μα
As estantes tinham portas onde papéis, livros e partituras em branco com canetas e tinta, eram guardados. Sigmund reuniu alguns materiais e iniciou seus estudos, tomando as notas necessárias.
Somente o contrabaixo de Fitz cessou seu estudo, dizendo: "A herdeira de Megalopsiquia está em seu quarto", fazendo o menino organizar tudo na mesa, tomar seu saung e ir ao seu quarto.
Serena estava deitada numa cama com as pernas apoiadas na parede. Ele não conteve o sorriso, fechou a porta e ativou os selos.
— O que exige atenção? — Ele sentou, beijando-a na testa.
— Bia tem dois herdeiros. — Ela sorriu, acariciando-o. — Ambos com Macas, uma moça e um rapaz. Derrubamos o rapaz pela perigosa afinidade com Anaideia. Bia tem muita voz entre os sextos.
— Ele será o desafio?
— Sim, o conflito já nasce... É bom ocorrer com o passivo para termos uma boa ênfase ou, talvez, um bom clímax para o problema.
— Não me prolongarei desperto, logo a qualquer momento pode acontecer. Himeros e Hibris são passivas nessa geração, logo são as mais atentas a rumores; se ficarem curiosas, o monge saberá.
— Isso ajuda. Pelo que sei, não afetará a relação dos guardiões.
— Não está nas prioridades preservar o relacionamento da sétima escadaria com as outras em nossas ações. Afinal, a morte do mestre reparará a maioria das feridas causadas por nós, agora.
— Isto é maldosamente frio. Não sei se elogio ou repreendo.
— Creio merecer elogios... — sorriu.
— Querendo ou não, facilitará. É bom manter a boa relação com o sexto e, se puder, regue a boa relação com Moros... Será bom!
— O monge gosta dele... oremos para ser assim com a moça.
— Será. É uma boa moça, se desenvolve tão rápido que parece desconhecer o tempo — riu. — Infelizmente, os eventos serão carregados de estresse... então, se precisar de ajuda, conte comigo.
— Obrigado. Dormirá aqui hoje?
— Não, infelizmente, não vim para ficar. — Ela sentou e o abraçou. — Cuide-se. Não caia com facilidade...
— Quando foi que caí tão facilmente? — sorriu, convencido.
Ela saiu e ele foi ao banho, se trocou e lidou com o artefato.
Enquanto submergia, após vestir-se, entregou ao monge todo seu conhecimento sobre Himeros e Hibris junto ao que adquirira recentemente com os estudos. Deixou a vontade de realizar o ensaio para auxiliar as gêmeas devidamente explicada e seguiu ao chão.
Ao despertar, o menino foi à cozinha. As irmãs com ajuda de Aldous serviam a mesa. Sigmund cumprimentou e sentou.
— Treinaremos, mestre? — perguntou ao fim da refeição.
— Sim. Aprecio o razoável desempenho do santo, logo pouco adicionarei, senão a remoção que impregna tudo que ele executa.
Sigmund assentiu e enquanto caminhavam ao corredor, Aldous dedilhou sua lira devagar, atingindo o menino com extrema letargia.
Sigmund tonteou, mas ficou de pé apoiando na parede. Uma destoante nota emitida pelo choque do dedo mínimo de Aldous contra uma corda, espalhou dor por todo seu corpo, derrubando-o.
"A dádiva dos sétimos, resistir a dor de queimar na fogueira... nadar lago acima após ser despejado na água com pedras amarradas aos pés... ou é o que dizem!", disse Aldous no íntimo do menino.
— Nem sempre o que falta é força para resistir, mas, sim, coragem para ceder às diferentes formas de obtenção de força.
Em meio aos gemidos de dor e prazer, o menino imergiu dentro de si, afogando-se; subitamente, viu-se no lugar da individualidade afogando-se durante os exercícios de Ranna.
Um pico de adrenalina o despertou.
— Ranna? — indagou, olhando para Aldous, assustado.
— Diante do abismo, essa é tua visão, criança?
— O que acontece?
— Controle é mentira. A essência desta falácia reside em se adaptar às mais adversas loucuras. Faça isso e dirão: és controlado! Do contrário, necessitas de reparação, adequação, castração.
Aldous cessou a canção e seguiu a marcha. O menino demorou, mas se recuperou. Na área de treinamento, o mestre foi à mesa.
— Em respeito a ela, não o tocarei durante o treinamento — disse, recostando-se à cadeira. — Profasis! — invocou.
