IV. Você É Realmente Um Verdadeiro Pedaço De Merda
-Que merda você está fazendo?- Mayumi questionou, analisando sua melhor amiga sentada no chão estilo borboleta no meio do corredor, os olhos fechados e parecendo muito estar meditando, o que pegou Mayumi completamente de surpresa, fazendo a garota de cabelos negros se questionar se a sanidade mental de Akasuki ainda estava intacta. Pelo jeito como ela exalava irritação, apesar daquela falha tentativa de meditação, Mayumi poderia dizer com toda certeza que não; Akasuki parecia a beira de um colapso nervoso, o que fez Mayumi torcer o nariz enquanto sua melhor amiga abria apenas um olho para a olhar antes de resmungar e voltar a sua "meditação".
-Estou fazendo um pedido para os deuses. - Akasuki murmurou de forma enigmática, fazendo Mayumi arquear a sobrancelha, apesar de saber que a garota não iria ver. -Pedindo forças para não acabar matando Atsumu.
-Você só pode estar brincando comigo. - Mayumi rebateu no instante que as palavras saltaram da boca de Akasuki, e a ruiva abriu os olhos para fitar Mayumi com confusão.
-Porque eu mentiria sobre isso? É um assunto sério! Eu não quero perder a vida presa porque me descontrolei e chutei Atsumu do alto de um prédio. - Akasuki disse de um jeito que fez parecer que aquilo realmente pudesse acontecer, o que fez Mayumi piscar os olhos, perplexa.
-Sabe, todo esse seu problema com Atsumu é bem irritante. Você fala que ele é infantil, mas está sendo infantil que nem ele ficando com essas coisas. Se ao menos gastasse um segundo sequer para conversar com Atsumu, poderia resolver as coisas entre vocês. - Mayumi disse seriamente, e Akasuki sentiu como se tivesse acabado de levar um soco bem no meio do estômago, o que a fez piscar os olhos e escancarar a boca, perplexa. -E antes que diga algo, Suki, eu não estou te falando para ser amiga dele, mas sim para evitar deixar as coisas nesse climazinho merda! Bem, é isso o que eu acho. Agora, eu vou ir ver minha aula. Se quer ficar ai com essas merdas, então, boa sorte com isso.
Akasuki observou Mayumi se afastar, caminhando com irritação para longe, e se perguntou se talvez tivesse passado dos limites; afinal, Mayumi era o sol, a alregria em pessoa, se Akasuki tinha mesmo conseguido irritar ela...
A garota suspirou, passando as mãos pelos cabelos ruivos e se levantando. Tudo o que ela menos precisava, era brigar com sua melhor amiga por causa de Atsumu. E talvez fosse hora de admitir que Mayumi estava correta, afinal. Talvez Akasuki extrapolasse os limites às vezes. Mas ela simplesmente não conseguia conviver no mesmo ambiente que Atsumu, e também não sabia lidar com a personalidade lixosa do garoto. Era ainda pior quando a mágoa que ela guardava dele havia se acumulado por tanto tempo. Às vezes Akasuki se perguntava o que tinha dado origem a tanto desprezo. Às vezes ela se perguntava se Mayumi não estava certa quando dizia que Atsumu não era, exatamente, ao todo ruim...
Mas era só olhar para Atsumu e seu sorriso maldoso e ver ele fazendo uma gracinha que Akasuki mudava automaticamente de ideia a respeito dele.
É, não seria nem um pouco fácil para ela aprender a lidar com Atsumu, ainda mais quando ela passou boa parte dos anos se estressando com tudo que saía da boca do garoto, mas Akasuki teria que aprender a lidar com isso. Maldito Shinsuke por a ter pedido que cuidasse de um verdadeiro e completo idiota!
Com um suspiro, Akasuki foi atrás de Mayumi, tentando focar nas aulas daquele dia ao invés de pensar no como sua tarde provavelmente seria infernal ou no como Atsumu estava lançando a ela sorrisos cheios de malícia enquanto Akasuki tentava e falhava em estudar. Maldito garoto que se achava o centro do universo!
