Tomando uma decisão
Lizzy e Jane abraçaram-se em seguida. O médico retirou-se do quarto, a fim de proporcionar um pouco mais de privacidade às duas. As irmãs sorriam e choravam ao mesmo tempo, afinal, aquela era uma excelente notícia num péssimo momento. Elizabeth, após secar as próprias lágrimas com o dorso das mãos, suspirou e conseguiu externar algumas palavras:
— Minha irmã, eu nunca estive tão feliz e ao mesmo tempo tão desnorteada. Além da gravidez em si, que é uma experiência nova pra mim, ainda há esse problema relacionado ao meu marido. Será que terei forças para suportar tantas questões ao mesmo tempo.
Jane tomou as mãos geladas da irmã entre as suas, e respondeu:
— Lizzy, querida, aconteça o que acontecer daqui por diante, você terá o apoio de muitas pessoas. O meu, o de nossos pais, de nossas irmãs, de Bingley e até de Georgiana.
— Mas não terei o principal apoio, que é o do meu marido, o pai desse bebê —, lamentou, tocando o ventre com ambas as mãos.
De repente, deu-se conta de que ainda desconhecia os detalhes do que havia ocorrido com Darcy. Jane explicou-lhe a situação em detalhes, e deixou claro que a sequela era apenas a perda da memória. Não que esta fosse uma situação cômoda, mas pelo menos ele mantinha sua integridade física. Como o Dr Faber havia dito, era uma questão de dar tempo ao tempo e torcer para que ele se recuperasse em breve.
— É imprescindível e urgente que Fitzwilliam recupere sua memória, ou de outra maneira ele verá essa criança como uma estranha! Se nesse momento, eu sou alguém que não significa nada pra ele, imagina esse bebê? — constatou, inquieta.
Jane sentia-se penalizada. Lamentava pela irmã, pelo bebê que estava por vir e por Darcy, mas não podia deixar esse sentimento de pesar transparecer. Precisava fazer-se forte para acalmar a irmã, e era isso o que faria.Respondeu, por fim:
— Não se torture sobre o que pode nem vir a acontecer. Darcy pode recuperar-se antes do que imaginamos. Tenhamos fé em Deus, Ele olhará por nós. Além do mais, a força do sangue acaba falando mais alto. Não se desespere. Pense em se manter o mais relaxada possível, por si mesmo e por seu filho, ou filha.
— Eu sei que tens razão, e estou empenhada em manter-me forte para resistir à tormenta, entretanto é impossível não sentir-me apreensiva. Todas estas informações são muito recentes para que eu possa digerir. Dê-me tempo, é só o que lhe peço. — pediu à irmã, lançando um olhar quase que de súplica.
Jane, que nunca vira a irmã tão fragilizada, aconchegou-a num abraço terno, e garantiu-lhe:
- Não tema. Aconteça o que tiver para acontecer, venha o que estiver por vir, estarei sempre ao teu lado.Sempre, me entendeu? — olhando no fundo dos olhos de Lizzy.
— Sim, entendi —, respondeu, esboçando um sorriso.
Permaneceram a sós por mais alguns instantes, até que Lizzy, de súbito, pediu que Jane chamasse seu marido. Jane ficou um pouco surpresa com pedido da irmã, mas se já lhe custava negar algo à Lizzy corriqueiramente, imagine numa situação como aquela? Foi ter com o marido.
— Bingley, Lizzy lhe chama.
Charles também mostrou-se surpreso pelo pedido nada convencional da cunhada, porém não quis contrariá-la no estado em que se encontrava. Ele já havia sido inteirado sobre a gravidez através do Dr. Walker, que já havia partido após o pagamento da consulta.
Bingley deu leves batidas na porta, e a voz ainda levemente chorosa de Elizabeth autorizou-lhe a entrada.
— Entrem, fechem a porta e sentem-se nestas poltronas, por favor. — solicitou Lizzy com a costumeira determinação, apontando os pesados móveis que estavam relativamente próximos à cama.
Bingley e Jane atenderam prontamente.
— Quero fazer-lhes um pedido.
— Somos todos ouvidos. — afirmou Bingley.
Jane concordou com um aceno de cabeça.
— Peço-lhes que nada contem e a ninguém sobre a minha gravidez. — determinou Lizzy.
O casal encarou-se, surpreso.
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