- Kathe... - a chamei calmamente

Ela estava perfeita com seu pijama de bichinho e com os cabelos para cima.

- Sim? - Ela indagou enquanto achava um filme qualquer para assistirmos.

- Eu tenho algo para te falar - comentei, e rapidamente ela virou-se para mim sorridente. - Eu te amo.

Covarde, você é um covarde, Harry.

- Também te amo meu amor - ela sorriu e voltou sua atenção aos filmes.

Sempre fazíamos isso, colocavamos nossos pijamas, fazíamos algo para comer e assistimos filmes.

- O que acha de assistirmos, O poço? - perguntou empolgada e se jogou em cima de mim.

- Pode ser - concordei e a abracei enquanto ela colocava o filme.

Admito que não prestei atenção nenhuma no filme, apenas fiquei observando seus traços delicados no rosto, como seus olhos brilhavam toda vez que ela prestava atenção, sua respiração leve sob meu peito, sua gargalhada gostosa. Eu não quero machuca-lá.

Por que raios isso está acontecendo comigo?

Eu não tenho a mínima ideia do que pode acontecer, talvez piore, talvez não. Tenho medo, muito medo.

É direito dela saber o que acontece comigo, afinal, nós vivemos juntos, eu a amo, ela me ama, mas se torna tão difícil.

- Ei, você está bem? - Ela perguntou, assim que viu que não prestava atenção no filme.

- Estou bem, claro - Sorri.

- Tem certeza? Você está meio estranho, não para de me encarar - ela fez uma pausa, enquanto fazia carinho em meu cabelo - Você sabe que pode me contar qualquer coisa pra mim, não é?

- Sim, eu sei, eu to bem. - Eu disse rápido - Aliás, você ligou para os meninos para nos jantarmos amanhã? - perguntei em uma tentativa de mudar o assundo.

- Liguei ontem mesmo, Zayn não vai poder comparecer, ele está na Austrália - ela disse e pude ver seu sorriso murchar.

- Mas Liam, Louis e Niall? Vão ir certo? - perguntei, quero poder ver eles antes que esse câncer me mate.

- Chamei Niall para assar a carne, já que da ultima vez você queimou ela. - ela disse rindo da situação, me fazendo sorrir.

- Como você pôde dizer isso de mim? Eu sou um ótimo assador de carne! - disse fingindo estar ofendido - Eu vou embora.

- Ah, então você vai embora, Styles. - ela disse séria me olhando de canto.

- Brincadeira, brincadeira! - Disse enquanto a abraçava apertado.

- Eu sei, você não vive sem mim, meu bem - disse toda convencida e me deu um beijinho na ponta do nariz.

Não viveria mesmo, mas será que você viveria sem mim, meu amor?

Eu espero que se algo ruim acontecer, que ela continue sendo essa garota forte que é.

- Convencida! - A soltei. - Eu estou com fome.

- Eu também, me ajuda na cozinha? -Ela perguntou e eu assenti. - O que quer comer?

- Como é o nome...? A namorada do Niall, ela fez para nós. - Eu disse tentando me lembrar.

- Brigadeiro? - Ela disse logo depois dando um sorriso.

- Isso! Brigadeiro! Faz? -Olhei para ela fazendo carinha de cachorro abandonado.

- Só se você me ajudar. - Ela disse e eu assenti. - Mas para isso precisamos ir as compras.

- Sem problemas. - Eu disse, e ela subiu para se arrumar.

Fui em direção ao nosso quarto, ouvi o barulho do chuveiro ligado, logo simulei que ela estava no banho. Fui até o closet, peguei uma calça jeans, peguei uma blusa de manga longa cinza, e um sobretudo, e os vesti. Logo em seguida Kathe havia saído do banho. Penteei meu cabelo, e eu estava pronto.

Fui até a cozinha e peguei a chave do carro, depois subi, e lá estava ela, colocando sua roupa enquanto tremia de frio, ela é tão linda, e eu, tenho tanta sorte de ter ela para mim.

- Você é perfeita. - Eu disse abraçando ela por trás e em seguida dando um beijinho em seu ombro, fazendo com que ela se arrepiasse.

- Eu te amo. - Ela disse se virando pra mim, me beijando em seguida, mas a culpa ainda estava em mim, o câncer ainda estava em mim, eu faria qualquer coisa para poder mudar isso.

- Eu também te amo. - Disse abraçando sua cintura. - Está pronta?

- Estou. - Ela disse pegando em minha mão. - Vamos?

- Era para comprarmos apenas leite condensado e achocolatado. - Ela disse depois de olhar as sacolas em cima da mesa.

- Bom, pelo menos, já fizemos as compras. - Disse e ri.

- Na verdade, não, nós só compramos besteiras Styles! - Ela disse me dando um tapinha na bunda.

- Bom, pelo menos, nós temos besteira pra comer. - Eu disse e ela deu risada.

- É, agora, vem me ajudar a preparar o brigadeiro - Ela disse me puxando pela mão - Depois a gente arruma essa bagunça. - Ela me selou.

Kathe pegou o leite condensado o derramou sobre a panela, colocou duas colheres de margarina e quatro de achocolatado e começou a mexer.

E você se pergunta "por que ela queria ajuda com algo tão fácil?" Kathe é assim, ela gosta de me manter perto dela, ela gosta que eu participe das coisas, mesmo que seja apenas um brigadeiro.

Depois de alguns minutos, estava pronto. Ela colocou o brigadeiro num recipiente e depois colocou no congelador para esfriar mais rápido.

- Agora é só esperar. - Ela disse mas eu não estava prestando atenção.

- Uh? - Eu perguntei

- Harry, está tudo bem? - Ela perguntou chegando perto, e isso estava me cansando.

- Eu já disse que sim, Kathe. - Eu disse alterando um pouco minha voz, fazendo com que ela se assustasse.

- Tudo bem, me desculpa. - Ela disse baixinho, olhando para baixo e saiu da cozinha.

Acabei de foder com tudo.

Fui até a sala, a sua procura, e ela não estava lá, então ela provavelmente estaria no quarto. Subi as escadas, olhei o quarto todo e ela não estava lá, a porta do banheiro estava fechada, fui em direção ao banheiro e tentei abrir, trancada!

- Meu amor... - Comecei a dizer, mas ela me interrompeu.

- Me deixe sozinha, por favor. - Sua voz saiu calma e baixa, eu sabia que ela estava chorando.

Kathe viu sua adolescência inteira seu pai bater em sua mãe, ele bebia, eles brigavam e acabava que sua mãe apanhava, e isso era quase todos os dias durante três anos. Ela apenas via, ela via a dor de sua mãe, via seus olhos gritando por socorro, mas não podia fazer nada, ela era pequena demais. Até o dia em que ele morreu, e então, ela e a mãe dela puderam finalmente ser felizes.

- Me perdoa, eu não quis gritar com você, meu bem. - Eu disse me sentando no chão ao lado da porta.

- Tudo bem, eu sei disso, eu só quero ficar um tempinho sozinha. - Ela disse baixo, eu mal podia a ouvir.

- Está bem, eu vou estar aqui quando quiser sair. - Eu disse e ela não disse mais nada.

Depois de uns vinte minutos ouvi a porta ser destrancada, me levantei e dei um abraço apertado nela, eu tinha tanto medo de que ela ficasse longe, eu não iria aguentar viver sem ela.