-Eu realmente não acho que isso vai funcionar, de verdade, MayMay.- Akasuki disse enquanto tomava seu sorvete assim que as aulas acabaram, caminhando com Mayumi em direção ao ponto de ônibus, tentando aproveitar os últimos minutosde paz que ainda restavam antes de Atsumu chegar para estragar tudo. Mayumi fez aquela expressão séria de quem estava prestes a começar um discurso para Akasuki, o que fez a ruiva torcer o nariz. -O que quero dizer é que não sei ser paciente, é isso! Jesus, não precisa ficar toda armada.
-Bem, acho que preciso sim!- Mayumi retrucou, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. -Fazer uma coisa boa na vida não vai te matar, Akasuki. E de que adiante você ser tão inteligente se não usa isso para ajudar quem não está no seu nível?
Escutar aquilo foi como tomar um soco na cara, e Akasuki fez uma cara de quem estava prestes a vomitar todo o almoço, o que fez Mayumi arregalar os olhos; apesar de não demonstrar muito, Akasuki se importava muito com a opinião de sua amiga, mesmo que às vezes se irritasse por Mayumi ser muito boazinha, principalmente com um idiota completo como Atsumu.
-Olha, pensa positivo, pelo menos vocês não vão estar completamente sozinhos! Osamu vai estar junto!- Mayumi disse, já arrependida por ter forçado tanto a barra quando Akasuki claramente não se sentia nada confortável perto de Atsumu.
-Errado. Eu não vou estar lá.- Osamu disse logo atrás delas, dando de ombros como se esse detalhe não fosse nada demais. Aquilo só fez Akasuki ter ainda mais vontade de vomitar, e Mayumi arregalou ainda mais os olhos.
-Porque?! Quem vai dar suporte pra Suki?!- Mayumi disse quase que em um gritinho e Osamu arqueou a sobrancelha para ela.
-Bem, eu que não sou.- o garoto de cabelo cinzento retrucou, fazendo ambas as garotas torcerem o nariz. Às vezes, focavam tanto em Atsumu que esqueciam que Osamu era seu irmão gêmeo, tão terrível quando queria quanto Atsumu.
-Que legal. Parece que alguém tirou o mês pra zombar com minha cara de fracassada.- Akasuki disse e desejou não ter dito nada assim que escutou uma risada logo atrás de si, fazendo Akasuki querer morrer. Ou matar alguém. De preferência o imbecil que estava rindo da cara dela.
-Pelo menos você admite que é uma fracassada, Suki. Já é um bom começo. - Atsumu provocou, sorrindo de forma inocente que apenas a fazia querer o fazer engolir todos os dentes.
-Vamos logo com isso antes que eu mude de ideia e te deixe reprovar.- Akasuki disse, a voz carregada de raiva, tanta que foi capaz de fazer Osamu e Mayumi rezarem pelo bem de Atsumu.
Akasuki não esperou uma resposta de Atsumu e também não precisou, pois o ônibus enfim chegou e ela se apressou a entrar, sendo seguida por Atsumu que acenou de forma exagerada para Osamu e Mayumi que ficaram para trás.
A garota estava prestes a sentar no assento ao lado da janela quando foi empurrada para o lado pelo garoto de cabelos dourados, que sentou exatamente onde Akasuki queria. Ela sentiu uma imensa de vontade de bater a cabeça de Atsumu contra o vidro, principalmente pelo sorriso que cresceu nos lábios dele, como se ele não tivesse feito nada demais. Akasuki permaneceu ali, de pé, no meio do corredor, se decidindo se iria embora ou não quando o ônibus começou a andar e ela quase caiu.
Atsumu teve a coragem de rir, nem mesmo se mexendo para ajudar ela a se manter firme no chão; não que Akasuki esperasse grande coisa vinda do Miya, de qualquer forma, mas era, de fato, um tanto revoltante.
