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C A P Í T U L O 47

Destinos aleatórios

          Eu havia entendido direito? Por acaso aquilo era algum tipo de extermínio?! Olhei para o meu marido, meus olhos muito abertos e os meus dedos se enterrando em sua mão com força, levando-o a me fitar com um olhar repreensor que dizia para eu ficar bem quieta, senão iria sobrar para mim. Eu jamais me meteria nos assuntos dele de qualquer forma, o meu nível de insanidade não havia chegado a esse extremo.

          ― Rodger e eu podemos lidar tranquilamente com Julian e Drew. ― Kranz deslizou a mão pela barba umas duas vezes, estendendo um sorrisinho soberbo. ― Diria que até mesmo Ruslan, apesar dos seus cento e setenta e cinco anos a mais do que eu.

          ― Não ― Anton contrapôs em tom decisivo. ― Vocês até podem enjaulá-los, mas as três primeiras crias de Hilbert morrerão pelas minhas mãos na frente dele, assim como Skylar Hartell. ― A vampira... céus, era a vampira do aniversário! ― A minha única intenção é despertar a ira do Vincent, e eu não os quero envolvidos nisso.

          Era muita coisa para digerir. Abandonei a mão do Anton obrigando-o a retirá-la de mim quando me arrastei até a mesinha de centro, onde peguei a taça com a água gaseificada que Edgar havia me servido. Os meus dedos tremiam um pouco, e eu tive que segurar o cristal com as duas mãos para retornar minhas costas para o sofá.

          ― Consegui com o Conselho de Draos o mapa criacional atualizado de todo o clã, então considere o trabalho feito ― garantiu Kranz enchendo a sua taça novamente até quase a borda. ― Também descobri que cinco das dez primeiras crias de Hilbert se encontram aqui há pouco mais de quinze dias, especificamente Julian, Aldous, Jeez, Dreesen e Roffe, o que achei suspeito, me parece que os cinco estão andando em bando.

          ― Jeez e Roffe estão mortos. ― Anton voltara a mão para a minha coxa, e agora os seus dedos a comprimiam lentamente. ― Semana passada fiquei um pouco entediado ― disse despretensioso, pousando aquelas íris em mim. O brilho delas se enervando, a sua mão se fechando em minha carne, e eu tentando entender o que estava acontecendo. E fora ao repassar a sua última frase que me dei conta de que ele falava da semana em que eu estava em Aiden. ― E por azar, eles acabaram se colocando no meu caminho.

          Não era possível. A intenção dele era enumerar mais uma das consequências dos meus atos, ou asseverar o quanto havia ficado enfurecido? Não mesmo, eu me recusava a sentir qualquer culpa por isso, a minha raiva era maior, porque o louco exterminador de vampiros ali era ele, não eu. Fixei meus olhos na taça em minhas mãos e, tentando ignorar a vontade de jogar aquela água na cara dele, a levei aos lábios.

          ― Não sei se você sabe, mas Samantha Hartell também se encontra no país.

          Quase cuspi a água de volta, mas a bomba saíra da boca de Kranz e chegara aos meus ouvidos no exato instante em que o líquido me descia pela garganta, fazendo-me engasgar e começar a tossir em total descontrole. Cinco pares de olhos masculinos caíram sobre mim antes do Anton retirar a taça das minhas mãos e Edgar, solicitamente, me entregar um guardanapo de papel.

          Céus, havia como aquilo piorar?

          A vampira, ex dele, estava aqui! Será que Anton sabia? Seu corpo permanecia virado para mim, os olhos me analisando tão intensamente que pareciam brasas, uma quase palpável contradição com o peso frio que me esmagava por dentro. Peguei a taça da mão dele e bebi mais um gole de água, então a devolvi para a mesinha usando essa desculpa para evitar seu olhar, pois havia se tornado demais para eu conseguir suportar aquela prospecção sem entregar as minhas emoções.

          ― A vi no aniversário do Vincent, mas não sabia que continuava aqui ― ele respondeu sem muito interesse, voltando-se para frente e a mão, para a minha perna. Então ela estava na casa de Eleonora, e eu nem havia ficado sabendo! Provavelmente eu a vira, mas será que tínhamos conversado? Não, nenhuma das mulheres com quem conversei se apresentara como Samantha. ― Creio que a vinda de vocês aqui será proveitosa, podem começar a caça por ela.

          Era errado eu não só ter me sentido aliviada, mas sobretudo, ter gostado de ouvir o absurdo que Anton acabava de dizer com tanta frieza e desprezo? Em pensamento eu sacudia a minha cabeça fervorosamente, porque parecia muito errado, porém, era a verdade e eu nem conseguia negá-la.

