Capítulo 7 - Sapte
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Olá amores! Estou muito feliz por ver que AS está ganhando cada vez mais o coração de leitores, o que estou sentindo é inexplicável e só tenho a agradecer pelo carinho de vocês! Um obrigada gigantesco a todos vocês!
Quero pedir desculpas novamente pelos atrasos, mas acho que será assim até eu conseguir resolver meus problemas. Vou ser bem sincera com vocês, pois confio nos meus leitores, minha vó está passando por uma barra, não sei se já havia comentado, e eu estou a ajudando muito, ela está com depressão e não pode ficar sozinha, o ruim é que onde ela mora não há acesso a internet, então só posso postar capítulos pelo notebook da minha mãe quando vou em casa, já que meu PC estragou e ainda não consegui arruma-lo. Bom espero que possam compreender e não nunca vou desistir dos meus bebês!
O capítulo de hoje merece ser lido, ouvindo-se Hurricane do grupo MS MR (só clicar no vídeo alí em cima), desculpem pelo texto introdutório e boa leitura.
Jenifer Takahashi
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- Agora já sei porque você ficou daquele jeito perto da Roxana, quando eu olhava pra ela... Era como se ela estivesse em minha mente. – Kevin falou gesticulando freneticamente com uma das mãos próxima a cabeça parecendo bem perturbado. Segurava o volante do Jeep com a outra mão tensa. Dirigiam de volta, para a Universidade à mais ou menos 10 minutos. – E aquele cara? Por que ele me bateu? Era um louco e possivelmente drogado, tão pálido...
Adabeth não prestava atenção no que Kevin falava, só conseguia ficar pensando e lembrando da presença perversa de Cassiel e o quanto sentira-se amedrontada ao saber que Roxana também era vampira. Porque tudo isso estava acontecendo com ela?
- Ada você está bem? – Perguntou Kevin finalmente olhando para o rosto dela, um misto de preocupação e curiosidade abalava suas feições. – Pensando bem você está até um pouco pálida.
A voz de Kevin finalmente havia a trazido do mergulho profundo de sua mente, tentava entender o porquê de tudo aquilo e encaixar as peças do quebra-cabeça.
- Hmm? Sim, estou bem, não se preocupe, deve ser o cansaço. Desculpe, mas do que estava falando? – Disse ela sentindo-se culpada por não ouvi-lo.
- Não, eu que te peço desculpas por ficar falando destas coisas para você. A festa deveria ter sido divertida e aquele drogado estragou tudo, principalmente nosso beijo. – Ele dizia calmamente, mostrando certo pesar em suas palavras, mas ao mesmo tempo mostrando que não estava aborrecido de verdade.
Adabeth o observou com ternura, Kevin era uma pessoa tão amável, mas por sua culpa ele quase morrera, algo que ainda poderia acontecer se permanecesse em sua vida, talvez a única solução seja afastar-se dele.
Ela sentiu uma pequena pontada em sua cabeça. Não estava mais tão leviana quanto na festa. Não sentia-se tão tonta. Já não enrolava mais a língua nas silabas. Acreditava que conforme o tempo passava, mais coerentes seus pensamentos estavam e também, graças a mordida de Cassiel, grande parte do álcool em seu sangue havia saído, o que explicava a sua rápida recuperação com a lucidez.
Mas ainda assim sentia-se cansada, não conseguia raciocinar direito devido a isso. Só queria chegar em seu quarto, tomar um bom banho e capotar em sua cama. Não gostaria de ter que resolver as coisas agora com Kevin.
- Ele estragou mesmo. – Concordou ela, tentando sorrir para conforta-lo de que estava tudo bem.
Os olhos do garoto brilharam com alegria renovada ao perceber que Adabeth estava tranquila com o assunto.
- Sabe, nós poderíamos reparar isso, tomando um sorvete amanhã à tarde, próximo ao museu contemporâneo, o que acha? – Kevin lhe perguntou entusiasmado. Ela podia notar o talento que Kevin tinha com as pessoas. Com apenas aquela pergunta, ele conseguira deixar o ambiente ao seu redor amistoso, esquecendo dos ocorridos da festa.
Ele queria uma resposta, mas Adabeth não queria ter de lidar com decisões naquele momento. Observou o rosto sorridente dele e percebeu que a bochecha direita estava avermelhada, iniciando um tom roxo. Era o lado que Cassiel esbofeteara. Ela entristeceu-se, culpa dela. Consequentemente lembrou do ódio que o vampiro sentira por Kevin.
