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Capítulo 4: Elementos de Tensão

Dentro das paredes da escola, cada professor trazia uma atmosfera única para suas aulas. No mundo das ciências, a Professora Helena Martinez liderava o reino da Química. Cabelos curtos e escuros, óculos de aro preto e uma postura rígida definiam sua aparência. No entanto, era sua personalidade fria e impessoal que deixava uma marca duradoura nos corações dos alunos.

Aurora se encontrou na sala de aula da Professora Martinez, observando enquanto ela preparava a lousa para mais uma aula de Química. A professora tinha uma reputação de rigor e exigência acadêmica, e sua atitude austera criava um ambiente intimidador na sala de aula. Os alunos sentavam-se com postura reta e uma sensação de nervosismo.

A aula começou com a Professora Martinez explicando os princípios fundamentais da química, suas palavras precisas e lógicas. Sua abordagem era metódica, detalhando cada conceito com uma clareza quase clínica. No entanto, suas explicações careciam de qualquer traço de empatia, tornando difícil para os alunos se conectarem com o material.

Aurora olhava para sua mesa, os olhos fixos nos apontamentos que estava fazendo. Ela se sentia insegura e inadequada em relação à matéria, e a presença fria da Professora Martinez só exacerbava seus sentimentos de ansiedade.

A aula prosseguiu com a professora distribuindo problemas para os alunos resolverem. Aurora olhou para a folha à sua frente, sentindo-se cada vez mais confusa à medida que lia as perguntas complexas. Ela olhou para cima, esperando receber alguma orientação ou explicação adicional.

Mas a Professora Martinez continuava a escrever na lousa, como se não notasse a inquietação de Aurora. Aurora ergueu a mão timidamente, esperando chamar a atenção dela.

— Professora, eu... eu estou com um pouco de dificuldade aqui. Poderia me ajudar a entender esse problema? — Aurora perguntou, sua voz um pouco trêmula.

A professora finalmente olhou para ela, um olhar de avaliação passando por cima de seus óculos.

— Aurora, você deve ser capaz de entender a matéria por si mesma. Eu já expliquei os conceitos básicos. Se você não está acompanhando, talvez seja hora de revisar suas habilidades de estudo. — A resposta da professora foi áspera, sem o menor vestígio de compreensão.

Aurora abaixou o olhar, sentindo um rubor de constrangimento subir pelo seu rosto. Ela se sentiu exposta e inadequada diante da classe.

A Professora Martinez continuou a aula sem mais interrupções, deixando Aurora com um sentimento de isolamento e frustração. À medida que o tempo passava, Aurora sentia a tensão aumentar, sua confiança abalada pela falta de apoio e empatia.

Enquanto a aula chegava ao fim, Aurora pegou suas coisas e se preparou para sair da sala de aula. Ela se sentia aliviada por finalmente escapar do ambiente intimidador, mas também sentia a picada da crítica e do julgamento. Ela saiu da sala com a certeza de que a Professora Martinez nunca entenderia as lutas emocionais que a atormentavam.

E assim, o mundo acadêmico de Aurora era marcado por uma combinação de professores empáticos e desafiadores. Enquanto alguns professores iluminavam o caminho com compreensão e apoio, outros lançavam sombras de insegurança e desconforto. E, à medida que ela navegava pelas complexidades da escola, Aurora buscava equilibrar suas interações com esses professores, cada um desempenhando um papel em sua jornada de autodescoberta e superação.

Aurora caminhava pelos corredores da escola depois da aula de Química, ainda sentindo o peso das palavras da Professora Martinez. A tensão da sala de aula parecia segui-la, como uma nuvem escura que se recusava a se dissipar. Ela segurava seus livros contra o peito, buscando refúgio em seu mundo interior.

Enquanto ela passava por um grupo de armários, uma risada desdenhosa chamou sua atenção. Ela olhou ao redor e viu Caleb, Brooke, Mason e Evan reunidos perto dos armários, seus olhos fixos nela. Aurora sentiu seu coração afundar, já antecipando o que estava por vir.

Caleb foi o primeiro a falar, seu sorriso sarcástico visível mesmo de longe.

— Ei, olhem só quem decidiu aparecer hoje! — Ele disse, sua voz carregada de escárnio.

Os outros riram, ecoando o tom de deboche de Caleb. Aurora sentiu seu rosto corar, seu desejo de passar despercebida esmagado pela atenção cruel deles.

Brooke se aproximou dela, lançando um olhar de cima a baixo.

— Você realmente acha que pode se misturar com a gente, Aurora? Você é só uma sombra que se esconde nos cantos. — Ela disse com um sorriso venenoso.

