00. A ALIANÇA
PRÓLOGO
" uma vez, quando eu tinha
onze anos, meu pai me disse:
'vá arranjar uma esposa, ou
você vai ser solitário' "
ㅤㅤㅤㅤ
OITO ANOS ATRÁS
Londres, Inglaterra
Largo Grimmauld, nº 12.
Já era tarde. Orion e Walburga resolveram marcar a reunião uma hora depois do horário de dormir de seus filhos para ter certeza de que nada e ninguém atrapalharia seus planos. Os Black nem pareciam não conhecer seus próprios filhos para ter tal pensamento.
Sirius abriu a porta de seu quarto com o máximo de cuidado possível, torcendo para não ranger e chamar a atenção de Monstro ou de qualquer outro elfo doméstico. Ele colocou a cabeça para fora e olhou o corredor vazio e escuro. Quando percebeu que ninguém apareceria, o garoto olhou para dentro do quarto e sinalizou para seu irmão o segui-lo.
─── Rápido, Reg! Antes que alguém apareça! ── o irmão mais velho murmurou alto o suficiente para seu irmão ouvir e não chamar a atenção de ninguém.
Regulus estava enrolado nos cobertores de sua cama.
─── Mas... E se a mamãe nos pegar bisbilhotando? ── Regulus temeu ao pensar nas consequências. Ele balançou a cabeça e apertou o cobertor ao redor de seu corpo ── Vá você! Eu vou voltar a dormir.
Sirius revirou os olhos e checou o corredor novamente. Ao ver tudo limpo, voltou para o quarto e encostou a porta.
─── Pare de ser medroso! Você não quer saber o que o papai e a mamãe andam escondendo? ── ele murmurou mais alto, conseguindo apenas a mesma meação de seu irmão.
Sirius bufou e saiu do quarto sem Regulus. Ele correu pelo corredor escuro e apoiou no corrimão da escada para descer. Ao chegar no andar de baixo, Sirius viu que a única luz ligada no corredor era a do escritório de seu pai, a qual ele não tinha permissão de entrar.
Ele não se importou para as regras que infringiria. Sirius nunca ligou em quebrar as regras que seus pais imponham para ele, e por isso que ele se metia em tanta encrenca.
Desta vez, Sirius ouviu um trecho da conversa de seus pais mais cedo e soube que haveria uma reunião para resolver o "futuro" dele. E claro que ele ficou intrigado e não deixaria isso passar limpo.
O garoto correu ligeiramente pelo corredor e já conseguia ouvir as vozes vindo de dentro do escritório.
Ao se aproximar da porta, ele pressionou o ouvido contra a porta e já ouvia claramente a conversa.
─── Tem certeza que não quer mais chá, Margery? ── a voz de sua mãe perguntou. Sirius enrugou a testa, não reconhecendo o nome.
─── É muito gentil, Walburga, mas estou satisfeita ── a mulher que sua mãe de referia respondeu. Sirius ouviu uma cadeira se arrastar ── Imagino que já saibam o motivo de eu estar aqui.
─── Suponho que seja a aliança que fizemos há oito anos ── foi seu pai que falou desta vez. Sirius logo raciocinou que essa tal aliança foi feita pouco tempo depois dele nascer ── Concordamos em retomar contato neste ano.
─── Exatamente, Orion ── a tal Margery falou ── Espero que não tenham mudado de opinião sobre o casamento. É uma ótima oportunidade para unir nossas famílias, não acham?
Sirius já ouviu sobre casamentos milhares de vezes, principalmente envolvendo a sua prima Bellatrix e o casamento dela com Rodolphus Lestrange. Ele ouvirá de Andrômeda, sua prima mais gentil, que os dois estão se casando apenas para unir o sangue puro da família Black e a Lestrange e que não se amam de verdade.
Ele apurou os ouvidos, curioso para saber mais sobre.
─── Tivemos bastante tempo para pensar sobre ── Walburga falou ── E não vejo motivos para desistir da aliança. Com todo respeito aos nossos antepassados, sempre achei a rivalidade entre nossa família ridícula. Gostei da ideia do matrimônio desde que sugeriu a nós.
