19 - Getting Ready.
POV Ludmilla Oliveira
Depois que aquela magricela da Ariana apareceu e interrompeu completamente o lance que eu estava tendo com Brunna, eu quis matá-la. Mas assim que saí andando na direção do meu dormitório e esbarrei em Keaton, eu até fiquei feliz por não estar aos beijos com Bru.
— Hey, hey, gata, calma aí — ele disse, levantando as mãos em rendição.
Eu ainda não tinha pensado em como eu me sentia sobre Keaton em relação a toda essa história acontecendo entre Brunna e eu. Eu nunca havia traído Keaton e sempre odiei o tipo de pessoa que fazia esse tipo de coisa. Eu não era do tipo que odiava traições, eu achava que tudo poderia ser conversado em um relacionamento, entretanto, eu também não gostava desse tipo de coisa... Keaton me encarou por um tempo, e me puxou pela cintura para mais perto. E então, eu resolvi fingir que estava gostando e esbocei o melhor dos meus sorrisos e o abracei pela nuca.
— Senti saudade — ele disse, e sorriu, se aproximando de mim e me dando um beijo um tanto desesperado. Então, ele desceu a mão até a minha bunda e me puxou para cima, e eu não hesitei em enlaçar minhas pernas em sua cintura. Ele sorriu entre o beijo e me levou para um canto mais escuro do campus. Sexo em público. A sensação de perigo subiu pela minha espinha, deixando os pelos da minha nuca eriçados.
Keaton abriu meu shorts e se livrou dele com facilidade, e então, abriu sua calça, me encostando na parede com certa brutalidade. E eu não podia dizer que eu não adorava aquele tipo de sexo. A sensação de perigo, de poder ser pega a qualquer momento, me excitava, e eu agradecia por isso, pois apenas com aquela sensação que eu consegui de fato ter alguma coisa com Keaton sem ter vontade de vomitar. Entretanto, no meio do ato, eu já estava me sentindo enojada o suficiente por estar fazendo aquilo. Eu tinha acabado de ter o melhor beijo da minha vida com a garota que eu mais desejara na vida, e dez minutos depois estava atracada com Keaton. Me senti suja. Era injusto. Não com Keaton, mas com Brunna, mas não quis parar. Se eu parasse Keaton iria estranhar, então, fiz a única coisa que eu nunca quis fazer com alguém: imaginei que ao invés de estar com Keaton, eu estava com Brunna. Fechei os olhos e me deixei levar. Só a imagem de Bru me pegando daquela forma, ofegando junto ao meu ouvido, já me dava arrepios na nuca e minha excitação logo voltou.
Bru, pensei. Céus, como eu queria que fosse você.
Fechei os olhos com mais força ainda e deixei que Keaton terminasse. Era sempre a mesma coisa. Ele vinha pra cima de mim, começava a me penetrar, eu fingia um orgasmo, ele gozava. Fim do sexo.
E eu sempre acabava insatisfeita.
Desci de Keaton, peguei o meu short do chão e o vesti, enquanto ele terminava de se limpar e fechava o zíper da calça dele. Ele me pegou pela cintura e me puxou novamente, me dando um selinho que eu logo fiz questão de afastar. Ele pegou a minha mão e foi andando comigo até a porta do meu dormitório. Ele me deu um beijo na testa e sussurrou um "eu te amo". Eu apenas sorri e entrei no meu dormitório, mais atordoada do que eu já estive em toda a minha vida.
Quando entrei, Patty já estava dormindo, então tentei fazer o mínimo de barulho quando peguei roupas limpas e a minha toalha e me encaminhei para o banheiro. O banho foi mais demorado que de costume, eu me sentia mais suja do que em qualquer outro momento. Os acontecimentos, tão distantes e tão recentes, passavam na minha cabeça como flashbacks. A água caía sobre o meu corpo, encostando à minha intimidade, ainda sensível, e eu rezava para que ela lavasse todo o desejo que eu sentia quando olhava para o corpo de Brunna; caía na minha barriga e eu pedia para que ela mandasse embora todo o calafrio e as borboletas que eu sentia quando olhava naqueles olhos; caía em meu rosto e eu ficava torcendo para que ela lavasse a minha mente de toda aquela confusão.
Entretanto, quando terminei o banho e me joguei na minha cama, tudo voltou como uma avalanche, e eu não consegui fazer nada senão chorar, agarrada ao meu travesseiro. Que diabos eu estava fazendo?
