9. Alice estou treinando pra te enfrentar
- Escuta aqui... - A voz de Leo saiu firme e sólida desta vez. - Não tem mais desculpas, não tem mais frescuras, nada de abstenção. Está me ouvindo?
O rosto de Leo estava sério e ele franzia a sobrancelha da forma mais sisuda possível para que Alice entendesse que a brincadeira tinha acabado.
- Chega de me levar em banho-maria! - Bradou e estufou o peito ousadamente. - Chega de me fazer de idiota, como se fosse um trouxa que atura todos os seus xiliques. Eu cansei!
Leo manteve-se firme, com olhar duro e fixo no alvo. Desta vez precisava ter alguma valia em sua argumentação, porque Alice já o havia esticado até os limites do aceitável, talvez até mais longe que isso.
- Eu não sou um banana! - Gritou.
- Não sou um bastardo!
A coragem tomava forma dentro de seu corpo e Leo sentia como se faíscas de adrenalina o percorressem, emitindo ondas de eletricidade por todo seu sistema. Seu coração pulsava dentro do peito enlouquecidamente e acreditava que poderia ter uma arritmia cardíaca a qualquer instante.
- Não mais segredos, ouviu bem? Nem mentiras ou enganação!
- Estou cansado de ser colocado no banco de reservas dessa história! - Gesticulava poderosamente com as mãos e o peito espandia-se toda vez que abria os braços. - Eu existo em algum lugar, ouviu?
- Eu existo! Eu existo! Eu existo!
Poderia continuar repetindo esta pequena frase por horas e horas e horas, até que ela tornasse parte da mente de Alice, que se infiltrasse em seu íntimo sem chance de ser ignorada ou retorno para o emissor. Pensando melhor, o emissor talvez precisasse aspirar e absorver a curta frase, mas tão significativa também, para seu próprio bem.
- Ah, Alice! - Gemeu. - Por que você me enlouquece, hãm?
- Por que me tira do sério com toda essa loucura nômade? Você precisa parar de sacudir meu mundo!!
- Pare já com isso, certo?? Pare agora mesmo!
As bochechas cor de leite do rapaz pegavam fogo em resposta à latente excitação de seu discurso apaixonado.
- Eu não sou um resignado, nem condescendente, fique você sabendo!
- Oi, Leo! - A porta da sala se abriu revelando a silhueta pequena e delicada de Alice. - Tão cedo em casa?
- Hum... - Ele não foi capaz de formular nenhuma frase.
- Algum problema?
Leo apenas sacudiu a cabeça de um lado para o outro, numa veemente negativa. Alice saltitou até ele e beijou-lhe demorada e apaixonadamente nos lábios.
- Que bom que você está aqui! Ficaria muito entediada até à noite.
Ele apenas concordou com a cabeça, olhou de relance para o grande espelho de corpo inteiro em que estivera encarando momentos antes, percebendo que o homem corajoso de minutos atrás não estava mais olhando de volta para ele.
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