— Meu pai — cumprimentou Fitz ao chegar.
— Ajude-me com o herdeiro. Sente-se bem?
— Sim, senhor. Pseudos e eu não tivemos problemas. Marcial?
— Levemente insano...
Fitz deixou o contrabaixo próximo a Aldous e seguiu ao centro da área de treinamento. Sigmund o acompanhou.
— A relação Algos-Allatu é desfavorável à sanidade, falando de quem vestirá ambas as vontades — disse Aldous. — Herdeiros de Allatu são fáceis, egocêntricos e arrogantes, afinal, Allatu o é!
Latisha chegou com vinho, serviu Aldous, mas saiu logo.
— Herdeiros de Allatu usarão tudo, mesmo significando ir contra aos "princípios" de sua escadaria. Querem vencer e sangrarão tudo que precisarem... porém, o excesso de ego os fragiliza.
— Sei onde está o herdeiro, mas não visei conhecer, mestre.
— Sábio. Herdeiros de Algos têm problemas quanto ao desafio: primeiro, não ceder à Loucura durante; segundo, não ceder à Loucura após; terceiro, não quebrar com a insana junção Algos-Allatu.
— O desafio só acaba quando sobrevivo a tudo isso...
— Consolide-se! Não há tempo, nem um porquê para esperar. Seja o que quer e, nas dificuldades, não sofrerá para lembrar quem é. O santo deu lembranças, recordações! Use essa vida e construa-se. Sim, mudará e isso não é um problema; não ser nada ou ninguém é!
— Sim, senhor.
— Profasis, seja suave. Sem armas. Adagio! — Aldous sorriu.
— Sim, senhor, meu pai! — cumprimentou Fitz.
Fitz relaxou sua comum postura ereta e pôs ambas as mãos semiabertas a frente do corpo, na direção do diafragma.
Uma grave nota da lira sinalizou para o lento combate iniciar.
— O santo fez bem. Seu alvo será instruído a usar dor para ensandecê-lo; se tocá-lo, usará tudo para derrubá-lo. Por isso, monge, entregue-me o que ama, tuas convicções... logo, devolverei! — Aldous iniciou um mórbido Presto que confundiu o menino.
"Eu as tomo para mim!", o insano disse ao mestre.
— Ótimo! — Aldous assentiu com a cabeça.
Um estalo na cabeça do monge o causou uma hemorragia nasal e, uma vez mais, ele viu-se desnudo de identidade. Diferente da confusão que sentira, apenas sentiu indiferença frente ao branco.
— Terá tempo. O corpo produz energia em demasia, graças às insanas veredas! Dificilmente, uma alma como a tua, chega à minha casa e sinto-me lisonjeado por apreciar a existência pessoalmente.
Sigmund distraiu-se, olhou para Aldous e Fitz o atingiu, felizmente a velocidade era lenta demais para realmente ferir. O menino olhou para Fitz e confusão tomou a apatia de sua face.
— A sinfonia que tudo toca e tece materializa-se — disse Aldous, movendo algumas agulhas e cristalizando novas. — Quando entende que energia também obedece leis como as que dão à matéria estados diversos. Isto permite moldá-la... é ainda mais fácil com a nossa.
Sigmund olhou aseu peito; num instinto de autopreservação, defendeu-se de Fitz. Aldous sorriu, satisfeito, vendo-o reagir e observando a insana sabedoria preenchendo o branco no menino.
A gélida lágrima em seu peito palpitou e ele sorriu.
Fechou os olhos e concentrou-se por alguns instantes, seguindo o que Aldous falou, passo a passo: "Tudo que existe... Eu... Tudo que há em mim... Vontade sobre a matéria... Solidez...", enumerou.
Fios púrpuros e rubros, manchados pelo dourado, acumularam-se nas costas do menino e agitaram-se num turbilhão energético.
A mera ação o cansou e o menino voltou a olhar para Fitz; apesar de saber ser desnecessário, afinal a energia acumulada atrás de si o permitia observar o local fácil e precisamente.
Fitz sorriu, gentil e retomou o lento combate.
— Mantenha! — disse Aldous, dando início a dolorosa canção.
O prazer passeou por seu corpo e ele sorriu, satisfeito com a sensação. Os fios agitaram-se mais e trançaram-se, divididos em cristais; enquanto o menino regozijava, pouco inteligente.
