L u k a s

[21h:40min]

Faziam 4 horas que Maya tinha desaparecido, 4 horas de desespero, 4 horas de buscas.

Estava a ficar louco de a tanto procurar. Seguia, em forma de lobo, o seu exótico cheiro.

Luna, minha querida, onde é que estás?

Rosnava de raiva. A raiva que percorria a minha mente. O meu corpo fervia de frustração.
Aqueles que me perguntavam o que se passava eram rejeitados e ameaçados por rosnados vindos da minha parte.

Mas havia uma que não podia rejeitar

Mia.

"Pai?" Passei ao seu lado por muito que me custasse. "Pai?!"

"Vai para casa do Paul" O meu lobo ordenou sem minha autorização.

"Pai? O que é que se passa?"

"Vai...para...casa...do.... Paul" rosnei baixinho "porfavor"

Paul, que estava deitado num ramo, (hábitos) soltou uma risada nervosa.
Estava tão focado em encontrar a Maya que nem notei pela sua presença.

"Eu, no teu lugar, fazia o que o Alpha está a dizer, querida"

"Paul,Ele é meu pai. E ele não está bem! Eu ao menos tenho direito de saber o que se passa! "

"Quando chegar o momento certo..." Baixei o olhar para a neve que derretia debaixo das minhas patas negras "Ficas a tomar conta dela, Paul?"

"Claro"

E parti de novo em busca da minha Luna.

Logo hoje! Logo hoje!

Rastrei o cheiro dela até não o sentir mais. O que não dorou muito, pois ele tornara-se fraco demais para eu o seguir.
Deitei-me. Gani e rosnei ao mesmo tempo.

Senti pequenas gotas no meu focinho. Tinha começado a chover.
O meu pelo não demorou até ficar todo molhado.
Lembrei-me do cheiro molhado da Maya. Os meus dedos a passarem pelos seus pelos brancos cedosos de Luna. Merda, não consigo pensar noutra coisa!

Desde que soube que ela era a minha parceira...Meu Deus, todos estes anos têm sido perfeitos.
Mas hoje, logo hoje, ela teve de ser sequestrada pelo Mark.
Mark, quando eu te por as mãos em cima....

Devem estar a perguntar... Quem é o Mark?

Bem ele foi o meu melhor amigo, agora é o meu pior inimigo. Engraçado como as pessoas mudam tanto.

Com esses pensamentos, desliguei-me no mundo que nem me tinha apercebido que o Paul estava no meu lado a olhar intensamente.

"A Maya?" Perguntou. Baixei as orelhas ao lembrar do sentimento de desespero.

"...Não sei..." suspirei depois de minutos calado. "Ela estava na sala e eu na cozinha...eu não pude fazer nada, Paul! Nada!" notei o desespero na minha própria voz devido as falhas que nela estavam contidas.

"O que é que aconteceu? "

"O Mark levou-a!" disse praticamente ao berros "e eu não fui capaz de a salvar! Cheguei tarde de mais. Agora não sei onde ela está"

"Alpha..." Ele pôs se na minha frente "Eu, o teu leal parceiro, vou-te ajudar a encontra-la"

Paul desde que o conheci substituiu de alguma forma o Mark.
Eles sempre foram iguais, com a mesma personalidade, os mesmos gostos.
Cada gesto que Paul faz faz-me lembrar do Mark.

No amor que nós os dois tinhamos pela Maya.

O amor que acabou com a nossa amizade..

"Ok...Paul, só não contes nada à Mia. Ela não pode descobrir, ainda não"

"Claro...Então não podes contar à alcateia se não ela pode descobrir. Temos de ser nós os dois em encontra-la.

"Certo."

[22h:10min]

Maya! Onde é que estás??

E como todas as outras tentativas,não havia nenhuma resposta. Isso irritava-me imenso!

M a y a

Ao acordar, vi-me numa sala escura e degradada. Não me lembrava de nada. Só de ter visto o Lukas a arrastar-me para a sala.

Este quarto tinha um pequeno cómodo, uma cama, onde estava deitada e ferida.

Tentei-me levantar, o que foi complicado por causa da ferida que tinha no braço e pelas horríveis dores de cabeça.

Assim que estava assente no chão, ouvi grandes e pesados passos a virem na minha direção.

De tudo o que a luz vinda da janela me deixou ver, consegui observar uns olhos verdes.

Aqueles olhos verdes...

Mark.

"Maya" Começou depois de se chegar ao pé de mim "Então finalmente acordaste. Ficas linda a dormir, sabias? "

Ele movimentou a sua mão em direção à minha bocecha. Sem que pudesse fazer nada ele pousou-a nesses mesmo sítio e limpou a sujidade lá contida.

Porquê ele está a ser carinhoso comigo?

"Mark, deixa-me sair, a minha família precisa de mim" Implorei.

"Não.... Voltares para a família que me menosprezou?! Voltares para aquele...." fez uma pausa "Aquele alpha que te roubou de mim? Não, obrigado."

"Tu és tão agarrado ao passado..." Disse-lhe "Ele não te roubou, eu pretencia-o! Eu era dele! Não podias fazer nada.... Só deixa-me ir. Sim?

Ele virou-me as costas e formou a sua mão num punho. "Eu continuo sozinho, Maya."

E saiu.

Tentei me transformar mas não consegui. Por alguma razão não consegui. Era como se me tirassem esse poder.

"Mark!!! Tira-me Daqui!!!" Gritei. Mas parecia que ninguém me ouvia. Os corredores que ficavam ao pé da minha cela eram escuros. A escuridão fazia com que entrasse em pânico. "Mark!!!!"

Maya.... Onde é que estás??

Isso!! Lukas!

Lukas... Eu não sei onde estou.

Não sinto o teu cheiro, Luna!

Enquanto isso, alguém aparece, alguém mais novo que o Mark.
Esse ser caminha até o meu encontro.
O mesmo estava com um sorriso muito cínico,estava a assustar.

"Então, querida"

Maya?

"Quem és tu?"

"Sou o Markus..." Fiz cara de confusa "O filho de todo poderoso" ele por sua vez, na última parte, movimentou a mão em voltas sem graça alguma "Alpha Mark"

"Vai para a merda" respondi

" Olha as palavrinhas, cadela!" agarrou a minha cara e apertou-a.

De seguida, mandou-me contra o chão.

"Deixa-me!" Ele agachou-se na minha direção e apertou o meu braço mesmo em cima da ferida. "pára"

"Não gostaste da minha obra de arte? Que pena, ela é tão bonita" E mais uma vez, ele apertou-a. Agora entendi o porquê de não conseguir cicatrizar. Porvalvemente foi feita por alguma coisa de prata "Mas tu também não sabes ver a verdadeira beleza....Nem sei porquê o meu pai gosta de ti.

Olhei para o lado dele, que mais uma vez, tinha despertado a minha atenção.

" Markus, deixa a cadelinha em paz. O Alpha não gostava nada de saber que estás a maltrata-la. "Nós só a queremos para chamar a atenção do Lukas. Por isso... Não a mates."

" Entendido chefe."

MAYA? Onde estás?

Lukas, não venhas porfavor!

[Continua]