          O seu desapego me revelara que a vampira não havia sido nada para ele, assim como todo mundo parecia não ser. No entanto, a questão maior era se algum dia Anton se apegaria a alguém de modo a se tornar tão indispensável quanto ao sangue que ele precisava beber todos os dias. Alguém que seria tão básico e essencial à sua existência, que o faria esquecer da dor, dos vícios, da indiferença e do vazio da morte; alguém que seria a razão dos seus risos, dos seus pensamentos altruístas; alguém tão forte que seria capaz de quebrar a pedra em seu peito e fazer nascer algum sentimento.

          Eu queria ser esse alguém, Aine era prova disso, do quanto eu queria. E admito que estava começando a ficar com medo desses sentimentos, da rapidez com que haviam se tornado tão intensos, e da inevitabilidade do destino para o qual estavam avançando.

          Tornei a colocar a minha mão esquerda sobre a dele, entrelaçando nossos dedos. Nossas alianças se encontraram, uma ao lado da outra, a opacidade e acabamento bruto da dele, em contraste com o brilho e a delicadeza dos diamantes lapidados da minha. Destinos iguais deveriam ter o mesmo significado, a mesma importância, e prover os mesmos sentimentos, mas não era assim, e algum dia seria?

          ― Na verdade, podemos começar por Julian, Aldous e Dreesen ― manifestou-se Gianni pela primeira vez atraindo a atenção de todos. Ele corria o dedo freneticamente pelo celular. ― Acabei de receber a lista da área VIP que solicitei na entrada, os três estarão aqui na RedDoor hoje.

          Soames riu levantando a taça em comemoração, então virou o Opus que ali estava para em seguida voltar a enchê-la. Já Hooker, em um esgar estranho, meio contorcido, conseguira repuxar um sorriso enviesado, mas nada mais que isso, o mesmo nem sequer falava ou bebia, ao contrário do parceiro que virava uma taça atrás da outra. Reparei que Edgar e Gianni também bebiam, mas moderadamente, enquanto o meu marido nem tocara em seu BlackOpus.

          ― Mais alguma informação relevante? ― Anton perguntou olhando diretamente para Soames. 

          O vampiro afastou a taça dos lábios e, com a boca cheia, sacudiu a cabeça positivamente, um brilho pretensioso cobrindo suas íris cinzentas.

          ― Você vai gostar de ouvir essa ― afirmou após engolir e limpar os lábios com o dorso da mão. Era impressão minha ou ele já estava ficando alterado por causa do Opus? Não era para menos, três garrafas já se encontravam totalmente vazias. ― Descobri que Hilbert Hartell, em seu encargo de reitor da London University, anda recrutando os estudantes de maior destaque nas áreas de pesquisa e inovação tecnológica para um projeto pessoal. Pelo que apurei, me parece que ele está determinado a se tornar um dos seus concorrentes. ― Anton permaneceu calado, estoico, como se esperasse por uma informação verdadeiramente relevante, e isso pareceu abalar a expectativa do outro vampiro. ― Você não parece surpreso.

          O desapontamento dele fora tão ingênuo que chegara a ser engraçado, de um jeito que Gianni não conseguira conter o riso, embora muito discreto e rápido. O mesmo riso que Edgar espremera o semblante para evitar, o mesmo que Hooker se mantivera alheio, e o mesmo que não ousei dar para não chamar a atenção. 

          ― Eu já sabia ― Anton admitiu com uma serenidade quase entediada. ― Recentemente descobri que ele estava usando o vice-presidente da Harch Motors para subornar e até mesmo ameaçar alguns dos diretores da Skar, a fim de obter informações sigilosas de alguns dos meus projetos de ponta.

          Soames sibilou um silvo impressionado, tão logo a sua testa franziu-se e sua expressão migrou da surpresa para a reflexão.

          ― O desgraçado quer foder você de todo jeito ― observou balançando a cabeça devagar, antes de virar o restante da bebida que segurava. ― Sinceramente, temos todas as razões para concluir que é ele quem estava envolvido. ― O vampiro parou de falar, lançando um olhar avaliativo para o Anton. ― Enfim, imagino que você já cuidou do problema com a Harch?

          ― Em especial, do vice-presidente, sim. 

          E lá estava Anton em sua causalidade desdenhosa outra vez, em tal intensidade que por um segundo me fez acreditar ter assimilado errado o sentido da conversa, e parecia ter sido este mesmo desprezo pela vida dos seres, que desencadeara uma gargalhada em Kranz, já visivelmente alterado.

