|07| 𝙎𝙤𝙣𝙝𝙤
Não se esqueçam de votar e, se puderem, dizer o que estão achando. A presença da Isabella vai mudar coisas e acontecimentos que passaram na série.
Boa leitura!
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Durante todo o tempo, Sonho permaneceu naquela pose ilegível. Sentado com os tornozelos cruzados, os cotovelos apoiados nos joelhos, e o corpo levemente inclinado em direção aquela que lhe era tão (des)conhecida.
Ele ainda não saberia afirmar.
Mas algo mudou e os vigias notaram cada mínimo detalhe. Sonho não tinha as mãos entrelaçadas, seus longos dedos esguios se esticavam tocando o vidro e se pudessem alcancariam a pele clara e leitosa da mulher dormindo a sua frente.
Ele presenciou quando, em certo momento, as correntes ferveram de repente. Ele já as viu antes e só podia vir de um lugar, mas também presumiu que elas estavam impedindo que ela usasse sua magia e que, em sonho, ela estivesse em perigo. Ou em um pesadelo. Contudo esses pensamentos caíram por terra quando, depois, o semblante dela suavisou. Parecia tão doce e relaxada daquela forma que nem percebeu as horas voando enquanto a observava em silêncio, a feição calma mas os olhos insondáveis.
Ainda não sabia de onde ou como poderia tê-la conhecido antes, talves tenha a visto brevemente e sem querer gravado seus olhos em algum momento ou podia ter esbarrado nela em alguma parte do passado em um momento que não poderia parar para conversar ou pegar informações - como por exemplo o nome verdadeiro.
Entretanto ele tinha certeza, algo dentro dele pulsava fortemente alegando que a conhecia muito bem e que não foram meros esbarros e encontros, mas isso era apenas mais uma camada de frustração para o Sonho.
Entretanto em meio aquilo tudo, em silêncio ele pedia para que ela abrisse os olhos e olhasse para ele.
Conseguia se imaginar livre, saindo de seu reino e surgindo em um quarto com as luzes apagadas. Ele andaria até a cama próxima e espaçosa com a cabeceira quase escorada na parede, dando a volta e parando para, curiosamente, subir e tomar o espaço vazio ao lado. Ele iria inclinar para frente, tocaria suavemente seus dedos nas mechas encaracoladas e as afastariam para ter maior visão do rosto da bela mulher no qual chamara sua atenção apenas com sua força de presença e existência. Em seguida deslizaria as pontas dos dedos para baixo, pegando caminho pelo maxilar, e dobrando para cima pegando atalho pela bochecha e parando por ali para acariciar levemente. Ele a acordaria porque foi por isso que ele apareceu justamente ali e ela suspiraria com seu toque antes de abrir os olhos e quando os abrisse ela focaria sua primeira visão nele e sorriria, inclinando o rosto em direção ao seu toque, e ele ficaria feliz com aquele simples gesto embora não falasse. Vislumbraria aquele verde que o lembrava os campos e prados verdejantes do Sonhar e se lembraria que aquele verde foi sua inspiração para tais ambientes verdes esmeralda em seu reino.
Ele franziu de leve as sobrancelhas, o sentimento gostoso de paz e resplandecente felicidade dando lugar a uma perplexidade sem resposta. O que estava fazendo? O que estava pensando? Por que estava daquele jeito? E como? Estivera cultivando sua raiva por tanto tempo que se esqueceu desses sentimentos bons mas nunca pensou que eles viriam acarretados com esse sonho desperto. Aquelas palavras em sonho o desestabilizaram de uma forma que nem pôde compreender.
Cortamos nossa publicação para uma mensagem intrigante e chocante: o Lorde dos Sonhos e Pesadelos também pode sonhar.
Quem diria, meninas!
Mas, voltando a nossa programação normal, Isabella despertou, assustando brevemente o Sonho e o distraindo. As pálpebras dela abriram de repente e seus olhos arregalaram, o ar saindo em lufadas e o peito em movimento desordenado.
