μα
Chase sentou a frente de Althea e recostou, relaxando o corpo.
— Que bom que sabe! — disse Althea. — Verei o mais próximo.
— Sem pressa, minha mãe... não fugirei, apesar da vontade!
Althea deitou Sigmund em seu colo, acariciou-lhe para adormecê-lo e observou cada fragmento de memória sobre o evento. Ao fim, observou sua saúde e cuidou das poucas feridas.
Tocou para mantê-lo adormecido e olhou as memórias de Chase.
— Redigirei seus relatórios e eu mesma enviarei à Alexa.
— Já disse que te amo? — Aldous riu, tirando risadas de Chase.
— Quando não me diz? — Ela riu, fazendo-o silenciar.
— Logo o desafio do herdeiro chegará, preciso que me ajude. — Aldous pediu, levantando devagar para servir vinho aos três.
— Chegaram a conclusão que meu outro amado o treinará?
— Pobre ilusão de privacidade... — Chase riu.
Aldous riu, meneando a cabeça.
— Gosto que troquem. Precisa descansar. O corpo ainda agirá junto ao consciente, se está cansado, o corpo seguirá cansado. Isto é ruim para seu desempenho no trabalho e em sua guerra pessoal.
— Ponderei — arfou, falando baixo — e concordo.
— Comunicarei Ianos. Nada lhes dá permissão para distribuir hostilidade pela escadaria, se tiverem problemas, acionem alguém!
— Sim, senhora! — assentiram Chase e Aldous.
— Ajuda para romper? — sugeriu, sentando ao seu lado.
— Creio que pedirei muito, amor meu! — disse Aldous, pesaroso.
— Não é mais que meu dever... gosto quando pede — sorriu.
Aldous riu, um pouco acanhado e sem palavras.
— Diga. O que precisa? Quer que eu olhe o que quer?
O mestre respirou fundo, encorajando-se.
— Quero ajuda com o romper... e com a Loucura resquicial. Pode ajudar. É parte do que arquitetei: ele estar desperto até o fim do desafio de Allatu. Preciso de ajuda para medir quanto ele ficará.
— Trabalhamos. Imaginei que seria mais ousado. — Ela riu.
— Já me sinto péssimo pedindo isso, mais ousado, não suporto!
— Então, terminemos o vinho e trabalho.
Althea cessou o sono em Sigmund, acariciando seu rosto. O menino teve um despertar calmo e agradável dada a falta de sonhos.
— Beba conosco, filho meu! — Ela o entregou sua taça.
Eles beberam o vinho em silêncio. Ao fim da taça, Althea voltou a sentar no sofá, Aldous apoiou a cabeça em sua perna e durante a pequena eternidade em que ele tomou sua taça, ela o acariciou.
— Descanse, amor meu. Vejo-te logo! — Ela beijou sua testa.
— Não o deixe matar meus filhos — pediu, triste.
— Ele não irá! Não permitiremos, tudo bem!?
Aldous fechou os olhos, suspirando.
Seu corpo estava trêmulo, mas era somente medo.
Althea acariciou seu rosto e o som do vidro rompendo ecoou.
A energia revoltada, exalando agressividade, tocou cada canto do salão; mas ele rapidamente a suprimiu e sorriu, respirando fundo.
— Sabe o que farei, logo aguarde para servir-se. — Althea disse.
— Aguardo, darling!
Althea tomou sua lira e tocou um desafinado Prestissimo que o fez derramar negras lágrimas, carregando os resquícios da Loucura.
Aldous rasgou um pedaço de sua roupa e o usou para impedir as lágrimas de mancharem qualquer superfície.
— O santo desempenhou-se formidavelmente bem! — sorriu. — Admito que me foi motivo de pasmar.
— É natural que ele se aprimore. Esforça-se para isso sempre!
— Quem diria... — disse, reflexivo.
Terminando, Althea devolveu a lira ao colo de Aldous. Ele abraçou a lira e ela, beijando-a no pescoço. Um largo sorriso tomou seu rosto em resposta ao arrepio de Althea.
— Quais são minhas ordens, darling? — perguntou, levantando para sentar no sofá, ao lado de Chase de pernas cruzadas.
— Lidar com nosso filho até o dia do desafio.
— Compreendo, o projeto de ascético. Algo a que deva me ater?
