Tony pov's

Minutos depois da pizza ter chegado,finalmente a dupla dinâmica apareceu.

Ânia estava com roupas limpas e parecia mais tranquila.

O que era bom.

Pepper estava com o braço em volta do ombro da ruiva de maneira acolhedora.

Uau,isso foi rápido.

Nem comigo ela era assim tão amigável no início.

-As meninas fofocaram muito enquanto trançavam o cabelo uma da outra?-Perguntei num tom divertido.

-Conversamos e Ânia me explicou melhor a situação.

-Mas eu te expliquei-Me defendi.

-Falou o cara que me ligou em pleno expediente dizendo que precisava de roupas femininas.-Disse Pepper cruzando os braços.

-Desculpe por quase acertar você.-Ânia disse timidamente para a outra.

-Ela quase acertou você?-Isso me surpreendeu um pouco.

Por essa eu não esperava.

Achei que a garota era calminha.

-Não se preocupe,foi só um susto e ninguém se machucou.Podia ter avisado que eu cheguei,Tony.

-Eu não ia entrar no quarto com a ruivinha no banho,né?Eu sou um cavalheiro.-Endireitei a postura.-E tenho amor a vida.

-Vou fingir que acredito.

-Ai!-Coloquei a mão no peito fingindo dor e a ruivinha recém chegada riu-E aí,quem quer pizza?-Ergui a caixa.-Pedi o suficiente para todo mundo encher a barriga.

Nos juntamos na bancada da cozinha.

Pepper serviu a Ânia e a mesma começou a devorar tudo com afinco.

Com certeza ela não comia bem a um tempo.

Um bom tempo.

-Ei,devagar com a dor-Falei e ela corou de vergonha.-A comida não vai correr de você.

-Desculpe,Sr.Stark-Limpou a boca com o guardanapo.

-Sem problema,sempre admirei mulheres que comem bem.-Falei despreocupado-E sem essa de "senhor",me faz parecer velho.-A interrompi divertido.-Me chame de Tony.

Pepper alternava o olhar entre nós dois balançando a cabeça e rindo enquanto comia.

-Então,Ânia,você tem alguém que possa estar te procurando?Família?Amigos?Alguém para quem possamos ligar talvez?-Pepper perguntou.

Era uma pergunta válida.

A ruiva deu um suspiro triste.

-Eu tinha duas irmãs,mas elas desapareceram antes de...tudo isso,fiquei sozinha por alguns anos até o Mandarim me encontrar.Não tenho notícias dos meus pais,não consigo imaginar o que pode ter acontecido com eles no tempo que estive desaparecida.-Seus olhos baixaram-Não tenho ninguém.

-Sinto muito.-Falei compreensivo.

-Obrigada.-Ela deu um sorriso pequeno.

Talvez eu fale com a Romanoff sobre isso quando resolver esse lance com o Mandarim.

Seria coincidência demais elas terem o mesmo sobrenome.

-Se estiver sendo um problema que eu esteja aqui,posso tentar achar um lugar para ficar,não é minha intenção dar trabalho para nenhum de vocês,só preciso que me digam aonde posso ir.Sei o quanto é perigoso me abrigar com alguém como o Mandarim atrás de mim e...

-Ei,corta essa.-A parei-Você não tá sendo um peso para absolutamente ninguém,acredite.Eu prometo que vou te ajudar.-Ela ia protestar-Sem "mas",você é bem vinda para ficar o quanto quiser.Assunto resolvido.-Peguei outro pedaço de pizza.-E eu fico sozinho a maior parte do tempo,vai ser bom ter companhia.

-Quem sabe assim ele ganha um pouco de juízo.-Pepper tentou descontrair e funcionou.

Eu fiz careta.

A ruivinha sorriu se divertindo.

Elas continuaram conversando como se eu nem estivesse ali.

Mulheres.

-Bem,eu preciso ir-Pepper disse levantando.

-Mas já?A pizza ainda nem acabou.-Apontei.

-Ao contrário de você,Tony,eu tenho que estar na Stark Industries amanhã bem cedo.-Pegou sua bolsa.

-Você vai voltar?-Ânia perguntou de uma maneira um tanto fofa.

Do que eu estou falando?

Ela é adorável,confesso,não sou cego.

-Vou tentar vir te visitar sempre que puder antes que você seja afetada pela personalidade gritante do Tony.

-Ei!-Protestei e as duas riram.

Pepper se aproximou de Ânia e a abraçou.

Daqui a pouco estarão promovendo festa do pijama do jeito que as coisas andam.

-Mas já que vocês vão ficar aqui,por que não mostra o resto da casa para ela,Tony!?

-Se não tiver problema-A ruivinha deu de ombros me fitando com expectativa.

-Tudo bem.-Concordei meio desconfiado.-Pepper,uma palavrinha rápida!?Eu te acompanho até a saída.Deixa um pedaço para mim em,Ânia?Tô de olho.

Ela riu assentindo.

Deixamos a ruivinha na bancada da cozinha e nos dirigimos até a porta.

-O que você tá fazendo?-Perguntei desconfiado.

-Como assim?

-Não se faz de inocente que eu te conheço.Tour pela casa,sério!?

