No segundo ano do ensino médio, eu tinha umas aulas a tarde/noite já para a preparação das específicas do vestibular. Nos dias que tinham essas aulas, eu passava o dia inteiro na escola, e ao final do dia, minha mente ficava bem exausta.

O colégio que fiz o ensino médio ficava num dos lados de uma avenida que é separada por um meio fio, mas ainda é somente um sentido de fluxo de carro. Quando meu pai ia me buscar à noite, ele sempre parava do outro lado do meio fio, ou seja, eu tinha que atravessar a rua para ir embora. Não tinham muitos pais que faziam isso, por isso que era bem fácil identificar o carro dele quando ia embora.

A aula tinha terminado e eu estava morta de cansada. Já tinha desamarrado os meus All-stars dentro da escola e abri um sorriso serelepe quando vi do outro lado da rua aquela belezura de Fiesta prateado.

Atravessei a rua quase correndo e fui logo abrindo a porta de trás, já que normalmente minha mãe ia com o meu pai para ele não ir sozinho, me deitando no banco e jogando os pés pra cima, para retirar os tênis. Reclamando do cansaço e pedindo pro meu pai ir rápido pra chegar logo em casa.

Meu pai não falou nada, o que eu achei estranho, porque ele sempre deseja boa noite. Quando olhei pros bancos da frente, me deparo com um casal de idosos bem bonitinhos, olhando pra mim bem assustados. Também pudera, invadi assim o carro deles.

Pra piorar acho que ainda impregnei um pouco o carro deles com o chulé do meu pé de um dia inteiro sem ver a luz do Sol, não era nada insuportável, mas mesmo assim.

Pedi desculpas, sai do carro quase correndo, descalça, e ainda tive que esperar o meu pai por uns dez minutos ainda, vi quando a menina que eles esperavam de verdade entrou no carro deles e o Fiesta prateado dos senhores foi embora. Fiquei olhando pro teto tentando colocar na minha mente que nunca nem vi aquele povo.

👴👵

Mas isso pelo menos serviu de lição pra mim, a partir desse dia eu passei a olhar a placa do carro também antes de entrar - treinando pros Uber da vida?!