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— Quando te entreguei isso, não lhe disse que sou impaciente!?
— Sempre foi, mas... sou só uma agente do passado. Quem sabe não tenha pensado que receberia paciência com o passar dos anos?
— Duvido muito! — riu, dando de ombros.
— Nunca fez nada impensado. Se me pediu para dizer, já fiz minha parte. Reflita sobre o que queria dizer para si mesmo!
— Pode ficar para a refeição? — convidou.
— Precisa da permissão de Algos.
Ele assentiu, terminou a taça de vinho e a beijou na cabeça. Tomou o pequeno embrulho e saiu, indo ao quarto primeiro.
No altar, deu uma olhada no embrulho, havia um selo grande envolvendo os menores que envolviam o mala. Ele não observou o conteúdo, seguindo os desígnios que dera a si, o deixou sobre o altar.
Andou um pouco na escadaria até encontrar Aldous na área de treinamento, sentado, tocando uma mórbida canção, pensativo.
— Mestre! — Sigmund cumprimentou.
— Criança, como posso ajudá-lo?
— A herdeira de Megalopsiquia pode ter a refeição conosco?
— Visitas em dias solenes não são habituais, mas, se a moça age sob as ordens de um antecessor; devo considerá-la uma das nossas.
— Obrigado, mestre!
Aldous sorriu e voltou a tocar sua canção, uma arranhada nota causou uma intensa dor em Sigmund. Ele riu, apoiou na entrada, mas seguiu de volta ao templo onde Serena o aguardava sentada.
— Permissão recebida — riu. — Preciso ver Epidotes, vem?
— A moça, sua outra mãe? — arguiu, assentindo e levantando.
Ele sorriu, assentindo e ambos rumaram à oitava escadaria.
O general de Ianos estava de pé, na entrada, com olhar perdido.
— Nêmesis! — cumprimentou. — Posso ter com Epidotes?
— Namaste, pequeno sétimo. Chamarei meu pai.
Sigmund entrou ao salão e o rapaz seguiu ao interior. O salão era tão simples quanto o sétimo, com exceção da cor próxima ao mogno. Ianos chegou, segurando um dos origamis de sapo de Goenix.
— Criança. Temos vinho! — sorriu, sempre vibrante.
— Aceitarei meia taça, mas não pretendo me prolongar.
— Agradeço a gentileza.
Não tardou para uma moça de aparentes dezesseis anos, vestindo um atípico sanghati branco, servir vinho para ambos.
— Obrigado, Teoria.
— Disponha, meu pai! — Sua voz melodiosa os cumprimentou.
— A moça é herdeira de Megalopsiquia? — indagou Ianos.
— Sim, senhor. — Serena respondeu, cumprimentando-o.
— A moça que vem causando problemas nos degraus — riu.
— Não, senhor! — mentiu com um calmo semblante.
— Não me envolverei, não se preocupe! Veio obter informações sobre minha paciente? — perguntou Ianos para Sigmund.
— Sim, logo é o desafio; não quero estar preocupado, quando for.
— Não deve se preocupar. Ela está estável; felicíssima após ver alguns sobreviventes — sorriu, pondo o origami à mesa. — Goenix pediu para entregá-lo. Um presente em nome da boa fortuna.
— Obrigado. Ele ainda não chegou?
— Ainda não, mas tenho muita fé em meu aprendiz. Ele é formidável! Parece que vivemos a geração dos prodígios... dos fortes.
— Isto é ótimo. A melhor geração que eu poderia vivenciar...
— Usufrua do que o destino der com prudência... ou perderá de novo. Vidas diferem, mas são previsíveis em eventos semelhantes...
— Serei prudente. — Sigmund assentiu, tomando seu vinho.
— Em nome dela, agradeço. Logo, poderá ouvi-la.
Sigmund sorriu, ansioso, levantando e cumprimentando Ianos.
Voltando a sétima escadaria, Chase estava sentado à beira dos degraus, dedilhando sua bandura e observando os sacerdotes.
— Epifron. — Sigmund cumprimentou.
— A dupla reunida... Lá vem dor de cabeça! — riu em negativa.
— Não vim trazer dor de cabeça... dessa vez. — Serena riu.
— Podemos nos juntar?