POV Brunna Gonçalves
Depois daquele incidente com Ludmilla na segunda-feira, eu tentei de todas as formas possíveis evitá-la, tanto dentro da faculdade, quanto fora. Assim como desde então eu estava evitando Ariana, eu estava machucada naquela noite, ey só queria sentir alguma coisa, sabe? E eu não fiz a escolha certa, eu admitia, mas agora não existia mais tempo para arrependimento. Eu estava no caminho certo anteriormente. Pedi para que ela esquecesse, pedi para que ela esperasse. E aí eu fui e dei uma mancada daquelas, tascando um beijo nela, eu não podia estar me odiando mais aquela semana. Toda vez que Ariana chegava perto de mim e fazia menção de querer conversar, eu a cortava dizendo que precisava estudar anatomia e praticamente saía correndo de perto dela, a deixando sempre com aquela expressão magoada que eu odiava. Mas eu não podia lidar com Ariana naquela semana. De fato, eu tinha muita coisa para estudar ainda, e tinha que me esforçar o dobro, já que não contava mais com a ajuda de Ludmilla.
A sexta-feira chegou rapidamente. Acho que quanto mais a gente precisa de tempo para alguma coisa, mais ela tende a chegar rápido. A prova fora mais tranquila do que eu estava imaginando. Pra se falar a verdade, eu achei até fácil, não pela prova estar fácil em si, mas porque eu havia estudado igual a uma condenada na última semana, tanto com Ludmilla, quanto sem Ludmilla. Mas admitia que ela havia me ajudado mais que qualquer outra coisa. Quase todas as coisas que ela me ensinou caíram na prova, principalmente as coisas que ela me ensinava no modo prático e eu acho que essa foi a minha grande jogada para conseguir responder àquelas perguntas.
Saí da sala da prova com um sorriso no rosto. Eu sabia que tinha ido bem, e precisava sair pra comemorar de alguma forma. Assim que saí da sala, vi Dayane conversando com uma garota no corredor. Ela me avistou, se despediu da menina e veio até mim, sorrindo.
— E aí, Bru — ela cumprimentou. — Como foi a prova?
— Ótima! Tô até pensando em uma forma de comemorar...
Dayane sorriu.
— Pois eu tenho a solução pra você. Hoje mesmo a noite nós iremos na Bubu, é uma balada que sempre vamos, é ótima! Bora?
— Demorou — eu falei. Sair seria uma ótima distração.
Despedi-me dela e fui até o estacionamento. Entrei no meu carro e logo recebi uma mensagem de Dayane, onde ela me enviava o endereço. Encaminhei a mensagem para Júlia, eu precisava de uma companhia aquela noite, e como Dayane já ia de qualquer forma, imaginei que ela estaria acompanhada com outras pessoas e não poderia me dar atenção. E às vezes eu conseguia ser uma pessoa bem carente. Antes de sair com o carro do estacionamento, Ju me respondeu, confirmando que iria.
Liguei o carro e coloquei o volume no máximo. A música tinha provado ser um ótimo refúgio da minha própria mente durante essa semana. Arranquei para casa, aquela noite iria ser perfeita.
Eu já estava arrumada há uma hora e meia e Júlia ainda estava correndo de um lado para o outro dentro do apartamento dela. Ora com um delineador amarelo na mão, ora usando apenas um pé do sapato que iria usar. Ela passara exatos quarenta e cinco minutos só para decidir qual seria a cor do batom a ser usada e mais uma hora encarando seus sapatos e fazendo uma expressão concentrada. Era engraçado vê-la em desespero às vezes, mas esperar estava realmente me entediando. Então fui até a sua sala e me joguei no sofá. Ele era branco, com algumas pedrinhas brilhantes ao lado. Embaixo dele, tinha um tapete de oncinha. Aquele apartamento não podia ser mais parecido com Júlia do que já era. Ele exalava tudo o que Ju mais gostava, e foi só aí que eu pensei em como ela deveria estar feliz com essa independência. Lembro-me de ela falando para que nós fôssemos morar juntas um ano antes, mas nenhuma das duas quis abrir mão do luxo que nossos pais proporcionavam, então, nada de morarmos sozinhas por nós mesmas.