          Como ele pretendia caçar os vampiros que estariam ali, naquele estado? Anton nem ao menos parecia preocupado com isso, na verdade, ele não parecia preocupado com nada. Aquela conversa insana estava sendo tratada de uma maneira tão trivial e cotidiana quanto a lista de compras feita por Rose semanalmente para casa, e isso era assustador, mas não mais me abalava como antes.

          ― Você havia dito que pretende voltar para Londres em definitivo ainda este ano, já tem alguma previsão?

          Minhas pálpebras se fecharam uma, duas, três, vezes, mas o impacto em meu peito havia sido instantâneo. Rapidamente os meus olhos encontraram os de Anton, e o tempo passou a ser marcado por cada um dos meus batimentos enervados enquanto eu implorava em silêncio para que ele dissesse que Kranz havia entendido errado, ou simplesmente que tinha mudado de ideia. Porém, ele permaneceu calado e apenas desviara o olhar, antes de se inclinar até a mesinha e pegar a taça de BlackOpus.

          Anton não negara, e pouco parecia ter mudado de ideia.

          Voltar para Londres. Voltar em definitivo. Londres. O que aconteceria com o nosso casamento? Como um eco acerado, as palavras se repetiram em minha mente várias e várias vezes, e cada uma delas parecia me roubar a habilidade de respirar. Um zunido surgira ao fundo, mas meu cérebro não conseguira defini-lo, na verdade, ele não conseguia distinguir mais nada. Eu mal conseguia ver, mal conseguia sentir, exceto aquela náusea que me revirava o estômago.

          Eu precisava sair dali.

          ― Preciso... preciso ir ao toalete ― consegui dizer, já me levantando.

          Se Anton falara alguma coisa, eu não ouvi ou sequer havia dado tempo para isso, pois saí da sala muito rápido e sem nem perceber. Eu também nem me lembrara de que existiam toaletes ao final do corredor. Só consegui respirar e me dar conta do que fazia, quando já estava na Área VIP, andando entre as pessoas no meio daquele caos sonoro de vozes e música alta.

          Ao me situar, segui na direção em que me recordava que ficavam os banheiros. A cabeça levemente baixa e a mão no estômago, como se pudessem amenizar aquela ânsia que ameaçava fazer tudo voltar. Passei pelo bar e seguia por um jogo de sofás que ficava antes da entrada do corredor dos sanitários, quando me choquei com um corpo masculino alto e de energia forte, coberto por camiseta, jaqueta de couro e calça, todos pretos.

          Meu olhar fora subindo devagar, seguindo a trilha do pescoço de pele clara com seu pomo-de-adão pronunciado, do queixo quadrado com uma covinha que projetava uma sutil divisão, até os olhos cinzas e cabelos loiros escuros. Aquele vampiro não me era estranho, eu já o tinha visto. Era o mesmo vampiro que me causara arrepios, quando o encontrei na saída da cafeteria à beira da estrada.

          Ah céus, por que ele me olhava daquele jeito, como se tivesse acabado de encontrar um prêmio de valor inestimado? O meu estômago se contraíra ainda mais, estava vindo, eu podia sentir, não dava para segurar.

          ― Se encostar em um fio de cabelo dela, considere-se morto, Julian. ― Era a voz do Edgar?

          Não me virei para confirmar, pois já podia sentir as minhas vísceras em minha garganta. Desviei do vampiro e saí correndo para o banheiro, só parando quando já estava curvada sobre o vaso sanitário vomitando todo o jantar. Enquanto tentava controlar aquele enjoo extenuador, ouvi alguns barulhos destoantes vindo de fora do banheiro. Cheguei a pensar que eram gritos, mas a música estava alta e deixava tudo difuso, então concluí que devia ser apenas algum efeito do som.

          Foram longos minutos até a ânsia cessar, e acredito que só cessara porque não havia mais nada em meu estômago, se não, um doloroso vazio. Após limpar a boca e apertar o botão da descarga, endireitei meu tronco para cima sentindo-me terrivelmente fraca. As minhas pernas estavam trêmulas e eu precisei me apoiar na porta da cabine para que não cedessem.

          Londres. Ele iria embora para Londres. Apertei os olhos tentando parar aquele formigamento indesejado dentro deles, o meu peito se contraindo, e a melancolia vindo amarga e imiscuída à raiva. Por que Anton não havia me falado que pretendia ir embora? Será que ele pelo menos tinha a intenção de me contar?

