ιδ
— As coisas com o pequeno Sigmund, agora, estão razoáveis. As incidências com a Loucura são constantes... mas, sua grande compreensão de si ajuda com o bom fluir — explicou Althea.
— O que vi, abaixo da máscara, é Bodhi? — arguiu Ianos, curioso.
— Não se ele puder evitar, segundo o próprio — respondeu Althea. — Teve problemas com theravadas... a aversão é generalizada.
— Meu aprendiz terá trabalho com o vizinho! — Ianos riu.
— Tenho fé no juízo do próximo Algos — Alexa bem-disse.
— Eles terão problemas. Seu aprendiz terá mais dificuldades do que você teve com Aldous, provavelmente... — Althea riu, nostálgica.
— Meu irmão é um grande homem, me orgulho de conhecê-lo e chamá-lo irmão. Mesmo tendo as forças sugadas pela guerra, resiste de pé! É um exemplo. Gosta de me hostilizar, mas não incomoda. Não pode fugir de sua natureza e ela não muda sua grandeza.
— Ianos, pode me ajudar? — pediu Althea. — Há uma mulher, nativa de Aakash, de quem preciso receber informações. O nome é Ava, aparentemente curandeira ou médica. Mostrarei seu rosto.
Althea tomou sua flauta para mostrar a memória de Ava.
— Se encontrar, aviso! Mostrarei a todos em Burma. Partirei. O trabalho fará bem a Goenix. — Ele sorriu, cumprimentando as sacerdotisas. — Deem-me licença. Prava, fico feliz por tê-la visto.
Elas levantaram, retribuindo o cumprimento de Ianos.
— Eu também partirei — disse Alexa. — Comunicarei sua ausência à oitava escadaria, Ianos. Por favor, não se prolongue!
— Sim, senhora! — assentiu, saindo para buscar seu aprendiz.
— Agniprava irá ao Nepal? Posso levá-la — ofereceu-se Alexa.
— Agradeço. Quanto mais rápido chegar, mais rápido volto a contribuir. — A moça aceitou.. — Minha mãe, até logo!
— Que Macária a abençoe, minha filha! — bem-disse Althea.
Alexa estendeu a mão a Agniprava e elas partiram. Só, no grande salão, serviu-se com vinho e sentou, suspirando.
"Como está, Sigmund?", perguntou, no íntimo de Dieter.
"Cochilando. A Loucura intensificou, mas ele se embriagou", respondeu Dieter, "Estou velando seu agitado sono."
Althea terminou o vinho devagar. Foi ao altar, orar por Sigmund e Aldous. Terminando, foi ao salão principal. Os sacerdotes já caminhavam pelo salão, incluindo Arri que, ao vê-la, aproximou-se.
— Meu filho, bom dia! — sorriu, feliz por vê-lo. — Como está?
— Estou bem e recuperado, mãe. Bom dia! — cumprimentou Arri. — Fui levado pela preocupação, perdão! Não me descuidarei.
— Inexperiência e preocupação, juntas, são uma arma poderosa! — ensinou Althea. — Verei como está o pequeno — disse, seguindo ao quarto de Sigmund. — Como estamos? — perguntou, indo à cama.
— Não acordamos, mas não demorará.
Ela suspirou, sentando à cama e acariciando o rosto do menino.
— Preocupada, minha mãe?
— Sempre empático! — Ela riu. — Estou apreensiva. Já sabia que Aldous ter um herdeiro seria atribulado, mas sinto-me impotente. Isto pesa e não há nada que posso fazer.
— Mãe, a senhora faz o melhor e seu melhor é o melhor possível!
— Quanto melhor em uma frase, hein!? — Ela riu.
— Só assim quantifico nossa melhora enquanto família e mostro o quanto se aprimorou! Estou aqui desde pirralho, mãe... e hoje você é uma mãe melhor que ontem, porém não tão boa quanto será amanhã!
Althea silenciou, derramando uma tímida lágrima emocionada.
Sigmund despertou com a lágrima tocando seu braço.
— Por que chora? — perguntou, preocupado, sonolento.
— É emoção! — Althea sorriu, suspirando para recompôr-se.
Ele enxugou o rosto da sacerdotisa.
— Estou tonto, mas bem! — disse, crendo ter causado o pranto.
— Isto é ótimo, fico feliz! Precisa vir à refeição. Que tal um banho? — sugeriu Althea, curando a leve embriaguez que o acometia.
Sigmund banhou-se e seguiu ao salão de jantar, onde todos já estavam reunidos, ele procurou e sentiu-se aliviado ao não encontrar Agniprava à mesa, deu bom dia para todos e sentou. Ao fim, preocupado, voltou ao quarto, onde meditou pela manhã.
Dada a dificuldade que tivera, ateve-se em afastar pensamentos ruins, mesmo que a ameaça anterior ainda lhe arrepiasse a espinha.
Nesse dia e nos dois seguintes, ele estudou e descansou.
***
Chegando ao salão principal, viu Aldous sentado, com uma taça de vinho na mão esquerda, dedilhando sua lira com a direita.
— Bom dia, monge! — Aldous cumprimentou. — Como está?
