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único.

[avisos: jungkook é mudo, e a comunicação dele é através de libras, então as falas dele devem ser interpretadas assim, não são verbais. jimin enxerga as cores como chamas coloridas em volta das pessoas.]

[☕]

Infância é de fato algo complicado, demoramos a entender certas coisas, eu principalmente, por ter um ritmo diferente do das outras crianças.

Ainda bem novo, eu descobri fazer parte do espectro autista. Por isso, minha mãe me colocou em um colégio especial e toda minha inteligência foi corretamente e pacientemente estimulada.

Mas, é claro, eu ainda tinha dificuldades de comunicação com crianças de fora do espectro, e isso pode parecer ruim, porém me ajudou a desenvolver um meio de percepção único.

" — Veja bem, Senhora Park, dado ao fato de que seu filho ainda encontra problemas para se comunicar com outras crianças, ele criou um mecanismo de defesa. — A Doutora disse, deixando minha mãe um pouco surpresa.

— O que quer dizer com isso? Isso tem a ver com as cores que ele vê? Meu filho é medium?

— Não, Senhora, não é. — Ela solta uma risadinha. — Jimin associa emoções a cores, porque faz com que ele entenda mais fácil.

Eu assenti, a Tia Médica estava dizendo a verdade.

— Como pode isso? — Minha mãe volta a perguntar.

— Ok, lembra do que a gente ensaiou, pequeno? — A tia me perguntou. Fiz um ok com a mão e cantamos nossa musiquinha.

— Pessoas azuis são sempre muito alegres, pessoas vermelhas são cheias de amor, pessoas de branco podem estar tristinhas, cuidado com as pessoas de preto, elas são bravinhas!

— Isso, muito bem, você descobriu alguma cor nova? — Me perguntou.

— Ainda não, tia.

Ela pareceu entender, e voltou a explicar para minha mãe.

— Ele é observador, crianças no espectro normalmente são, e ele percebe através do comportamento como as pessoas estão se sentindo. Por enquanto, são coisas básicas, como choro ou sorriso, mas se a Senhora estimula-lo, Jimin pode aprender cores novas, e isso será de grande ajuda com a dificuldade de comunicação dele. "

E, de fato, aconteceu.

Conforme fui crescendo, eu fui aprendendo a perceber melhor como as pessoas se sentiam, normalmente através do tom de voz, de tiques nervosos, as vezes até pelo olhar. É natural, eu não controlo mais, e vem me ajudado há muito tempo.

Inclusive, me ajudou quando conheci ele.

Era segunda, de manhã, eu tava abrindo meu café junto com Hoseok, enquanto ele resmungava sobre o cara com quem estava saindo.

— Ele é tão inteligente, e tão educado, e tão lindo... — Fez um bico. — Acha que ele vai querer sair comigo de novo?

Ele tava queimando em azul e violeta, embora estivesse feliz, estava preocupado.

— Eu não posso achar. — Respondi calmo, enquanto organizava o balcão. — Não conheço ele.

— Você é chato. — Ele me deu um peteleco. — Você tá morto por dentro por acaso? Seu amigo está sofrendo.

— Isso é impossível, não estou morto. — Expliquei o óbvio. — E você não está sofrendo, está feliz e preocupado, eu posso ver.

De repente, ele estava completamente marrom. Marrom significa euforia.

— Chim, é isso! — Ele grita. — Você pode ver o sentimento das pessoas, não pode?

— Eu já te disse, eu enxergo o que as pessoas estão sentindo através de uma análise comportamental, e meu cérebro interpreta tudo através de cores. — Bufei. — Você faz parecer... algo burro.

Ele sorriu mesmo assim.

— Isso aí que você faz, você vai fazer com o Yoongi. — Yoongi, o cara com quem ele está saindo. — Eu vou pedir para ele passar aqui hoje, e você descobre se ele gosta de mim!

— Hoseok, por que eu faria isso?

— Porque você tem um superpoder, e isso te traz responsabilidades. Uma delas é ajudar pessoas em apuros, e eu sou alguém em apuros.

— Não é, não. — Cruzei os braços. — E superpoderes não existem.

Hoseok rolou os olhos e terminou de vestir seu avental.

— Não importa. Eu vou ligar pra ele, atende o primeiro cliente do dia? — Pediu. — É aquele que traz as flores, o pedido dele é o mesmo, ele gosta de biscoitos e um copo de leite.

