λθ
Atingindo o avanço, Aldous começou a pausar para o estudo e descanso do menino, principalmente quando precisou trabalhar.
Assim... o ano se passou.
A compreensão destilada de Sigmund manifestou-se junto ao amadurecimento do corpo. Próximo à festividade dos mortos, Aldous parou o treinamento, deixou a área de treinamento limpa.
— Logo preciso sair, criança!
— Sim, senhor! O tempo passa errado. — O menino riu.
— Você não conta certo, difere! — O mestre gargalhou.
— Que terrível! O tempo sempre está errado! — reclamou.
— Banhe-se e descanse. Partirei. Busque Epifron!
Sigmund realizou seus afazeres com certa velocidade, deixando o quarto, ansioso para receber notícias de Ava. No Salão Principal, após a refeição, Sigmund aproximou-se de Chase.
— Ela está bem, herdeiro! — disse o general. — Mais dois meses e atestamos reabilitação. Algumas feridas demorarão para cicatrizar, mas já não sangram... nem voltarão a sangrar.
Chase o olhou brevemente e voltou a fitar o nada.
— Epidotes lidou com a infertilidade. Ela é jovem, encontrará alguém e, quem sabe, deixará uma boa herança aos vivos ou mortos...
— Ela ficará feliz — sorriu. — Obrigado, Epifron.
— Disponha! — sorriu. — Faça o que queres, exceto confusão! Com a saída do pai, sou seu responsável. Treino a partir de amanhã.
Sigmund observou o general por um tempo. Intrigou-se com a estranha calma e seriedade que Chase carregava em seu semblante.
— Está tudo bem, Epifron? Por que tão solene? — perguntou, finalmente tomando coragem. — Precisa de ajuda com algo?
— É trabalho... — Ele franziu a testa e seguiu ao corredor.
Sigmund o acompanhou com os olhos e quando Chase sumiu de sua visão, ele seguiu aos degraus, rumo a décima primeira escadaria.
Caminhar foi atipicamente desconfortável, pois, a maturidade do corpo se comunicava com a maturidade de algumas moças.
Gradualmente, as interessadas surgiam, movidas pela idade.
Na oitava escadaria, Goenix e Ianos estavam sentados na entrada, ambos de olhos fechados, pareciam meditar.
O pequeno e Ianos o cumprimentaram. Sigmund aproximou-se.
— Obrigado, Epidotes! — disse, breve, e seguindo caminho.
Ianos sorriu, satisfeito com a evolução que sentia no menino.
— Eu disse, mestre! — Goenix sorriu, satisfeito.
Ianos riu, assentindo.
— Está realmente belo! — afirmou, nostálgico.
Ao chegar no décimo primeiro salão, Sigmund avistou Samyasa e Yurri sentados, comendo. O guardião gesticulou, convidando-o.
Sigmund cumprimentou ambos e aproximou-se.
— Olá, herdeiro-biel! Como está Algos? — indagou Yurri.
— Está bem. Avançamos, Penia. Obrigado! — sorriu. — Biel!?
— Pyn, dor — respondeu Samyasa.
— Por isto, pyn... Tive tempo e vim vê-lo. Como está o treino?
— Sobrevivo... — Samyasa respondeu, rindo.
— Sobrevivemos, então! — Ambos riram.
— O crescimento está lhe caindo bem... Já chegaram namoradas? — indagou Yurri, observando o menino.
— Não... observei que alguns começam a ceder à idade.
— Cuidado, nossas mulheres são terríveis! — aconselhou Yurri, gargalhando. — Podem ser mortais...
— Não cederei aos impulsos ainda... a dor já me satisfaz...
— Difícil saber o pior: mulheres ou sétimos anseios sádicos.
— Talvez os anseios sádicos de uma sétima! — Sigmund riu.
— Perspicaz! — assentiu Yurri, levantando para servi-lo vinho.
— E a moça de Praxidice? — indagou Sigmund. — Está bem?
— Presiese treina, virá depois. — Samyasa respondeu, saudoso.
— É bem impressionante sua cumplicidade. Bonita de ver!
— Encontrei presiese no deserto... Egito, mestre!?
— Bem próximo.
— Gosto do Egito. — Sigmund sorriu, nostálgico.
— Supus vir de Burma! — espantou-se Samyasa.
— A história com o Egito é longa... outros momentos da vida.