-Vamos, Suki, deixa de birra e senta aqui do meu ladinho.- Atsumu disse, dando batidinhas no estofado do banco livre ao seu lado, e Akasuki o olhou com pura irritação. Atsumu sorriu com malícia para ela. -Eu te prometo que não mordo. Só se você pedir.
-Sabe, você é realmente um verdadeiro pedaço de merda. - Akasuki sibilou, mas, ainda que relutante, se sentou ao lado de Atsumu, revirando os olhos vendo o como o sorriso idiota dele havia se alargado ainda mais com isso.
É bom meu lugar no céu já estar reservado depois dessa merda toda, Akasuki pensou, abraçando sua bolsa contra o peito, evitando a todo custo fazer contato visual com Atsumu, apesar de ele não parar de olhar para ela, o que já estava começando a deixar Akasuki um pouco envergonhada. Envergonhada não! Com raiva.
Atsumu cutucou as costelas de Akasuki para chamar a atenção da garota, mas apenas serviu para deixar Akasuki ainda mais irritada por Atsumu estar invadindo seu espaço pessoal.
Só alguns dias estudando com ele, e ela estaria livre. Pelo menos, era isso o que Akasuki esperava que fosse acontecer. Se tivesse que passar mais tempo que o necessário com Atsumu, seria sua maior perdição. Ela tinha certeza que isso não ia ter um bom resultado, de forma alguma. Já estava preparada para o caos em sua vida, e ainda estava pensando nisso quando Atsumu se levantou e a atropelou apenas para poder sair, o que irritou Akasuki em nível extremo enquanto ela seguia o garoto para fora.
Shinsuke está eternamente na minha lista negra, Akasuki pensou enquanto apertava o passo para conseguir acompanhar o ritmo de Atsumu, que andava totalmente despreocupado em direção a sua casa.
Akasuki já tinha estado lá antes, há tanto tempo atrás que ela sequer era capaz de se lembrar direito. Tampouco ela pensou muito nisso antes de entrar na casa de Atsumu e o seguir pelo lugar.
-Vou trocar de roupa. - Atsumu disse enquanto Akasuki colocava suas coisas sobre a mesa de madeira. Ela apenas assentiu em confirmação antes do garoto desaparecer, provavelmente indo para o próprio quarto.
Akasuki suspirou, deixando seu corpo cair sobre a cadeira e esfregando os olhos por um instante. Qual seria a matéria menos pior de explicar para Atsumu, afinal? Bem, certamente seria química, ela supunha. Akasuki ainda precisava entender qual era o nível de burrice de Atsumu antes de poder o ajudar com algo.
Com um suspiro, Akasuki começou a folhear seu caderno, as informações meticulosamente e perfeitamente anotadas ali, os resumos que certamente facilitariam muito a compreensão de qualquer um. Se ela não conseguisse fazer aquilo entrar na mente de Atsumu, então ele era um caso perdido.
-O que você vai me explicar primeiro?- Atsumu perguntou contra o ouvido de Akasuki, a fazendo dar um salto. Ela sequer tinha o escutado se aproximar, e o coração de Akasuki parou de bater dentro do peito por um instante antes dela lançar um olhar de morte para o garoto que riu.
Atsumu se sentou ao lado de Akasuki, dando um sorriso preguiçoso para ela, e Akasuki tentou não pensar muito no como ele realmente ficava mais bonito sem o uniforme escolar.
Não, não e não; ela não ia pensar nisso, mas nem a pau.
-O básico do básico para ver se entra nessa sua mente. - Akasuki disse, apontando com o lápis em sua mão para a anotação feita em seu caderno, e Atsumu desviou o olhar do dela para olhar o que Akasuki estava indicando. -Átomos e moléculas.
-Ou seja, você quer começa do básico do básico mesmo. - Atsumu disse com um sorrisinho. Akasuki piscou os olhos.
