numa cratera aberta no chão.
Um tipo de memorial.
Não deixava de ser meio mórbido de olhar.
-O que saiu nos jornais?O que aconteceu?
-Um cara chamado Chad Davis,que vivia por aqui,ele ganhou um monte de medalhas no exército.E um dia,disseram que ele ficou maluco e construiu uma bomba.Aí ele se explodiu bem aqui.
Dei uma observada nas marcas.
-Seis pessoas morreram,não foi?
-Sim.
-Incluindo Chad Davis.
-Isso.
Sentei ao lado do Harley.
-Mas não faz sentido.-Falei tentando juntar os fatos-Pensa bem:Seis mortos,só cinco sombras.-Indiquei as paredes.
-É,dizem que essas sombras são as marcas das almas que foram para o céu.Tirando o cara da bomba,ele foi para o inferno porque não teve uma sombra.
-Acredita nisso?
-É o que todo mundo diz.-Ele deu de ombros -Sabe o que essa cratera me lembra?
-Não sei,não quero saber e tenho raiva de quem sabe.
Ele voltou no assunto do buraco de minhoca em Nova York,o que me deixou nervoso.
Pior,esse assunto me dava crises de ansiedade.
Que se tornaram quase inexistentes quando conheci Ânia.
Queria que ele estivesse comigo agora,segura,ouvir sua risada era a calmaria que eu precisava.
Sabe-se lá o que podia estar acontecendo com a minha ruivinha.
Ela se entregou para me ajudar e agora o Mandarim a tinha.
Me senti sufocado ali,levantei correndo para longe.
Harley me seguiu,parando quando larguei a bolsa e me encostei uma parede próxima.
Esfreguei o rosto tentando me recuperar.
-O que te deu?-Harley indagou.
-Culpa sua,me fez surtar.-Ajeitei o boné sobre a cabeça -Tudo bem,vamos voltar ao trabalho.O sujeito que morreu,algum parente?A Sra.Davis,você sabe onde ela está?
-Onde sempre está.-Respondeu depois de pensar um pouco.
-Agora sim tá me ajudando.
Aguenta firme,Ânia,eu vou te encontrar.
......................
Ânia pov's
Não,não,não!
Meus braços e pernas estavam presos.
Eu me sentia fraca.
Estava acontecendo tudo de novo.
-Precisei aumentar a dose dessa vez,você ficou mais forte,isso pode ser um bônus de certa forma.-Aquela voz doentia falou.
O Mandarim.
Forcei meus pulsos entre as algemas de metal conectadas a maca onde me colocaram.
-Eu não tentaria nada se fosse você.É aço reforçado,para garantir que suas faíscas não causem dano.
-Tony...
-Ele foi corajoso em te manter escondida todo esse tempo.Pena que não foi suficiente,não é?Afinal o endereço dele se tornou público.Eu só tive que juntar as peças.
-Ele vai acabar com você.
-Eu não teria tanta certeza,Ânia,porque Tony Stark está morto.Nós o pegamos,explodimos a mansão.Você tentou,mas ele não conseguiu escapar.
-É mentira!-Rosnei sentindo uma agitação crescente entre meus dedos.
-Não existe mais Homem de Ferro para te salvar,desista,acabou.Tony morreu e não há nada que você possa fazer para mudar isso.Nada.Comecem os testes,tragam os voluntários.
Tony,me perdoe,foi tudo minha culpa.
Notas finais
O que acharam?
Votem,comentem,me dá incentivo para continuar a escrever
Espero que tenham gostado bjs e até a próxima!
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