Capítulo 1
- Tudo bem, Emily. Se for necessário você ficar um tempo à mais que esse período não tem problema, apenas fale comigo. Tome o tempo que for necessário pra cuidar do seu filho. - Ludmilla disse para a mulher sentada a sua frente que sorriu aliviada e feliz. Ela tinha uma chefe incrível.
- Nossa, Srt. Oliveira eu nem sei como agradecer por isso que você está fazendo por mim. - ela sorriu um pouco emocionada, os hormônios da gravidez ainda estavam um pouco ativos na mulher.
Ludmilla riu um pouco ao vê-la com os olhos marejados.
- Não tem pelo que agradecer, apenas cuide bem dele junto à seu marido. - esticou a mão e acariciou a mão da mulher sobre sua mesa.
- Certo. - sorriu abertamente mais uma vez. Em seguida levantou-se e Ludmilla a acompanhou, colocando a mão dentro dos bolsos frontais de sua calça social branca. - Então eu vou indo, espero que consiga arrumar uma secretária logo, sabe que precisa de seus horários bem organizados se não pode acabar se perdendo.
Caminharam juntas até a porta do escritório e Ludmilla abriu a porta para ela.
- Marcos e Renatinho já estão providenciando isso. Acho que hoje mesmo eles me passam quem foi selecionada nas entrevistas.
- Perfeito, então. Vou indo, Srt. Oliveira, até logo. - Emily se despediu sorrindo e acenando. - Mande um abraço para Isabelly.
- Irei mandar sim. - Ludmilla sorriu de lado um pouco forçado ao ouvir o nome da mulher. Observou Emily andar até o elevador e voltou para dentro do escritório, fechando a porta.
Sentou-se de vez em sua cadeira e soltou um longo suspiro de olhos fechados. Sentia sua cabeça latejar. Já havia tomado dois medicamentos para que a mesma passasse e nada de surtir efeito. Pegou a garrafa de uísque, em um canto da mesa, juntamente com um copo e serviu-se de uma dose. Bebeu o líquido sentindo o mesmo queimar sua garganta e em seguida sensação de relaxamento que a aquela bebida lhe trazia.
Estava tendo uma semana extremamente estressante, e não era por conta da empresa. Ah! Quem dera fosse alguns pequenos problemas na empresa que estivesse tirando toda sua tranquilidade naquela semana. Seu estresse tinha nome, sobrenome, e estava enchendo seu celular de mensagens desde o dia anterior.
Ludmilla mantinha um relacionamento de quase 1 ano com Isabelly Costa, uma bailarina e modelo. No início eram tudo flores, Isabelly era bastante carente, sexy, e tinha um fogo incontrolável. Tudo na mulher atraía Ludmilla, ela ficou com os quatro pneus arriados pela mulher. Enchia ela de presentes caros, diversos buquês de flores, fazia surpresas em seu apartamento, jantares em restaurantes caros... tudo que ela pudesse fazer por aquela mulher ela faria, e tudo que ela pedisse ela se viraria em mil para conseguir. No entanto, há alguns meses, as coisas começaram a mudar. A carência de Isabelly se transformou em uma possessividade. Ludmilla sempre gostou de ter o seu espaço pessoal. Gostava muito de sair com seus amigos quando pudesse, vazia várias festas em sua casa e gostava de manter seus amigos sempre perto. Isso começou a incomodar Isabelly, ela não queria que Ludmilla saísse sem ela, não queria que fizesse festas em sua casa e chamasse todas as pessoas que costumava chamar, pois entre elas haviam muitas mulheres no meio e essas poderiam querer tentar algo com Ludmilla. A empresária não gostou daquilo, e como ela sempre tentava ao máximo evitar brigar com a mulher, ela tentou conversar para resolver aquela situação.
Isabelly foi persistente em dizer que não aceitava aquilo, que não era justo com a mesma Ludmilla ir para festas sem a sua presença. Ludmilla decidiu deixar o assunto de lado naquele dia, e encerraram a conversa com uma transa. Seria a melhor solução para a empresária naquele momento.
