C A P Í T U L O 43
Do desejo, a vítima
O ar frio do quarto entrou em contato direto com as minhas partes íntimas, e tão breve quanto senti seu olhar arder sobre mim devorando cada milímetro da minha bunda, ouvi seu suspiro forte, renhido, mesclado a um pequeno som rouco rasgado em sua garganta. Eu até poderia tentar decifrar melhor a sua reação, se não estivesse em uma posição tão vulnerável e reveladora.
Sentia-me tão exposta, mas ao mesmo tempo tão dele, e toda conjuntura estava me deixando confusamente excitada, úmida, muito úmida. Constrangimento e insegurança me preencheram e se misturaram ao desejo efusivo, sobrecarregando o momento com uma tensão sensual, melindrosa e desconcertante. Remexi-me inquieta tentando resistir ao ímpeto de me levantar, e ao virar a minha cabeça para olhá-lo, engasguei-me com o ar ante ao choque alto e ardente de um tapa em minha nádega direita.
― Ai! ― protestei ao recuperar o fôlego. ― Isso... isso doeu.
― Shhh... afaste as pernas e fique quieta. ― A sua voz havia adquirido uma natureza mais ríspida, autoritária, mas não relevei, pois naquele segundo todos os meus sentidos se voltaram para o som metálico que passou a ressoar, o qual concluí ser da fivela do seu cinto. Apenas o obedeci, distanciando ainda mais as minhas pernas. ― Vou meter em você assim, e vou meter tão fundo quanto eu puder.
Deuses... era normal ter gostado de ouvir essas obscenidades? A vergonha e o receio haviam me abandonado, nada mais importava.
Ouvi o ruído da sua braguilha sendo aberta lentamente, substituindo qualquer vestígio de insegurança por um desejo exasperante, agravado por aquela expectativa sôfrega. O meu corpo latejava, cada nervo meu agitado pela ansiedade, desesperado pelo toque dele, ciente de toda a promessa contida naqueles gestos e palavras, e muito ciente de tudo o que ele podia me fazer sentir.
― Vou te comer, fada. Te devorar, por dentro e por fora.
Oh céus.
Eu não estava bem, mas ninguém ficaria bem naquelas circunstâncias, a espera estava me enlouquecendo. Eu o desejava com tanta carência e pressa, que o tempo parecia ter parado, cada movimento seu parecia perdurar uma eternidade. Prendi uma pequena porção de ar e engoli duramente, agora ouvindo o tecido de sua roupa sussurrar, e eu já podia sentir o meu coração em um transe enervado, palpitando nas minhas regiões mais impróprias.
Anton segurou os meus quadris, uma mão se arrastando veemente e brutal, agarrando as minhas nádegas e rastejando pelas minhas costas em um complexo de carinho e posse, enquanto a outra guiava a sua ereção em minha entrada, umedecendo a ponta, testando, me preparando e eu já mais que pronta para recebê-lo. Quando os seus dedos se agarraram ao meu cabelo, deixei minhas pálpebras caírem e segurei a respiração.
― Vou te fazer gritar e implorar por mais.
E eu gritei, gritei cravando as minhas unhas no edredom e ouvindo o seu rosnado gutural, quando ele entrou em mim de uma vez, levando todo o meu corpo para frente com a arremetida vigorosa.
Tão preenchida, completa e sem fôlego.
Nossos quadris inteiramente unidos, se distanciaram, e então ele me invadiu outra vez, as extremidades da sua roupa roçando as minhas pernas tensas, e eu sentindo-o ir tão fundo quanto eu aguentava. A minha carne ia se apertando e se expandindo ao redor de cada impulsão forte, me dominando, invadindo bruscamente, rápido, de novo e de novo. Murmúrios de prazer começaram a escapar pela minha boca entremeio às inspirações irregulares conforme ele me acometia de uma maneira animalesca, libertando sons que eram uma mistura de adoração e luxúria selvagem.