Uma nova parte da canção foi tocada por Aldous e a dor intensificou, tocou o ponto gélido no peito do menino, derrubando-o.
As leves linhas que mantinham os cristais atrelados ao menino enrubesceram bombeando Loucura para a torrencial energética.
Os cristais coloriram-se rapidamente e Sigmund levantou, com dificuldade, e retomou o treinamento; com maior dificuldade para manter a velocidade baixa dado o ímpeto de simplesmente torturar!
Algumas horas passaram-se com Aldous observando atentamente: autocontrole, disciplina e coordenação de Sigmund.
— Profasis, Andantino!
— Sim, senhor, meu pai.
Fitz acelerou o movimento a um ritmo de suave caminhada. O menino parou, observando-o, estudando-o enquanto os cristais em suas costas moviam-se para impedir Fitz de tocá-lo.
Quando entendeu a velocidade voltou a acompanhá-lo no suave combate, apesar da tensão começar a dificultar seus movimentos.
— Desperte-o da semiconsciência.
"Sim, senhor!", um rubro brilho passeou pelos cristais.
A torrencial de memórias e informações voltou ao monge rapidamente, levando-o a queda e causando-o outra leve hemorragia.
O ar inevitavelmente o faltou, mas ele sentou, levantando a cabeça buscando por encher os pulmões, lacrimejando com a agonia.
Os cristais vibraram e devagar quebraram, emitindo um som estridente que levou uma intensa agonia aos ouvidos que ouviam.
Gradualmente o ar voltou a passear pelos pulmões de Sigmund e ele deitou, exaurido. O peito doía pela força que fizera para respirar.
O menino ficou pensativo quando seu insano eu lhe devolveu a memória do corpo se movendo enquanto ele estava distante, aéreo.
"O que foi isso!?", indagou-se.
"Alguma insana forma de fazer algo esplêndido!", riu.
"Esplêndido, isso foi insano!"
"Exato! Esplêndido..."
Sigmund foi incapaz de impedir o surgimento do sorriso de seu insano reflexo em sua face. Aldous gargalhou.
— Simples, não? — disse. — Obrigado, Profasis!
— Ainda sou necessário, meu pai?
— Sempre o é; contudo, não há trabalho aqui para ti!
— Sim, senhor! Escuso-me — cumprimentou Fitz, partindo.
— Está dispensado, criança! Há muito a pensar... praticar... sei que estuda algo que é de meu interesse também... Tenho trabalho.
Forçando contra a extrema fraqueza que sentia em seu corpo, Sigmund levantou e cumprimentou Aldous.
— Etiqueta me agrada... — sorriu, tocando uma nota que espalhou dor por todo o menino, derrubando-o novamente.
Aldous deixou o local para dar continuidade aos seus trabalhos.
Sigmund ficou deitado. Sentiu sua energia lidar com o cansaço e sanar as feridas causadas pela tensão. Lembrou de um dos surtos que seu outro eu vivera em Aakash que o causou feridas similares.
"Está lembrando de coisas desnecessárias, monge!", reclamou.
"Encontrei algo que o incomoda!?", gargalhou.
"Continue assim e lhe causarei dor..."
"Devo chamar masturbação?"
"Argh, te odeio, monge!"
Recuperando-se, Sigmund foi ao quarto rindo de si; se banhou e cuidou dos cabelos, já maiores. Tinha muita fome e sede. Na cozinha, Laura e Latisha bebiam vinho e conversavam, sem tarefas.
— Hibris. — O menino cumprimentou. — Himeros.
— Oi, herdeiro... — Latisha sorriu, receptiva.
— Estamos nos dez minutos de descanso! — avisou Laura.
— Não se preocupem. Não vim dar trabalho — sorriu, gentil.
Sigmund pegou o de praxe e diferenciou com uma taça de vinho. As gêmeas observaram-no cortar as finas e simétricas fatias, comendo os cortes defeituosos com água primeiro.
— Que espécie de ritual é esse? — Laura riu.
— Qual? — indagou, franzindo o cenho.
— Nenhum, bobo! Precisa ficar mais esperto...
— Creio que sagacidade realmente me falta... — riu.
— Nossa, que nojo! — ironizou Laura, virando os olhos.
— Passe mais tempo aqui e ajudamos... — aconselhou Latisha.
— Mais tempo com Himeros não é ruim? — O menino arguiu.
— Só se beijar irmãs por aí... Eu lembro! — Laura se enciumou.
