Então é só mais um recado em um mundo tão vasto que esquece as palavras e as leva com o vento, com o tempo. Que as esquece e as deixa cair nas rachaduras do peito. Esse se quebrou por um passageiro que experimentou como é navegar no peito do outro.

Ele acabou por não gostar e então pediu a devolução do tempo, mas como não sou dona dele, não pude devolver.

O passageiro questionou, reclamou e, por fim, se jogou em alto mar. Ele se jogou pra fugir de muitos sentimentos que não queria ter como seu. Então meu coração partiu e as palavras não ditas preencheram as fendas abertas pela perda. Antes eu era inteira, depois que cada pessoa te muda, depois que cada palavra entra no peito, a vida não volta a ser a mesma.

Claro que a gente se faz outro todos os dias. A gente junta os pedaços e se reinventa, se reconstrói e se torna inteira novamente.

Agora, antes de entrarem por este vasto mar, eu tento avisar. Deixo um bilhete, um recado, e até mesmo um livro inteiro se for preciso para, enfim, poder poupar o tempo de outro passageiro desavisado. Ainda bem que é só mais um recado e talvez você nem chegue a olhá-lo.