Adabeth sabia que se ele perguntasse no outro dia, ela aceitaria o convite para sair. Torcia para que ele não voltasse a tocar no assunto. Ela tinha de se afastar dele. "Droga! Recém o conheci. O primeiro cara legal de minha vida e terei de rejeitá-lo. Maldito vampiro!"
- Então Kevin... Eu ainda não consegui arrumar todos meus pertences no quarto. Sinto muito, mas não poderei ir. – Adabeth disse um pouco sem jeito. Odiava dizer "não" para as pessoas.
- Ah entendo, pois é, ainda bem que você lembrou-me disso. Também tenho que terminar de desempacotar algumas coisas. Deixa pra outra hora então. – Ele não ficara chateado. Estava até sorrindo tranquilamente.
Adabeth começara a refletir o quanto a vida era injusta enquanto movia todo seu cabelo para um único lado do ombro para sentir-se mais confortável.
Kevin lhe observava discretamente. Como gostaria de sair com ela, sair mesmo, como em um encontro. Sentiu-se tentado a conhece-la desde o primeiro momento que a vira entrar correndo no bloco de artes da Universidade. Mentira para ela agora, sobre seu quarto apenas para não deixa-la desconfortável, vira a expressão no rosto dela, algo a incomodava. Ele esperava não ter sido precipitado em suas atitudes, principalmente com o beijo. Não queria avançar tão rapidamente, o beijo aconteceu daquela forma porque havia se passado na bebida. Ela parecia ter gostado, mas agora estava até cautelosa. "Talvez eu tenha me precipitado ou ela pode estar cansada demais com tudo que aconteceu e...."
Kevin parou seu raciocínio de imediato ao notar algo no pescoço dela.
- Meu Deus! – Ele disse arregalando os olhos, freou o carro no mesmo instante. Estavam quase chegando a Universidade.
- O que houve?! – Adabeth ficou alarmada olhando para todas as direções, esperando ver Cassiel novamente, mas não enxergou nada suspeito.
- O seu pescoço... – Kevin arfou em um quase sussurro preocupado.
Ela levou sua mão até o local e congelou de dor. "A mordida!" Havia algo úmido e viscoso, ao afastar a mão viu que era sangue.
- Foi ele, não é? – Kevin perguntou sério, seus lábios formavam uma linha reta. A seriedade tornando-se em aborrecimento.
Adabeth temia que ele desconfiasse ou descobrisse a verdade por trás de Cassiel.
- Sim, mas era apenas um drogado, foi tudo tão rápido que nem notei. – Ela disse nervosa, mas tentando acalmar-se a si e a Kevin.
- Nós precisamos ir a um hospital e você precisa denuncia-lo! Vamos, eu te levo. – Ele havia dado a meia volta com o carro retornando para o centro da cidade. Sua expressão era rígida.
- Kevin não! – Adabeth falou desesperada. – Quero apenas ir para meu quarto!
- Por Deus Adabeth! O homem lhe mordeu! E não foi uma mordidinha, está horrível! Precisamos denuncia-lo! – Kevin parou o carro apenas para encara-la furioso. Precisava ver com os próprios olhos que Adabeth não estava ficando louca, não podia acreditar no que ela dizia.
- Não! Por favor! Os policiais vão notificar meus pais, e eles me farão ir embora para casa! – Adabeth quase o suplicou. Era verdade, seus pais já eram super protetores sem necessidade, se soubessem algo dessa magnitude, ela poderia dizer adeus ao seu sonho de se formar.
Kevin ainda a observava rígido, estava pesando sua escolha, relutava por fazer a coisa certa. Adabeth estava machucada e isso o enfurecia. O cara que fizera isso com ela, estava a solta e poderia repetir o ato com outras pessoas. Em contra partida, ele não queria que Adabeth fosse embora e muito menos que ficasse chateada com ele por aborrecer seus pais. Talvez eles não retornassem mais a ver o imbecil drogado.
- Puta merda. – Ele sussurrou frustrado. – Ok, vou te levar de volta a republica, mas te juro que se eu voltar a vê-lo, quebrarei a cara dele. – Kevin realmente ficara aborrecido com o ocorrido.