Sirius imaginou que sua mãe estivesse planejando um casamento. Mas, quem iria se casar? Talvez Narcisa ou Andrômeda, ele pensou, mas ainda não fazia sentido em sua cabeça, porque a tia dele, Druella, poderia muito bem planejar aquilo sozinha.
─── Eu concordo ── Orion disse logo em seguida.
─── Fico aliviada ── Margery suspirou ── Somos a última geração dos Van Dorn, e quero que minha filha case com alguém de boa família e mantenha um bom legado para nós.
─── Será uma honra ter o sobrenome de vocês na nossa tapeçaria, Margery ── Orion ficou quieto por um tempo e voltou a falar ── Então, é isso? A aliança está oficialmente feita, sim?
─── Com certeza! Não vejo necessidade de papeladas, mas posso lhes dar algo para assinar na festa que darei daqui umas semanas ── Margery pareceu de levantar enquanto falava ── É claro que vocês são muito mais que bem-vindos. É o aniversário da minha pequena Adeline.
Adeline. Adeline Van Dorn. Sirius não reconheceu este nome também.
─── Ah, então será um prazer comparecer ── Walburga soou mais gentil do que Sirius estava acostumado ── Vai ser bom para Sirius conhecer a futura esposa.
Seus olhos se arregalaram. Ele não entendeu de imediato, teve que raciocinar e juntar os pedacinhos da conversa que ouviu.
Casamento, famílias, Adeline, Sirius.
Sirius. Adeline. Casamento.
Sirius poderia ser tudo: bisbilhoteiro, bagunceiro, desregrado, mas com certeza não era ingênuo.
Ele logo entendeu qual era o motivo da reunião.
Ele sentiu um mal estar, um desconforto subir em seu estômago. Seus pés se apressaram e correram escada abaixo, seguindo para seu quarto. Ele só queria voltar a dormir e fingir, no dia seguinte, que aquilo não passava de um sonho.
Ao entrar no quarto, se jogou na cama e puxou seu cobertor, cobrindo a cabeça e se escondendo como se um monstro estivesse debaixo de sua cama.
─── O que foi? Sirius! ── a voz de Reg soou ao ele entrar no quarto. Sirius conseguiu ouvir os passinhos do irmão até ele subir em sua cama ── O que aconteceu? A mamãe te pegou?
─── Me deixe, Regulus! ── ele se encolheu mais na cama, apertando a coberta sobre seu corpo.
─── Me conte o que descobriu, pelo menos!
─── Não! Cale a boca e vá dormir.
Mesmo as palavras destinadas ao seu irmãozinho o machucando, nada seria pior do que acabou de ouvir.
Sirius iria se casar. Igualzinho Bella, a prima que ele mais odiava e que era tão cruel com ele.
Ele tentava engolir isso, como se fosse um dos xaropes ruins que precisava tomar quando adoecia, mas não conseguia. Nem dormir ele conseguiu, mesmo pressionando os olhos até se afundar no próprio escuro.
Não queria se casar como sua prima Bella e Rudolph. Não queria que Andrômeda e Narcisa falassem sobre ele e dissesse que seus pais planejaram seu futuro com uma menina que ele não conhecia.
Adeline. O nome da menina que seria sua esposa se repetiu na sua cabeça.
Adeline, Adeline, Adeline. Se repetiu tantas vezes que começou a não fazer sentido. Adeline, Adeline, Adeline.
Sirius não parou de pensar naquele nome. Ele pensou tanto que sonhou com a garota, aquela que ele não sabia a cor da pele, ou dos olhos, ou o tom do cabelo. Sirius não sabia se era ela gentil ou chata, se era burra ou inteligente.
Ele não sabia nada, apenas seu nome. E mesmo não a conhecendo, o garoto de olhos cinzas a amaldiçoou. Amaldiçoou aquele nome e a odiou por ser obrigado a se casar com ela.
Adeline, ele repetiu o nome em sua cabeça, eu me recuso a casar com essa Adeline.
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