Fiz uma careta, vendo seu avental torto.

— Eu sou seu chefe. — Relembrei. — Vai rápido, por favor. E ajeite o avental.

Hoseok me agradeceu e correu até os fundos para ligar para o Yoongi.

Notei que tinha uma porção de biscoitos separados, e associei isso ao cliente.

Nunca o vi, porque não atendia os clientes de manhã, e aparentemente ele era sempre o primeiro. Pelo o que Hoseok fala, ele parece ser um cliente importante.

Resolvi separar um copo de leite e deixar alguns segundos no microondas, e por coincidência a porta abriu no momento em que a máquina aptou.

Por causa do sol, eu só pude ver sua silhueta, então até o momento, ele não tinha cor.

Conforme foi se aproximando, ele parecia surpreso, confuso? Não sei, ele mal se movia.

Quando chegou ao balcão e me encarou, me assustei. As chamas se acenderam rápido, e era um vermelho claro e fraco, mas era vermelho, eu tinha certeza.

— Olá. — Cumprimentei, tentando não transparecer o susto.

Ele sorriu, e me entregou uma rosa. Ah, sim! Ele trazia uma flor todo dia para botarmos no arranjo do balcão.

— Obrigado. — Peguei a flor, e entreguei seu pedido. — Aqui está.

Ele entregou uma nota de dinheiro, agarrou seu lanche e se curvou, agradecendo.

— Ah, espera! Jungkook. — Hoseok apareceu dos fundos, correndo até Jungkook.

Jungkook era o nome dele, aparentemente.

Deixei que os dois conversassem e fui até uma das cabines pensar um pouco.

Eu errei? É impossível, eu nunca errei antes, e as pupilas não mentem. Eu vi vermelho, mas eu nunca o vi antes, como ele poderia estar apaixonado?

— Chim? Ah, aí está! Tá tudo bem? — Hoseok entrou na cabine.

— Ele já foi embora? — Perguntei, baixo. Não queria que ele escutasse.

— Jungkook? Já. Por que, aconteceu algo? — Perguntou preocupado.

Eu estava nervoso, não gostava de ficar assim, quando algo me assusta eu perco o controle.

— Vem comigo. — Hoseok me guiou até a cozinha, e pegou um pequeno recipiente com grãos de café colocando-o próximo ao meu rosto.

— Respira e inspira.

Quando o cheiro atingiu minhas narinas, senti meu coração desacelerar e a nuvem que nublava meus pensamentos sumiu.

— Obrigado. — Sorri de canto, ainda sentindo um pouco de tontura.

— Pode me contar o que houve?

As chamas de Hoseok estavam completamente violeta. Ele tava muito preocupado.

— Ele estava vermelho.

Seus olhinhos se arregalaram.

— Quem? O Jungkook?

Assenti.

— Tem certeza?

— Mesmo se não tivesse, a pupila dele dilatou quando me viu.

Hoseok riu, não só riu, ele gargalhou.

— Eu sabia! Ele sempre vem aqui e nunca toma café? Eu sabia que tinha um motivo.

— Mas ele nunca me viu.

— Nananinanão, você que nunca o viu, o Jungkook trabalha na floricultura aqui da frente, ele sempre passa aqui pra trazer flores, ou para me dar um oi. — Falou calmo. — Você sempre tá na cozinha, não vê nada aqui fora mas qualquer um pode te ver lá dentro.

Tudo bem, existe uma explicação, mas isso ainda não é suficiente.

— Mas ninguém pode se apaixonar assim, certo?

— Pode, Chim, talvez seja só uma paixonite porque ele te achou bonito. — Segurou na minha mão. — Nunca aconteceu antes?

Nego.

— As pessoas acham estranho, Hoseok. Acham que sou algum tipo de ser sobrenatural que adivinha o que elas pensam. — Suspirei. — Não que me incomode, isso só me ensinou que não deveria me intrometer na vida dos outros, entretanto, também me custou uma adolescência normal.

— Você é perfeito, agora vamos, esqueça isso por enquanto, ok?

— Certo.

Após alguns clientes irem e virem, Yoongi finalmente chegou, e eu pude ver Hoseok acender em três cores: Azul, vermelho claro e marrom, marrom muito forte.

— Guinho, ei, vem cá! — Ele chamou, empolgado. — Vem conhecer meu chefe.

Yoongi tava vermelho, um vermelho muito mais forte que o de Hoseok.

