×06×
— Venha, Yerim — o homem no terno cinza dizia, a voz suave e calma.
Yerim se levantou, a cabeça baixa, a mão que pressionava a região atingida tremendo.
— Cuidem de seus ferimentos — o homem nos deu as costas, levando a filha para fora do quarto — e desçam apenas os dois.
— Vocês ouviram! — a professora Chaerin batia palmas, enquanto ordenava que os outros seguissem aos seus quartos.
Virei-me para Jungkook agora, abaixado ao meu lado, seu rosto próximo do meu. Tanto ele quanto Youngjae haviam causado um estrago e tanto.
— Você está bem? — sussurrei, um sorriso doloroso se abrindo em meu rosto. Ele não me responde, porém, apenas me olha, gélido.
Logo a frente, JB forçava Youngjae para que se levantasse, com toda a trupe dos
amigos os seguindo através do corredor. Ele nos deixa um olhar amargo e então desaparecesse com os outros.
Seulgi e Joy me observavam, esperando que eu as acompanhasse também. Estavam zangadas, seus olhos semi-cerrados caindo sobre Jungkook. Ele havia machucado Yerim,
sim, elas não o perdoariam por isso.
— Eu já vou — gaguejei e elas se foram sem mim.
Passamos um tempo em silêncio, segundos tão extensos que se assemelhavam a horas. Respirei fundo quando Jungkook se levantou e atravessou o quarto até a porta. Demorei um tempo para perceber o que fazia, e me levantei cambaleante, quase correndo atrás de si.
— Jungkook! — eu chamava, mas ele não me dava brecha alguma.
Bufei, seguindo-o pelo corredor, meus dedos se envolvendo em seu antebraço para parálo.
Olhei-o nos olhos.
— O que foi? — ele questionou rudemente, quase gritando comigo — volte para o seu quarto, não ouviu os professores?
Ele tentou se desvencilhar, mas segurei-o com a outra mão. Estou ficando irritada com tanta teimosia.
— Dá para parar com isso? — ele parou quando elevei meu tom de voz — onde você vai?
— Não ouviu o que ele disse? Eu tenho que descer e sair desse lugar.
Eu não fazia ideia da verdade nas palavras do diretor. Pensava que houvesse sido uma ameaça vazia, unicamente para assustar aos dois garotos, já que Jungkook era seu filho
e Youngjae nunca houvera tido problemas por aqui. Mas Jungkook parecia ter levado isso a sério.
— Me deixe pelo menos te ajudar a limpar seus ferimentos — tentei.
Forcei contato visual, ainda que ele continuasse tentando se desviar de mim. As maçãs de suas bochechas estavam vermelhas, haviam cortes abaixo do olho esquerdo, nos lábios
e no sobrecilho, além de um roxo que começava a aparecer sobre o olho.
— E por que você faria isso? — levantou uma das sobrancelhas, aproximando o rosto do
meu.
— Se está pensando que é porque gosto de você, está se iludindo — levei meu dedo indicador contra seu peito, empurrando-o.
— É por que, então? — como ele pode ser tão convencido!
— Você me ajudou com meu joelho — cruzei os braços, suspirando — olha, só não quero ficar devendo favores à uma pessoa carrancuda que nem você, isso é só para ficarmos quites.
Ele respirou fundo, como se pudesse sugar todo o oxigênio naquele lugar só para si. Revirou os olhos, então relaxou, balançando a cabeça positivamente. Não pude evitar um sorriso, levando uma mão para segurar a sua. Puxei-o até o banheiro próximo às escadas.
Não estou fazendo isso porque gosto dele. Eu nem gosto dele! Só quero fazer isso porque sinto que devo algo a ele, já que ele me ajudou e... além só mais, ele é irmão da Yerim. Ela não ia querer que ele ficasse sozinho em momentos assim.
Indiquei que deveria ficar próximo a pia, enquanto eu me abaixava para buscar alguns curativos no gabinete do banheiro. Puxei a pequena caixa de primeiros socorros, pousando-a sobre a pedra da pia. Olhei-o por um tempo para só depois começar a de fato
cuidar de si. Trouxe de dentro da caixa um pequeno frasco esbranquiçado e com uma única palavra no rótulo; antisséptico. Molhei um algodão com o líquido do mesmo e lentamente o passei sobre os ferimentos. Imagino que tenha ardido, porque ele reclamava "ais" e "uis" a cada batidinha do algodão em sua pele.
— Isso dói! Pare de rir, Wang — ele fazia caretas e eu tentava muito não rir daquela criatura mal humorada na minha frente.
Eram ferimentos pequenos então os band-aids maiores facilmente os cobririam sem problema algum. Eram todos estampados, cada um com um Pokémon diferente.
— Pronto — exclamei, deixando o último Pikachu sobre o ferimento no sobrecilho.
Ele se virou para o espelho, tocando brevemente o band-aid na testa, então se virou para mim rindo. São facetas suas que pareciam se chocar umas com as outras, ou apenas não estava acostumado a mostrá-las. Meu olhar cai sobre seu sorriso. Era tão lindo...mas
tenho que parar de ficar olhando.
— Sorria mais — soltei.
— Por que? — franziu a testa.
— Talvez assim eu possa começar a gostar de você.
Maldita boca que não consegue ficar fechada! Incrível como falo tudo o que penso.
Seu sorriso desapareceu. A expressão fechada de antes voltou a fazer parte de si e ele deu as costas para mim, saindo do banheiro.
— Então irei sorrir menos — escutei ele sussurrar.
Eu o chamei, mas ele não respondeu. Sai com pressa pela porta do banheiro, forçandomea segui-lo escadaria abaixo. Quando me dei conta, estava já no último degrau ao seu lado, com todos os professores conversando alto em nossa frente. Não entendíamos nada.
Ouvi passos atrás de nós e me virei, deparando-me com YoungYoungjae. Ele tinha cortes nos lábios, o olho direito era mantido fechado, os cabelos desgrenhados. Ele sorriu fraco ao me ver e pensei tê-lo ouvido sussurrar o meu nome.
Meu coração se despedaçou. Levei os dedos aos seus fios de cabelo, afagando-os brevemente.
— Você está horrível, Youngjae — exclamei, meus olhos sobre seu rosto ferido. Ele riu fraco.
— Um guerreiro é feito de cicatrizes — zombou, descendo ao pátio conosco.
O diretor nos interceptou, Yerim ao seu lado temerosa, um pequeno curativo de gase e esparadrapos cobrindo a bochecha.
— O que está fazendo aqui, Yang Mi? — mas foi a professora Chaerin quem me afugentou — volte já ao seu quarto.
— Não! — Yerim soltou, vindo ao meu encontro. Entrelaço seu braço ao meu, e olhei-a curiosa — pode deixá-la aqui.
Ela olhava para o diretor, procurando desesperadamente por sua aprovação, e foi só quando ele balançou a cabeça em concordância que seu corpo relaxou ao lado do meu. Ela esticou uma mão para o lado e percebi-a entrelaçar os dedos ao do irmão. Ele sorriu, o olhar baixo no chão.
Talvez ele não seja tão chato e carrancudo quanto soa.
— Qual foi a sua decisão, diretor? — uma das professoras questionou após um bocejo longo, a cabeça encostada no ombro da professora Chaerin.
O diretor se demorou em sua resposta. Olhou para YoungYoungjae e então para Jungkook — Quero os dois fora da minha escola.
Ele estava realmente falando sério?Meus olhos quase saltam da órbita.
— Pai, não faz isso! — os olhos de Yerim brilhavam em lágrimas.
— Diretor, eu estou aqui há anos! — YoungYoungjae falou pela primeira vez desde que pisara no pátio. Estiquei a mão para tocar seu braço — Não posso sair daqui agora...
— Eu não vou sair daqui — Jungkook cortou, firme. Os olhos fixos nos do pai.
Uma movimentação cresceu nos fundos do pátio, e os cabelos descoloridos do professor Kim Seokjin se aproximavam do diretor. Ele trocou olhares com Namjoon, e então parou
ao lado do homem.
— Senhor diretor... — arranhou a garganta — eles são nossos alunos, não podemos colocá-los para fora.
Ainda assim, o diretor encarava Yerim e Jungkook o tempo todo. Youngjae se
encolhia, talvez de vergonha. Deixei Yerim para acalma-lo, minha mão apertando levemente a sua ao meu lado.
— Vai ficar tudo bem — eu sussurrava, embora sentisse que não ajudava em muito.
— Tudo bem — o homem a frente finalmente respondeu, e todas os olhares se levantaram juntos para ele — apenas um ficará.
Como é?! YoungYoungjae apertou minha mão sob a sua. Jungkook era filho do diretor, é claro que seria ele quem permaneceria.
— Mas não será tão fácil — ele completa, as mãos descendo para os bolsos da calça.
Jungkook estava inquieto ao lado de Yerim. Cada olhar no pátio era cortante contra as palavras do diretor. O que diabos ele planeja?
— O colégio Saenghwal tem uma bandeira cravada no meio da floresta — agora o homem traçava seu olhar entre Jungkook e Youngjae — quem me trouxer a bandeira terá o direito de ficar na escola.
— Você tem certeza disso? — era Namjoon quem o contestava agora.
— Você não pode fazer isso! Sabe o quanto é perigoso lá fora — Yerim clamou, mas o apenas a olhou. Não houve uma palavra desferida para ela.
— Shhh... — Jungkook sussurrou — se é isso o que o papai quer, nós faremos.
Então eu olhava para Youngjae. Ele engolia em seco, o corpo tremendo enquanto ele balançava a cabeça vagarosamente em concordância.
— Ótimo — o diretor falou — podem ir.
— Quer que eles vão agora? — Hoseok arregalou os olhos — são mais de dez da noite. A floresta já é perigosa durante o dia, imagine nesse horário!
Vários professores contestaram, mas não houve efeito algum na decisão do homem. Ele estava no comando, todos entendiam isso. Suspirou pesadamente.
— Eles deverão ir agora, apenas com o que possuem no corpo.
— Você só pode estar brincando — soltei, e seus olhos passaram por mim, mas ele não reagiu ao que eu disse.
— Não sei para que isso tudo. Todos sabem que sou eu quem voltará com a bandeira — é claro, Jungkook, caminhando para fora da escola entre a multidão de colaboradores.
Youngjae, ainda atrapalhado, deslizou as mãos para o meu rosto, deixando um
selar rápido sobre minha testa. Senti o rubor crescente em minha face e desviei os olhos, desconcertada.
— Youngjae... — ouvi-me sussurrando seu nome, envergonhada.
— Eu irei voltar para você me dar uma bronca depois — ele sorriu, correndo para alcançar Jungkook — eu irei voltar com aquela bandeira! — gritou.
— É o que iremos ver — Jungkook completou, suas mãos estendidas ao puxar os enormes portões de entrada.
Então, os dois saíram em disparada.
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Eu espero que estejam todos bem^^
Comentem o que acharam, a opinião de vocês é importante, e me auxiliam muito na fic.
E votem por que me ajuda muito.
É isso, amo vocês<3
Bjinhos!
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