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Observando o menino criando uma máscara de corpo mais vítreo com poucos veios púrpuros, Chase ficou intrigado:
— Decidiu mudar!?
— Na última vez que Ela aconselhou, ignorei. Fui orgulhoso e falhei. Não fui filho, só disputei divindade! Muitos julgam Jamon um grande homem, mas, eu, nós, Sigmund, desprezamos. Ele não carrega honra ou mérito. Não posso usar do ego agora.
— Se permitir, sempre ajudaremos. Falharemos miseravelmente juntos ou triunfaremos... Sempre foi assim em casa... não mudará!
— Isto é bom. Devo vestir agora?
— Sim. Se o mestre seguir intervindo, sofrerão com agitação e instabilidade. Se for difícil lidar, avise o monge e paramos, tudo bem?
— Claro, Epifron! — riu, recostando-se e terminando a água.
— Debochado! — Chase riu, observando-o vestir-se.
Sigmund cuidou para dar um calmo despertar ao monge.
Demorou uma hora para os primeiros sinais de consciência.
— Bom dia, herdeiro!
— Bom dia, Epifron! — cumprimentou, olhando ao redor.
— Como se sente?
— Bem! — sorriu. — Obrigado. Treinaremos? — indagou, abrindo e fechando as mãos num breve exercício.
— Claro, herdeiro. Uma taça de vinho a cada dezoito horas... Sobrevive até lá!? — Chase riu, seguindo ao centro.
— Sim. Deveriam ser duas ao vencedor!
— Claro, herdeiro! — gesticulou, iniciando o treinamento.
Chase seguiu o exercício, usando das frases que personalidade usava. Surtiu o mesmo efeito, apesar do menino não respondê-lo.
O general serviu vinho após as dezoito horas.
— Se pode ganhar facilmente, por que não o faz? — indagou.
— É mero treinamento, herdeiro. Cada novo dia vivido é uma vitória para ti e para a sétima família, por isto, nós dois ganhamos!
— Brindemos a vitória! — riu, estendendo a taça à Chase.
Chase surpreendeu-se com o gesto, mas brindou. Eles tomaram o vinho e voltaram ao treino. Seguiram essa rotina por quatro dias.
— Logo o mestre chega. Sabe como proceder — disse Chase.
— Tenho tempo, Epifron?
— Sim, o que quer?
— Só para saber...
— Ele deve chegar na sesta... logo, há muito tempo para gastar.
— Obrigado. — Sigmund o cumprimentou e seguiu ao quarto.
Banhou-se e cortou o cabelo na altura da cintura.
"Trocaremos as cordas?", indagou seu insano eu.
— Quero... ele tem soado distante!
"Precisa trançá-las, o rolo com os fios está no armário. Se quer aprimorar-se, devo alertá-lo que está falando em voz alta."
Ele silenciou-se por algum tempo, repreendendo-se.
"Perdão. Tento me policiar, é difícil!"
"Sei disso, querido eu... Por isto alertei!"
Sigmund sorriu, sentou com o rolo ao chão para começar a trançar as cordas do saung. Sua outra face permeou cada uma com energia, fazendo-a correr como sinapses de um forte tom púrpuro.
"Isto as permite uma maior resistência por tempo indeterminado. Se me permite aconselhar, é bom que teça cordas extras."
"Presumi ser como meu corpo. Então quero fazer outras. Mesmo fadados ao sucesso no que efetuamos, existem falhas no caminho, não?"
"Gosto quando sabe das coisas!", gargalhou.
Sigmund riu junto, mas voltou a concentrar-se.
Com a ajuda de seu outro eu e um livro trocou as cordas antes de sair. No Salão Principal, Chase aguardava a chegada de Aldous, sentado à beira do salão, abraçado a sua bandura.
— Olá de novo, herdeiro! Teremos trabalho e, muito provavelmente, você virá conosco. Precisa estar pronto!
— Estou, Epifron. O máximo que pode acontecer é surtarmos. — O menino riu, tirando gargalhadas de seu outro eu.
— Nossa, herdeiro! Que ácido — repreendeu, rindo. — Que Macária, em Sua divina sabedoria, não ouça suas palavras macabras!
— Que assim seja, Epifron! Não causarei problemas.
— Gosto que abandone os "mas", a mãe odeia eles!
— Tenho que fazer funcionar... e deixar os "poréns", "poderia", "deveria" para trás é o que posso fazer agora. Não devem me servir!