— Ele estava ajudando, eu mal conseguia me mover — justificou o menino. — Foi... intenso! Não conseguiria sem ele e algo passou por nós... fazíamos isso quando Hibris não conseguia contê-la.
— O tal outro Algos?
— Sim, só fizem- ele só fez do jeito que lembrava ser eficiente...
— É difícil mesmo... ainda é um feito e tanto conseguir, mesmo que necessite de outro para isso... ainda é você! — elogiou Laura.
— Estamos estudando... Himeros, Hibris... tudo que lhes envolve. Queremos ajudar... então, podem nos ajudar? — Ele pediu.
— Você é tão fofo que chorarei! — O olhar de Latisha marejou.
— Por quê? É ruim ajudá-las? — preocupou-se.
— Tome cuidado para não ficar obcecado em corrigir o incorrigível! — disse Laura, muito pessimista quanto ao seu estado.
— Não há incorrigível, exceto se quiserem...
— Ninguém quer... ser assim... insana. Fadada a pouco ser inteligente pela visão nublada. — Latisha derramou uma lágrima. — Ninguém quer não se ver no espelho por não lembrar como é.
Sigmund engoliu seco mediante tal afirmativa.
— Tentaremos, o máximo, prometo! — jurou o menino.
— Você é um bom menino... — Latisha sorriu, acanhada.
— Falamos de coisas boas? — sugeriu Laura.
— Perdão, não queria levá-la às lágrimas, mas só posso ajudar se quiser. Sei que nem tudo é corrigível por conforto; às vezes aceitamos sofrimentos que cremos valer a pena — falou melancólico.
— Argh! — Laura aproximou-se e colocou tudo do menino na bandeja. — Está expulso! Vá a Profasis e conversam isso lá... longe!
Sigmund pegou a bandeja e saiu, sem entender a brincadeira. No salão, se sentou, assistindo Aldous e os outros trabalhando, quietos.
A solenidade do mestre tocava todos, excetuando Chase que, apesar das punições da lira, jamais mudava sua forma de lidar com tudo. Algumas vezes levou risadas até ao menino enquanto ele comia.
Ao fim da refeição, ele foi à beira do salão para tocar seu saung e observar os degraus; mantendo um pequeno cristal para se estudar.
"Qualquer um responsável por tal ato hediondo deve ser digno disso e de mais violência contra si e os seus", foi o assunto dos degraus.
Uma irritada fala de alguém que persistiu nos rumores do dia. Cayla, só, aproximou-se da sétima escadaria acenando para Sigmund.
— Olá, criança Algos! — cumprimentou.
— Oi, moça Praxidice! Onde está seu irmão?
— Treinando. Ouvi algo estranho e vim averiguar que não estava insano tentando matar o oitavo herdeiro desnecessariamente.
— O monge!? — indagou, rindo. — Por que estaria? Não gosto dele, mas não quero matá-lo! — gargalhou. — O que aconteceu?
— Usaram sua ingenuidade para espalhar rumores... na prática, não admitem seu ódio. Estúpido! — Ela revirou os olhos, descontente.
— Não entendi... — afirmou, curioso.
— Não entenda, não vim contar do ocorrido; se não sabe, entre e não saiba! Logo passa, talvez eu empurre alguém degraus abaixo para ajudar a diminuir os murmúrios em seu entorno.
— Não deve, isso pode acarretar punições severas!
— Se fere sua passividade, não faço! — Ela riu. — Se será o próximo Algos, precisa ser mau, com tanta bondade não irá longe.
— Não é necessária maldade. Futuro Algos ou não, não sou a favor de lesões desnecessárias a aliados é inviável! Afinal, são poucos.
— Hm... Típico dos que sugerem roleta-russa aos seus! — riu, saindo. — Até logo, negro cavaleiro de armadura branca, dito Algos!
Sigmund estranhou a exótica despedida. Quando finalmente entendeu a fala lembrando-se das crônicas e contos, ela estava longe. Ele menou a cabeça, mas seguiu o conselho e se resignou, entrando.
Praticou com o pequeno cristal por todo o tempo que antecedeu a refeição noturna. Reuniu-se e teve a refeição com todos.
— Quem é essa Ava? — indagou Latisha. — É a segunda vez que ouvimos esse nome na escadaria num pequeno intervalo de tempo.
A gélida lágrima, saudosa, palpitou no peito de Sigmund.
— Se for ela, é uma mulher esplêndida! — sorriu saudoso.
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