Eu deveria contar?

— Oi. Jimin, certo? — Ele se aproximou, estava tímido.

— Certo. — Me curvei.

Pelo resto do dia, Jungkook não apareceu mais, mesmo assim não conseguia parar de pensar no ocorrido mais cedo.

Na hora de fecharmos, Hoseok estava ansioso para descobrir o que eu vi em Yoongi.

— Ele estava vermelho. — Expliquei. — Um tom um pouco mais vermelho que o seu.

Hoseok gritou, literalmente, na rua vazia, enquanto eu trancava a porta.

Ele era muito barulhento.

— Vai assustar os outros.

Ele deu de ombros.

— Olha, a floricultura ainda não fechou. Quer passar lá?

— Por que eu iria querer? — Cruzei os braços, tentando me aquecer um pouco.

— Não sei, Jimin, pra dar um oi? Se ele é a primeira pessoa que se interessa por você, talvez você deveria dar uma chance.

— Você acha? — Apertei a barra do meu suéter. — Eu deveria... tentar?

— Eu sei que você fica lendo romance atrás de romance, não acha que tá na hora de ter o seu?

Mordi o lábio inferior, contido. Talvez eu devesse tentar, já tenho 27 anos e eu gostaria de ser normal pelo menos uma vez.

— Hoje estou cansado, amanhã falamos sobre isso.

Ele pareceu convencido, então decidimos ir para casa.

[...]

— Bom dia, garanhão. — Hoseok me recebe no café. — Por que está vestido assim?

— Assim como?

— Você usa essa roupa todo dia, achei que hoje fosse vir diferente. — Deu de ombros.

— Me sinto confortável usando a mesma roupa sempre, gosto de estabelecer coisas rotineiras.

Hoseok fingiu entender e vestiu o avental. Torto, de novo.

— Quer que eu atenda o Jungkook hoje? — Questionou.

— Não, eu quero... atendê-lo. — Disse calmo. — Vá ajeitar seu avental.

Hoseok sorriu e se afastou, indo para a cozinha.

Não muito tempo depois, o sino da porta tocou e a silhueta dele apareceu mais uma vez.

Ouvi a janela da cozinha se abrir e um cheiro de café invadir o estabelecimento.

Hoseok está me ajudando.

— Oi. — Disse a ele.

Jungkook só sorriu e me entregou a flor.

— Então, ouvi dizer que você não toma café. — Coço a nuca. — Digo, que nunca tomou café aqui.

Jungkook estava calado, me encarando. Eu queria saber o que ele estava pensando, mas o vermelho tomava conta de todas as outras emoções.

Céus.

— Tá tudo bem? — Ele assente. — Você não vai falar nada?

E de repente, a angústia e vergonha o tomaram. Na minha opinião são os piores sentimentos, e os mais devastadores, quando aparecem engolem as outras cores, e se dividem em dois tons de verde. Verde claro, e verde musgo.

— Eu disse algo de errado? Peço desculpas. — Ele negou com a cabeça.

Logo em seguida eu entendi o que estava acontecendo. Jungkook me respondeu em libras.

— Eu sou mudo. — Sorriu de canto. — Espero que entenda.

Ele parecia inseguro, e por falta de resposta assumiu que eu não entendia o que estava dizendo.

Entretanto, eu aprendi todo o tipo de coisa na minha escola especial. Diziam que algum dia aquele conhecimento seria útil. E de fato, foi.

— Ah, entendi. — Abaixei a cabeça. — Perdão, eu não sabia, pode se comunicar comigo da maneira que preferir, eu estudei libras.

E lá estava o vermelho de novo, com algumas manchas em um tom mais escuro.

— Eu vim fazer meu pedido. — Diz. — Você sabe qual é?

— Na verdade, sei, mas eu não posso admitir que venha ao melhor café da cidade e só tome leite. — Falei em um tom sério. — Você não gosta de café.

— Eu acho amargo. — Explicou. — Porém eu gosto do ambiente, e dos seus biscoitos.

Uh, isso foi um elogio?

— Obrigado. — Me curvei. — Posso te sugerir algo doce, e com café, o que acha?

Jungkook sorriu e assentiu.

Me virei para trás, e pedi para que Hoseok preparasse um cappuccino.

— Se quiser sentar em uma das cabines, eu levo até você.

— Certo, obrigado. — Ele se virou, indo até uma das cabines.

— Chim, aqui aqui! — Hoseok me chamou.