— Não posso impedir, não é!? — gargalhou.
— Claro. Doce como um escorpião — ironizou Serena.
— Participando de terapia na escadaria idosa, herdeiro? — O general indagou, olhando para o origami. — Não parece coisa sua...
— Por que estaria!?
— Um origami... eles que gostam disso!
— Hm... claro! É terapia, mas não deles... — O menino sentou.
Sigmund desdobrou o papel. Diferente da última carta, as manchas eram poucas e a caligrafia não estava tão trêmula.
"Maung, estou melhorando.
Estou cercada de pessoas boas e, devagar, volto a caminhar com minhas próprias pernas. Tive meu pranto enxugado e consigo respirar...
Ah! Respirar é, sem dúvida, bom!
Pude ver alguns, agora, jovens... todos se recuperam e estou feliz!
Recebi notícias de Maung Vanhi e espero poder vê-lo logo, como também espero ver a ti. Deve estar lindo; os mais lindos olhos...
Enquanto Vanhi treina para juntar-se aos Nats; Maung Sanjiv e Maung Jagish partiram à Índia. Maung Sanjiv foi escolhido para o sagrado secto hindu e Maung Jagish optou pelo asceticismo.
Quero vê-los também.
Mesmo algumas moças partiram para juntarem-se a outros sectos divinos pelo mundo. No fim, a intervenção em Aakash seria inevitável.
O despertar do íntimo elo com suas deidades era inevitável...
Ianos Gyi disse-me que você também tem uma responsabilidade onde está e por isto ainda não podemos nos ver.
Primeiro, fiquei impactada, amedrontada, afinal, ouvir sobre morte assusta qualquer mortal; mas ele foi paciente e resistiu às minhas investidas para saber mais sobre.
Conheci uma mulher, bondosa.
Ela explicou o que Ianos Gyi não pôde.
Uma mulher que, em instantes, aprendi a admirar. Mãe como eu! Espero que a conheça; se ela é líder — pareceu pelo cansaço nos ombros... no olhar —, ela, com certeza, é uma grande líder!
Ianos Gyi também contou-me que um momento ápice de sua existência ocorrerá. Um momento que decidirá seu futuro...
Não imagino nada diferente dos intensos e sangrentos combates das crianças Nats para se consolidarem invólucros de suas vontades.
Isso aperta meu coração, afinal, não quero que nenhuma violência se aproximasse de ti novamente. Entretanto, hoje, com poucas lágrimas — menos do que na última vez! —, quero lembrar-lhe do ser belo que és. Do ser belo que amo e respeito. Do ser belo que estás se tornando.
Elevo aos Nats e a Macária, minhas orações, em nome de teus objetivos, em nome de tua força, em nome de teus sonhos.
Em nome daquele pequeno menino que logo se tornará homem!
Em nome da pouca força que tivemos, sei que será movido, hoje e sempre, pelo anseio de ser mais forte para evitar eventos trágicos...
Use de tua prudência e de tua infinita sabedoria para não se permitir cair como nosso condenado grão-mestre o fez. Confio em quem é, em quem vem se tornando e em quem se tornará!
Seja forte.
Seja, prioritariamente, você mesmo!
Amo-te."
— Eu também a amo — disse, descuidando-se.
— Nossa, herdeiro. Quando se juntar a horda, eu prometo, que o farei trabalhar com Profasis e Pseudos! Nossa! — reclamou Chase.
— O que houve, Epifron? — Serena riu.
— Essa energia melancólica... — Chase meneou a cabeça, rindo.
— Ignora Epifron. — Sigmund riu.
Ele tomou seu saung para acompanhar Chase na canção até a refeição. Fora a mais farta das refeições desde a chegada de Sigmund, os pratos birmaneses e gregos misturavam-se na mesa.
Após todos se reunirem, estranharam a presença de Serena à mesa, mas, educados, não questionaram.
— Calma, não sou a comida! — A moça riu após os olhares.
— Só ficamos... sabe? — Latisha acanhou-se. — Nunca é bom.
— Temos a presença da herdeira de Megalopsiquia à mesa, pois, atendo a um pedido do herdeiro e a um pedido de um antecessor. — Aldous disse, servindo-se com vinho. — Não foi Anaideia.