— Começa a se lembrar dos que passaram? — indagou Yurri.
— Ele as mantém guardadas para me proteger da Loucura... mas às vezes lembro! Não sei se escapa ou é proposital...
— Gosto de saber que sua relação consigo é saudável! Isto é ótimo, meu irmão sofreu tanto com sua relação interna conturbada.
— Observamos. Os esforços do mestre sucedem. Não falharemos com ele, tampouco com a mãe. Seremos seu sucessor e cobriremos o pranto dos nossos com luto, Penia — disse, triste com a jura.
— Gosto da atitude, biel... Será que conseguirá, em algum momento, falar isto sem tanta tristeza no olhar?
— Aprenderei. A compreensão que diz que matá-lo é salvá-lo e a resolução, e satisfação, por decidir fazê-lo são separados por um abismo que pouco a pouco cruzo. Talvez seja possível logo.
— Ótimo. Deixarei os rapazes conversando, muito trabalho há!
Yurri levantou e seguiu para o interior de sua escadaria.
— Podemos caminhar, pyn. Vem? — Samyasa levantou.
Sigmund o acompanhou e eles seguiram, rumo aos degraus.
— Conhece os favoritos para assumir como guardião?
O menino meneou a cabeça e Samyasa seguiu, rindo:
— Você é um deles!
— Só conheço Epidotes, você e a moça de Praxidice.
— Os mestres dizem que com Epidotes não tem falha.
— Após Macas, Epidotes deve ser o mais longevo, afinal desconhece o tempo, se quiser impôr-se sobre a vontade do corpo...
— São precisos com o tempo que vivem, ditadores de si, eu diria!
— Na décima, Ayani-siekte, é bem parecida com presiese. Na primeira, Joseph-stryd, é mais velho, com certeza trabalhará conosco.
— Você também é favorito!? Ou é egocentrismo? — Sigmund riu.
— Esforço-me. Se eu for, ela é! Não tem como... eu... sem ela...
— Como crê ser assim? — indagou, curioso com a afirmativa.
— Sei ser assim. Não é uma certeza inteligente, é só certeza.
— De onde vem?
— Sul da África... As divisões territoriais são algumas, mas sou de lá. Após os problemas, só andei... Conheci muito! Lugares onde não entendia e lugares onde conseguia conversar. Foi uma viagem bela e terrível, mas me ensinou — explicou, com um sorriso tristonho.
— Meus pêsames pelo povo. — Sigmund o cumprimentou. — Soube que sofrem, apesar da resiliência. O mestre gosta de sua terra.
— É complexo e simples. Muito ocorreu e ocorre. Boas intenções suprimidas por más; anos de maus-tratos ensinaram desconfiança, ódio a xénos. Instilaram tanto ódio em Mãe África que, a escravatura ainda é um mal. A maioria cedeu se tornando senhor do outro...
— Realmente complexo...
— Precisam aprender a diferença de ser senhor de si e dos seus.
— Sua resiliência vencerá! — disse Sigmund, em tom solene.
— Temo, não mentirei, mas tenho fé! — Samyasa sorriu. — Mostro-te um pessoal legal. — Acelerou os passos, mais animado.
Sigmund se preocupou, mas seguiu com Samyasa.
***
Chase foi rápido até Aldous, bateu à porta, chamando-o.
Não tardando para ser atendido.
O mestre segurava duas taças, já servidas com vinho.
— Entre, Epifron! — sorriu, estendendo-o uma das taças.
— Já me aguardava? — Ele franziu o cenho, tomando-a, confuso.
— Apenas te conheço, Epifron... te conheço!
— Trabalho, meu pai!? — indagou, fechando a porta.
— Você fica mais pálido quando está preocupado! — Aldous riu.
— Ah! Meu pai... não... — gargalhou. — É sério, temos trabalho!?
Aldous sentou na cama, rindo, mas retomou a seriedade.
— Sim, trabalho. Senti há algumas horas... Aproveitarei a saída para tentar ser esclarecido, afinal é inconstante! Algumas vezes milhares, ou centenas, ou dezenas. Espero poder esclarecer na volta.
— Posso tentar?
Aldous sorriu, concentrou-se brevemente para permitir a Chase sentir a flutuante onda de mortes, ora intensa demais, ora suave.