— Ah, obrigado. — Peguei a pequena bandeja com a caneca quente.

— Ei, conversa com ele, eu tomo conta daqui. — Sugeriu. — Prometo cuidar direitinho.

Nervoso, concordei, e fui andando até a primeira cabine quase tremendo.

— Aqui está. — Coloquei na pequena mesa. — Eu... posso me sentar?

Ele sorriu, e achei que isso significava um sim.

Ainda inquieto, me sentei ao banco na sua frente.

— Por que seu café é assim? — Ele puxa assunto. — Com essas cabines.

— Hm, eu faço parte do espectro autista, e toda vez que eu entrava em um café a quantidade de pessoas e o barulho sempre me causavam crises. — Expliquei, ainda de cabeça baixa. — Então pensei em equipar meu café para que pessoas como eu pudessem ter sossego, cada um na sua pequena cabine, podendo ouvir a música que quiser sem atrapalhar mais ninguém.

Ele me olhava completamente admirado, e isso fez com que eu me sentisse bem. De algum jeito, o sorriso dele fez eu ter ainda mais orgulho do meu café.

— Isso é realmente incrível.

Eu sorri, e ficamos em silêncio, então ele decidiu experimentar o seu café.

— Gostou?

Ele assentiu, sorrindo.

— Posso fazer uma pergunta? — Ele pareceu um pouco tímido ao perguntar.

— Claro.

— Eu sempre venho aqui, mas é a primeira vez que você fala comigo, quero saber porque.

Eu não queria contar o que sei, porque não considero um assunto adequado para uma primeira conversa, então optei pela resposta mais normal possível.

— Eu te achei muito bonito.

E não era mentira, ele tinha um sorriso bonito, e um nariz bonito, um queixo bonito, e um cabelo bonito.

E olhos bonitos.

Porém, enquanto eu achava que eu tinha respondido da melhor maneira, Jungkook engasgou com o café.

Arregalei meus olhos e levantei, assustado, sem saber se ia até ele ou chamava Hoseok.

— Calma, eu to melhor. — Ele alertou após puxar a manga do meu casaco. — Foi só um susto.

Respirei fundo e me sentei novamente. Ficamos em silêncio até que ele terminasse calmamente seu café e se levantar.

— Quanto custou? — Perguntou.

— Está tudo bem, não precisa pagar, fica por minha conta.

Ele sorri.

— Obrigado. — Se curva. — Eu também te acho bonito, e gosto do seu suéter.

Após isso, ele sorriu novamente, daquele jeito que fazia eu me sentir bem, e se virou, saindo do meu café.

— Hoseok, você viu isso? — Pergunto, assustado.

— Vi o que? Eu to atendendo e preparando tudo sozinho, agora será que o Don Juan pode vir me ajudar?

Assenti, ainda... eufórico. Nunca tinha me sentido assim antes, era bom, minhas mãos formigavam.

O resto do dia eu trabalhei, meio avoado, mas nada que me atrapalhasse. Tava pensando no que ele disse.

Ele realmente me achava bonito? E gosta do meu casaco?

Era muito confuso pra mim, embora agradável, e sempre que algo tomava minha cabeça, era uma repetição incansável daquilo.

Enquanto preparava cafés, minha cabeça tocava um loop de "Bonito, casaco, bonito, casaco, bonito..." o que me distraiu a ponto de eu arrumar uma queimadura no dedo anelar.

Nada que um curativo não resolvesse, entretanto, ainda chocante, porque eu nunca havia me acidentado no trabalho antes.

No fim daquele dia, me sentia inseguro. Talvez novas experiências não fossem tão boas assim.

[...]

As três semanas seguintes se seguiram da mesma maneira, Jungkook aparecia com uma rosa, eu lhe trazia um cappuccino, conversávamos e ele voltava para a floricultura.

Descobri que ele gostava muito de flores, era o dono da floricultura e que gostava de músicas antigas, como eu.

Bem, não exatamente como eu, ele gostava de músicas disco e eu, rock. Mas, me sinto mais confortável afirmando que gostamos das mesmas músicas.

Eu contei sobre ter me apaixonado por café desde novo, e sobre como o cheiro me acalmava e me ajudava nas crises.

Eu gostava muito da maneira que ele não era invasivo, e não parecia estranhar as coisas em mim que todas as pessoas costumavam estranhar.

Então, todo dia era um nervosismo diferente para recebê-lo de manhã.

