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— Como!? — questionou Sigmund, esquecendo de se policiar dada a surpresa do súbito aviso. — Quando!? Temos tempo?
— Herdeiro... — chamou Fitz, precavido, observando Sigmund.
"Pouco..."
— Pseudos cairá!
Fitz franziu o cenho, olhou na direção de Byron.
— Podemos ir? — pediu Sigmund.
Fitz respirou fundo, passeou com sua sinfonia no contrabaixo: "Epifron, preciso de ajuda", chamou no íntimo de Chase que não tardou para chegar, sem nenhum de seus instrumentos.
— Pseudos!? — perguntou Chase, ao chegar.
Fitz apenas assentiu, engolindo seco.
— Posso... ajudar? — pediu Sigmund.
— Depende... não pode surtar!
— Não iremos! — afirmou.
— Profasis, vai para casa! Anesiquia, lidera aqui, por enquanto. — disse Chase, sério, seguindo com Sigmund.
Sem poder fazer objeção, Fitz partiu, obedecendo o general.
Chase seguiu, apressado.
Um frio passeou na espinha de Sigmund e ele sentiu um gélido e pesado ar tocando seu rosto. A imagem de um rapaz de aparentes vinte anos com longos cabelos brancos, o fez parar de caminhar.
"Monge, agora não! Tsc..."
Chase pegou Sigmund no colo para seguir até Byron, que já tinha os olhos e parte do rosto engolida pelo branco.
— Pseudos, para casa! — ordenou Chase, autoritariamente.
Byron o olhou e sorriu, cumprimentou e partiu.
— É perigoso... — alertou Sigmund.
"Juntem-se a Anesiquia!", ordenou aos que estavam com Byron.
Chase voltou com Sigmund ao sétimo salão e Byron estava sentado ao chão com ambas as mãos na cabeça, de olhos fechados enquanto Fitz apreensivo estava sentado próximo, observando-o.
— Temos piora? — indagou Chase, descendo Sigmund de seu colo e aproximando-se rapidamente.
— Não. Estagnamos. — Fitz reportou.
— Ótimo, Pseudos, dormir! — Chase disse, seguindo ao corredor.
Byron seguiu atrás de Chase; Sigmund, preocupado, apesar de aturdido, os acompanhou. Chase não precisou dizer, Byron apenas deitou e suspirou com o corpo ereto, olhando para o teto.
Sigmund se aproximou ávido, sem controle, tomou da Loucura.
"Ai! Não precisa ter pressa...", reclamou, sentindo-a se espalhar.
Não tardou para esquentar, causando-o extrema dor; ele caiu sentado, fechou os olhos para suportar; mas, como começou, passou.
Rápido, acompanhado do alto gemido prazeroso em seu íntimo.
"Seu louco!", repreendeu.
— Herdeiro! — chamou Chase.
Após duas frustradas tentativas, Sigmund o olhou.
— Estou bem... ele teve pressa! — reclamou, franzindo o cenho.
Byron ainda ficou um tempo aéreo até seu corpo entender que deveria parar e descansar. Chase o observou apreensivo durante um tempo, mas logo retornou com Sigmund para o salão principal.
Fitz estava recostado na parede de olhos fechados; obviamente, instável para quem já o conhecia, mas quieto, sem demonstrar nada.
— Vai, Profasis. Ele está dormindo. — Chase disse ao chegar.
Fitz seguiu ao quarto a passos largos.
— Como se sente? — perguntou Chase, olhando Sigmund.
— Estamos melhores, foi... não sei o que foi, mas passou.
— Vá à cozinha, tome um pouco d'água e coma algo, uma uva se não tiver apetite, tudo bem? — pediu Chase.
Sigmund foi. Haviam pães à mesa, as únicas refeições que as gêmeas e os rapazes tiveram. Como fruta de sua preferência, pegou uma maçã, serviu uma taça com água e sentou para comer devagar.
***
Um dia e meio passou e Aldous ainda dormia.
Althea manteve-se silenciosa, em jejum, velando seu sono. Felizmente, suficiente para as poucas manchas dispersarem.
Nos primeiros sinais de consciência de Aldous, ela apenas o olhou, agradecendo em seu íntimo por esse singelo sinal de melhora.
— Amor meu... — Aldous suspirou.