— Tsc... Bom dia, senhor Aldous! Estou bem.
— Estamos prontos para partir?
— Posso ver Althea? — O menino pediu.
— Eu também quero vê-la! — riu. — Teremos a refeição. Mesmo que o mundo esteja acabando, fico e aprecio a refeição com ela.
— Tudo bem! — Sigmund se tranquilizou.
Aldous, com a lira nos braços, aproximou-se, analisando-o.
— Sentiu algo incomum?
— Tive problemas, mas passou. Nos últimos dias, me poupei, focando nos estudos com Althea e em meu autoentendimento.
— Entendo... Senti seus problemas com a Loucura, o que houve?
— Uma ascética... depois dois... depois dois e meio... — resumiu.
— Ainda sou incapaz de pisar numa igreja sem endoidar! Não está só — riu, olhando na direção do quarto de Althea.
Não demorou para Sigmund, primeiro, sentir seu perfume aproximando-se para, em seguida, vê-la chegar ao salão principal.
— Minha senhora! — Prostrou-se Aldous, formal. — Retornei. Terei a refeição aqui e partirei com o herdeiro. Necessita de algo?
— Bom dia, Aldous! — Althea pensou em muitas respostas, mas, se limitou a um sorriso. — Melhor? — indagou, acariciando seu rosto.
— Sim, infelizmente estou pronto para a próxima — respondeu com pesar. — Posso ter sua companhia numa taça de vinho?
— Sim. Bom dia, pequeno Sigmund! — Ela o beijou na testa.
— Bom dia! Partirei. Voltarei, sem te preocupar. — Ele sorriu.
Althea deu a mão à Sigmund e seguiu com os dois ao salão de jantar, onde Aldous serviu o vinho e eles beberam, em silêncio.
Aldous era a causa do silêncio, olhando Althea, a estudando, como um admirador de Van Gogh tragado ao hospício da Noite Estrelada ou um admirador de Da Vinci fitando os olhos de Monalisa.
Althea, absorta em suas preocupações, vez ou outra, era incapaz de impedir o pesar de passear em seu semblante. Tiana e Karrick serviram a refeição e todos se reuniram.
Com todos reunidos, Aldous era comedido e se resumia a breves olhares. Althea sempre recebendo relatórios, estranhou o silêncio.
***
— Cuidem-se! — desejou, quando chegaram ao salão. — Que o doce perfume de nossa mãe, traga-os sabedoria para lidar com o poder da morte e coragem para superar as dificuldades da vida — bem-disse.
— Partirei, senhora! — cumprimentou Aldous, formalmente.
— Até logo, Althea! — cumprimentou Sigmund, marcialmente.
Aldous tomou a mão do menino e o salão foi substituído pelo breu. Mesmo sabendo da nova condição do menino, o envolveu com sua energia para garantir que o frio não o afetasse.
Caminharam por algum tempo e Aldous parou.
— Precisa tomar cuidado! — aconselhou o mestre, enquanto o negro substituía-se por um vasto céu acinzentado, sem nuvens.
Aldous reduziu a velocidade da marcha.
Quando o céu acinzentado tomou a escuridão, algumas estrelas coloridas surgiram por toda parte, cintilando pelo céu.
Sigmund maravilhou-se por ver-se tão próximo a elas, caminhando no ar — mesmo que o equilíbrio, vez ou outra, falhasse.
— Onde estamos? — questionou, empolgado e curioso.
— Chegando pelo caminho longo para aprender. Não se distraia, o caminho mais longo é o mais perigoso!
O menino silenciou. Gradualmente, blocos retangulares de uma pedra escurecida surgiram, formando algumas breves séries de degraus, em todas as direções.
— Primeiro conselho: os degraus sempre se movem... até se acostumar, sempre ande acompanhado. — Aldous instruiu, parando. — Todo sacerdote terá a insígnia de Macária no traje ou num enfeite óbvio, qualquer outro não deve ser tocado, a não ser que eu mande.
O menino assentiu com a cabeça e Aldous seguiu:
— Existem almas vagando por aí. Quanto mais tempo perdidas, mais difícil lidar com suas memórias. Aqui, vivemos como cidade pequena, não creia em tudo que ouvir! Um terrível passatempo é falar besteira. Não gosto, mas não julgo. Desconfie sempre de tudo!
Mais degraus surgiram. Eles deram mais um passo e o resto da escadaria surgiu. O menino se encantou com o surrealismo.
— Agora que estamos em um, pode ver todos; não tem mistério: é como subir uma escada, com o adendo que ninguém conhece a consequência de cair, com exceção de nossas grandes sacerdotisas e a mãe... Não temos proteções laterais nos degraus, logo, nunca caia!
Os sacerdotes surgiram. Os trajes iam armaduras a quítons e mantos. Todos com instrumentos, se afastavam de Aldous ao passar.
Na paisagem, haviam degraus e treze grandes estruturas retangulares. O silêncio predominava, atrapalhado unicamente pelos prantos das almas que caminhavam, sem rumo.