Aquele contato era tão intenso, tão forte e... perverso, mas tão apropriado àquela ânsia que sufocava.
Anton não estava sendo cuidadoso, não estava descobrindo um território antes intocado, ele estava me possuindo. Era reconhecimento, era pura reivindicação pelo que era dele, com algum tipo de carência que quase parecia saudade e que transformava o desejo em uma necessidade absoluta e violenta. O seu descontrole e a sua urgência eram o meu desespero refletido e correspondido.
Eu estava ao mesmo tempo assustada e extremamente excitada. Ele me penetrava cada vez mais duro, mais rude, a sua ereção parecia adquirir uma proporção quase anormal, forçando as minhas paredes internas. E eu o aceitava inteiro em meu calor com uma gratidão estranha por aquela brutalidade, cada vez mais inflamada, mais sedenta, arfando e me contorcendo quando, à cada investida, ele atingia aquele ponto lá dentro.
Sob aquela força primitiva, o meu corpo cedeu à frente e os meus seios foram pressionados contra o colchão, para cima e para baixo impulsionados pelos movimentos bruscos e profundos dele contra a minha bunda. De tão desejosa, me vi arqueando para trás para tê-lo mais e mais, os instintos comandando e me impedindo de assimilar, de me conter. O prazer crescendo e crescendo, escorrendo pelos meus lábios em súplicas, contraindo o meu núcleo e acelerando o meu sangue. Passei a ofegar desconexa, incapaz de acompanhar aquele ritmo ensandecido dele, eu estava quase pronta para me deixar levar por aquelas sensações, mas Anton percebera.
― Nem pense nisso, fada ― rosnou ele em meu ouvido diminuindo o ritmo das suas estocadas.
Apoiando-se nos joelhos ao lado das minhas coxas, Anton capturou os meus pulsos, os arrastou acima da minha cabeça e os prendeu lá com uma mão, com a outra, deslizou por baixo de mim diretamente para a minha protuberância sensível, fazendo-me agarrar uma inspiração para conter o grito que não pude impedir.
Os seus dedos se fecharam nos meus pulsos começando a interromper minha circulação, e os estímulos em meu centro se acentuaram, se elevaram, e então viraram pequenos apertos, cada vez mais acentuados, mais duros e penetrantes, dispersando fagulhas intensas de dor e prazer.
Dor e prazer.
Intenso demais, confuso demais.
Duas sensações completamente opostas, uma intensificando a outra e igualmente impedindo-a de se aprofundar. Eu gritei, as minhas pernas convulsionando e eu tentando escapar, tentando inutilmente fugir da constrição do peso de seu corpo que me esmagava me forçando a aceitar o seu ritmo. Havia sido de propósito, ele estava fazendo aquilo para não me deixar chegar lá, para me ver implorar.
― Não, por favor, por favor, eu preciso ― supliquei sentindo-me em uma linha tênue, infinitamente presa naquele lugar entre a impetuosidade do desejo, e o incômodo da dor, incapaz de integrar um ao outro para que conseguisse a satisfação que o meu corpo implorava.
Perto, eu estava muito perto de me desfazer, mas ao mesmo tempo longe.
Anton retirou a mão do meu sexo, levando-a de encontro à outra em meus pulsos. Mais uma arremetida implacável, outra, outra, e o seu corpo tensionou sob um rugido grave seguido por uma sucessão de respirações arfantes, enquanto o seu membro vibrava e ardia dentro de mim, recuando e entrando, então diminuindo o ritmo até quase parar.
― Não, por favor, não para ― choraminguei desorientada, em meio à sensibilidade aflorada do meu corpo, precisando desesperadamente aliviar aquela dor. ― Eu preciso...
