25 - encontro.
POV Ludmilla Oliveira
Já estava no bar há algum tempo. Não que lovespizza estivesse atrasada, mas eu que tinha chego lá muito cedo. Tínhamos combinado de nos encontrar lá às 19hrs. Olhei o meu relógio e eram 18hrs e eu já tinha virado três tequilas. Eu não sabia quando exatamente eu tinha tomado aquele gosto por bebida, mas me acalmava. E ultimamente era o que eu mais precisava: calma.
Logo depois de mandar aquela mensagem para lovespizza, combinamos de nos encontrar neste bar. Ficava perto da faculdade, então imaginei que seria de fácil acesso para ela. Depois das tequilas, eu já estava meio tonta. Eu estava sentada em um banco alto do bar que dava para o balcão, e o barman já me encarava com um olhar estranho. O bar não estava tão cheio. Era sábado, mas ainda era cedo. Talvez fosse isso que o barman estivesse pensando. Cedo demais para uma garota já estar bêbada.
Eu só não conseguia evitar e eu sentei naquele bar e só o que eu consegui fazer foi beber. Tanta coisa estava rolando na minha cabeça. Eu só queria que tudo parasse. Tentei ligar para o Keaton umas quinze vezes. Todas elas davam caixa postal. Estava quase atacando o celular na parede do bar quando senti ele vibrar. Olhei o celular e tentei focar a visão. Demorei mais do que deveria.
lovespizza: desculpe, não vou poder ir hoje.
Ótimo. Realmente ótimo. Eu estava quase indo embora quando senti alguém se aproximar de mim. Tentei focar e novamente demorou um pouco mais do que deveria. Meu estômago revirou assim que eu me levantei, e a última coisa que eu lembro antes de desmaiar, fora daqueles olhos castanhos de Brunna me encarando.
POV Brunna Gonçalves
Eu não podia acreditar que eu finalmente iria encontrar-me com greeneyes. Eu tinha esperado tanto por esse encontro que eu já sentia o nervosismo subir por meu corpo só de pensar que iria olhá-la nos olhos e descobrir se aqueles olhos eram castanhos ou não.
Pensar em olhos castanhos me fez lembrar de Ludmilla... O que foi aquele beijo algumas horas atrás, gente? Foi a melhor coisa que já me aconteceu até hoje, isso você pode ter certeza. Tentei não pensar a respeito do beijo, ou iria enlouquecer e eu não tinha ideia de quando eu tinha começado a ficar interessada por aquela garota. Pra falar a verdade, eu não tinha ideia de quando tinha começado a ficar interessada em garotas em si. Eu sempre olhei para homens. Sempre desejei homens. Sempre quis que meu primeiro beijo fosse com um homem. Entretanto, o primeiro toque dos meus lábios com outro se deu não só com uma mulher, mas como minha melhor amiga. E em seguida, o primeiro beijo de língua se deu com uma garota linda de olhos verdes.
Tentei parar de pensar e terminar de me arrumar para ir encontrar greeneyes.
Assim que terminei, andei até a porta que separava o meu apartamento do de Ju e adentrei.
Normani estava jogada no sofá, com a cabeça para fora dele, assistindo um DVD do show da Beyoncé. Ri daquela cena, e foi só aí que percebi o quanto sentia falta da minha melhor amiga.
— Ju, você não cansa de assistir o mesmo DVD?
Ela virou os olhos para mim e sorriu.
— Toda vez que eu assisto, eu acho algo a mais para amar essa mulher.
— É isso o que tem pro sábado? — perguntei, divertida.
— Tava pensando em chamar a Juliana e a Ari para virem aqui assistir um filme ou sei lá, mas não vou chamar...
— Ué, por quê?
— Porque não seria a mesma coisa sem você.
— E por que acha que eu não iria?
— Pra ficar naquele clima de funeral que ficou na Bubu quando fomos? Fala sério, Bru, o que aconteceu entre você e a Ari?
Respirei fundo, eu não tinha contado para Júlia sobre o que ocorreu. Nem sobre Ariana, nem sobre Ludmilla. Muito menos sobre greeneyes. E foi só aí que eu percebi: eu estava tendo uma queda pela minha monitora também?