Ao contrário do que ele imaginou, ele não foi a primeira coisa - ou pessoa - que seus olhos esverdeados focaram, na realidade ela levantou um pouco a cabeça e olhou em volta, desorientada. Não conseguiu ver muito, o lugar era espaçoso mas também com muitas sombras e colunas, sabia que tinha mais alguém além dela porque sentia suas costas queimarem, mas avistou o círculo de amarração - um desenhado a pouco tempo á sua volta.
Com a respiração pesada, ela espiou seu corpo, estava deitada de bruços e pensou que assim seria melhor pois tamparia o possível, mas a sua surpresa foi maior quando, ao erguer os olhos, encontrou as íris azuis que um dia observou pela mente de Roderick. Elas estavam a fitando, irredutíveis quanto a desviar, e Isabella soube que estava no porão frente a frente com a jaula do Sonho.
Na primeira vez ela ignorou a nudez dele, mas agora era diferente. Eles estavam um na frente do outro, separados por círculos e vidros, mas estavam nus e Isabella nunca ficou sem roupas na frente de um homem como aquele.
Se é que ele seja um homem de fato, ironizou.
O ar ainda era extraído desregulado e seu corpo inteiro sofria com suaves formigamentos, seus pulsos unidos pelas algemas estavam caídos perto da cabeça, quase ao lado, e seus tornozelos ainda estavam incapacitados.
Ela estava desconfortável, ficou com a cabeça erguida encarando o Sonho, olho no olho, nenhum dos dois piscaram, muito menos desviaram. Parecia uma disputa, mas isso era apenas para aqueles que estivessem de fora pensassem, porque o que estava acontecendo ali estava longe de ser um desafio ou uma disputa silenciosamente lançada.
Sonho queria poder ler os olhos dela, saber quem ela era, se é o que os humanos denominam como vilã ou se é uma heroína, ou nenhuma das duas opções ou as duas ao mesmo tempo. Ele estava vasculhando suas antigas memórias novamente, mas sem deixar de se sentir atraído por aqueles olhos.
Isabella estava procurando algum sinal de perigo nele, queria ver se a raiva inundava seus olhos quando ele a olhava, e ficava receosa com o que ele pudesse pensar ao seu respeito. Roderick com certeza a apresentou como a Morte dos Perpétuos, consequentemente irmã dele, e ele deve ter notado no mesmo segundo que ela estava longe de ser sua irmã.
O que deve estar pensando? Que eu brinquei por algum tempo de ser a Morte e acabei sendo descoberta e taxada realmente como ela? Pensaria ele que eu estivesse zombando da irmã dele antes de ser confundida com ela e sequestrada? Que eu seria uma mentirosa? Ou talvez uma mulher que Roderick pagou para engana-lo e fingir que é a Morte apenas para testar a humanidade dele? Ou talvez que eu seja uma amadora assim como Roderick por ter permitido que me sequestrassem de uma forma tão patética? São tantas opções e hipóteses, ela suspirou, o peito contra o chão - mais frio que o sótão.
De vagar, Isabella deitou a cabeça de lado no chão, ainda olhando para ele. O Sonho acompanhou seu movimento. Ela tinha uma visão de baixo, na percepção dela ele parecia imponente, um rebelde com aqueles fios desgrenhados como se segurasse uma parte de si que para sempre seria rebelde, mas Isabella tinhas suas dúvidas sobre algum dia no passado ele foi um adolescente rebelde.
O silêncio permaneceu, Isabella não fez questão de cortar e a essa altura suas bochechas estavam mais vermelhas que pimentão. Ela encolhia o corpo, se sentindo impotente e humilhada. Queria poder sair daquela situação, mas não via um caminho.
Sua mente, que aos poucos voltava a funcionar corretamente, a lembrou do sonho estranho que teve. Sem perceber seus olhos caíram lentamente, sua atenção não estava mais no ser enjaulado á sua frente.
Seus sonhos sempre foram os mais normais na medida do possível, mas aquele a pegou de surpresa. Parecia tão real que poderia sentir a dor latente de seus ossos se quebrando e retrocedendo.
Ela ergueu os olhos para o Sonho, de repente desconfiada. Talvez estar muito perto dele provoque sonhos que pareçam ser reais, concluiu, agarrando-se a essa hipótese.