— Eu estou apresentável, Hoseok? — Questionei pela terceira vez.

— Você está literalmente igual todo dia, e sim, tá bonito. — Ele riu.

Respirei fundo e assenti, ajeitando meu avental que hora ou outra se movia da posição correta alguns centímetros.

Isso era irritante.

Quando Jungkook finalmente apareceu, não estava mais vermelho, o que me preocupou um pouco, entretanto, o que mais me preocupou foi ver suas chamas brancas, significava que ele estava triste.

Vê-lo triste me deixou angustiado.

— Olá, está tudo bem? — Perguntei assim que ele se aproximou do balcão.

— Não. — Respondeu simples. — Como sabe?

— Posso ver.

Ele me entrega a rosa, completamente cabisbaixo, e se dirige a primeira cabine, como sempre.

Certo, era a primeira vez que o via assim, eu precisava fazer algo. Como quando eu ficava triste, e Hoseok perguntava a razão e me ajudava a achar uma solução.

Peguei seu cappuccino, que já era de costume deixar pronto, e entrei na cabine junto com ele.

— É... Jungkook? — Chamei sua atenção.

Ele, delicadamente apontou para seu crachá.

Estava dizendo para que eu o chamasse de Kookie, igual todo mundo fazia.

Ainda me pergunto o motivo dele usar um apelido no crachá. É antiético.

— Kookie. — Vi ele sorrir um pouquinho. — O que aconteceu?

Ele suspirou, e calmamente me explicou que teve que cortar despesas da floricultura, então despediu o atendente, porque achou que poderia dar conta, mas sua condição dificultou a comunicação com os clientes, o que prejudicava demais as vendas.

Demorei dois minutos, avaliando toda a situação e decidindo meticulosamente o que fazer. Eu jamais ofereceria um conselho sem saber exatamente quais seriam as consequências dele, porém, isso não parecia uma má ideia nem a longo prazo, e não era mesmo.

— Eu sei como ajudar. — Sorri, feliz. — Pode esperar um instante?

Ele assentiu, perdido.

Corri até o pequeno escritório improvisado no fundo do café e peguei meu antigo computador.

Me acalmei assim que o tinha em mãos e ajeitei minha roupa e cabelo, um pouco irritado pela pequena corrida ter me bagunçado inteiro.

Assim que voltei a cabine, Jungkook parecia ainda confuso, então liguei meu computador e abri num programa especial.

— Durante o ensino médio, minha dificuldade de comunicação tinha aumentado muito, eu não conseguia falar, mesmo sabendo, então minha mãe achou esse programa. — Empurrei o computador na sua direção, e o vi entender.

— Isso é demais. — Ouvi a voz robótica soar do alto falante, e Jungkook sorrir enquanto digitava.

Suas chamas não estavam mais brancas, estavam... vermelhas, entretanto mais escuras.

Era o último estágio antes de amor. E eu decidi comente ignorar.

— Acho que isso pode te ajudar, certo?

Ele assente.

— E ah, eu não uso esse computador, como ele já tem o programa você pode deixa-lo na floricultura.

Jungkook só sabia sorrir e agradecer, e eu me sentia um pouco eufórico também.

A sensação de vê-lo sorrir e feliz, empolgado com algo que eu fiz realmente era boa.

Mesmo quando ele foi embora, passei o resto do dia me sentindo bem, estava animado, mas claro que isso só durou até a manhã do dia seguinte.

— Já se passaram dez minutos que abrimos e ele não veio, Hoseok. — Eu puxava a barra do meu casaco, nervoso. — Cadê ele, Hoseok?

— Chim, calma, vou ver se aconteceu algo. — Ele tenta me confortar.

— Não tem nada no twitter dele e ele não tá online, pode só estar muito ocupado hoje.

Assenti, tentando me conformar, tentei me distrair a tarde inteira, atendi clientes, fiquei na cozinha, até ouvi um pouco de música no meu escritório, porém nada me fazia relaxar. A barra do meu casaco estava quase desfiando de tão maltratada pelas minhas mãos nervosas, eu não conseguia tirar a cabeça de lá.

Me perguntava repetidas vezes porque ele não tinha aparecido.

— Chim, vem cá! — Ouvi Hoseok me chamar do balcão, talvez fosse a hora de fechar.

Levantei rápido. Fechar a loja significava que eu não o veria naquele dia.