— Não conflite com qualquer décimo quarto! Deixarei a oitava escadaria pronta, mas deve merecer sua ajuda. Não comece conflitos.
— Sim, ma'am. Seja feita tua vontade! — gargalhou, levantando.
— Epifron — disse Althea, olhando-o.
— Sim, senhora. Colaborarei para ser pacífico.
— Vamos, criança? — chamou Aldous.
Sigmund assentiu, fitando o negro olhar de Aldous, intrigado.
O menino abraçou Althea e foi para o lado de Chase.
— Minha mãe! — cumprimentaram Chase e Sigmund.
Aldous aproximou-se e a beijou na testa, doce.
— Darling.
Ela sorriu e os três retornaram para a escadaria.
— Epifron, pode dar continuidade às suas responsabilidades. Não há pendência em casa. A criança e eu conversaremos...
— Sim, senhor! Reunirei os irmãos e comunicarei sua chegada.
***
Aldous e Sigmund seguiram ao quarto. Ao entrar, o mestre encarregou-se de ativar todos os muitos selamentos do aposento. O menino olhou ao redor, apreensivo, mas o cumprimentou:
— Mestre.
— Sente, servirei vinho. Aproveite para quebrar o monge!
Antes que o pobre monge indagasse, a porcelana quebrou.
— Mestre, é bom conhecê-lo! — O menino sorriu.
— Sei o quanto é fortuito conhecer-me! — sorriu, entregando-o a taça cheia e sentando em sua frente.
— Ainda não posso afirmar tudo o que sei e tudo o que faço. Tudo que fiz, naquela vida seguiu trançando-se, enlaçando-se aos muitos eventos que sucederam minha estadia aqui.
— Há muito favoritismo em relação a ti, criança. Os motivos são óbvios, muito preparastes, naquele momento, para chegar aqui e conseguir o que quer. O ponto primeiro é: o que quer?
— Gosto da minha casa. Só quero ficar e garantir mínima dignidade a nós, talvez; ou o sossego necessário para vivermos sem maiores intempéries, como surtos induzidos por outros.
— Compreendo. Soa-me levemente omisso. O que omite?
— Não diria que omito, mas, para alcançar o que quero, preciso terminar minha guerra com Anaideia vitorioso, é claro!
— Gosto do objetivo. O que emaranha-te nessa guerra com ela?
— A impessoalidade falha. Ela me fez mal e nem lembro. Foi e está sendo punida, mas não passou. Não quero que seja sobre mim, mas... é isso junto ao medo de sua Loucura destruir nosso povo.
— Assim é razoável! — riu, levando a mão ao queixo, pensativo.
— Enquanto for difícil lidar com os impulsos particulares, essa contenda se arrastará... mas, trabalho para anular essa dificuldade.
— Compreendo... Não busque sabedoria comigo, não tenho!
— Há sabedoria, mesmo em sua falta! — Sigmund riu.
Aldous levantou a taça e brindou com o menino.
— Agora, minha irmã trabalha por movimentos sociais que me favorecerão. Sim, manipulação, mas não quero ser apenas carrasco.
— Haverão danos reparáveis e... ou, fins justificam meios?
— Ambos, mestre. Posso reportar meus passos, se quiser. Não me afetará ou afetará quaisquer objetivos de forma alguma.
— Ainda não. Enquanto herdeiro, sou responsável pelo que faz, mas posso me abster. Visa chacoalhar a sociedade, logo a ignorância me será útil. Conte somente o que usarei para arguições em concílio.
— Não esperava receber suporte do senhor! — riu.
— Estou quebrado, criança e, mesmo em meio a fissurada visão de meu estilhaçado olhar, posso ver destruição chegar. Vi a sombra da Loucura de Anaideia a abraçando. Isto incita vontade de atacá-la.
— Não pratica hostilidade por hostilidade!?
— Em maioria, apenas selvageria! — riu. — O impulso é intenso. Não consigo não ceder, principalmente quando ela não está...
— A mãe?
— Sim. Somente pragma tem poder para suportar misos.
— Entendo. Trabalharei para os eventos passíveis de punição ficarem levemente evidentes ao monge, assim ele terá com o senhor.
— Agradável, criança. Logo receberei alguém. Dado o desconhecimento do tempo da visita, está dispensado por todo o dia.