Sonho arqueou uma sobrancelha. Foi um ato suave, mas perceptível para Isabella. Pareceu ser um pouco grosseiro, arrogante e certamente desmonstrava estar curioso. Essa era a definição do Sonho nesse exato momento, curiosidade. Ele queria falar com ela, abrir a boca e esparramar toda sua frustração por ter certeza de que a conhece mas ainda assim não se lembrava. Queria que ela respondesse as perguntas que iriam inunda-la assim que se pronunciasse - se ela sentia que se lembrava dele, esclarecer como se conheceram e em quais circunstâncias -, mas aquele não era o momento.
Sonho poderia ser uma criatura, um ser não considerado humano apesar de sua aparência, mas ele já teve amantes e conhece um pouco dos trejeitos femininos, sendo eles humanos ou não. Ele viu pelo canto dos olhos - disfarçadamente - os pêlos dela eriçarem, o modo como ela se encolhia, a tonalidade rubra que suas bochechas ganhavam, e em como seus braços apertavam contra o peito. Claramente estava se sentindo desconfortável diante daquela situação humilhante.
Ele sempre observou a humanidade a distância, nunca se aproximando o suficiente, mas o pouco que viu, leu, e ouviu, o fazia ter certeza de que aquela mulher tinha mais o que preservar diante de seus raptores do que ele. Todos que já desceram até ali, até onde ele sabe, são homens, e desde sua captura ela foi a única mulher que ele encontrou por obra fatídica do destino.
Sonho prendeu o riso irônico e virou o rosto para o lado de vagar, afastando os olhos da moça deitada mais a frente. Queria dar espaço a ela, não era um pervertido, mas também não pôde negar que antes de vislumbrar as algemas nos tornozelos e pulsos ele havia a olhado de outra forma. Sonho apertou as pálpebras, afastando esse tipo de pensamento e contraiu os lábios.
━ Eu acho que eles estão conversando em silêncio. Como usar expressões que os olhos podem transmitir ou algo do tipo. ━ Um dos vigias sussurrou.
Sua voz ecoou baixo, chegando até o Sonho e Isabella, que tensionou seus músculos. Ela não atreveu a entrar dentro da mente daqueles que os vigiavam, tinha repulsa e nojo do tipo de pensamentos que poderia encontrar. Pior do que estar sendo sujeitada diante de homens é saber o que eles estão pensando sobre você no momento da humilhação depravada.
Com um suspiro fraco e lento, ela elevou os olhos cautelosamente. Sonho não tinha sua atenção ocular sobre ela, seu rosto estava virado para o lado e seus olhos azuis distantes o suficiente para que ela não conseguisse um vislumbre sequer de sua atenção. Estranhamente Isabella ficou desapontada, quase magoada, mas notou a súbita mudança de humor e logo tratou de mudar.
Mal o conheço e já quero ter sua atenção?! Repreendeu a si mesma.
Porém não podia negar que agora tinha uma brecha para admira-lo sem que ele esteja com aqueles olhos intensos sobre os seus novamente. Pessoalmente ele parecia ser mais alto, embora magro parecia apresentar ter músculos e o corpo tonificado, os cabelos sempre desgrenhados e escuros, o maxilar marcado, nariz fino, pose sempre ereta e perfeita, e mesmo que não pudesse ver sabia que seus olhos transmitiam imponência e seus lábios eram de um tom carmesim.
Ela correu a língua pelo canto da boca e engoliu em seco.
A pele dele era mais clara que a dela, tinha que admitir isso para si mesma, mas isso não o fazia menos ameaçador. Sim, Isabella supôs que ele tinha uma pose - além de imponente e orgulhoso - também ameaçadora.
Começou a imaginar como seria sua voz. Rouca, alta, baixa, fina, grossa, suave, melodiosa, passou várias ideias dentro de sua mente, porém ela não sabia se ele estaria disposto a falar. Claro que com Roderick era uma coisa, afinal foi ele quem o invocou e o prendeu, mas com Isabella era outra porque ela nunca lhe fez mal algum e de certa forma ela compreendia o que ele estava sentindo, sendo mantido sobre mãos humanas com olhares e mentes perversas e egoístas. Mas ainda há chances de ele a ignorar apesar do intenso tempo no qual gastaram segurando o olhar um do outro.