"Se ele realmente soubesse o que acontecera..." No entanto estava grata por ele se preocupar com ela.
Kevin estacionou o Jeep na frente da Republica Feminina.
- Aqui estamos nós. – Disse ele mais calmo, suas feições suaves.
- Obrigada Kevin. – Adabeth disse abrindo a porta do Jeep. – Olha lamento de verdade por não poder ir amanhã.
Kevin sorriu radiante.
- Não se preocupe, haverá outras oportunidades. – Ele desligou o carro e abriu a porta para sair.
"Duvido que haja mais oportunidades."
- O que vai fazer? – Perguntou Adabeth alarmada.
- Você realmente pensa que sou insensível ao ponto de deixa-la com essa mordida aberta? – Um sorriso tentador brincava no canto de seus lábios.
- Mas você não pode entrar na república feminina. – Disse Adabeth demonstrando preocupação, na verdade ela temia que Cassiel estivesse por perto.
- Ada, não se preocupe meus dons de suturação são dignos de enfermeiros. De onde eu venho são muito bem usados, todo mundo aprende primeiros socorros em casa. – Ele disse sorrindo e presunçoso pela habilidade.
Adabeth achava engraçado o modo como Kevin falava de sua gente. Não via problema algum em deixa-lo cuidar do ferimento. Ele trancou o carro e os dois entraram na república, subiram os lances de escada e logo a garota estava destrancando a porta do quarto. O rapaz estava surpreso em ver um dos quartos mais organizados de que já entrara e um pensamento não parava de rondar sua cabeça: As únicas almas naquele quarto eram ele e ela.
"Não." Adabeth havia passando por momentos difíceis, poderia ficar traumatizada, não poderia agir por impulso ou pensar em seu próprio ego, ela necessitaria de consolo amigo.
A garota captou o olhar de Kevin por todo seu quarto. Então lembrou-se do que falara ao jovem e sentiu o sangue fugir de seu rosto. "Droga! Ele deve ter descoberto a mentira da arrumação do quarto!"
- O resto de meus pertences chegarão amanhã e....
- Ada. – Chamou Kevin em um tom baixo.
- ...Então poderei terminar de organizar o que falta...
- Ada! – Kevin chamou mais alto e segurou em suas mãos. – Eu sei que você estava mentindo, e sei que foi por uma boa razão, passou por coisa de mais e está precisando de tempo. Não se preocupe, não lhe forçarei nada. – Kevin disse observando os olhos cinzentos dela tão profundamente que a única coisa que preenchia a mente de Adabeth era a escuridão cativante do olhar dele. – Tudo ao seu tempo. – Completou beijando as mãos macias dela.
Um retumbar. Um único retumbar descompassado de seu coração soou nos próprios ouvidos de Adabeth.
- Me desculpa Kevin, de verdade. – Ela disse tão baixo que se ele não estivesse perto o suficiente não teria ouvido.
- Não peça desculpas, não há o porquê pedir. – Kevin disse mal podendo se conter, os lábios pequenos e carnudos da garota estavam tão próximos dos dele, queria possuir aquela deliciosa boca com a dele, mas não podia, tinha de dar o espaço merecido a Adabeth. Deu um pequeno passo para trás na esperança de pensar coerentemente. – Agora vamos, mostre onde está sua caixa de primeiros socorros.
Adabeth soltou o ar dos pulmões em uma única vez, jurava que Kevin iria lhe beijar e estranhamente estava implorando internamente que fizesse isso. Não sabia porque o coração bateu descompassado, desconfiava que o rapaz estava mexendo com suas emoções. Era encantador e por causa daquela aberração, não iria poder demonstrar o que estava começando a sentir por Kevin.
Ela saiu apressada para o banheiro enquanto tentava sufocar o desejo que estava pulsando no fundo de seu ser por Kevin. Não entendia porque estava assim, era como se tudo em seu corpo estivesse virado do avesso após a mordida de Cassiel. Quanto mais pensava no humano mas tentada ficava e estava começando a ficar com medo desse sentimento. Será que aquela mordida a transformaria em um ser das trevas? Não, não poderia ser algo tão fácil assim.
Pegou a caixa de primeiros socorros e foi até onde Kevin estava. Os dois sentaram na cama e Kevin começou a verificar a mordida. Logo em seguida começou a desinfetar o lugar com um antisséptico que passou em uma gaze.