Depois do que pareceram ser intermináveis quarenta minutos, Júlia saiu do quarto, completamente arrumada. Ela usava um vestido branco que contrastava em sua pele negra, que parecia estar brilhando mais que o normal. Imaginei que ela havia usado gliter pelo corpo. O delineador amarelo estava ali, assim como o outro pé do sapato que ela usava antes, estava tão linda que eu me senti ofendida com a minha própria aparência.
— Você tá uma gata! — eu exclamei, e ela sorriu, dando uma voltinha. Assoviei para ela e nós rimos em seguida. Como eu sentia falta de passar um tempo com Júlia...
Levantei-me do sofá e a campainha tocou.
— Você está esperando alguém? — perguntei à ela.
Ela deu de ombros.
— Deve ser a Juliana e a Nana, chamei elas pra irem com a gente.
— Você o quê? — perguntei, colocando as mãos na cintura. Júlia me encarou com a sobrancelha levantada, provavelmente estranhando a minha reação, já que sempre fizemos tudo juntas. E nesse momento, eu me senti pior ainda quando lembrei que estava escondendo tudo aquilo dela.
— Algum problema com isso? — ela indagou.
Balancei a minha cabeça, tentando tirar Ludmilla e Ariana da mente.
Merda, pensei. Essa é a minha noite! Não vou deixar que essas duas estraguem tudo!
Me recompus enquanto Júlia balançava a cabeça negativamente e ia até a porta. Eu sabia que ela sabia que tinha alguma coisa errada comigo. Sabe aquele tipo de amiga altruísta, que respeita suas decisões quando você não quer falar a respeito e que deixa você levar o seu tempo pra falar? Então, Júlia era o oposto disso e eu sabia que ela só iria esperar uma hora pra me pegar pra encher o saco até eu falar o que tinha de errado.
Olhei para porta, Juliana cumprimentava Júlia e passava por ela, vindo falar comigo.
— Ju! — ouvi Nana gritar da porta e agarrar Júlia pelo pescoço.
me cumprimentou, sorrindo de orelha à orelha e Ariana parou na porta e me encarou. Ela estava linda. Vestido branco até o meio da coxa, sapatos de salto alto e um sorriso que deixava amostra suas covinhas, mas que quando fez contato visual comigo, logo fez questão de tirar do rosto.
— Vamos, gente — Ariana falou, sem sequer entrar no apartamento e virou as costas, saindo.
Juliana e Júlia me encararam com as sobrancelhas levantadas, afinal, sempre que Ariana me via, ela praticamente tirava o meu ar de tanto que me apertava. Ignorei-as e fui andando até a porta. Esperei ali, para que as meninas passassem, Júlia fechou a porta do apartamento e entramos no elevador. Juliana e Júlia falavam animadas sobre o quanto aquela balada era falada, e o quanto lá iam vários carinhas bonitos, enquanto eu e Ariana nos mantínhamos em silêncio. E assim foi no resto do caminho do elevador, no caminho para fora do prédio, na espera pelo táxi e no táxi em si.
Assim que chegamos na balada, eu já estava sentindo o calor do local invadir o meu corpo. Tinham três ambientes. Enquanto Júlia e Juliana se jogavam na pista eletrônica, eu e Ariana ficamos na pista onde tinha música ao vivo. Ariana ainda mantinha uma distância significativa de mim, encarando a vocalista da banda com um copo de bebida na mão. Ela era loira, tinha um corpo de se dar inveja e desejo ao mesmo tempo e uma voz deliciosa de se ouvir. Admirei-a por um tempo e deixei com que a música me levasse por alguns minutos. Logo, a cantora fez uma pausa, sorrindo encantadoramente na direção da plateia e parando o olhar em mim por um tempo. Meu rosto enrubesceu e eu sabia que ia morrer de vergonha se continuasse ali, então fui atrás de um banheiro, para jogar uma água no meu rosto.
Chegando lá, me apoiei na pia e respirei fundo. Ainda não queria deixar que nenhum pensamento dos dias anteriores voltassem à minha mente. Abaixei-me, peguei um pouco de água com as mãos, e joguei no meu rosto. Graças ao bom Senhor que existe maquiagem à prova d'água, pensei. Talvez eu devesse desencanar das duas e pegar a vocalista e não pude evitar um sorriso enquanto levantava a cabeça. Encarei o espelho e meu sorriso murchou completamente. Ali atrás de mim, estava Ludmilla, me fulminando com aqueles olhos castanhos e profundos.
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