Passos. Ecos de passos. Sonho estreitou os olhos para a moça e Isabella instantaneamente ficou rígida contra o chão gélido. Roderick Burgess passou pelo portão, sendo seguido por um Alex com as mãos encolhidas contra o corpo - ele tinha sua pena e curiosidade afloradas.
━ Magus. ━ O coro desconexo das duas vozes e do atrito dos pés das cadeiras sendo arrastadas no chão se fez presente.
Mas Roderick mal lhes dirigiu sua atenção. Parou para observar a cena do perpétuo livído preso dentro de uma esfera de vidro e virado de frente para ele enquanto aquela no qual acredita ser a Morte está deitada de lado no chão e de costas para o portão, o único meio de entrada e saída.
━ Alguma coisa? Mudanças? Diálogos? ━ Interrogou, arrumando seu paletó.
Sua roupa era digna de uma festa de gala, estava trajando os mais finos tecidos encomendados e produzidos sobre medida pela própria alfaiataria. Ele estava muito bem vestido e maravilhosamente bem apresentavel.
━ Nada de diálogos, senhor. ━ Respondeu o primeiro.
Roderick resmungou algo.
━ Mas eles não pararam de se encararam por horas. ━ Rebateu o outro, lançando um olhar cheio de espectativa para aquele na qual acredita ser um grandiosissimo bruxo das artes da feitiçaria. ━ Faz pouco tempo que desviaram os olhos. Pareciam estar conversando em silêncio.
A ponta da língua de Roderick apertou contra a bochecha, pensativo. Seus olhos vagaram sem muito foco na imagem a frente, as mãos agora nos bolsos da calça. Alex também estava vestido com uma roupa cara que, diferente de Roderick, não havia sido feita sobre medida. Era como se tivesse escolhido o tamanho aleatoriamente entre tantos outros, seus fios bem alinhados e penteados sem que nenhum escapasse, mas os olhos tristes e, internamente, assombrados.
Isabella quase sobressaltou, seu corpo sofreu uma sutil onda eletrizante que fez com que seus lábios se abrissem e o ar escapasse. Ela sentiu. Sentiu todas as emoções dentro daquele lugar; sentiu o orgulho que Roderick perpetuava dentro do peito, o medo de Alex, a adoração dos vigias, mas nada que viesse do Sonho. Eram sentimentos misturados, cada um em uma intensidade diferente, e ela não notou que havia se descuidado. Foi pega desprevenida por si mesma.
Ela exalou, tentando se conter. Coisas desse tipo não poderiam acontecer ou ela poderia ser manipulada por sentimentos que nem eram dela de fato.
━ Não tenho a mínima intensão de ser bonzinho. ━ Roderick se pronunciou, a voz elevada o suficiente para causar leves ecos. Seus olhos encontravam-se fixos nos do Sonho, que o encarava de volta como se pudesse perfurar seu crânio. ━ A prova disso são os meios utilizados para que vocês chegassem até mim, na minha residência. ━ Inalou o ar calmamente, erguendo o queixo. ━ Me entreguem o que venho pedindo, ou nunca verão a luz do dia novamente. Fácil! Vocês que fazem disso tudo tão difícil e prolongam sua estádia na minha casa.
Embora a voz fosse calma, havia um tom profundo de ameaça. Alex tremeu. A chave do sótão estava descansando escondida dentro do paletó que usava e por certos segundos sentiu o metal queimar, mas fora apenas uma ilusão criada por sua mente. Felizmente para ele.
Os olhos do Sonho estavam carregados novamente, mais intensos, brilhantes como se em cada um morasse uma estrela. Isabella ficou encantada por aquela vista, esqueceu por um tempo da arrogante presença de Burgess no ambiente, porque aquelas estrelas a faziam se sentir confortável, como quem está finalmente em casa depois de um dia turbulento.
Mas essa sensação durou pouco. Sua atenção foi capturada quando uma sombra pairou sobre seu corpo vindo de trás de si. Prevendo uma possível ameaça, seus olhos ganharam uma sutil luz vermelha que brilhava um pouco pulsante substituindo as pupilas negras lentamente, como se consumisse toda a escuridão.
━ Para onde estão indo as almas dos mortos?
