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Todos beberam seu vinho, pacientes até a fúnebre melodia do órgão da Guardiã das Leis ecoar pelos degraus, anunciando a reunião.
Todos os transeuntes rumaram às suas casas e, em instantes, somente as almas perdidas caminhavam, murmurando.
— O órgão de Nous anuncia eventos extraordinários, mas é difícil ela estar. A etiqueta para reuniões, em caráter emergencial, diz para nos reunirmos na décima quarta escadaria, seguindo a mesma série de degraus, na ordem do segundo ao décimo terceiro.
— A Guardiã das Leis não participa!?
— Quebra a reclusão em casos extremos... ou se torna mais sociável em guerras, já que o Templo dos Mortos se abre.
Um homem, grego, passou com três moças; conversando bastante, parecia calmo. Ele sorriu para Aldous, cumprimentando.
— Por cortesia, cumprimentamos... Esse é Deris Niklos, o segundo. A esperança em forma de meio morto, positivo e otimista. Quando preciso lidar com meu niilismo, ele ajuda a refletir.
— Seu trabalho deve exigir felicidade e otimismo...
— Deris lida com bons aspectos das almas humanas... basta ouvi-lo falar para realmente me acalmar. — O mestre sorriu.
Sigmund observou Niklos passar com suas filhas.
— Com ele, a general Agon; a tenente-general negativa Anfilogia e a tenente-general positiva Diceosine.
Uma jovem grega com negros cabelos longos e olhos, tão escuros quanto, subiu com dois rapazes e uma moça em silêncio. Ela assentiu com a cabeça, cumprimentando Aldous e seguiu.
— Acrateia Kalicia, a terceira guardiã introvertida. Sua irmã Acrateia Cacia é muito falante, sempre está conversando.
— Assim soa perigoso! Sabe tudo de todos. — Sigmund riu.
— Sempre observo os degraus. Aprendo muito sobre seres pensantes nesse processo, logo, distingui-los não é tão complexo.
— Herdeiros compartilham características em comum!?
— Sim. Acrateia Cacia foge do padrão dada a extroversão; é uma característica icônica! — enalteceu, demonstrando seu apreço. — Com Acrateia, a general Tecmor; negativo Enédra e positivo Eulábeia.
— Impressionante conhecer todos...
— Conheço seus nomes, mas como não sou próximo, creio ser educado não dizê-los... se quiser conhecê-los, vá até eles.
Um jovem grego, andrógeno, com longos cabelos lisos castanhos escuros, subiu com uma menina no colo e três moças, tão jovens quanto. Eles conversavam com a menina e riam muito.
O jovem cumprimentou Aldous, alegre, e a menina acenou.
— Hesiquia Nap. Quarto guardião. Tão gentil quanto perigoso...
— Personifica o sono... posso presumir o porquê é perigoso...
— Tem métodos fascinantes para treinar os seus. — Aldous riu. — Com ele, a general Aergia; negativa Pentos e positiva Eremia.
— Comumente, divergimos politicamente — disse Chase. — Não sei se a divergência é porque ele crê ou se ele só faz a linha do contra.
— Parece adorar me estressar! — Aldous meneou a cabeça.
Não tardou para um homem com longos cabelos grisalhos passar, tinha um sorriso calmo, como o sorriso dos que estão prontos para morrer. Um rapaz e duas moças o acompanhavam.
Suas vestes diferiam, eram tecidos e cortes orientais e, apesar das cores escuras, muitos lírios claros estampavam-nas.
— Geras Iven, quinto guardião.
— Apesar do semblante calmo, ele não é fácil de derrubar e nenhum dos seus — alertou Byron. — Soube que o herdeiro de Allatu está com ele, não se engane, ele conhece uns truques difíceis...
— Falando assim parece experiência própria! — Sigmund riu.
— No desafio de Pseudos, um aprendiz de Geras esteve. — Byron arfou. — Derrubá-lo foi difícil, e, pior, foi lidar com o mestre depois! Quase que ele fica e os herdeiros morrem — riu.
Aldous riu da indignação de Byron, mas voltou a olhar para Iven passando com os seus e retomou a palavra:
— Com ele, general Eupraxia; negativa Lete e positiva Hedilogo.
— Lete como o rio!?
— Sim, como o rio. Essa Lete — disse Aldous, apontando para um conjunto de estrelas. Constantes, nem cintilavam. — É uma náiade, ninfa de água doce, filha de Éris, deusa da discórdia.
— Personifica o esquecimento!?