— Atípico. Começarei a preparar os irmãos... Tão inconstante, o que será? Possível suicídio coletivo? — indagou Chase, apreensivo.
— Inconstâncias assim ocorrem com alucinógenos, por ora, é o palpite. Sobredose em massa. É atípico para um suicídio coletivo, mas não duvido! De qualquer forma, iremos... — disse, descontente. — Avise Laura e Latisha, se o número passar de um milhar, elas virão.
— E Delano? — questionou Chase, apreensivo.
— Se preciso... também. Então, deixe Aldric avisado, aconselho não comunicar Delano, pode impactar no desempenho dele até lá!
— Não o farei até o senhor voltar.
— Obrigado. Precisamos trabalhar para termos maiores chances de retorno estável. Visitarei sua mãe para comunicá-la.
— E o que o senhor levantou há alguns dias?
— Destila-se no horizonte. Não deve observar pela estabilidade, mas parece feio e mais próximo da realidade do que gosto...
— Possivelmente pior... — Chase suspirou, pesaroso.
— Não sofra por antecedência. Lidarei com as pendências que temos e partirei. Precisa de ajuda com algo?
— O herdeiro está grandinho... Planeja jogá-lo no quarto com Himeros, trancar e quem sobreviver, vive!? — O general gargalhou.
— A sabedoria de sua mãe indicará como faremos sem mortes no processo. Contudo, já é possível deixá-la interagir, sem excessos...
— Com prudência, o faremos...
— Cuide para inibir o contato pós-treino... hormônios demais!
— Sim, senhor. Devo me ater a algo mais?
— Não devo ficar fora por mais de dez dias... Use cinco dos dias para lidar com o monge rebelde. Auxiliarei com a louca sabedoria.
— E... ele... treinará o herdeiro... em algum momento!?
Aldous riu da preocupação de Chase.
— Não precisa falar como se fosse proibido citá-lo!
— Desculpa, mestre. É... sabe!? — acanhou-se Chase, rindo de si.
— Necessário, mas ainda não. Ser razoável com ele é impossível, mas é bom ele assumir, depois de Allatu, ou meses antes... Com ele me julgando miseravelmente falho, deve ocorrer meses antes...
— Prepararei os irmãos para isto. Serão tempos intensos...
— Por favor, o faça! — Aldous descansou a taça ao lado. — Reporei os selos que gastou comigo só para garantir... Nunca se sabe que categoria de insanidade esse lunático pondera fazer.
Uma intensa dor passeou por ele, causada por seu reflexo.
— Reclame mais... — gargalhou.
— Ai, pai! — Chase meneou a cabeça. — Farei conforme desejou. Não treinaremos, então ajudo com pendências e preparativos.
Aldous assentiu, rindo. Quando a dor aquietou-se, ele tomou da taça, brindou com Chase e, ao término do vinho, eles dispersaram pela escadaria para lidar com as poucas pendências.
***
Sigmund impressionou-se com os assuntos frívolos dos aprendizes, óbvio ócio, mas preferiu ficar quieto a maioria do tempo.
Ouvi-los fora interessante; conheceu sobre os guardiões, as escadarias e até alguns eventos no plano vivo. Uma fala de um nono rapaz: "O solo bengali enfrentará problemas. O mestre disse há uns dias", ecoava em sua mente enquanto retornava à sétima escadaria.
Uma mulata de claros olhos púrpuros parou em sua frente, parecia analisá-lo. Parecia ter dezesseis anos e tinha longos cachos castanhos. Sigmund parou, os olhos despertavam familiaridade, mas, precavido, ele deu alguns passos para trás.
— É o sétimo herdeiro?! — indagou, quebrando o silêncio.
— Sim, não quero problemas.
— Não vim trazer problemas, bobo. Vim resolvê-los!
— O que quer? — perguntou Sigmund, desconfiado.
— Soube dos problemas com a décima quarta... Vim conferir se é quem penso... mas é difícil precisar com estas coisas na frente!
— Julgo indelicado sair por aí pedindo por nudez — riu.
— O humor não mudou — disse em negativa. — Cuidado e se cuide. Epifron voltou muitas vezes te esperando. Foi difícil contê-la...
Sigmund franziu o cenho, tentando lembrar-se.
— Cheguei há pouco, mas, até eu morrer, conte comigo! — Ela abriu um sorriso, que transbordou felicidade e simpatia.