Isabella quis zombar, agarrar seu... Não. Ela não tocaria no pescoço dele porque sentia nojo do ser desprezível que ele é. Havia milhões de coisas piores que a morte e Isabella não precisaria necessariamente ter que relar sua mão nele. Era para isso que sua telecinese serviria junto de sua telepatia.
Roderick soltou um riso soprado e virou o rosto. Sentiu-se tentado a chutar as costelas da mulher á sua frente, sua mente estava lhe entregando diversas ideias, mas seu temor pela morte o impedia de prosseguir ou dar vida a alguma delas. Ele grunhiu, esticando e pescoço.
━ Vá para cima! ━ Ordenou de repente a Alex.
O menino pulou, assustado. Não conseguiu dizer nada, o susto fez com que sua voz se embolasse e sua mente não funcionasse corretamente. Alex abaixou a cabeça, os olhos arregalados e respiração oscilante, e saiu quase correndo para se livrar daquele ar pesado e frio.
Roderick lançou um olhar desagradável para o Sonho e ignorou a "Morte". Evitou fazer algo que futuramente poderia se arrepender e girou nos calcanhares. Se não fosse pelo aviso daquele homem charmoso que apareceu no dia seguinte após a captura do Sonho para que construísse um esfera de vidro, Burgess estaria usando um cabo de aço para açoitar aquele ser mudo apenas pelo prazer de ouvi-lo dar berros de dor.
━ Fiquem de olho nos dois.
Os vigias - ou soldados - assentiram. Pelo tom rude de voz e sua deixa, eles perceberam que o ser feminino não sairia dali tão facilmente e que havia uma grande hipótese de que ela continuasse naquele mesmo lugar por muito mais tempo. Eles se sentiram animados com isso, mas ao mesmo tempo temerosos. Afinal, acreditavam que era a "Morte" dentro de um corpo humano.
Sonho assistiu a partida de Roderick e inconscientemente seus olhos recaíram sobre o rosto da mulher a tempo de assistir o brilho vermelho cessar como se algum buraco a estivesse tragando e dando lugar as pupilas negras. Ele semicerrou um pouco os olhos, o peito sofrendo uma leve mudança de humor e seus pensamentos tomando outro rumo para longe daquela sala escura.
Ele já assistiu aquele brilho antes, não foram muitas vezes mas o suficiente para ficar marcado dentro de sua mente. Era destrutivel e ao mesmo tempo indestrutível. Ele, naquele momento, ganhou a forte hipótese de que aquela mulher fosse, na realidade, um avatar ou agente do caos. Caos esse que pode ter sido presenteado á ela em algum momento de sua vida como humana por um dos Lordes do Caos. Se essa hipótese se concretizasse e estivesse certa, então era plausível a aura e a forte presença que ela expelia sem ao menos notar - ou parecia que ela não notava.
Mas tinham peças faltando, muitas na verdade. Todos os avatares do caos sofriam mutações físicas por mexerem diretamente com a magia primordial, nenhum humano escapava dessas mudanças - e é claro que os olhos do Sonho desceram lentamente pelo corpo desnudo dela, procurando por algo fora do comum, algum osso errado ou coisas que os humanos não tinham em seu corpo, mas concluiu que ela estava normal com um corpo de humana normal. Também havia a condição de que, seja lá qual foi o Lorde que lhe deu a chance de ser um agente do caos, ele saberia aonde e como ela está. Lordes do Caos nunca permitiriam que um mero ser humano se mostrasse superior ao caos e no momento no qual sua pupila fosse presa por um, era de se esperar que eles mandassem alguém, talvez um outro avatar, para resgata-la e punir os mortais que a prenderam. Mas isso em momento algum ocorreu.
Enquanto Sonho estava em uma infinita busca por possibilidades e respostas sem afirmações concretas dentro de sua mente com seus olhos na altura dos joelhos dobrados e juntos de Isabella, ela o observava intrigada.
Se disser que não aproveitou o tempo para olhar o corpo dele estaria mentindo e, dentro de sua cabeça, aturava o olhar que ele lançava á sua nudez porque se agarrava ao fato de que olhar qualquer um olharia, mas tocar? Esse era um outro tópico que ela não queria nem desejar em cogitar.
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