O assunto não foi mais abordado, porém Ludmilla percebia que a mudança nas atitudes Isabelly iam mudando cada vez mais com o tempo. A mulher começou a querer sempre mexer no celular de Ludmilla, se estivesse digitando no celular queria que a mulher dissesse com quem estava conversando, se ela fosse sair deveria sempre dizer com quem iria e tentava lhe dizer que horas deveria voltar. Essas atitudes começaram a ser cada vez mais frequentes, e o encanto que Ludmilla havia tido pelo mulher quando se conheceram estava indo embora juntamente com sua paciência.
A empresária suspirou profundamente mais uma vez e deu mais um gole em seu uísque. Não entendia porque ainda se permitia estar nessa situação, ela poderia muito bem já ter colocado um ponto final nessa relação.
O som de alguém batendo na porta despertou Ludmilla de seus pensamentos.
- Entra!
A porta abriu e revelou Marcos com alguns papéis em mãos.
- Bom dia, maninha. Como você está? - disse animado caminhando até uma das cadeiras em frente a mesa de Ludmilla e se sentou.
- Péssima. Minha cabeça tá latejando como se fosse explodir a qualquer momento. - bufou mal humorada, a dor de cabeça era mesmo muito incômoda.
- Não dormiu direito? - questionou o homem preocupado.
- Não, mas isso não é nenhuma novidade, não é esse o motivo da minha dor de cabeça. - ela falou, novamente suspirou e fechouos olhos.
Marcos deduziu instantaneamente e revirou os olhos.
- Eu quero entender oque diabos você ainda faz com essa mulher. - ele falou em um tom irritado.
- Nós nos entendemos na semana passada, mas ela começou a implicar depois que eu saí com a Emily para resolver a situação da licença dela. A gente discutiu feio de novo. Eu me estressei e mandei ela tomar no cu. Estou ignorando ela desde o início da semana, já estou com mais de cinquenta mensagens no celular, fora as chamadas. - passou a mão no rosto sentido a cabeça latejar novamente.
- E no fim de tudo você não me respondeu. - Marcos disse e Ludmilla bufou.
- Eu não sei, tá bom?! Toda vez eu fico na esperança de que nós vamos nos resolver. - suspirou cansada e olhou para o amigo que a encarava com as sobrancelhas arqueadas como se dissesse "Sério?!". Ludmilla se mexe inquieta e apoia os antebraços na mesa. - Marquito, você sabe o poder que aquela mulher tem sobre mim. Ela sempre vem pra cima de mim com algum conjunto de lingerie extremamente sexy naquele corpo maravilhoso... - seu olhar se perde e ela morde lábio ao lembrar do corpo de Isabelly na última vez que estiveram juntas e fecha a mão em punho com força. - Eu não resisto! - choraminga.
Marcos ri sem humor e nega com a cabeça.
- Ludmilla o seu problema é que você se deixa se levar muito por causa de uma boceta! - Ludmilla ri e nega. O amigo prosseguiu irritado. - Fala sério, você fala como se ela fosse a única mulher gostosa da face da Terra. Não estou dizendo que ela não é, ela é sim! Mas você vai ficar se submetendo a possessividade dessa maluca apenas por que você não consegue resistir a porra de um rabo de saia?! Acorda, meu amor! Não existe só Isabelly de mulher no mundo não. Você não é mais adolescente pra ficar falando como se buceta fosse a única coisa que importasse nesse mundo e você não consegue resistir a ninguém que abra as pernas pra você! Acorde! Caia fora disso!
Marcos estava coberto de razão, e ela sabia disso. Mas falar é muito mais fácil. Ela não admitia, mas sabia que Isabelly ainda tinha um pequeno controle sobre ela, e a mesma tinha noção disso e se aproveitava muito para conseguir que Ludmilla a desculpasse de algum surto.
A empresária se achava uma completa idiota por se deixar levar tão fácil.
- Ta bom, ta bom. Eu vou resolver isso, okay? Não se preocupe. - ela diz tentando tranquilizar o rapaz a sua frente. Esse que apenas revirou os olhos. - Mas o que te traz aqui? Trouxe quem foi selecionada?
- Exatamente. Eu e o Renatinho entrevistamos um total de 10 mulheres ontem e decidimos selecionar essa aqui. - entregou os papéis em sua mão para Ludmilla que pegou e se apressou a lê-los.