Aquilo ardia muito e Adabeth teve de se aguentar para não gritar, valia até fazer caretas e morder a boca para mudar o foco da dor.
- Calma já vai acabar. – Disse Kevin pegando uma agulha e linha de dentro da caixa. Desinfetou a agulha com álcool. – Ada isso vai doer bastante, então aguente firme.
Ele fincou a agulha na pele dela e a garota não pode segurar o pequeno arfar e grito que escapou pelos lábios.
- É eu sei, mas é necessário. – Kevin disse concentrado, mesmo doendo Adabeth estava ciente de que ele trabalhava muito bem, rápido e preciso.
- Você disse que sua família lhe ensinou, mas para quais situações Kevin? Não há hospitais onde você mora? – Adabeth perguntou mais para entreter-se da dor.
- Minha família toda é formada por caçadores. Então eles aparecem as vezes com ferimentos bem feios. Há um hospital na cidade, mas minha família mora longe do único que existe. Sei que parece estranho todos gostarem desse tipo de profissão, mas é algo passado de geração pra geração e todos lá em casa levam a tradição a sério. – Ele disse finalizando os pontos e cortando a linha com uma tesoura pequena.
Algo dentro de Adabeth estremeceu dentro de si. Não sabia o porquê mas não gostara de ouvir a palavra caçador sair da boca de Kevin.
- Caçam o que? – Ela ouviu-se perguntar automaticamente.
- Eles dizem ser lebres, raposas, dependendo da encomenda, o tipo maior são os cervos. Mas cá entre nós, deve ter encomendas maiores se não, não iriam se machucar tanto. – Kevin tapava o ferimento com uma gaze e pegava uma fita para segurar o curativo no lugar.
- Você nunca saiu para caçar com eles? – Adabeth achou estranho a família dizer algo assim a ele. Era como se mentissem ou omitissem coisas dele.
- Não, acho repulsivo caçar animais inocentes e vender suas carcaças. E já disse isso na cara deles, até já brigamos. Meu pai inclusive disse que eu iria me arrepender em escolher a vida miserável de um pintor e que minha irmã era mais homem que eu. Não liguei, são apenas palavras saídas de uma pessoa ignorante. – Ele disse terminando o curativo e encarando Adabeth. A garota via que era mentira de Kevin, ele ligava sim para as palavras do pai, e estava magoado.
As mãos do rapaz estavam sujas do sangue dela e ela pensava o quanto era errado aquele sangue tocar as mãos dele. O deixava sombrio, mas não do mesmo jeito monstruoso que Cassiel, era um sombrio que ainda assim parecia ser certo, necessário. – Posso lavar minhas mãos no seu banheiro?
- Claro. – Ela tentava sorrir para tirar aquela sensação estranha que tomava conta do quarto.
- Kevin nem sei como agradecer. – Adabeth estava parada no solado da porta o fitando parado no corredor da república.
- Bom, na verdade indo tomar sorvete comigo já é uma forma de agradecer. – Ele disse rindo. – Estou brincando, não precisa agradecer, só estando bem já é gratidão o suficiente para mim. Até mais Ada. – Virava-se para ir embora.
- Kevin! – Adabeth não controlava os próprios pés, então estava já deslizando seus dedos pela mão de Kevin enquanto lhe dava um puxãozinho, ele a encarou e então ela atirou seu corpo contra o dele enquanto instalava sua língua nenhum um pouco tímida na boca do garoto.
Ele reagiu de imediato a explosão de Adabeth. Claro que não entendia direito o que a fez mudar de ideia dessa forma e nem ela mesmo entendia, só sabia que agia por puro impulso, um impulso que não parecia vir dela.
Ela lhe beijava com intensidade, mordia a carne macia do lábio inferior do rapaz enquanto lhe arranhava as costas como se quisesse ver o sangue do garoto escorrer. Suas mãos passeavam pelo tronco de Kevin, proporcionando ao garoto sensações e arrepios enlouquecedores, mais um pouco e o controle que queria ter tanto com Adabeth iria pelos ares, estava louco para lhe dominar ali naquele corredor mesmo.