— Em todo lugar, pode ver as pequenas. — Aldous apontou às estrelas. — Sempre mudam. Enquanto houver um sacerdote servindo a Macária junto a uma delas, estará acesa. Quando não houver, apagará. Aquela é Algos! — Ele apontou na direção de um conjunto de pirilampos, que brilhavam intensamente com seu tom púrpuro.
Ele seguiu até a sétima estrutura. Havia uma bandeira hasteada na entrada com uma insígnia de Macária sobre um Zeta pequeno.
— Lar doce lar! — Aldous sorriu, entrando.
O salão era enorme, os escritos nas paredes e chão brilhavam, iluminando o local. Castiçais nas paredes queimavam um fogo verde azulado. Ao fundo, uma mesa com uma cadeira era o móvel do salão.
Chase surgiu, prostrando-se.
— Mestre Algos! — cumprimentou. — Tudo está em ordem. Himeros preparou algo para recebê-lo! — Levantou, sorrindo largo.
— Como estão todos? — Aldous arguiu, seguindo ao interior.
— Pseudos, cuidado por Profasis, bem. Olá, herdeiro! Como está?
— Bem, obrigado!
— Não é difícil se localizar na escadaria. Tudo se move, mas são poucos cômodos, logo, é fácil memorizar o padrão — continuou Aldous. — A cozinha está no início do corredor; as áreas de treinamento ao fim. Ignore o movimento e não terá problemas.
Aldous seguiu ao portal, atrás da mesa, chegando ao extenso corredor, com muitas portas e uma entrada à grande cozinha, igual a do templo, com adendo de uma mesa no centro com onze cadeiras.
A mesa estava servida com uma refeição que cheirava bem.
Uma moça com traços latinos e longos cabelos cacheados, perfeitamente desenhada, cuidava das tarefas culinárias. Com a chegada de Aldous, ela prostrou-se, cumprimentando-o.
— Meu pai, como está? Estava ansiosa! — Sua voz doce soou.
— Estou bem, Himeros. Como está Hibris?
— Descansando. Dei muito trabalho. — A moça riu. — Este é o herdeiro? — perguntou, olhando para Sigmund.
Aldous assentiu, sentando à mesa com Sigmund ao seu lado. Chase serviu sua refeição e sentou ao chão, às suas costas.
Alguns rapazes e moças chegaram, prostraram-se à Aldous cumprimentando-o, serviram-se e dispensaram os lugares à mesa, dispondo-se espalhados, sobre as bancadas ou ao chão.
Outros chegaram e não se prostraram ao cumprimentar Aldous, tomando lugares à mesa. O silêncio instaurou-se na cozinha.
Sigmund estranhou, comeu pouco. Terminando Aldous, foi à moça que fez a refeição e beijou sua testa.
— Mostrarei seu aposento — disse, seguindo pelo corredor e abrindo uma porta. — Há um banheiro no interior. Felizmente, não o dividirá com ninguém, afinal é o único aprendiz. Voltarei logo!
Sigmund entrou no quarto. Era grande, tinha seis camas com cômodas ao lado. Um grande armário com prateleiras cheias de livros e suporte para instrumentos unia-se ao altar, com uma estátua de Macária de um metro, esculpida num mármore escuro.
Sigmund a observou por um tempo e foi ao banheiro — maior do que ele estava acostumado —, pensado para banhos coletivos. O menino asseou-se e voltou ao quarto para escolher sua cama.
Optou pela mais afastada da porta, por segurança, onde sentou.
A sensação de estar em movimento o deixou tonto, mas adaptar-se foi rápido. Aldous demorou cerca de uma hora, mas retornou.
— Vamos!? — chamou, parado na porta. — Em treinamento, comerá, beberá ou descansará quando eu falar. Serão poucos momentos de liberdade, julgue o que fazer com ela sabiamente.
— Sim, senhor! — assentiu, caminhando ao seu lado e observando paredes e portas se movendo numa velocidade razoável.
— Serei responsável pelas lições. Caso precise sair, Epifron assumirá seus estudos e treino. Sua rotina será treinar, estudar, desmaiar de cansaço e repetir. Não necessariamente nesta ordem.
A área de treinamento parecia com o primeiro salão, com o adendo das manchas de sangue por todo lado e o cheiro de ferro.
— Nossa! — reclamou Sigmund. — Alguém morreu aqui?
— Em todos os lugares morreram. Falando da minha geração — lamentou, seguindo ao centro. — Soube que usa as mãos nuas, somos dois! — O mestre sorriu, virando-se para Sigmund — Dê seu melhor.
Aldous fechou os olhos e suspirou, deixando a hostilidade e desejo assassino fluírem para a aura que o envolvia. Sigmund assustou-se, mas corajoso, correu para atacá-lo.
Aldous defendeu seus ataques, analisando cuidadosamente seus movimentos e a constância com a qual desperdiçava energia.
— Precisa pensar, monge! — instruiu, pegando seu braço.
A dor alastrou-se, tirando um grito estridente do menino.
Aldous o lançou, como se jogasse um saco de lixo.
Batendo com as costas na parede, Sigmund sentiu o ar faltar imediatamente, logo, optou por uma recuperação mais lenta.
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