Sua voz estava muito cansada.
— Estou aqui, sempre! — A sacerdotisa sorriu, enxugando uma atrevida lágrima que se arriscou fora de seus olhos.
— Pragma tudo suporta... tudo suporta... tudo suporta...
Althea suspirou ao seu lado, o acariciou.
— Tudo suporta! — riu. — O que sente? Dores? Irascibilidade?
— Saudade e o que sente, amor meu?
— O coração acelerado por felicidade em demasia.
Ele sorriu, retribuiu o carinho em seu rosto, melancólico por observar tantas lágrimas passeando no olhar de sua amada.
— Antes de trabalharmos e eu invadir a privacidade de seus pensamentos... quer me contar o que aconteceu?
— Comecei com difíceis; corruptos; sangue pelo sangue! — narrou. — O fútil e o corrupto não podem caminhar lado a lado. Não é um bom futuro. Os bons morrerão em nome do que é inútil e sujo!
Aldous franziu o cenho e voltou a olhar para o alto, solene.
— Um pequeno grupo de pessoas não podem ser as únicas responsáveis por fazê-lo crer nisso. O que aconteceu?
— Nunca vi o sangue penetrar o solo assim. Algo está errado...
— Quer falar sobre as pessoas com quem lidou?
— Não... consigo! — Ele arrepiou. — Pior que as experiências que trazem lágrimas, as frustrantes trazem derrota. Não é uma derrota qualquer... é a luta da minha vida! Experiências que nos fazem duvidar da capacidade de cura. Indagamos: um doente pode curar?
Althea o acariciou, guardando todas as respostas carregadas de positivismo, que ele não precisava ouvir naquele momento.
— Vinho, boa música, colo e amor... é o que posso oferecer.
Aldous assentiu e Althea os serviu vinho. Sentindo-se fragilizado, ele deixou o sofá e sentou ao chão. Ela sentou no sofá e ele recostou a cabeça em sua perna, bebendo de olhos fechados.
Ao fim da primeira silenciosa taça, Althea pegou sua flauta. Tocou um doce Grave que trouxe agradabilidade ao solene momento.
Ao término da taça, Aldous a pôs na mesa e voltou a recostar-se, não tardando para o implacável sono o tomar novamente.
Aproveitando-se da calmaria, Althea fez seu trabalho e observou as lembranças de Aldous, invadindo-o profundo o suficiente para tanger o que ele pôde sentir do que se passava com a horda.
***
As almas continuaram chegando ao sétimo salão numa velocidade tolerável e possível de suportar. Terminando sua breve refeição, Sigmund voltou ao salão principal e sentou à pequena mesa.
Observou Laura, Chase, Latisha, Delano e Aldric trabalhando. Pôde ver Fitz e Byron passando no corredor, rumo à cozinha, mas eles não tardaram para voltar a sua reclusão no quarto.
Ouvindo a flauta de Althea soando ao longe, Sigmund recostou-se e acabou cochilando com o conforto transportado por ela.
Quando o número de almas chegando voltou ao normal, Chase foi ao quarto banhar-se, cumprimentou todos e deixou a escadaria.
Sigmund despertou assustado, olhando ao redor.
Ao observar estar exatamente onde adormecera, seguiu ao seu banho e sentou à beira do salão principal com seu saung no colo.
Com tanto trabalho na sétima escadaria, poucos se atreviam a passar perto. O menor fluxo deu a paisagem, já bela, esplendor!
Sigmund sorriu, inspirado pelo céu e pela flauta que tocava ao longe ele somente dedilhou seu saung.
***
Voltando ao plano vivo, o número de pessoas já diminuíra. "Uma pena terem tantos vivos...", disse o maldoso impulso em seu íntimo.
Amos e May estavam recostados um no outro. Enquanto os rapazes trabalhavam, eles tocavam. Chase aproximou-se, meneando a cabeça para tentar afastar os maus pensamentos.
— Estamos mais calmos? — perguntou Chase, sorrindo.
— Sim, perdão! — disse May. — Muito estresse, mas passou!
— Ótimo. O trabalho está basicamente terminado. A escadaria pode encarregar-se de aproximar o resto para lidarmos de casa. Tenho que devolver as crianças para a mãe — riu.
— Sim, senhor. Quer que lidemos ou o fará? — perguntou Amos.