— Chegou isso aqui para você. — Hoseok me entrega uma caixa grande, com um cartão, e voltou a atender a pequena fila de clientes que tinha ali.

Ah, então não iríamos fechar. Mas quem tinha me enviado isso?

Me sentei em uma cabine vazia, e peguei o bilhete.

"Oi, Jimin Hyung, desculpa não aparecer hoje, mas a loja ficou lotada. As crianças adoraram o programa, obrigado pela ajuda, está realmente dando resultado. Eu quero te agradecer, com um jantar, se estiver livre hoje, apareça na floricultura as 21h. E ah, te deixei um presentinho."

Quando terminei de ler, quase gritei Hoseok . Estava feliz, porque sabia que veria Jungkook, mas ainda assustado e surpreso. Era um encontro?

— Hoseok, vem aqui! — Chamei.

— Espera, vou atender esse cliente e encerramos por hoje.

Esperei Hoseok terminar, ajeitar tudo e se sentar comigo.

— Leia. — Entreguei o papel pra ele.

Assim como eu, Hoseok ficou empolgado, e literalmente gritou por isso.

— E qual é o presente?

— Ainda não abri, um instante.

Peguei a pequena caixa embrulhada em um papel florido.

Ri, porque flores me lembram dele.

Depois de desdobrar pacientemente, abri a parte de cima de caixa e me deparei com um colar.

Era um colar de corrente dourada, e o pingente era um pequeno recipiente de vidro com alguns grãos de café dentro. Havia mais uma pedaço de papel lá dentro, bem pequeno, dizendo "Para sempre que precisar sentir o cheiro que tanto te traz paz."

— Chim, isso é tãooooo romântico! — Hoseok disse depois de um longo e atuado suspiro. — Ele está super afim de você.

— Eu sei disso. — O lembrei. — Isso foi bem atencioso.

Contive um sorriso, porque ainda estava nervoso pelo convite.

— Eu quero ir, no jantar. — Contei. — Pode me ajudar a me vestir?

Hoseok arregalou os olhos.

— Não vai usar seu casaco bege e sua calça preta?

Neguei.

— É uma ocasião especial, eu tenho roupas específicas para ocasiões especiais específicas. — Expliquei. — Seria ridículo usar minha roupa do trabalho.

Hoseok riu, assentindo.

— Se tem roupas específicas, por que precisa da minha ajuda?

— Nunca fui em um encontro, não sei o que vestir nessa ocasião.

— Vem, vamos lá em casa e eu te ajudo a achar algo que se sinta confortável.

[...]

— O que achou?

Hoseok perguntou, enquanto eu me encarava de frente para o espelho.

Ele escolheu roupas de cores neutras, e mais frescas. Era uma calça branca , um regata branca e um casaco estranho, de tom azul claro, que não tem nenhuma utilidade por ter uma costura aberta e ser praticamente transparente.

Por que fariam um casaco que não tem o intuito de agasalhar?

— Você está lindo, Chim. — Reafirmou. — Mas só vou deixar você sair daqui vestido assim se me disser que está se sentindo bem.

— Está tudo bem, estou me sentindo confortável. — O tranquilizei. — Podemos ir? Já são quase 21h, não gosto de me atrasar.

— Claro, vamos, pombinho.

— Não sou um pombo.

Hoseok riu sozinho, segurando delicadamente minha mão e me levando para fora do apartamento.

Eu estava controlando o nervosismo, enquanto nos aproximávamos da floricultura.

Nunca tinha entrado lá, e não fazia ideia de como era, mas algo me dizia que seria confortável. Talvez pela presença de Jungkook.

Quando chegamos, Hoseok me desejou boa sorte e eu agradeci.

Estava um clima quente, não muito quente, porém quente o suficiente para me sentir bem vestindo aquele roupa fresca.

Odeio sentir frio.

Quando bati na porta do estabelecimento, Jungkook não demorou a abrir. Ele estava lindo, usava uma calça jeans e uma camiseta branca. Estava simples, mas bonito.

Olhei lá dentro, e eu pode ver flores distribuídas entre as duas paredes laterais em prateleiras que iam do chão até o teto. Era bonito, mesmo.

Jungkook tinha organizado uma mesa no centro do cômodo, e estava tudo iluminado por velas.

Eu deveria alertar que isso é perigoso? Existe um grande risco de incêndio.

— Gostei do seu casaco. — Foi a primeira coisa que ele disse.