— É incrível a velocidade com a qual conclui coisas... gostamos!
— Eu também gosto! Obrigado, Epifron.
— E esse saung novo? Quer testar? — Chase dedilhou a bandura.
Sigmund assentiu e Chase iniciou uma rápida e vívida canção que deu a Sigmund uma nostálgica sensação de vitória pós-guerra.
Ele sorriu e seu corpo, lembrando-se, reproduziu a memória. Energia vazava por entre os dedos, estressando as cordas, às vezes soando desafinadamente, mas, sem dificuldades, elas resistiram.
Aldous chegou pouco antes da refeição noturna. A felicidade em seu semblante evidenciava um encontro agradável com Althea.
— Mestre Algos! — Chase o cumprimentou. — Como estamos?
— Bem... — sorriu, meneando a cabeça. — Quase quebramos mais cedo que o normal, mas passou... Resistimos!
— A mãe!? — Chase riu.
Aldous voltou a cair na gargalhada, assentindo com a cabeça.
— Está tudo bem! — Chase iniciou o relatório. — Tudo conforme o esperado. O treino do herdeiro foi excelente, fluiu muito bem! Recebemos visita da herdeira de Megalopsiquia, antes que pergunte: sim! O contato de Himeros com o rebelde foi saudável e apenas social. Momentaneamente, isto é tudo. Está tudo bem em casa!
— Fico feliz. Sua mãe ajudará; o trabalho terá efeitos de diversas substâncias. Um festival de suicídio... ambos! Precisamos de Calis. Minha ortodoxia, ou conservadorismo, pode estar afetando meu julgo e não compreendo que categoria de não sandice é essa!
— Sim, senhor. Podemos chamá-lo para a refeição.
— Claro... Estou muito intrigado. — Aldous seguiu, rumo à cozinha. — Como estamos, herdeiro? Olá!
— Bem. Não tivemos problemas. Lembrar não instabilizou tanto... é positivo, segundo nós. Cortamos o cabelo. Lidamos com as cordas e estamos agradados com o desempenho, agora, ouço-lhes melhor. Observaremos como lidarão com surtos... há otimismo!
— Herdeiro, aprendendo a fazer relatórios comigo? — Chase riu.
— Isto é ótimo! — Aldous riu. — Observei algumas mudanças sutis em Allatu no céu, logo devemos receber notícias do desafio.
— Isto é ótimo. Estamos ansiosos. — O menino arfou, aliviado.
Na cozinha, Aldous beijou a testa das gêmeas e sentou à mesa. Não tardou para todos se juntarem. Com uma nota na lira, ele convocou Irvin e todos tiveram a farta refeição em silêncio.
— Continuem sentados, por favor. — Ao fim, o mestre serviu vinho a todos. — Temos trabalho logo. Creio que Epifron comunicou. É lastimavelmente péssimo: algo como um festival de contracultura. Infelizmente, falta-me sabedoria para entender.
— O festival nas Américas? — indagou Irvin.
— Sim, na América gelada.
— Que bom que chamou! Realmente sou necessário. — Irvin riu.
— A formação, primeiro. Hormes e Himeros ficarão... o máximo que der. Se atingirmos mil mortes em pouco tempo, precisarei levá-los. Sou avesso a isso, mas números podem ser nossos inimigos.
Aldous suspirou e tomou de sua taça, realmente repudiando a ideia de levá-los, mas tentou manter a sobriedade em seu semblante.
— Esse será um daqueles anos, não? — indagou Chase retórico.
— Espero que tenhamos êxito em preservar seus irmãos. Sim, será um ano terrível! — O mestre exclamou. — Do que isso se trata, Calis? Um culto religioso; malucos ou viciados no tal LSD...
— Um pouco de cada! — Irvin riu. — Um fenômeno social que gosto, contracultural; algumas classes superiores põem-se no lugar das inferiores. É belo. Carrega muito significado, mas não impactam como eu estimava na ideia inicial. Particularmente, uma lástima!
— Um movimento que se opõe à guerra de classe passivamente? — indagou Aldous, mais intrigado. — Algo como os soviéticos; têm uma bela ideologia, mas falham miseravelmente pela corrupção?
— Sim e não, meu pai. Têm influência da rubra ideologia, mas diferem dos soviéticos. Como movimento, são mais passíveis de êxito. Sua passividade, em conjunto com o poderio financeiro, pode levá-los ao sucesso se conseguirem evitar entrar numa guerra étnica.