O alívio no semblante de todos foi nítido. Serena riu.
— Esperava que falasse, Epifron. — Aldous olhou o general.
— Desculpa... pensei que seria engraçado... e foi! — gargalhou, recebendo punição da lira. — Ai, pai! Foi inofensivo! Eu juro!
Aldous descansou a lira em seu colo e deu início a refeição.
— Você é a namorada do herdeiro? — perguntou Latisha, rindo.
— Não; não sou, Himeros.
— Se fosse não seria um problema... sabe!? — Latisha corou.
Seus lascivos pensamentos ficaram evidentes em seu rosto.
— Himeros, comporte-se à mesa! — repreendeu Aldous, solene.
— Perdão. — Ela abaixou a cabeça e voltou a comer.
A refeição encerrou e Aldous serviu uma taça para todos.
— Quem os acompanhará amanhã, meu pai?
— Tu, Profasis, Pseudos e Epidotes, ou alguém enviado por ele.
— Epidotes!? — estranhou Chase.
— Medida de segurança. — Aldous riu.
— Para impedi-lo de enlouquecer?
— Não de enlouquecer, mas de atacá-la enquanto louco. O que pode ser a qualquer momento! — gargalhou.
— Foi solicitado por Anaideia? — Chase riu.
— Não... uma sugestão de tua mãe.
— Menos mal. Não se preocupe! Estaremos prontos.
O silêncio pairou pelo breve instante em que solenidade tomou o semblante de todos. Irvin foi quem deu início a solene oração:
— Que Macária sopre bons ventos em nossa casa.
— Que permita a nós, sétimas crianças, guardarmos e protegermos Sua vontade por toda a eternidade. — Amos seguiu, sempre doce.
— Que a dor da existência possa comburir nossas vontades; nos permitindo, aos justos entregar benignidade e ao que faz sangrar entregarmos a Boa Morte com brutal serenidade — seguiu May, solene.
— Tomaremos minha mãe de toda necessária iniquidade de nossa sociedade para manutenirmos os sacros laços de irmandade que sustentarão por eras nossa longanimidade! — Delano seguiu pesaroso.
— E cairei, minha mãe... cairei. — Aldric tinha o olhar marejado. — Pois, da insanidade tomei, rubras lágrimas derramei, mas por ti, minha Boa Morte, levantarei. Teu nome honrarei.
— Da sétima família, tirarei sustento para minha vontade. Pois, hoje, na flor de minha mocidade, preparo-me para entregar-lhe toda minha assiduidade, acuracidade, idoneidade! — As gêmeas seguiram.
Precisaram suspirar para impedir a voz de embargar e seguir:
— Em teus braços descansamos nossa sanidade e santidade; vestindo austeridade e perversidade, juramos entregar expiação para que a vida, uma vez mais, conheça incolumidade.
— A punição chegará, nos tocará e em nome da equidade, de nossa prosperidade, a aceitamos, desde já, com impessoalidade, abdicando de nossa integridade, de nossa racionalidade para o bem da unidade. — Byron e Fitz seguiram.
Arrepiado e envolto de nostalgia, Sigmund silenciou. Muitas vezes lidou com a horda reunida, erguendo tal oração à deidade–mãe, mas nunca lidara com aquela cena num momento bom.
— Quando os ventos soprarem sobre a sétima casa adversidade, resistiremos, divina Mãe, resistiremos, pois, em nossa fé há perenidade. Em nosso coração, intangibilidade. — Os tenentes-generais seguiram.
— Manteremos nosso eterno voto a independer da exequibilidade; pois somos sétimos e desconhecemos a impossibilidade. O limite de nossa vontade reside no fim de Vossa deidade. — Chase sorriu, doce.
Após um longo suspiro, Aldous foi quem terminou:
— Marcharemos, sétimos. Aos confins da existencialidade... Empunhando crueldade. Vestindo a doce e amada Complexidade. Não obstante, a toda boa ou ruim tempestividade, seguiremos com nosso eterno voto a ti, minha mãe, minha Macária, minha Unicidade.
O silêncio instaurou-se. Aldous deixou a mesa e os outros seguiram, escadaria adentro. Sigmund e Selena foram até a entrada.