           Droga, eu não queria chorar, não queria. Aquele parecia ser um motivo muito estúpido, pois no fundo eu sempre soube que a nossa relação não iria durar. Tentei a todo modo não pensar no futuro, e eu estava ficando boa nisso, estava aprendendo a não remoer coisas que me perturbavam. Só que naquele momento, a minha fraqueza não era só física, mas também emocional, e tudo tinha vindo à tona tão de repente.

          O ecoar da porta se abrindo fora abrupto, e junto dele pude sentir a energia mais intensa e poderosa que existia. Ele estava ali, do outro lado daquela porta. Passos firmes retumbaram, e então a torneira fora aberta, um ruído propício para disfarçar um último suspiro profundo, antes de abrir a cabine e me deparar com aquelas íris inflamadas me fitando pelo reflexo do espelho.

          Aproximei-me da pia devagar, Anton estava com os punhos da camisa abertos e puxados para cima, assim como as mangas do blazer. Em suas mãos e antebraços, fluidos vermelhos iam sendo esfregados e diluídos pela água. Pouco a pouco, escorrendo pelo ralo, sendo extintos e reduzido à sua irrelevância. Não era preciso perguntar o que era aquilo, muito menos o que havia acontecido, eu sabia, sentia o cheiro, e àquela altura pouco me importava. 

          Eu estava exausta e só queria ir embora para casa.

          O rumor da água cessou quando a torneira fora fechada, e então viera o silêncio enquanto Anton pegava uma das toalhas pretas para enxugar as mãos e antebraços, ainda me observando pelo espelho. O maxilar teso e os olhos revelando o fim de todos os limites visíveis, onde havia sombras, onde se escondiam segredos propositalmente enterrados. Uma visão que sempre me detinha a respiração nos pulmões.

          O silêncio era uma prova de que ele estava tentando manter o controle.

          ― Eu... ― Tentei falar alguma coisa, mas não sabia por onde começar, e tudo que quis se formar em minha mente arrefeceu antes mesmo de ganhar vida.

          ― Por que merda você saiu correndo daquele jeito? ― Eu havia corrido? E era por isso que ele parecia bravo?

          ― Anton, eu... o meu estômago, eu não estava me sentindo muito bem e nem me lembrei que tinha banheiro lá em cima.

          Seja lá qual fosse a raiva contida e mal disfarçada, parecia ter se dissipado como um passe de mágica, pois a sua expressão se abrandara, dando lugar a um tênue franzir de cenho, talvez por desconfiança ou, ainda que menos provável, por ele ter ficado preocupado.

          Abandonando a toalha na pia, Anton se aproximou olhando-me nos olhos. Sua mão fora levada à lateral do meu rosto, e deslizada lentamente afastando o meu cabelo num gesto muito suave, quase amoroso. Deixei minhas pálpebras caírem, rendendo-me à sensação enternecida, mas que também viera atrelada à crescente tristeza, porque eu sabia que o que havia entre nós não duraria por muito mais tempo.

          ― Você está melhor?

          Sua voz grave reverberou bem fundo, estremecendo-me, e muito rápido os meus olhos se abriram sentindo o poder daquelas íris vítreas sobre mim. A sua pergunta inesperada me deixara sem palavras, restando-me somente anuir, antes de abraçá-lo forte, enterrando o meu nariz em seu peito. 

          Eu precisava tanto daquele cheiro, daquele contato, daquelas mãos afagando o meu cabelo, descendo, e contornando-me as costas; daquele sussurro baixo e profundo da sua respiração, do seu coração calmo e imperturbável. Eu precisava tanto... dele. O que seria de mim quando ele fosse embora?

          Pergunte sobre Londres, pergunte! Não havia coragem, não havia forças.

          ― Vamos embora, fada.

          Mantive o meu silêncio, engasgada, já muito perto de me entregar ao choro. Apenas me deixei guiar por Anton para fora do banheiro, me assustando com aspecto de abandono causado pelo vazio repentino que estava a área VIP. As luzes principais haviam sido acesas, a música tivera seu volume diminuído, e logo à frente, próximo de onde o vampiro estranho tinha me abordado, estavam dois funcionários com esfregões, limpando a grande poça de sangue aberta sobre chão.

          O choque de assimilação me paralisou, levando Anton a reforçar o aperto do seu braço à minha volta.  Destruição. Por onde passávamos era deixado um eco de destruição em seu nível mais profundo e irreversível, a morte.

          ― Não se deixe sensibilizar pelo insignificante, foi apenas uma aleatoriedade do destino.

          Nem se eu quisesse conseguiria me sensibilizar, porque naquele momento o meu coração e a minha mente estavam integralmente preenchidos por outro tipo de desespero.



We Fall Down ‒ ASTR


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