Mason e Evan se juntaram à zombaria, rindo e fazendo comentários maldosos. Aurora sentiu sua confiança se esvair, sua mente se enchendo de inseguranças e dor.

Nesse momento, a Professora Martinez passou pelos corredores, seu olhar fixo à frente, aparentemente alheia ao que estava acontecendo. Aurora sentiu uma pontada de esperança, pensando que talvez a presença de um adulto pudesse dissuadir seus colegas.

Mas os quatro alunos continuaram a zombar dela, ignorando completamente a professora. Aurora olhou para a Professora Martinez, seu coração afundando ainda mais quando percebeu que ela não faria nada para intervir.

Aurora sentiu um misto de raiva, tristeza e impotência. Ela não apenas enfrentava o bullying cruel de seus colegas, mas também a indiferença daqueles que tinham o poder de fazer a diferença.

Ela segurou suas lágrimas, sua vontade de se afastar daquela situação superando tudo o mais. Com o coração pesado, ela passou pelo grupo zombador e continuou seu caminho, sentindo a sensação de isolamento pesar sobre ela como uma âncora.

Enquanto ela se afastava, os risos de seus colegas ecoaram em seus ouvidos, uma lembrança dolorosa de sua posição vulnerável. A escola, uma vez um lugar de aprendizado e crescimento, havia se transformado em um campo minado de emoções negativas. E Aurora sabia que a jornada para superar essa adversidade seria longa e desafiadora, mas ela estava determinada a encontrar sua voz e sua força, mesmo que isso significasse enfrentar as sombras que a cercavam.

Aurora chegou em casa após um dia emocionalmente desgastante na escola. Ela fechou a porta atrás de si, deixando escapar um suspiro pesado. A sensação de opressão a acompanhava, como um fardo que ela carregava nas costas. Seus pais, David e Emily, estavam em casa, mas pareciam alheios à sua presença.

Ela os encontrou na sala de estar, ambos imersos em suas próprias atividades. Seu pai estava sentado em sua poltrona favorita, segurando um telefone celular enquanto gesticulava com a outra mão, aparentemente envolvido em uma conversa profissional. Sua mãe estava na outra extremidade do sofá, um laptop aberto à sua frente, concentrada em algo na tela.

Aurora sentiu um aperto no peito enquanto observava a cena. Ela sabia que seus pais eram médicos respeitados na comunidade de Havenbrook e que suas carreiras frequentemente os mantinham ocupados. No entanto, a sensação de ser uma estranha em sua própria casa parecia mais forte do que nunca.

Ela se aproximou deles, sua voz hesitante ao quebrar o silêncio.

— Mãe, pai... estou em casa.

Ambos pareciam ter dificuldade em desviar a atenção de suas atividades. Sua mãe lançou um olhar rápido em sua direção, um sorriso forçado surgindo em seus lábios.

— Oh, Aurora, você está de volta. Como foi a escola hoje? — Sua mãe disse, a voz soando distante e desinteressada.

Seu pai acenou com a cabeça, mas não fez contato visual, completamente envolvido em sua conversa telefônica.

Aurora engoliu em seco, a sensação de isolamento se intensificando. Ela sabia que seus pais tinham boas intenções, mas o fato de que eles estavam tão consumidos por suas próprias atividades a fazia se sentir ainda mais solitária.

— Foi... tudo bem, eu acho. — Ela murmurou, desviando o olhar.

Sua mãe assentiu, mas logo voltou sua atenção para o laptop. Aurora sentiu um nó se formar em sua garganta, uma mistura de tristeza e frustração borbulhando dentro dela.

Ela se afastou, seu desejo de se conectar com seus pais esmagado pela indiferença que parecia envolvê-los. Ela subiu as escadas em direção ao seu quarto, buscando refúgio em um espaço onde ela pudesse estar sozinha com seus pensamentos.

Enquanto ela fechava a porta do quarto, Aurora sentiu uma profunda sensação de solidão. Ela sabia que seus pais a amavam, mas a sensação de não ser vista ou ouvida, tanto na escola quanto em casa, a deixava com uma dor profunda. Ela se deitou na cama, olhando para o teto, os pensamentos tumultuados em sua mente.

Ela sabia que tinha que encontrar uma maneira de se elevar acima das sombras que a cercavam. Ela tinha que descobrir como dar voz às suas lutas, como se conectar com aqueles que realmente a entendiam e como criar um caminho para a cura e a autodescoberta. E apesar dos desafios que enfrentava, Aurora estava determinada a encontrar a luz quebrando as nuvens, mesmo que isso significasse enfrentar o desconhecido com coragem e resiliência.

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