Balancei a cabeça para dispersar os pensamentos. Olhei o relógio. Eram 17h45, e eu queria chegar no bar cedo. Essa conversa com Normani teria que ficar para outro dia.
— A Ariana tá confundindo algumas coisas — disse eu. Arrumei a bolsa no ombro e encarei Mani. — Como estou?
— Um encontro? — ela perguntou, levantando uma sobrancelha.
— Mais ou menos.
— Está linda.
— Obrigada. Já vou. Tchau! — disse, me encaminhando de volta para o meu apartamento. Mas antes que eu pudesse chegar até ele, Ju me parou, quando gritou do sofá:
— Sabe Bru, eu tenho sido uma amiga bem paciente quando o assunto é você. Não tenho perguntado nada do que tá acontecendo... Mas eu sei que tá acontecendo alguma coisa, afinal, eu te conheço desde que você usava fraldas. De amanhã você não me escapa.
Saí do apartamento de Júlia rindo com aquilo. Realmente ela estava sendo muito paciente comigo. Geralmente ela já estaria berrando na minha orelha. Eu não a culpava. Ju sabia de tudo o que acontecia comigo.
Apaguei as luzes do meu apartamento e saí dele, me encaminhando para o elevador.
Chegando ao estacionamento do prédio, peguei o meu carro e coloquei o endereço do bar no GPS. Greeneyes tinha dito que o bar ficava perto da faculdade, mas eu ainda não conhecia aquele bairro.
No caminho fiquei pensando em como eu identificaria aquela garota. Afinal, não tinha fotos dela... Sequer tinha uma dica de como ela era. A minha única certeza de que ela tinha olhos verdes era incerta.
Estacionei na frente do bar e desci do carro, respirando fundo.
Olhei para o meu relógio e ainda eram 18h15... Eu realmente tinha que conter mais a minha ansiedade.
Assim que entrei no bar, pensei em me direcionar para o balcão e esperar ali, entretanto, quando eu estava no caminho dele, parei ao encarar uma garota branca praticamente escorada no balcão. O barman a olhava com uma expressão de dó, e eu já via alguns homens ali encararem ela de forma sádica. Mandei uma mensagem para greeneyes imediatamente, dizendo que não poderia encontrá-la, e voltei até o meu carro, pegando uma blusa que eu tinha levado. Levei pouco tempo para pegá-la e voltar. Mas nesse pouco tempo, Ludmilla já tinha levantado. Assim que me aproximei dela e a encarei naqueles olhos castanhos, ela fechou os olhos e caiu em meus braços. Ela tinha desmaiado.
Apertei seu corpo contra o meu, a envolvendo em minha jaqueta. Respirei fundo.
Dois homens se aproximaram de mim, juntamente com o barman, perguntando se eu queria ajuda. Eu logo fiz questão de dispensá-los, dizendo que meu carro estava ali em frente.
Caminhei com Ludmilla desacordada por alguns poucos metros. Quando a joguei no banco de trás do carro, senti que ela estava acordando aos poucos. Se bem que eu não sabia nem se eu podia chamar aquele estado que ela se encontrava de "acordada". Coloquei as pernas dela para dentro do carro e tranquei a porta com cuidado, já me encaminhando para a porta do motorista.
Arranquei com o carro. Eu tinha pressa, mas ao mesmo tempo não podia andar tão rápido por conta de Ludmilla no banco de trás. Qualquer movimento brusco e ela caía entre os bancos.
— Droga, Ludmilla! — exclamei, batendo a mão no volante enquanto passava descaradamente por um sinal vermelho. — Droga!
Ludmilla murmurou alguma coisa no banco de trás, mas eu realmente não ouvi o que ela tinha para dizer. E sinceramente, nem queria ouvi-la naquele estado.
Assim que estacionei em meu prédio, chamei Júlia pelo interfone, dizendo que precisava de ajuda.
Depois de dois minutos ela já estava no estacionamento, colocando um dos braços de Ludmilla sobre seus ombros. Eu me posicionei do outro lado, colocando o outro braço dela sobre os meus ombros.