— Guerra étnica? Voltar quatrocentos anos no tempo?
— São a elite econômica na América gelada. O combate ao racismo é uma das pautas, mas o movimento ainda é "branco". Se não fugirem disso, serão apenas um Klan que não pratica terrorismo. Isto é, se não forem corrompidos a ponto de o praticarem realmente.
— Esse cenário é terrivelmente enojante. Essas pessoas têm muitos inimigos? — indagou Aldous, obviamente desgostoso.
— Algum inimigo impacta neles? Sim. Algo grande como os que se opõe aos inimigos do Apartheid? Não. São, em maioria, favorecidos sociopoliticamente, o que lhes torna seu maior inimigo. Há quem tem algo a mostrar e são maioria, soldados; mesmo desarmados... mas, também há desordeiros, sabotadores, aproveitadores e vaidosos.
— Então descartamos possibilidade de conflitos de facções...
— Pode descartar... é muito improvável! — assentiu Irvin.
— Professam a mesma fé?
— Em maioria, sim. Contudo, não é um padrão e não há uma política separatista quanto a fiéis de diferentes espiritualidades.
— Politicamente alinhados, em sua maioria, eu presumo?
— Em maioria, sim. Contudo, não é um padrão e, isto, sim, pode ser problemático! Os espectros já mostraram que vieram pela guerra, única e exclusivamente; só perceberão com outro conflito mundial.
— Nosso trabalho estará ligado a sabotagem do movimento — refletiu Aldous, em voz alta. — O encontro, do que se trata?
— Um festival de música, se falo do mesmo evento. Esperam ser um marco para o movimento. Fico intrigado para saber que marca deixarão. São investimentos ousados, a palavra corre o mundo!
— Excesso de vivos, que nojo! — Aldous suspirou. — Algumas almas são de Tânatos. Não tive com Anaideia para saber onde estarão os irmãos e nem quero falar com ela. Ao chegarmos, espero conseguir ter com eles para identificarmos quanto do trabalho será nosso...
— Com fé, os servos de Tânatos levam todos! — desejou Chase.
— Que assim seja, meu filho! O herdeiro virá... Odeio, mas até a segunda ordem: Potos, Hormes, Himeros e Hibris, serão os que ficarão na escadaria. Elevarei minhas orações para não virem; até lá, poupem-se. Principalmente, Potos e Hormes. Estamos entendidos?
— Sim, senhor! — assentiram todos, em uníssono.
— Podemos reportar!? — pediu May, antes de levantarem.
— Claro... O que houve? — indagou Chase, intrigado, olhando-a.
— Diga, Ftisis... Adoramos ouvir sua voz. — Aldous sorriu.
— Obrigada, pai. Tivemos contato com um rumor ontem... foi rápido, mas me intrigou. Uma guerra entre sétima e décima quarta escadaria. Não me envolvi para não atiçar. Anaideia não veio, então presumo que ela entendeu não ser coisa nossa, estou preocupada.
— Foi realmente atípico. — Amos disse. — Sabemos que os degraus são maldosos, especialmente conosco, mas foi estranho... Algo como uma coleta de intenções. Houve polarização e pouco da corrupção da informação, observada comumente, ocorreu.
— Nossa! Estão tentando me matar! — Aldous riu. — Acabei de chegar e descobri que estou em guerra... e com a minha superior!
— Megalopsiquia — afirmou Chase, olhando Sigmund.
— Sei que a vimos, mas não está nas páginas da minha memória, Epifron! — O menino o olhou. — Posso arguir, se quiserem.
— Só nos atenhamos aos lapsos de Megalopsiquia. Seu assunto com ela diz respeito ao mestre Algos, mas imagino que nenhum dos dois estejam completamente conscientes. — Chase disse, solene.
— O general de Moros!? — intrigou-se May, franzindo o cenho.
— Não... uma herdeira! — corrigiu Chase.
— Ah! A namorada do herdeiro... — May riu. — Entendi.
— Só depois, ou antes, do desafio conversaremos. — Aldous disse. — Observei tudo e tenho minhas conclusões, mas aguardo para saber se tudo transcorrerá do jeito que imagino nos próximos meses.
— Não temos uma relação afetiva dessa forma, Ftisis; mas, ela é, sim, muito importante para nós, se me permite o adendo.
— Claro, herdeiro! — A moça gargalhou, tirando risadas de todos, com exceção de Latisha que brincou, fingindo ciúme.
— Devemos esperar muitos problemas? — indagou Fitz.