— Quem é você? — indagou, olhando-a.
— Só falo com quem lembra... Que bom que voltou!
A moça saiu andando, rindo da confusão de Sigmund e o menino ficou parado, olhando-a por algum tempo.
"Creio saber quem é...", riu seu insano eu, "Maldita puberdade!"
"Quem!? Ela falou da Zari!?"
"Sim... depois a procurarei para confirmarmos! Até lá, fique bem."
"Por que eu ficaria mal?"
"Devido à puberdade... tudo pode acontecer!", gargalhou.
Sigmund acabou rindo junto, entrou ao sétimo salão e Byron estava deitado, lançando alguns dardos em um alvo no teto.
— Esta é uma nova atividade... — O menino o observou, rindo.
— Hehehe, engraçadinho. Quer tentar!? — ofereceu. — Você deita aqui do meu lado e tenta acertar o alvo é simples.
Sigmund assentiu e deitou ao lado de Byron.
— Se errar o dardo volta e dói muito... Então, não erre!
— Louco. — Sigmund disse, olhando para o teto.
A pontaria de Byron era boa, haviam alguns dardos próximos ao centro do alvo. Byron divertia-se com pouco, acertando ou errando.
— Parece a tal roleta russa... ou tão insano quanto!
— Meu pai caminha lado a lado com a personificação da dor... Se eu não amá-la, como o amarei!? — indagou Byron, olhando-o.
— Faz sentido...
— É um bom exercício. Assim vemos se nossa matemática está em dia... Se alguns princípios físicos dos mortos estão em dia... Se nossa sanidade está em dia! Se o adestramento de nosso medo está em dia... — gargalhou, estendendo um dos dardos para o menino.
Sigmund arriscou, não foi tolo para se deixar atingir, mas se viu divertindo-se com a atividade. Não se prolongou, seguindo ao banho.
A refeição se aproximava e ele não se permitiu atrasar. Latisha, Laura e Chase estavam na cozinha. O general estava sentado em uma das bancadas, eles conversavam e riam bastante
— Epifron! Himeros! Hibris! — O menino assumiu seu lugar.
— Olá, herdeiro! Como foi passear? — indagou Chase. — Vinho?
— Foi bom... O herdeiro de Penia me apresentou outros. Precisam se ocupar, são ociosos! — reclamou, servindo as taças. — Têm tantos assuntos que me senti deslocado, mas... sem problemas.
— Isto que causa sua sensibilidade! — reclamou Laura. — Se trabalhassem mais enquanto jovens, seriam adultos melhores.
— Sem dúvida, mas cada um sabe o que faz com suas crianças... — Chase riu. — Se querem inúteis, deixem-nos com sua inutilidade...
— Concordo com Hibris que o trabalho edifica... mas, ajudaram a observar a sociedade... Logo, agradeço ao ócio! — riu.
— Falou igual o rebelde...
— Sim — assentiu Latisha, sem olhar. — Só faltou a rouquidão.
— Isto é ruim!? — preocupou-se Sigmund, olhando para Chase.
— Não, não se preocupe! — riu. — São um! É natural... Só teve o azar de ser aquele que cresce... mas é um fenômeno natural, convive muito com alguém e troca trejeitos. No caso, convive muito consigo...
— Crescer é complexo... odeio!
— Odiamos! — gargalhou Chase. — Poderia sugerir ao seu rebelde interior que pulasse essa parte direto para a fase adulta...
— Isto não é exagerado, Epifron!? — arguiu Laura.
— É uma piada, não faça, monge!
"Jamais aceitaria tamanha insanidade!"
— Ele não aceitaria — disse, aliviado, porém, frustrado.
— Imagino que ele entenda o valor de crescer naturalmente. Se eu tivesse tido poder, teria pulado a parte de crescer, honestamente.
— Todos teríamos! — concordou Latisha. — Foi difícil lidar com hormônios... soldados... todo mundo exalando... as coisas... Não conseguia distinguir se devia atacar, guiar, amar...
Chase e Laura caíram na risada.
— Riem porque não foi com vocês! Seus maus... — Ela retrucou. — A puberdade foi digna dos fossos do Submundo, do pior deles!
— Você é uma eterna adolescente, minha irmã. — disse Laura, a abraçando. — Até mesmo com os ataques hormonais — ironizou.
— Hehehe, ria da minha desgraça!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro