O silêncio do amanhã
Conforme os segundos passavam, se tornavam longos minutos, no qual Felix passava observando o céu através de sua janela. Precisava esperar amanhecer.
Com sua lanterna quebrada, havia perdido o mínimo de visão que possuía, a sua casa mais uma vez estava sem luz e agora parecia ser verídico, não iria voltar até amanhecer.
Não sabia o que aquele monstro havia feito para faltar luz desse jeito, mas tinha certeza que foi obra dele, não haviam dúvidas a serem sanadas.
Um suspiro cansado soou por seus lábios, que logo foram tampados pela sua própria mão. Não faria a burrice de emitir som dessa forma, ainda mais próximo da janela aberta, como estava nesse exato momento.
O silêncio reinou por longos segundos, quando notou finalmente que a criatura provavelmente estava longe demais para ouvir seu suspiro. Um sorriso aliviado se esboçou em sua face.
O sorriso lindo e radiante, que lentamente se desmanchou para um sorriso cansado e desanimado, até finalmente se transformar na feição mais triste vista. As lágrimas escorriam de seus olhos, deslizando por suas bochechas e pingando sobre suas coxas expostas pela jeans rasgada.
Os fios loiros manchados de terra e sangue estavam embaraçados, porém ainda assim balançavam com o vento frio batendo sobre sua face.
Aquele estranho que julgou tanto, havia salvado sua vida, e agora parecia um fruto de sua mente fértil. Estaria maluco? Ou no fim das contas não passava de uma mera ilusão de sua cabeça?
Nenhum grunhido ecoava naquele instante, apenas o som profundo e sombrio do silêncio.
Era tudo tão esquisito, a sensação de que talvez, todo o som do mundo tivesse diminuído, ou pior, acabado de vez.
Mesmo que chorasse ou gritasse, seria apenas sua voz soando por todo o universo? Haveria mais alguém falando? Ou seria apenas ele?
Se sentia assustado, apavorado. Deveria ter prestado atenção naquele meteoro desde cedo, assim, teria tempo de ir a cidade e buscar ajuda precipitada.
Mas pensando bem... quem iria acreditar? Como explicaria a situação que ele ainda nem tinha vivido? Naquele momento ele ainda não saberia do nível do terror que sofreria. Não saberia o quão ruim, o quão péssimo, seria ser o último ser vivo capaz de emitir sons nesse planeta inteiro.
Obviamente ninguém acreditaria, o máximo que conseguiria seria ter um meio muito complicado de escapar com vida.
E se a criatura chegasse na cidade? Tudo era barulho, tudo era complicado, já que teria que sobreviver e dependeria das pessoas ao seu redor, já que se elas fizessem barulho, morreriam tanto ele quanto a pessoa.
Estava tão silencioso que doía a cabeça.
Lentamente, seus olhos se fechavam, enquanto se deitava em sua cama e aceitava aquele momento silencioso apenas para si.
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