Adabeth pouco entendia o que era aquela vontade que espalhava-se pelo corpo acomodando-se em cada canto de seu ser. Suas mãos brincavam pelo abdômen jovial e definido de Kevin, cada vez mais abaixo, suas mãos passaram por breves momentos em um volume rijo que habitavam agora as calças de Kevin. Ela ouviu o gemido lascivo e rouco que escapou dos lábios dele comprimidos nos de Adabeth. Ele segurou o quadril da garota e o encaixou no seu enquanto fazia movimentos roçando aquele volume entre as pernas dela, a garota circundou o quadril de Kevin com as pernas, como em um abraço mortal que nunca se afrouxaria. O gemido que escapou por seus lábios despertou o tesão incontrolável que faltava pouco para libertar-se do rapaz.
Ela estava com os olhos fechados, mas estranhamente ainda podia ver Kevin lhe beijar. Ele parou repentinamente caindo no chão e atrás dele estava Cassiel segurando a coluna vertebral dele em suas mãos lambuzadas do sangue do garoto. Uma expressão tenebrosa estampava o semblante do vampiro. Adabeth encarava as costas de Kevin com um enorme buraco escuro de onde escorria sangue em abundância.
Ela sentia o berro estridente irritar sua garganta, querendo sair. E então ela abriu os olhos, ainda beijava Kevin e não entendia o que havia sido aquilo que vira.
"É isso que acontecerá a ele se você não o mandar embora agora." A voz do vampiro verberou em sua mente, deixando-a em pânico, estarrecida.
Afastou-se surpresa e confusa de Kevin, pôs as mãos sobre a boca.
- Perdão Kevin, eu não devia ter feito isso. – Virou-se correndo de volta para o quarto, trancou a porta e atirou-se na cama assustada pelo o que havia feito, e principalmente pela intervenção demoníaca de Cassiel. Estaria ele por perto? Ou eles teriam algum tipo de ligação sobrenatural? Mas o que menos conseguia esquecer naquele momento era o beijo escandaloso entre ela e Kevin, mais um pouco e estariam transando no meio do corredor.
"Boa garota, agora vá descansar minha deliciosa criança." A voz dele estava novamente nos pensamentos de Adabeth mas de uma forma mais suave, como uma serpente pronta para o bote.
Kevin sabia que Adabeth estava confusa com tudo que acontecera, talvez o beijo enlouquecedor que dera nele era a forma que encontrara para fugir dos problemas dessa noite. Sinceramente, ele não arrependera-se do beijo e agradecia pela forma que ela o beijara. Saiu do prédio sorrindo, ainda sorria enquanto partia com o Jeep de volta ao seu dormitório.
Mas afinal o que havia com ela? Além de ter aquele vampiro idiota em sua vida, estaria ficando louca também? O que Kevin pensaria dela? Não sabia, e nem queria pensar em mais nada. Não via a hora de descansar e.... "Oh merda!" Não poderia dormir, não queria encontrar o monstro naquela noite. Ele a atormentaria novamente.
Adabeth recordava vivamente da lembrança de dentro da cabeça de Cassiel. Aquilo havia sido algo muito estranho. Mas ela temia a conversa que a tal criadora, Saoirse, tivera com ele.
"Nascida e não transformada." As palavras repetiam-se na mente dela. Adabeth não era vampira "ainda" e saber que sua família tão correta descendia de um ser repugnante e sem caráter era maluquice. Saoirse também dissera que o destino de Cassiel e o de Adabeth estavam interligados e isso era a grande bola de bosta na vida dela.
Com este último pensamento Adabeth soltou o ar de seus pulmões juntamente com um gemido de reclamação, assim fazendo uma careta começou a se arrastar para o banheiro.
Dessa vez não estava atrasada. Mas em compensação, a dor de cabeça era de matar, claro que já havia tomado analgésicos, remédios para o fígado e para o estômago. Prometera que de agora em diante, nunca mais beberia novamente, não nascera para isso. Ficara acordada o resto da noite, era o que acreditava, pois sua consciência insistia em lembrar do momento que apagara, acordando somente uma hora após, o que foi muito estranho, estava penteando seus cabelos após o banho, quando do nada apagou. Lembrava apenas de algumas imagens, talvez de um sonho. Cabelos loiros, sangue, íris azul que depois revelava olhos arregalados e espantosos. Mais um daqueles sonhos perturbadores provocados por Cassiel, ela tinha certeza.
Seu corpo só estava em pé graças ao café preto que tomara e o energético que tirara de uma daquelas máquinas de refrigerante no corredor da republica.