Ele estava nervoso, então decidi não falar sobre as velas.

— Ele não tem nenhuma utilidade.

Jungkook riu, e fechou a porta atrás de mim.

— Eu preparei seu prato preferido, de acordo com Hoseok.

— Ah, ele te contou?

Jungkook assentiu, com um sorriso orgulhoso, me guiando até a mesa de jantar.

Me sentei, encarando o prato de macarrão alho e óleo bem a minha frente.

Sorri. Era realmente meu prato preferido.

— Também tem chá gelado de pêssego. — Se sentou a minha frente.

Acho que ele perguntou tudo ao Jungkook.

— Obrigado, parece delicioso. — Eu realmente estava agradecido por ele ter se importado com meu conforto. — E obrigado pelo colar também, foi muito atencioso da sua parte.

Jungkook deu de ombros.

— Eu precisava agradecer. — Disse simples. — E também gosto de cozinhar, então não foi de todo ruim.

Decidimos comer, e conversávamos durante pequenos intervalos. O clima esteva calmo, até um pouco relaxante, e eu gostava disso. Podia ver as chamas de Jungkook escurecendo diante dos meus olhos, e isso não me assustava pela primeira vez.

Acho que a ideia de Jungkook me amar não parecia assustadora.

— Você gosta de dançar? — Ele puxou assunto quando terminamos o jantar.

— Nunca dancei antes. — Contei. — Você gosta?

Ele assentiu. — Vem, vou te guiar.

Nos levantamos, e Jungkook me levou até uma velha máquina Jukebox.

— Aqui. — Me entregou uma moeda. — Escolhe uma música.

Passei o dedo pela pequena lista de música, lendo uma por uma, e assim que coloquei a moeda, estava pronto para selecionar Walk This Way do Aerosmith, mas Jungkook riu.

Sua mão tocou a minha, e eu senti meu corpo esquentar. Era um toque singelo, mas agradável.

Jungkook arrastou minha mão até o topo da lista, e colocou meu dedo sobre a música que ele queria.

Acho que ele me deu uma falsa sensação de liberdade, entretanto, não me senti mal por isso.

— Não podemos dançar rock. — Explicou.

Escolhi How Deep Is Your Love, do Bee Gees, como pedido por Jungkook, e ele me levou até um espaço vazio para que pudéssemos dançar.

Jungkook colocou minhas mãos sobre seu ombro, e encaixou as suas na minha cintura, balançando o corpo num ritmo frequente para esquerda e para direita. Assim que percebi o padrão, comecei a dançar junto com ele.

Dançamos até a música acabar, e quando a música recomeçou Jungkook sorriu pequeno.

Ele já tinha dito que a máquina antiga tinha esse defeito, então a música repetiria até que quiséssemos trocar, mas eu não me moveria dali por nada, e ele também não.

Depois de uns 10 minutos, dançando a mesma música, percebi que as chamas de Jungkook tinham atingido o amor.

Não queria entrar em pânico, então só respirei fundo, e decidi dar um passo.

Estávamos mais perto, e eu senti minhas mãos começarem a suar. Mas eu precisava fazer isso, eu queria fazer isso.

Encarei os olhos de Jungkook, e a expressão dele era neutra, como a minha, ele só me encarava de volta, e parecíamos estar na mesma sintonia.

Aproximei meu rosto do seu, e nossos lábios finalmente se tocaram. Um toque superficial e delicado.

Jungkook me puxou pela cintura e após alguns segundos, aprofundou o beijo, e eu me derreti por completo.

Quando separamos o beijo, Jungkook tocou minha bochecha com seu polegar, ele parecia querer me dizer algo através do seu olhar intenso.

E eu sabia o que era.

Observando suas chamas iluminarem todo ele, sorri singelo, e disse o que precisava dizer.

— Eu também te amo, Kookie.

FIM.

PRECISO fazer esse esclarecimento: essa oneshot original é sope, tem o mesmo nome e se encontra na minha antiga conta @goodegirrrl, porém eu a perdi. tinha muita coisa lá, só que por problemas do wattpad não consigo mais acessar. tentei por meses, chorei, entrei em bloqueio criativo e só agora to tentando recomeçar porque eu amo escrever, e essa obra em particular é minha coisa mais preciosa (por isso estou repostando), aqui voltarei a postar minhas histórias, em maioria jikook e sope, e espero que gostem do meu jeitinho simples e honesto de escrever! 

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