-Achei que você tivesse dito que não havia problema.-Arqueei a sobrancelha e ela suspirou-Olha,a Ânia passou por muita coisa antes de chegar aqui,o que ela me contou...-Balançou a cabeça-Eu só quero que ela se sinta acolhida e esqueça pelo menos um pouco daquele horror.E eu sei que você ainda sofre por causa do que aconteceu em Nova York,isso te fez perder noites de sono.

-Quem te contou?

-Happy.-Sabia que ele ia abrir o bico.

-O que estou tentando dizer é que vocês dois passaram por traumas e talvez ela estar aqui possa ser bom para vocês dois.Então seja gentil.

-A ruivinha parece gente boa.

-Ela é.-Afirmou.

-Tá até defendendo!?O que foi que eu perdi lá em cima?-Provoquei e ela riu.

Depois que nos despedimos,voltei para cozinha.

Preciso ser um bom anfitrião.

Ânia pov's

Pela primeira vez em anos,eu me sentia a vontade num lugar.

Me sentia segura apesar de tudo.

Pepper foi paciente comigo e ouviu a minha situação sem julgamento ou pena.

Ela foi um doce de pessoa e realmente queria me ajudar.

E Stark?...bem,Tony,me fez rir em alguns minutos o que não fiz boa parte da minha vida.

Era bom não ter tanto medo para variar.

Medo de ser espetada e drogada todos os dias para experimentos cruéis,então vir o dia seguinte e começar tudo outra vez.

Toda a dor.

Aquilo não era vida.

Não era a minha vida.

Nem me lembro da última vez que comi pizza ou tive uma refeição decente.

Ou uma boa conversa.

-Espero que tenha deixado pizza para mim.-Tony retornou se servindo de um pedaço sem cerimônia.-Encontrei alguém que gosta tanto de pizza quanto eu.Vem,vou te mostrar o resto da casa.

Tony me apresentou a sacada com vista para o belo mar,os banheiros(além do que havia no quarto de hóspedes),a piscina,área de serviço,o escritório que ele nunca usava entre outros lugares da casa.

Até que chegamos ao porão.

Na verdade,se tratava de uma incrível oficina de alta tecnologia cheia de armaduras.

-Voce tem uma oficina na sua casa?

-Não é grande coisa,só um espaço para eu poder trabalhar em paz.

Uau!

-Esse lugar é diferente de tudo o que eu já vi!-Exclamei olhando tudo ao redor.

Havia uma espécie de closet onde as armaduras estavam enfileiradas lado a lado de forma organizada.

-Bem vinda ao meu playground.-Ele sorriu com a minha expressão de admiração-Pode falar,eu mando bem.Só tenta não babar muito.

-Engraçadinho.Você construiu todas essas armaduras?

-Sim,e tô trabalhando numa coisa nova.Quer ver?

-Claro.

Ele ergueu a mão esquerda e a luva da armadura que estava em cima da mesa foi direto até a mesma.

Junto com outros pedaços que se conectaram ao seu braço.

-Ainda precisa de uns ajustes-Falou modesto.

-Considerando o que vi até agora,você vai conseguir.

-Valeu.-Deu uma piscadela.

-Tony?

-Hum?-Disse após remover as partes da armadura,concentrado nas ferramentas.

-Você não me conhece e ainda assim escolheu me ajudar.Por quê?

-Sei lá,gostei dos seus olhos.-Respondeu simplista.

Meu sorriso foi involuntário.

-Certo,é hora de criança estar na cama.E antes que pergunte,tô falando de você.

Fiz uma careta engraçada.

Estávamos saindo da oficina,Tony parecia que iria dizer algo e tocou minha mão.

Naquele momento eu vi.

Suas noites de insônia,os momentos durante sua estada no buraco de minhoca em Nova York...tudo.

Ele se afastou chocado.

-Desculpe,eu não queria invadir sua mente,foi um acidente,eu juro.-Procurei me explicar.

-Como...como você fez isso?

-Eu não tenho ideia,nunca aconteceu antes,não com outras pessoas.

Ele balançou a cabeça atordoado.

-Tudo bem.Não é nada demais.Acho melhor irmos descansar,hoje foi um dia agitado.

Caminhamos em silêncio até o andar de cima.

-Se você quiser...-Comecei receosa-Posso te ajudar a dormir,sem pesadelos.

-Pode?

-Veja isso como uma retribuição pelo que está fazendo por mim.

Tony assentiu e o acompanhei até seu quarto.

-Deite-se e fecha os olhos.-Ele o fez.

-Cuidado com essas faíscas,ainda tenho muito para viver.-Disse brincando.

Meus dedos incandesceram num tom alaranjado vibrante,então toquei os lados da testa de Tony.

Me concentrei em trancar em algum lugar da mente dele as lembranças que o atormentavam.

Quando terminei,ele estava dormindo.

-Boa noite,Tony.

Fui para o meu quarto.

Adormeci satisfeita por meus poderes terem sido,pela primeira vez em anos,usados para o bem de alguém.

Notas finais
Mais um capítulo feito com carinho para vocês.

Espero que tenham gostado bjs e até a próxima!