— Deixe-me lidar, vocês são os que mais trabalharam...
Eles o cumprimentaram e partiram para casa.
— Três dias... quatrocentos e cinquenta e três almas... Quem diria que Algos ensinaria os filhos tão bem — elogiou o servo de Tânatos surgindo perto de Chase. — É um ato e tanto para um louco!
— Claro... — ironizou Chase. — No que posso ajudar?
— Impressionante... um autocontrole digno de almas heroicas...
— Se quer somente conversar, eu tenho trabalho...
— Pergunto-me se a criança é tão suscetível quanto o pai... Tomara! Adorarei observar seus massacres... Guiarei cada uma delas.
Chase suspirou, engolindo seco.
— Todos somos... mais ou menos experientes... e, para proteger os nossos, as Loucuras convergem para atacar o mesmo alvo... perigoso! — Ele mediu o homem de cima a baixo. — O que quer?
— Epifron parece muito afiado... — sorriu, tornando a exibir as presas. — Precisa remover os seus, o resto é trabalho nosso...
— Algumas são nossa responsabilidade... não lide com elas.
— Quais!? — indagou retórico.
A figura passou a mão no ar e empunhou uma grande foice.
— Por favor, irmão distante... Não mereço tanto problema!
— Adoraria derramar sangue ao seu lado. Pena não quererem...
Chase convocou os rapazes e voltou, orando para o homem não agir. Foi diretamente à entrada da décima quarta escadaria.
Alexa estava sentada no salão principal, comendo. Enquanto seu general lia um relatório. O general a cumprimentou formal.
— Senhora. Trouxe os rapazes. Terminaremos com os mais fáceis em casa — reportou. — Estamos estáveis e os instáveis já recebem tratamento no Grande Cemitério. Podemos ajudar com algo?
— Não, Epifron. Obrigada. Está servido?
— Não. Com sua licença! — Ele abriu um gentil sorriso para aplacar a rudeza da negativa, a cumprimentou e saiu.
Descendo os degraus, pôde sentir a aflição da melancólica canção de Algos emitida pelo saung de Sigmund.
— Inspirados? — indagou ao aproximar-se.
— Creio que sim... a mãe... o céu... a pouca vida e a morte...
— Nossa, herdeiro! Você está falando igual Profasis. Já disse que odeio isso!? — Chase riu, sentando ao seu lado.
— Perdão. Tudo flui devagar... como as notas... acab- — O menino abaixou a cabeça. Acanhado, cessou a canção. — Como foi?
— Sempre bem... Impossível piorar! — Chase gargalhou.
— Não sei se isso é pessimismo ou otimismo... estou confuso.
— Nem eu, herdeiro. Para confundir os aliados, confunda a si.
— Tenho certeza que esse não é o koan. — O menino riu.
— Hehe, espertinho. Funciona para mim! Vinho, malcriado.
— Sim, senhor, general. — Sigmund o cumprimentou, ainda rindo, e obedeceu, levando vinho para ambos.
— Nem falei sério... mas obrigado! — Chase sorriu, levantando a taça para brindar. — Um brinde a obediência do herdeiro.
— E o mestre? — Sigmund riu e brindou.
— Temos que esperar... Tomara que durma bastante! Sei lá, um sono equivalente a todo que ele negligenciou. — O general arfou, olhou para os degraus, tentando omitir a seriedade de seu semblante.
— Se um dia quiser, quando eu for da horda, sabotamos o mestre, o colocando para dormir. Como chama dias grandes juntos?
— Dias grandes, herdeiro... do que fala? — Franziu o cenho.
— É tem dias normais, dias um pouco longos, dias grandes e os maiores ainda! Às vezes os maiores ainda repetem como a festividade dos mortos, acontece uma vez a cada novo dia maior ainda.
— Ano, herdeiro!? — perguntou Chase, descrente da dúvida.
— Depende... A festividade acontece uma vez a cada novo ano!?
— Deixa eu ver... um dia normal é um dia. Semana é o próximo?
— Não sei como vocês juntam os dias, seus estranhos.
— Estranho é você localizar Paquistão Oriental e Rodésia no mapa e não saber que um conjunto de meses chama ano; um conjunto de semanas, chama mês e o de poucos dias é a semana.