"Que seja abençoado com um vitorioso embate!", Serena desejou no íntimo do menino em tom de oração, beijando-o na testa.
Ele sorriu, ainda a observou afastar-se, mas logo entrou.
Em seu quarto, durante as primeiras horas da noite, Sigmund cuidou do corpo atentamente, lidando com qualquer mínima ferida, com toda a fadiga e todas as marcas do estresse do treinamento.
Meditou o resto da noite, manutenindo a solenidade do dia.
Faltando três horas para o dia nascer, Sigmund banhou-se e vestiu-se. Pegou o emblema da sétima escadaria — que outrora, Chase o entregara — e o envolveu em um tecido preto, usando deste tecido para prender a longa trança que fizera em seu cabelo.
Arrumado, ele sentou-se à cama e criou o novo artifício.
Após uma breve oração de bons votos a si, vestiu-se.
***
Enquanto imergia, o púrpuro brilho de Algos estava intenso; mesmo sem vento ou nuvens, seu reflexo no deserto oscilava como se ela estivesse pulsando mais intensamente.
Vendo o monge emergir, tocou seu rosto para acordá-lo.
— Chegou o dia, monge. Está pronto? — Ele sorriu-lhe.
— Sim. Você está?
— Sempre estive pronto para voltar para casa!
— Isso é bom! — sorriu, contagiado pela nostalgia.
— Preciso que seja forte. Que resista o máximo que puder ou entregue-se o mais rápido possível! É importante que tornemos a vitória um destino imutável com velocidade, logo, esforce-se para tal.
— Farei!
— Lidarei com a Loucura, até senti-lo caminhando em sua direção. Quando olhar em sua direção, a soltarei!
— Não queria ter cedido, mas não pude combater... infelizme-
— Não se desculpe. Eu teria cedido! — gargalhou.
— Há um momento em específico onde assumirá?
— Não planejei. Deixarei ser como for... Seguindo um conselho, almejamos muito e precisamos fundamentar nossa vontade em nossa fé e em nossos objetivos, não em arrogância! Isto me lembra um estúpido discurso dessa encarnação...
— Colaborarei. Estudarei a situação e manterei a comunicação.
— Gosto, monge! Estamos prontos. Ao acordar, não coma ou beba. Devido à Loucura, infligiremos dor em nós, e o resultado é feio.
— Acordando é inevitável sentir fome... — O monge refletiu. — Não afetará negativamente? Não sei...
— Cuidei das necessidades do corpo. É uma das poucas vezes em que há plenitude na integridade física; desde que tudo começou...
— Seguirei o conselho
— Há algo no altar. Não toque!
Ele voltou a emergir, diferente do habitual, não se sentou.
***
Foi um lento despertar. Sigmund abraçou o saung, fitando um ponto qualquer no teto, mas seguiu ao salão ao levantar.
Aldous estava sentado à beira do salão, observando as almas.
Sigmund aproximou-se e o cumprimentou:
— Estou pronto, mestre!
— Junte-se! Precisamos aguardar Geras e seu aprendiz. Em desafios contra a quinta escadaria, é habitual aguardarmos que saiam dada a velocidade com a qual caminham! — Aldous riu.
— Guiar os idosos interfere tanto a ponto de se comportarem como um? — indagou, intrigado.
— Poderia rir das piadas de teu mestre para variar!
"Claro, uma piada!", pensou, rindo de si mesmo.
— Reiterando lições: cuidado! Apesar de viver um lento estilo de vida, a calma e gentileza enganam! Seja rápido e letal. Até três horas são aceitáveis mais que isso é perigoso, principalmente se o garoto ainda estiver movendo-se livremente. — Aldous instruiu, calmo.
— Sim, senhor. Objetivamos traçar a linha da vitória cedo.
— Ótimo. Pode retomar tua concentração e aguardamos. Como estão abaixo, eles deixam seu salão principal primeiro, mas diferente das reuniões, quando chegarem aqui na frente, seguimos juntos.
— Compreendo.
Aldous levantou, envolveu sua lira nos braços e permaneceu parado com o menino ao seu lado, perdido em seu fascínio por almas. Chase, Byron e Fitz juntaram-se, posicionando-se logo atrás, quietos.
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