— Devo vestir-me?
— Deve? — indagou.
Sigmund o olhou com um sorriso de canto de boca.
— Sim, senhor! — assentiu, cumprimentando-o e saindo.
Enquanto caminhava no corredor lidou com a supressão de energia e rumou aos degraus. Encontrou Serena passeando.
— Olá, herdeiro de Algos! — sorriu.
— Herdeira de Megalopsiquia — cumprimentou. — Como está?
— Felizmente, estou muito bem. Soube que seu desafio se avia, isso me faz sentir melhor — disse, seguindo com o menino.
— Graças à boa morte, sim! Não vejo a hora de voltar à horda...
— Apressado — riu. — Soube da queda... meus sentimentos!
— Obrigado. Foi suave, felizmente. Estavam prontos e avisados. Logo lidam- — O menino suspirou. — Lidaram mais eficientemente.
— Aonde estamos indo?
— Só estava caminhando, sem rumo... esperando encontrá-la.
— Nossa. Sinto-me lisonjeada — riu. — Posso visitá-lo à noite?
— Precisarei consultar o mestre... mas aviso-te.
— Gostei do corte, preciso! — riu, acariciando seu cabelo.
— Nem dá para acreditar que não fui eu...
— Chama-se progresso!
Eles seguiram pelos degraus, dando a volta em silêncio até ele se despedir com uma flexão e entrar na sétima escadaria.
Aldous e Ianos estavam sentados à mesa, sós, conversando e bebendo uma taça de vinho. O assunto que tinham encerrou-se com a chegada do menino, que cumprimentou ambos com uma flexão.
— Olá, herdeiro. — Ianos sorriu. — Como se sente?
— Muito melhor do que já estive, Epidotes. Não tive oportunidade de fazê-lo, então agradeço por proporcionar parte do que me dá alívio hoje! — Sigmund flexionou o corpo, formal.
— Não há necessidade de agradecimento — disse Ianos, gentil.
— Junta-te por alguns instantes? — pediu Aldous, estendendo a mão para as duas cadeiras que nunca estavam próximas à mesa.
— Sim, senhor. Sou necessário? — indagou, sentando à mesa.
— Preciso de ti por um tempo — disse Ianos. — Achamos Ketu e lidamos. Agora, está sob nossa custódia. Preciso levá-lo a Burma. É parte dos bons costumes de tua casa que as vítimas sejam apresentadas. Gradualmente, estou levando os recuperados.
Chase chegou, comendo uma maçã e juntou-se à mesa.
— Levará Ava para vê-lo? — preocupou-se.
— Para evitar instabilidade ou retrocesso, proibi sua participação. — Ianos riu. — Como atual responsável, a representei.
— Melhor... não seria bom mesmo.
— Quando Epidotes o convocar, Epifron o acompanhará.
— Sim, senhor. Obrigado, Epidotes.
— Prepare-se. Não hostilize. O ânimo exaltado é compreensível, mas não aja movido por tristeza ou raiva — aconselhou Ianos.
— Será complexo, mas nos esforçaremos.
— Dispensado. — Aldous disse, olhando para Sigmund.
O menino seguiu a cozinha onde Laura e Latisha cozinhavam. Ele se serviu com água, pegou uma maçã, uma faca e sentou à mesa, observando as gêmeas.
— Estão melhores? — perguntou, cortando a fruta.
— Estamos bem. Agradecemos a ajuda... — disse Laura.
— O monge conduziu a maioria, só fui ferramenta!
— De qualquer forma, somos gratas.
— Formidável como fragmentos podem ter tanto poder, não?
— Creio não ter entendido... — Laura franziu o cenho.
— Suponho ser elogio. — Latisha estava concentrada.
— Perspicaz! Foi um elogio. Impressionante conseguir suportar você, ela, e contê-la. Três tarefas complexas simultaneamente.
— Só tempo de prática. — Laura riu, modesta.
Enquanto comeu e bebeu, buscou em seu insano conhecimento algo para ajudar as gêmeas. Nas distantes lembranças, lidara com um casal de irmãos mais saudáveis que as moças.
Seu cuidado exigiria produzir conhecimentos para tal.
— Ainda temos uma biblioteca aqui?
— Sim, fala com Epifron, sei lá, com Pseudos... — sugeriu Laura.