— Dia já foi difícil; já as horas são ainda mais complexas... para que tantas medidas de tempo? Não podem ser só dias, do jeito fácil!?
— Ai, herdeiro! Juro que vou... matar... você.
— Sei que Paquistão Oriental e a Rodésia diferem. Temos aspectos diferentes: cultural, geográfico, genético, o tal geopolítico... Com dias são... dias, dias de flores, frio, chuva, seca; faz mais sentido!
— Ai, herdeiro. Meu coração parará! — Chase pôs a mão no peito, encenando um mal-estar. — Se sabe dos dias diferentes não deveria ser difícil. Se um dia precisar plantar, terá que se programar.
— Epifron, sei que não precisarei... se um dia estiver no plano vivo, posso caçar ou estimular o crescimento com energia; estudei as coisas de luz das plantas. Seja honesto, já precisou plantar?
— Não, herdeiro; mas esse não é o ponto! — Chase gargalhou.
— Acredito que você só está se divertindo com a conversa... e ela não tem cunho didático — disse, intrigado.
— Claro, herdeiro! Claro! Calma, deixa eu me acalmar.
Sigmund ficou mais confuso, mas voltou a beber em silêncio enquanto Chase ria, como uma criança ao ponto de lacrimejar. Após respirar fundo algumas vezes, o general retomou a seriedade.
— Herdeiro, sem brincadeira. Sei não parecer interessante, dado o fato de não plantarmos ou o fato dos corpos corresponderem ao entendimento, tornando o amadurecimento inconstante e particular.
Chase bebeu, riu, mas suspirou e retomou a seriedade.
— Temos um dever divino e enquanto vestirmos nossos corpos, sempre viveremos o tempo necessário para cumprir com o dever. Não importa o que achar. Em nosso fim, será o fim, querendo ou não.
— Você é estranho, Epifron!
— As formas de contar o tempo estão ligadas às visões de vida e morte, à observância da existência na totalidade. Imagino ser difícil, a matemática do tempo é terrível e sempre prega peças. Caso não consiga lidar aplicando a parcela morta, use o papel, ajudará.
— Continuarei me esforçando, mas é difícil! Nomes de semanas, anos, meses, dias; minutos, segundos, horas. É muito... e troca! Cada um chama de uma coisa! — reclamou o menino, terminando o vinho.
— Um exercício, foque numa forma de nomear; birmanesa, hindu, grega... sei lá, escolha! Se Algos Jamon fosse bom em gravar dias podia usar aquelas lá, mas não... Muito passou, nada mudou!
— Não deveria falar dele para mim...
— Nanana. — Chase fez careta. — As regras são minhas...
— Então quer falar mais!?
— Acabei de mudar as regras de novo. — Voltou a gargalhar.
A conversa pouco inteligente foi interrompida pela flauta de Althea: "Preciso que venha, meu filho!", chamou, no íntimo de Chase.
"Devo levar o herdeiro? Ele estava conosco no plano vivo", arguiu.
"É bom trazê-lo!", concordou, encerrando o contato.
— Vamos à mãe... — disse Chase, subitamente retomando a seriedade. — Ftisis! — invocou após um breve silêncio.
— Meu general! — cumprimentou. — Posso ajudar?
— Irei à mãe. Com Pseudos e Profasis descansando, pode ajudar?
— Adoro mandar em todo mundo! — riu.
— Não exagera. Se quiser, pode dar descanso aos outros, não demoraremos muito, então, não será um problema assumir.
— Obrigada. Como última ordem a obedecerem antes do retorno do mestre, farei com que descansem! Irei quando voltarem.
Chase seguiu com Sigmund ao Grande Salão. Aldous cochilava no colo de Althea, mas acordou ao sentir a chegada de ambos.
— Calma... — disse Althea com tom de voz baixo e tranquilo.
Aldous olhou ao redor rápido com o coração acelerado.
Chase prostrou-se, cumprimentando-os.
— Mestre Algos! Minha mãe!
Sigmund seguiu até Althea e sentou ao seu lado, saudoso.
— Gosto dessa forma de chegar! — sorriu, beijando o menino na testa. — Como está, meu filho? Já que pequeno Sigmund é exagero!
— Bem, minha mãe. Senti sua falta, eu acho.
— Ouvi seu saung, foi belo, emocionado... como ter você aqui!
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