― Shhh... ― Ainda movimentando os quadris devagar, Anton afastou o meu cabelo para o lado e curvou o tronco à frente levando os lábios ao meu pescoço, onde os arrastou em uma carícia suave. ― Eu te entendo, babe. ― Inquieta, tentei empurrar a minha bunda contra a sua virilha para ir mais rápido, mas o seu peso sobre as minhas pernas limitava os meus movimentos. ― Foram quatro fodidos dias assim, de pau duro, desejando me enterrar em você, tanto quanto desejava matá-la por ter fugido. ― Sibilei o seu nome em um clamor, sentindo meu último fio de razão ser tomado pela impaciência e desespero. ― Eu sei, você quer gozar. O cheiro da sua excitação me deixa louco, sabia? Louco. Tão gostosa, apertada e malditamente viciante. ― A sua língua correu quente pela minha pele úmida de suor. ― Mas lamentável que seja tão terrível, insolente e negligente.
Foi então que abrupto e de repente, Anton saiu de dentro de mim, deixando-me um vazio agoniante. Todo o seu peso foi retirado de cima do meu corpo, em seguida aliviado do colchão, e quando percebi, ele já havia saído da cama. Mais do que depressa virei me sentando, vendo-o subir a cueca e depois a calça. Minhas pernas tremiam pela tensão acumulada e não satisfeita, e eu sentia os resquícios do seu prazer escorrendo do meu sexo.
― O que... o que você está fazendo?! ― perguntei, mas a verdade era que eu sabia, só não queria acreditar. Ele continuava excitado, então nós poderíamos prosseguir de onde havíamos parado.
Elevando uma sobrancelha, Anton curvou o canto do lábio em um sorriso cruel.
― Este é o seu castigo, fada ― disse terminando de fechar o cinto. ― Agora você está sentindo na pele, como me deixou durante esses dias.
Abandonado? Frustrado? Dolorosamente excitado, ensandecido e furioso? Eu me sentia exatamente assim, mas não conseguia acreditar que fora a raiva e a excitação, essas mesmas sensações podiam acometer o ser à minha frente. Puxei o edredom para me cobrir, fincando duramente as minhas unhas nele para controlar aquela frustração colérica.
― Você... você não pode... ― Sacudi a cabeça, o meu cérebro a mil, parte de mim querendo chorar, outra parte querendo bater nele com todas as minhas forças, e ainda tinha outra que só queria que ele voltasse e me tomasse de novo.
― Ah, eu posso, babe. ― Anton avançou sobre a cama agarrando o meu maxilar e deixando um beijo dolorido em meus lábios. Até tentei mordê-lo, mas ele foi mais esperto e recuou.
― Você nunca mais vai encostar um dedo sequer em mim! ― gritei tentando empurrá-lo pelos ombros.
Anton nem se moveu, mas logo os seus dedos me soltaram, e ele se afastou sorrindo, um sorriso aberto, muito satisfeito pelo sucesso da sua punição idiota. Então caminhou até a poltrona onde pegou o paletó, antes de se dirigir para a porta como se nada tivesse acontecido.
― Você sabe que vou encostar não só dedo, mas também o meu pau, a minha língua, e todo o meu corpo em você. ― A presunção inerente não escorria só em sua voz, mas também estava presente naquele maldito olhar provocador. ― Boa noite, fada.
Desgraçado infeliz!
Peguei um travesseiro e o lancei em sua direção, mas o cretino já havia saído e fechado a porta atrás de si, me deixando lá, a mente fervendo de raiva e o corpo todo sensível, exausto e febril. Eu queria gritar e morder alguma coisa! Céus, nem a fúria havia abrandado aquela tensão desejosa em minha intimidade, e eu queria matá-lo por fazer aquilo comigo.
Escorreguei para fora da cama, e após pegar a minha toalha caída no chão, fui direto para o banheiro. Um banho frio me ajudaria a acalmar as minhas células, além de tirar o inconfundível e odiosamente delicioso cheiro dele do meu corpo. Liguei o chuveiro e deixei a água me lavar junto aos meus pensamentos.