- Brunna Gonçalves... - Ludmilla leu em voz alta o nome da mulher na ficha. Não havia nenhuma foto, mas algumas informações. Como cursos que havia feito, idade, data de nascimento, entre outros. - Certo. E que dia ela irá começar?
Não demorou muito lendo. Confiava o suficiente em seus dois braços direitos para aquilo, por isso os encarregou das entrevistas, tinha preguiça de fazer aquele tipo de coisa e ninguém melhor que seus melhores em confiança e competência que seus melhores amigos.
- Você que sabe. Resolvemos deixar que você decidisse. Ficamos de ligar para ela ainda hoje para informar isso.
- Por mim pode ser amanhã mesmo, não consigo me direcionar muito bem sem uma secretária, muita informação. - respondeu. Sabia que não era boa aquela dependência, mas Emily havia acostumado ela muito mal.
- Foi como eu pensei. Vou contatar ela hoje e amanhã ela estará aqui. - falou e se levantou indo até o frigobar que havia dentro da sala e pegou uma lata de refrigerante.
- Perfeito. - observou o irmão dar grandes goles no refrigerante. - Sabe que horas a Luane sai da faculdade?
- O intervalo dela de almoço é às doze. - o homem sentou novamente em frente a mesa, enquanto Ludmilla levantava e ia até sua enorme janela que ficava bem atrás de usa mesa. Toda a parede era coberta por vidro, de cima à baixo, e dava uma bela vista da praia de Copacabana e os outros prédios.
- Prometi que almoçaria com ela hoje.
- Mamãe pediu para irmos almoçar lá no domingo, diz que está com saudade de reunir a gente. - Marcos disse e Ludmilla riu, sua mãe era tão carente.
- Ela deu sorte que minha viagem foi adiada para semana que vem.
De repente seu celular começou a tocar em cima da mesa e ela foi até o mesmo. Revirou os olhos ao ver o nome de Isabelly na tela.
- É a insuportável não é? - Ludmilla assentiu. Marcos negou a cabeça e se levantou. - Lembre bem do que eu falei. Não dou o mesmo conselho mais de uma vez.
Disse antes de caminhar até a porta e se retirar da sala.
Ludmilla pegou se celular em cima da mesa e atendeu a ligação.
- Alô?
[...]
Não muito distante dali, Brunna comemorava com sua mãe e seu filho a conquista da filha ao conseguir o emprego como secretária. Mesmo que fosse temporário já era muito significativo para Brunna, já que ela estava à tempos planejando sair da casa dos pais, não aguentava mais ficar tomando espaço lá. Sentia que estava incomodando mesmo que sua mãe negasse mil vezes.
As duas mulheres estavam na cozinha preparando o almoço, enquanto dançavam e cantavam as músicas que tocavam na rádio. Enquanto isso o pequeno Calleb desenhava, rodeado de várias folhas de papel ofício no chão não muito longe delas.
- Ai filha, estou tão feliz por você. Sabia que conseguiria vaga. Vou agradecer muito a Deus por isso essa noite. - a mãe de Brunna disse que emocionada e a filha sorriu, em seguida suspirou feliz.
- Eu também, mia. Não aguentava mais ficar em casa, vou aproveitar que o salário é mega bom e juntar para alugar um apartamento. - falou enquanto cortava o peito de frango em cubos.
- Filha você sabe que não precisa ir. Eu e seu pai ficamos tão felizes de ter você e o Calleb aqui pertinho de nós. - a mulher falou tristonha.
- Mia... - terminou de cortar os cubos e pegou o tempero para jogar em cima. - Eu não consigo mais ficar aqui. Eu gosto muito de ter você e o papai próximos de mim e do Calleb assim, amo muito isso, mas eu quero ter minha casa, meu lar, para que eu possa cuidar do meu filho, sem que eu me sinta um peso. Eu já vou completar 25 anos, mia. - se virou para mulher que continuava com semblante triste, mas ouvia atentamente a filha. - Preciso seguir minha vida, não posso ficar pra sempre debaixo das suas asas nem das do papai.
A mulher pareceu entender e assentiu com os olhos marejados. Brunna não aguentou e abraçou a mãe e lhe deu um beijo na testa.
Voltaram a terminar o almoço entre conversas e risadas e logo o mesmo já estava pronto. Mirian olhou as horas e viu que já era 12h a manhã na cozinha aonlado de sua gilha havia passado bem rápido.