Adabeth vestia uma regata preta e um saião vermelho escuro comprido. Usava uma gargantilha colada na pele como as que os góticos usavam, apenas para tapar o pequeno curativo que havia feito para substituir o que Kevin fizera. Lembrava ainda do susto que levara ao ver a ferida diante do espelho. Mesmo com os pontos dava para perceber que não era nem um pouco parecida com as dos filmes e nem de longe eram dois furinhos. Com medo que Cassiel possuísse algum tipo de "raiva" ou outra doença infecciosa, Adabeth começou a tomar anti-inflamatórios.
Prendeu o cabelo em um coque que deixava as pontas soltas e espetadas para todas as direções. Pôs suas sandálias rasteiras, pegou sua bolsa mochila e antes que saísse pela porta, deu uma olhada em seu reflexo no espelho.
Havia feito uma maquiagem forte para que ninguém percebesse sua cara abatida, afinal não dormira e ainda por cima perdera um bocado de sangue. Provavelmente sem a maquiagem estaria muito pálida e com olheiras, aí sim poderiam chama-la de vampira.
Passara pó branco no rosto, os olhos ela contornara de preto e os sombreara também de preto por toda sua extensão, os lábios pintara da cor bombom. Certo, parecia uma gótica, mas não deu muita importância.
Andava pelo campus tranquilamente, aproveitando a manhã abafada. Quando começou a perceber o burburinho agitado e incomum das pessoas. Ela ouvia cochichos e perguntava-se se o motivo daquilo tudo era sua mordida, será que de alguma forma as pessoas a enxergavam? Mas ao notar melhor, os cochichos vinham de uma única direção, a grande maioria tinha o rosto espantado.
A curiosidade a encheu por dentro e resolveu ir naquela direção. O grupo de pessoas crescia cada vez mais conforme Adabeth se aproximava, todas inquietas. Então o agregamento de pessoas estava tão grande que ela tinha que empurrar e pedir licença para passar. Andava cada vez mais rápido, pressentia algo de errado. Queria alcançar o centro da multidão, onde havia mais pessoas, mas também esse algo do qual eles rondavam, motivo dos cochichos.
Estava perto, muito perto, então uma cabeça com cabelos vermelhos a alguns metros a sua frente chamou sua atenção. Sabia que era Kevin. Adabeth lhe encostou o braço. Ele virou-se vagarosamente na direção dela, sua pele estava pálida, seus olhos muito abertos com lágrimas acumuladas ali, seus lábios levemente afastados.
O coração de Adabeth bateu forte apenas uma vez por presenciar o terror na expressão facial do rapaz. Ele olhava agora para o chão, o tal lugar que todos rodeavam e que Adabeth queria tanto ver.
Adabeth seguiu o olhar de Kevin sem entender e então seus olhos arregalaram-se freneticamente, as lágrimas vieram sem esforços, ela estava horrorizada. Tudo agora parecia estar em câmera lenta.
Amber, amiga de Kevin que divertira Adabeth na festa, estava deitada no chão em um ângulo impossível. Seus cabelos loiros agora soltos, espalhados no chão. Seus olhos azuis estavam arregalados e vidrados em algo que não estava mais lá. Seus lábios abertos em um grito mudo. Sua pele bronzeada, agora pálida e cheia de marcas de mordidas por toda sua extensão. No entanto, Adabeth não conseguia tirar os olhos da garganta dilacerada da moça por onde escorrera sangue em abundância. Uma poça gigante do liquido vermelho encontrava-se abaixo do corpo de moça, tingia até seus cabelos claros, os manchando. Mas a pior parte era o pescoço quebrado que fazia o rosto ficar virado para as costas, como uma boneca deixada ao chão com movimentos grotescos.
Adabeth estava enjoada, seu estômago protestava não só contra aquela visão desumana, mas também com as pequenas lembranças repentinas do sonho. "Maldito Cassiel!" A essa altura podia ouvir as sirenes da polícia e da ambulância. Ela voltou seu olhar aterrorizado para Kevin. Ele fixava seus olhos no pescoço de Adabeth e ela já sabia o porque. "Maldição!"
- São iguais a sua. – Kevin disse com a voz desolada e profundamente melancólica. O olhar dele demonstrava mágoa.
"Minha culpa" Adabeth pensou ao mesmo tempo em que suas lágrimas chegaram ao chão.
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