— Sim.
A marcha do sétimo guardião acompanhado de uma mulher e dois homens foi ouvida. Não eram tão fortes ou altos quanto se via nas fileiras de Ares, mas a firmeza da marcha soava intimidadora.
Carregavam seus elmos embaixo do braço e o sexto guardião evidenciava uma horrível cicatriz no pescoço e parte da bochecha. Eles cumprimentaram Aldous e seguiram, como se fossem à guerra.
— Macas Geese. Vizinho de baixo. Parece jovem, mas é o segundo mais velho. Humor péssimo, gênio difícil... um bom homem.
— E quem seria o mais velho? Anaideia!?
— Não, Anaideia é jovem! Nous é, de longe, a mais longeva. Só verá um herdeiro ou herdeira de Nous, frente a tempos que mudarão a sociedade, leis e princípios. Senão, ela continuará guardiã.
— Isto é muito tempo... observando vocês funcionando sem o mínimo sinal de colapso ou crise, ela viverá para sempre!
— Isso é muito! — riu. — Pode não parecer, mas sinto mudanças chegando. Lidamos com excessos de Anaideia há muitos e cansa! Uma revolução é necessária e a vejo pulsar na linha das probabilidades.
— Entendo... A longevidade de Macas se dá pelo estresse ou facilidade de morrer!? Algo como uma troca?
— Não sei a verdade por trás da idade de Macas... é algo que só ele, as Grandes Sacerdotisas e Macária sabem. Seus herdeiros são longevos... mas é comum morrerem precocemente. Logo, concordo com a tese, muito tempo, se souber administrar! Sem a intervenção das guerras, Macas vive, facilmente, cinco gerações nossas.
— Este está vivo há quanto tempo?
— Três... cerca de cento e cinquenta anos. Diz querer superar duzentos e cinquenta — riu. — Com ele, general Peitarquia; negativo Lissa e positivo Ecequeria — apontou, levando a taça à mesa.
Eles aguardaram alguns instantes e saíram. Aldous primeiro com Sigmund ao seu lado. Chase, Byron, Fitz e Irvin logo atrás deles.
— Temos a escadaria do monge. — O mestre riu.
Lançou uma agulha no interior do oitavo salão: "Estou calmo, não se preocupe!", foi a mensagem que ela carregou.
Ianos estava sentado em posição de lótus ao lado de Goenix, com uma moça e dois rapazes ao lado. A agulha passou por ele, desfazendo-se. Ele sorriu e cumprimentou Aldous, zeloso.
— Com ele, o general Nêmesis; negativa Adicia; positivo Afeleia.
— Depois... Moros... nona. — O menino disse, exercitando-se.
— Moros Ario é único! Personalidade forte, festeiro, lidera a maior horda. Grande diplomata quando quer... um problema difícil de resolver, quando quer... Gosto dele, seus hábitos nos distanciam.
— Somos politicamente alinhados — disse Chase. — Sua opinião forte é de difícil ingestão para a maioria. Quando se posiciona, ele vai ao Submundo! Temos pensamentos muito parecidos, apesar de sermos anarquistas e muito niilistas comparados a eles — riu.
Ario estava de pé na entrada do salão. Os belos cachos de uma menina mulata bailavam no ar, acompanhado sua agitação enquanto dançava com uma moça e um rapaz.
O nono guardião era quem tocava e ele ria bastante.
— Sua horda já está nas três dezenas... é impressionante!
— Acidentes devem exigir este enorme número...
— Sim! Ele foi astuto e aumentou a horda ao assumir... preciso! Com ele, o general Megalopsiquia, negativa Peito e positiva Pistis.
Na décima escadaria, uma moça estava sentada com as pernas cruzadas dependuradas, ela tinha longos cabelos loiros e olhos verdes claros, fendidos como os de um réptil.
Ela sorriu para Aldous e acenou com suas longas unhas. Uma moça e dois rapazes estavam sentados, próximos, em silêncio.
— Nosos Imalda, a venenosa... — Aldous riu.
— Os olhos são assim mesmo?
— Sim, é uma víbria, um povo catalão que descende dos dracs, seus dragões. Existem aos montes, mas são nômades e bem reclusos.
— Fascinante! Algo como zahhak, mas sem cobras nos ombros.
— Gosto quando sabe das coisas! — elogiou. — Com ela, Iscnasia, o general; negativo Acos e positiva Elpis.
— O que Acos é de Algos!?