Depois de tudo pronto Brunna começou arrumar a mesa enquanto sua mãe levava Calleb para lavar as mãos. Antes que eles voltassem o celular de Brunna tocou e ela rapidamente atendeu, não olhando quem era.
- Alô?
- Srt. Gonçalves? Bom dia, aqui é Renato da entrevista, lembra-se?
- Lembro sim, Sr. Smith.
- Então, eu disse que ligaria quando soubesse que dia você começaria. A presidente decidiu que você pode começar amanhã mesmo.
Brunna arregalou os olhos. Amanhã?! Rápido assim?
- Ahm... Certo, Sr. Smith.
- Eu vou lhe enviar um e-mail com seu horário e algumas outras coisas, okay?
- Tudo bem.
- Certo então. Até amanhã, querida.
- Até. Um bom dia!
- Para você também.
Encerrou a ligação e olhou o celular ainda sem acreditar. Em seguida Mirian e Calleb atravessaram a porta da cozinha e a mulher logo reparou no estado da filha.
- Ta tudo bem, Bru? - perguntou enquanto ajudava Calleb a subir em sua cadeirinha.
- Está sim, mãe. Recebi uma ligação do pessoal lá da empresa. - colocou o celular sobre a mesa novamente e olhou para a mãe sorrindo. - Iriei começar amanhã mesmo.
Mirian sorriu animada na mesma hora.
- Meu Deus, filha! Que maravilha! - foi até a mesma e à abraçou enquanto ela ria tão feliz quanto a mãe.
- Não esperava que fosse ser ainda essa semana. Achei que seria na semana que vem.
Se separaram e foram até o balcão da cozinha e pegaram as travessas e colocaram sobre a mesa.
- Bora comer, filho? - Brunna falou para Calleb sentado em sua cadeirinha e ele sorriu assentindo.
- Boraa! - disse animado fazendo com que sua vó e sua mãe rissem.
[...]
- Não está esquecendo nada, Bru? - a mãe de Brunna, próxima a porta, perguntou mais uma vez para a mesma, que riu pela preocupação da mãe.
- Está tudo aqui, Mia, não se preocupe. - caminhou até a mãe e lhe deu um beijo na testa. Foi até o espelho que havia na sala e se olhou mais uma vez. Ela não gostava de se gabar, mas tinha que confessar que ela estava linda pra caralho.
Seus cabelos loiros estavam alisados e partido no meio. Havia passado uma maquiagem não muito forte destacando seus olhos e sua boca, vestia uma blusa de ceda branca lisa, por baixo de um blazer preto, uma calça que abraçava bem suas pernas, da mesma cor do blazer e um salto fino de tiras. Estava muito gostosa.
- Ta bom, Brunna. Chega de se admirar aí, se não vai se atrasar. - a mãe dela chamou a atenção já conhecendo bem a filha que tinha.
- Só estava conferindo se estava tudo certo. - riu e pegou sua bolsa no sofá e foi até o filho deitado prestando atenção no desenho. Beijou os cabelos loiros e ganhou atenção dos enormes olhos castanhos. - A mamã tá indo trabalhar, okay amor?
- E que horas volta? - perguntou e Brunna olhou rapidamente a mãe que os observava com um pequeno sorriso.
- Mais tarde, já vai ter escurecido. - falou e o menino pareceu pensar, analisando a situação. Depois de alguns segundos ele assentiu e sorriu para ela.
- Ta bom, mamã. - se levantou segurou o rosto da mãe para deixar um carinhoso beijo em su bochecha.
Brunna sorriu aliviada pelo filho ter entendido e pelo beijo que havia acabado de ganhar.
- Se comporte, está bem? - falou e o menino assentiu novamente olhando para a televisão. - Obedeça sua vó e nada de ficar fazendo bagunça. Se bagunçar faz oque?
- Põe de volta no lugar. - respondeu automaticamente.
- Muito bem, até mais tarde. - se levantou e foi até a mãe. A mesma a abraçou e lhe deu um beijo no rosto.
- Até, filha. Boa sorte! - Brunna devolveu o beijo na bochecha e se desvencilhou.
O Uber que havia chamado parou em sua porta assim que saiu de casa. Andou calmamente ate o mesmo e entrou.
Continuo?
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