— Posso te levar... — ofereceu Latisha, sem olhá-lo.
— Irmã... — repreendeu Laura, desconfiada.
— Não farei nada que ele não quiser, prometo! Se ele quiser, não farei perto dos livros. — Latisha sorriu com olhar pedinte.
— A restrição social caiu, então vai, mas se comporta!
Latisha comemorou, Sigmund lidou com a louça e seguiram.
— Realmente melhor? — arguiu, sem olhá-la para não instigar.
— Saber que todos em casa estão bem me faz sentir melhor...
— Sabe que não foi essa a pergunta!
— Nunca estarei melhor... Isso responde?
— Sei ser invasivo, mas quero conversar... um dia... podemos?
— Hm... gosto do tom erótico da conversa... — riu.
— Não há eros envolvido, mas posso recompensar — sorriu.
— Hm... gosto de ganhar presente...
— Quero ajudá-las, mas preciso compreendê-las. Procurarei o básico para dar início aos ensaios...
— Você é um bom rapaz... Será um bom Algos.
— Serei, não o melhor Algos, mas o melhor pai e filho que puder!
Ela sorriu, duas portas antes da área de treinamento ela parou.
— Biblioteca! — Abriu a porta. — A frente está o anfiteatro, geralmente guarda os instrumentos, mas no momento, está vazio.
— Por quê?
— Ideia de Epifron para conter quedas letais, já que, após as áreas de treinamento e o paiol, o anfiteatro é o maior dos aposentos.
— Usar a área de treinamento não seria mais eficiente?
— Elas cheiram a sangue... seria insano! Remover os resquícios de sangue é ruim porque usamos eles para o treinamento, logo...
— Usam ou usaram todas as áreas de treinamento?
— Claro! A que usa agora resiste a impactos físicos. Lida com explosões devastadoras, habituais no início. As outras são preparadas para outras coisas; quebradiças, fortes, quentes, frias... pequenas, grandes... Estamos sempre aprimorando, logo, nunca ficam sem uso.
Eles adentraram e Sigmund deu uma breve observada no local.
Doze grandes estantes dispunham-se em duas, dividindo os corredores. Era impossível mensurar a extensão do cômodo adiante. O cheiro de papel foi apenas psicológico dada a ausência de odores.
Uma mesa com vinte e uma cadeiras, perto da porta; três castiçais eram os únicos móveis que não armazenavam livros.
— Temos, da esquerda à direita: acadêmicos vivos, artes vivas, acadêmicos mortos, artes mortas, acadêmicos sétimos, artes sétimas. Achará indicadores alfabéticos e categóricos. Alguma dúvida?
— Quantos metros a frente temos?
— Só o mestre e Epifron guardam informações tão sensíveis quanto o preciso tamanho dos cômodos; qualquer conhecimento sobre isso, dada a vivência, devemos preservar... é de cunho sigiloso.
— Obrigado. Conseguirei me localizar...
— É agora que chega a recompensa? — sorriu.
— Não, só depois que eu tiver com você e sua irmã.
— Uma pena... Até logo, herdeiro! — Ela o deixou só.
Sigmund aproximou-se da mesa, tocou seu saung e indagou no íntimo de Aldous: "Posso receber Megalopsiquia, mestre?"
Demorou um pouco para a lira responder positivamente.
"Epifron, posso pedir para avisar da chegada de Megalopsiquia?"
"Ai, herdeiro! Aviso...", respondeu, apressado.
Ele sorriu, arfou e tocou a doce canção que há muitos compôs para aquela que o cuidou. Serena assentiu, acompanhando a canção.
Ao fim, Sigmund descansou o saung à mesa e parou de frente a um corredor, muito maior que o esperado — ou lembrado — por ele.
"Muito conhecimento foi produzido depois...", refletiu.
Sigmund foi aos acadêmicos mortos, onde os conhecimentos se dividiam entre as ciências, a História, as diferentes linguagens desenvolvidas por sociedades de mortos, ou meio mortos.
Assim o trabalho de destacar livros começou: história de Hibris e Himeros, sua relação com Macária e entre si no decorrer das eras.
Entre os sétimos conhecimentos, destacou o que havia sobre os herdeiros, seus relatórios de saúde mental e física pelas gerações.
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