— Acos, Ania e Lipe são, por nós, ditas filhas de Algos; mas, alguns atribuem seu nascimento a Éris — explicou Aldous. — Quando chegarmos, precisa suprimir a energia, pode fazê-lo?
— Sim, mestre. Começarei...
Sigmund concentrou-se para, devagar e com calma, suprimir. A quietude e lentidão da marcha ajudou para conseguir rapidamente.
Na décima escadaria, Yurri comia e bebia algo com dois rapazes e uma moça. Acenou para Aldous quando o viu.
— Penia, já conhece. É o possível mais sentimental, apesar do enorme coração, é sábio nas decisões. Dificilmente põe sentimentos a frente, a não ser, é claro, quanto a Praxidice, aí ele é outro homem.
— Algo como você e a mãe?
— Com Althea e eu é agápe, incondicional; pragma, maduro e longevo, mas também eros, romântico e luxurioso, mesmo que nunca tenhamos tido um com o outro. Penia e Praxidice vivem algo como Pseudos e Profasis vivem. — O mestre esclareceu.
O menino franziu o cenho, um pouco confuso, mas não interrompeu o mestre, que apenas seguiu.
— Com eles é agápe; philia, desapaixonado, e storge, um amor pronto, biológico. Já se casaram em algumas gerações, mas eros não é habitual entre eles — explicou. — Com ele, a general Ptoqueia; a positiva Adefagia e o negativo Cairos.
— Na próxima, Praxidice, décima primeira... maldições...
Aldous assentiu, rindo. Patience bebia vinho, sentada, posuda, estava com duas moças e um rapaz. Ela sorriu para Aldous.
"É uma satisfação vê-lo, Algos", ela disse no íntimo de Aldous.
— Sua general Deimos; negativo Aras e positiva Aedos. Ela é amável quando dorme. — Aldous riu, tirando risadas dos outros. — É correta e justa, inteligente; mas o humor ácido é insuportável.
— Eu até gosto dela. — Chase riu.
— O dono do humor ácido da minha casa gosta dela... por quê?
Eles riram. Na décima terceira escadaria, uma morena de olhos claros e longos cabelos ondulados, estava com dois rapazes e uma moça. Os quatro cumprimentaram Aldous e os seus.
— Dissebia Carlia, décima terceira. Apesar da calma, personifica os extremos de amor e ódio. Desconhece o meio-termo, principalmente quanto a horda! É formidável, se não fosse Althea, seria ela — riu. — Seu general Étos; negativo Trasos e positiva Gelos.
— Entendo...
— Depois pormenorizamos. Ao menos conhecê-los, já conhece!
— Conhecer as maiores hierarquias ajuda muito.
— Sei disso... muitos problemas podem ser evitados com algo simples como conhecer com quem está falando... Evita a fadiga...
Aldous parou de frente ao décimo quarto salão, mas, antes de seus cumprimentos, os sinos de Alexa os convidaram a entrar.
Meticuloso, ele realizou a cerimônia de cumprimentar e entrou. No salão, uma leve refeição estava servida junto a canecas e taças com vinho e água. A extensa mesa estava farta!
— Um milagre... Algos na reunião! Não cria viver para isso... repensarei minha fé! — ironizou Geese, rindo ao ver Aldous entrar.
— Próximos a Anaideia, o mais jovem, general Poine; Eleos, positivo e negativa Lugra — explicou Aldous, rindo da piada de Geese. — Senhora! Irmãos! Sobrinhos! — cumprimentou Aldous.
Alexa os escusou e eles sentaram, próximos.
— Mais que o milagre de um Algos, são dois numa reunião! — Nap riu. — Bem-vindos de volta! — disse, estendendo a taça.
— Demorou tanto que chegou dobrado! — Geese gargalhou.
— Sei que sentiram saudades, mas não precisam gritar seu amor! — ironizou Aldous. — Voltem a falar de coisas de guardião...
Aldous silenciou e os outros seguiram conversando frivolidades, até todos chegarem, cumprimentarem-se e sentarem-se.
— Bom dia a todos. É uma reunião exótica de caráter emergencial, onde temos até herdeiros! — Alexa pronunciou-se. — É tão raro que penso se devo adicionar assuntos a pauta.
— Por isto não venho — reclamou Aldous, olhando-a.
— Brincadeiras à parte. Ario convocou a reunião, creio já saber o motivo, mas o darei a palavra — disse Alexa, tomando seu vinho.
— Senhora! Irmãos! — cumprimentou Ario. — Como sabem, terei trabalho e preciso de ajuda. Convoquei a reunião, pois, visando os impactos futuros, quero escolher quem virá ao meu auxílio.