— Devo perguntar? — Júlia indagou, abaixando a cabeça para me encarar entre Lauren.
— Depois — respondi com dificuldade, puxando aquela mulher para dentro do elevador.
O caminho foi silencioso, a não ser por alguns murmúrios de Ludmilla, que insistia em dizer que estava ótima e que podia muito bem ir pra casa dali.
Júlia me ajudou até a porta do meu apartamento. Ali eu a barrei.
— Eu assumo daqui, Ju — eu disse. — Muito obrigada mesmo.
Júlia assentiu com a cabeça e deixou escapar um "amanhã você tá ferrada na minha mão" antes de entrar em seu próprio apartamento.
Sorrindo pelo que Ju disse, abri a porta do meu apartamento e trouxe Ludmilla comigo. Ela estava menos zonza, mas ainda assim parecia mais bêbada que da outra vez.
Virei-me para trancar a porta do apartamento e Ludmilla aproveitou para se desvencilhar dos meus braços. Ela foi andando até o meio da sala e se virou para mim, me encarando. Ela mal conseguia se manter em pé, mas a persistência dela era notável. Mostrava que nem bêbada ela deixava o orgulho de lado.
— Eu... Eu quero fugir, Bru — ela falou com a voz embolada. — Fugir!
— Fugir? — indaguei, me aproximando dela.
— Sim! — ela exclamou, arregalando os olhos verdes. Eu não pude evitar sorrir. Aquela mulher era fofa de qualquer jeito. — Fugir! Pra bem... longe! Você podia... vir comigo, não podia?
— Ir com você? — perguntei, entrando na brincadeira. — E pra onde iríamos?
— Las Vegas! Eu sempre... sempre quis ir à Las Vegas.
— Las Vegas, Ludmilla? — perguntei, um tanto decepcionada. Eu esperava algo mais romântico. Mas, ainda assim, eu queria entrar mais naquela brincadeira. — Que tal fingirmos que estamos em Las Vegas?
Os olhos dela brilharam de excitação e ela parecia uma criança. E eu sorri mais ainda com aquele pensamento tão irônico, afinal, ela devia ser uns três ou quatro anos mais velha que eu.
Ludmilla fechou os olhos e abriu os braços.
— Las Vegas! — ela exclamou, abrindo os olhos e sorrindo de orelha à orelha. — Cadê a música? Em Las Vegas tem música!
Sorri mais uma vez, ela era uma criança mandona.
Alcancei o controle do meu aparelho de som e o liguei. Começou a tocar uma música agitada da qual sinceramente eu não lembrava o nome. Então Ludmilla sorriu mais largo ainda, o que estranhamente me deu uma pontinha de felicidade.
Ela fechou os olhos e começou a pular no meio do meu apartamento. Então, resolveu dar uma volta com o corpo e se desequilibrou. Já ia caindo se não fosse por eu ter chego a tempo de segurá-la em meus braços. A música ainda estava alta, mas acreditariam se eu dissesse que tudo se silenciou na minha cabeça? Eu sei. Clichê ao extremo. Mas foi o que aconteceu.
Ludmilla, pela primeira vez na noite, focou em meus olhos e eu senti meu corpo estremecer apenas com aquele olhar. A respiração dela se tornou pesada, assim como a minha e eu não tenho ideia do que deu em mim àquela hora, mas eu senti uma vontade enorme de dizer algo que estava preso há algum tempo dentro de mim quando o assunto era aquela garota dos olhos verdes. Ela ainda me encarava em silêncio.
— Eu... — comecei, quase em um sussurro. — Eu acho que eu te amo.
Abaixei meu rosto até o seu e lhe depositei um beijo demorado em seus lábios. Não foi mais do que um selinho, mas foi carregado de todas as emoções que reviravam meu estômago toda vez que eu encarava aqueles olhos verdes.
Subi meu rosto, esperando encontrá-los, entretanto os olhos de Ludmilla estavam fechados e sua respiração tinha se tornado uniforme e ela tinha dormido.
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