Analisando as circunstâncias, percebi que a raiva e a frustração, eram menos ruins do que uma decepção. Não doíam, não me quebravam e não me tornavam uma refém daquela angústia incoercível, e tampouco me enchiam de autopiedade. Talvez fosse loucura, mas até mesmo a ideia de que tudo não passara de um castigo ridículo, parecia ter amortecido a sensação de que eu havia sido usada e dispensada da pior maneira.
De alguma forma insana ou não, eu entendia que as suas atitudes foram uma maneira de me fazer sentir algo próximo ao que ele passara em minha ausência, e tal fato só veio me provar que Anton havia sentido a minha falta e que havia pensado em mim, ainda que fosse apenas por puro desejo carnal. Muito embora eu não tivesse sido capaz de imaginar nenhuma dessas repercussões sobre ele, tive a minha parcela de culpa em não o ter avisado. Eu até entendia, pois também sentira a sua falta, mas de um modo muito mais profundo.
No entanto, o meu estúpido contentamento ao chegar a essa conclusão, não foi suficiente para diminuir a minha ira, e muito menos a minha determinação de ignorar Anton Skarsgard por um bom tempo. Motivo este que me levou a dispensar o jantar quando Rose veio me chamar, restando-me aproveitar o resto da noite para ler, e então ir para a cama mais cedo.
Entre um cochilo perturbado e outro, no qual as minhas pálpebras se fechavam só para ver aquelas íris gélidas me devorarem; só para as lembranças daqueles beijos e daquelas mãos pesadas me deixando fora de mim, sem fôlego e sem controle, me atormentarem; só para ouvir seus sussurros quentes e depravados; só para me enlouquecer.
Maldito.
Aquela maldita pulsação entre as minhas pernas não estava me deixando dormir. Chutei o edredom para baixo e me virei de barriga para cima, olhando o teto. O meu corpo estava todo teso e dolorido de tanto me revirar de um lado a outro, mas principalmente por causa da forte tensão sexual reprimida. Desde quando eu havia me tornado aquele ser devasso e cheios de pensamentos e vontades impróprias?
Soltei um longo suspiro, depois de muito resistir, levei a minha mão para dentro do short de seda do meu pijama, encontrando o caminho até o meu sexo. Eu sempre evitava o ato, não por falta de interesse, mas por achar confuso, constrangedor, e mesmo quando a Sophi me incentivava a ter esses momentos como parte da minha autoafirmação sobre os meus receios superados, eu preferia não os ter.
Deslizei dois dedos pela minha intumescência, para cima e para baixo, expirando devagar, aquilo não era nada se comparado ao toque do Anton. Agora que eu sabia como os nossos momentos íntimos podiam ser intensos, não tinha mais a mínima graça. Pronto, eu estava louca, louca e ferrada, agora ainda mais estragada para outros homens.
Outros homens? Eu não queria outros homens, e era muito provável que depois do Anton, eu passaria alguns anos sem nem cogitar a possibilidade de me envolver com qualquer um deles. Mas eu não queria ter essa possibilidade, não queria ter um depois do Anton, eu só queria... o meu marido.
Droga!
Reprimindo outros tantos xingamentos, retirei a mão de dentro do short e me joguei de cara no travesseiro esvaziando os meus pulmões em um grito. Por que, por quê? Recuperando o ar, acomodei-me de lado abraçada a uma grande almofada, e me concentrei na única fonte de luz do quarto, uma pequena fresta da cortina que trazia a claridade da lua, enquanto esperava o sono vir.
Minutos se passaram e eu ainda estava bem acordada, quando comecei a sentir aquele característico calafrio de reconhecimento, que fazia os meus batimentos se exaltarem como se eu estivesse em uma queda livre. O completo silêncio me permitiu ouvir o sutil ruído eletrônico do painel da fechadura, e então o destrave e a abertura da porta, seguida do seu fechamento. Me mantive quieta, imóvel, de costas para ela, mas muito ciente da presença dele no meu quarto.
O que será que ele queria agora?
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