— Antevê surtos? — questionou Iven.
— Não só surtos, mas instabilidade emocional de difícil cura... não quero colaborar, levando irmãos sensíveis para uma guerra.
— De que guerra fala? — perguntou Geese. — Algumas ocorrem e desde que Césio 137 virou um brinquedo, acidentes são comuns...
— Ainda não sei se é um acidente nuclear. Contudo, vamos ao território soviético, em meio a guerra eslava.
— Soube que o bichinho mal está solto. — Imalda riu. — Minha filha Eucleia disse que a Grande Guerra estimulou o romper precoce.
— Sim. As coisas intensificarão... nós vimos! — afirmou Ario.
— Se já pensou algo, diga... queremos ouvir! — sugeriu Alexa.
— Dissebia, Nosos e Algos. Em caso de necessidade, Praxidice.
— E crê que nos juntar não explodirá!? — Imalda gargalhou.
— Creio que meu trabalho será executado, se restarem problemas entre vocês, não será um problema meu. — Ario sorriu.
— Quer que você, Aldous, Imalda e Carlia... saiam juntos... ao plano vivo!? — indagou Alexa, rindo de nervoso.
— Claro... muito engraçado, Anaideia! Estou rindo por dentro — incomodou-se Ario, olhando-a com seriedade.
— É a típica situação que exigirá votação!? — questionou Carlia, olhando para todos. — Podem contar comigo, dependemos de Alexa.
— O quanto o sétimo está estável!? Os degraus disseram que o oitavo o visitou hoje — disse Iven, observando-o.
Aldous os observou em negativa, mas manteve o silêncio e com uma nota em sua lira, sinalizou para nenhum dos seus responder.
— Ele está bem — disse Ianos. — Concordo que estável não define seu estado. Gostaria de acompanhá-lo devido à intensidade que lidei mais cedo, mas deixo que opinem e decidam.
— Ianos falou! — brincou Yurri, parando de comer para rir.
— Sou favorável. É difícil estarmos juntos. Uma lástima que Algos seja levado à guerra, mas é melhor que mantê-lo segregado — disse Niklos. — Que Macária lhes abençoe, irmãos — bem-disse.
— Ianos concordou? — Patience riu. — Tempos diferentes...
— É o que minha sabedoria crê ser certo. — Ianos sorriu.
— Procurei a Grande Sacerdotisa Viva antes de vir — falou Ario. — Recebi aval para propôr em concílio. Se considerasse qualquer um dos nomes inadequados, ela teria negado prontamente.
— Althea é suspeita quando falamos de Aldous — disse Alexa.
— Como!? — questionou Aldous, franzindo o cenho e olhando-a.
— Falta discernimento quando se trata de você. Todos sabem!
— Althea é a mais competente de todos! Lida com cem vezes mais problemas que nós diariamente... e o discernimento escapa? — questionou Aldous, retórico. — Você deve estar brincando, Anaideia.
A carne de Aldous tremeu. Um frio correu a espinha de Sigmund, mas ele abaixou a cabeça, tentando respirar devagar.
— Eita! Seu herdeiro já odeia Anaideia!? — Patience gargalhou.
"Odiamos...", sussurrou a Loucura no íntimo de Sigmund.
Energia explodiu em Sigmund, mas ele conseguiu suprimir.
— P-perdão! — reparou-se, respirando fundo.
— Herdeiro, calma... — pediu Chase.
— Odeio ela, Epifron! — disse com a voz trêmula.
— Perdoe-nos pelas ofensas! — Byron suspirou. — Não falemos da mãe, nem de Anaideia, nem do pai, nem de ninguém! Foco! Já sabemos como proceder, caso a resposta do concílio seja positiva.
— Exato! — Fitz assumiu. — O pai teve problema, consequência do treino. Conforme o herdeiro avança, quedas são mais comuns. Isso não intervirá, afinal, seremos Pseudos, Epifron, Calis e eu.
— Só cai por optar estar sozinho, delimita o quanto vaza para nós, por nossa integridade. Antes de julgarem-no inapto, pensem se aguentariam! — disse Chase, descontente e nitidamente estressado.
— Todos têm que lidar com dilemas e problemas... Fazem um ótimo trabalho e sempre enaltecerei! — Ianos assentiu, sorrindo.
O silêncio pairou, com mestre e aprendiz, buscando comedimento enquanto suas taças sofriam da mesma ressaca.
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