-Bem, se você não me falar qual matéria é o problema, Atsumu, fica difícil saber, eu não tenho bola de cristal. - ela disse com sarcasmo, fazendo o garoto torcer o nariz.
-Começa por orgânica. - ele disse, fazendo Akasuki piscar os olhos, surpresa. Talvez Atsumu não fosse tão burro assim...
-Certo, então. Hidrocarbonetos. - ela resmungou, começando a passar as folhas de seu caderno, ciente do olhar de Atsumu cravado nela.
Akasuki pensou que teria sido pior; pensou que teria que lidar com Atsumu fazendo perguntar burras e idiotas, pensou que teria que lidar com piadas imbecis. Definitivamente, ela não tinha pensado que o que encontraria, na verdade, seria um Atsumu verdadeiramente empenhado em aprender o que ela estava dizendo, que não ficaria com piadas com duplo sentido o tempo inteiro. Isso havia pego Akasuki totalmente de surpresa, não que ela fosse deixar Atsumu saber que havia a surpreendido tanto.
Depois de horas estudando, até mesmo Akasuki precisava de pausa, e seu estômago já estava começando a roncar de fome, algo que até mesmo Atsumu percebeu.
-Acho que vou embora. Tá ficando tarde. - Akasuki disse e Atsumu deu de ombros, como sequer se importasse, o que a fez ter vontade de bater a testa dele contra a mesa.
-Você pode ficar pra jantar.- ele disse, fazendo ela piscar surpresa mais uma vez naquele dia. -Se quiser.
Ela não queria, definitivamente não mesmo. Mas estava com fome, e sua casa era longe e...
-Tá.- ela disse, suspirando derrotada. -Preciso ir no banheiro. Onde é?
O brilho que surgiu nos olhos de Atsumu a fez pensar que algo muito idiota sairia da boca dele, mas Atsumu pareceu reconsiderar e apenas apontou para uma porta no fim de um corredor.
-Pode usar o do meu quarto.- ele disse e, sem mais ou menos, se levantou e foi para cozinha, deixando Akasuki plantada na sala.
Maldito Miya! Akasuki pensou com irritação enquanto caminhava até o quarto que Atsumu dividia com Osamu, se sentindo um pouco envergonhada por estar invadindo um lugar tão pessoal assim.
Akasuki tentou não olhar demais para o quarto enquanto seguia para o banheiro, passando tão rápido que sequer poderia dizer o que tinha ali ou não.
Porque estou agindo como se isso fosse um lugar sagrado? Akasuki pensou quando saiu do banheiro, torcendo o nariz. E dessa vez, ela decidiu que não era assim tão ruim xeretar na vida dos outros.
No fim das contas, o quarto era realmente o tipo de lugar que ela esperaria que fosse dos gêmeos. O contraste era óbvio e era fácil perceber qual era a parte de Osamu e qual era a parte de Atsumu.
Mas o que chamou a atenção de Akasuki foi um porta-retratos em cima da cômoda do quarto, fazendo a garota esticar a mão para pegar.
Akasuki não pôde deixar de piscar os olhos totalmente e completamente surpresa quando viu a foto ali. Ela sequer se lembrava daquela foto tirada há muito, muito tempo atrás, quando ela ainda era uma criança idiota que não odiava completamente Atsumu. Talvez fosse por isso que a garotinha ruiva da foto estivesse sorrindo ao lado dele, abraçando o garoto que na época não era mais alto que ela e tinha os cabelos castanhos, além do rosto inocente, apesar de Atsumu nunca ter sido nenhum anjo.
Porque caralhos Atsumu tem isso aqui? Akasuki pensou, torcendo o nariz e deixando a foto de volta no lugar, fingindo que não tinha visto nada e saindo correndo do quarto do garoto.
E por mais que quisesse... Akasuki não conseguiu esquecer aquela foto. E ela também não sabia explicar o porque.
Data: 10/02/22
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