— Não. — O menino intuiu a resposta. — Mesmo que os reflexos passados falhem, cremos que não lhe atribuiríamos algo perigoso ou criminoso. Temos sede de resposta, mas não pressionaremos para não sermos impactados social ou mentalmente... logo... demorará.
— Quem é você e o que fez com o monge!? — Aldous gargalhou.
Sigmund riu.
— Mantenhamos a vigilância para garantirmos mínimo controle da situação. — O mestre instruiu. — Pseudos colabora com Anesiquia e Ftisis no momento de lidar com os rumores perigosos.
— Sim, senhor. Ultimamente fugi dos degraus, então nada sei! — riu Byron. — Serei a mentira que caminha nos degraus da morte.
— Isso ficou muito sensual... — Latisha mordiscou o lábio.
— Crianças... — Aldous chamou sua atenção. — Trabalhemos. Que Macária nos abençoe! Epifron e Himeros, meu quarto... uma hora.
— Podemos ver Moros, mestre!? — pediu Sigmund.
— Sem problemas. Lidará com Megalopsiquia?
— Não, senhor. Ouvimos algo, problemas em solo bengali, gostaria de saber o quão fidedigna é a informação... — disse, com tristeza no olhar. — Ela deve estar muito triste, se for verdade.
— O solo bengali não é seguro... Vivem uma guerra civil, lutam por independência... logo deixarão de ser Paquistão — disse Irvin.
— Sei ser muita exigência, mestre, mas poderia me levar ao templo vivo? — pediu, preparado para a resposta negativa.
— Se me convencer em cinco minutos, sim! — Aldous riu.
— Não posso ir ao Nepal, mas posso chamar Samina ao Grande Cemitério. Não sei o quanto dói saber dos problemas em sua casa e ouvi que algo grande chega... só quero ser bom para ela...
— Hm... me emocionou! — disse Latisha, com lágrimas nos olhos. — Que fofo! Não sei se quero matá-la, ou amá-la...
Aldous gargalhou, junto a todos.
— Se emocionou Himeros, pode! Saímos amanhã.
Sigmund suspirou, aliviado e feliz com o consentimento.
— Obrigado, Himeros! — sorriu.
— Pode me agradecer no quarto... — Ela o olhou, faminta.
— Himeros... — repreendeu Aldous.
— Desculpa. Foi um lapso! — disse, afastando-se do menino.
— Horda e herdeiro, dispensados. Himeros e Epifron, já sabem. Lidarei com as pendências que senti, terei com vocês e tirarei o resto do dia no altar. — disse Aldous, levantando.
Latisha se perdeu, olhando para o menino, mas Laura a puxou para ambas lidarem com a louça. Sigmund cumprimentou a todos e saiu, rumo a nona escadaria.
Ario estava sentado no salão principal. Sozinho, o guardião saboreava um vinho. Tinha o semblante sério e pensativo.
Ao ver Sigmundo na entrada do salão cumprimentando-o, Ario sorriu e o convidou para entrar com um gesto.
— Soube que andou me procurando. — Ario riu de canto de boca. — O que precisa? Algos não está bem? — preocupou-se.
— Não é sobre o mestre. Nada o aflige há alguns meses.
— Macária é boa! — tranquilizou-se Ario, suspirando, aliviado.
— Lidei com um rumor: problema em solo bengali...
— A guerra?
— Creio não ser a guerra, senão o rumor estaria atrelado ao meu vizinho da guerra, não ao senhor dos acidentes.
— Por que do interesse? — Ario serviu vinho a Sigmund.
— Quero preparar uma sacerdotisa bengali para lidar com os impactos emocionais. Quando conversamos sobre sua casa, ela soou saudosa, carinhosa. Não entendo, mas quero cuidar de seu coração.
— Fascinante. Treinas para se tornar guardião e nem sempre podemos intervir. Escolher vidas é uma parte complexa do trabalho. Alguns como Algos, desejam descanso aos bons vivos. Alguns como eu, pouco creem em reabilitação, logo podem matar facilmente. Alguns como Anaideia, creem e querem salvar todos, sem exceção.
Sigmund tomou de sua taça, observando-o atentamente.
— Não podemos agir conforme queremos sempre. Às vezes nos permitimos abusar do poder, usar de egoísmo, ouvindo as súplicas em nosso coração, mas o coração erra muito! Mediante isto, podemos acordar algo, criança? Confiarei na sétima sabedoria, o que acha?
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