Fato inesperado
Jane curvou-se sobre o corpo imóvel da irmã e afrouxou-lhe o espartilho, com a intenção de facilitar a respiração de Lizzy. O intuito da Sra. Bingley ao revelar o mais rápido possível à irmã sobre o que havia ocorrido a Darcy era encurtar-lhe o sofrimento. Pensara que mantê-la na expectativa poderia deixá-la ainda mais preocupada, porém já não tinha mais tanta convicção de que havia agido com sabedoria.
A reação de Elizabeth fora inesperada para ela. Como Lizzy sempre fora resistente aos reveses da vida, Jane supôs que mais uma vez a sua irmã suportaria bem, na medida do possível, à revelação do problema atual do esposo. Calculou mal, e agora encontrava-se numa preocupante situação.
A governanta, que trazia uma bandeja contendo chá e algumas guloseimas (como a patroa havia lhe ordenado instantes atrás), deparou-se com uma inesperada cena em meio à sala:
— Meu Deus, o que está havendo por aqui?!—, interrogou, atônita.
Jane explicou em poucas palavras o que sucedera com Elizabeth, e a empregada — ainda chocada — largou a bandeja sobre o aparador.Posteriormente, avisou os outros empregados sobre o incidente, e encarregou um deles de trazer um médico à Pemberley o quanto antes.
— Bingley, cuidado com os degraus -, eram as palavras angustiadas de Jane, enquanto presenciava o marido carregando Lizzy escada acima.
Charles não teve grandes dificuldades em levar a cunhada até sua alcova. Ela possuía o mesmo tipo físico esguio da irmã; a quem ele já erguera nos braços tantas vezes; porém em circunstâncias bem mais românticas e agradáveis que as atuais.
Colocou-a na cama e não demorou-se por lá. Blingley sabia que não era de bom-tom repousar uma senhora em seu leito, entretanto não era a ocasião ideal para seguir as normas sociais de etiqueta. Sua intenção fora apenas ajudar aquela que era ao mesmo tempo sua cunhada, a irmã de sua mulher e a esposa do seu amigo. Todos haveriam de compreender, naturalmente.
Jane permaneceu junto à ela. Lizzy dava leves sinais de que retornava a si, no que a irmã suspirou, aliviada:
— Lizzy, estás melhor? — perguntou, esperançosa.
— Darcy, onde está?Preciso vê-lo... — eram as sentidas palavras que saíam dos lábios de Elizabeth.
Jane apiedava-se pela tristeza dela, mas nada podia fazer para aliviar-lhe a angústia.
Cerca de meia hora depois, um médico adentrava o quarto da Sra. Darcy. Lizzy já estava melhor, porém abatida, sobretudo emocionalmente.
— Como a Sra. se sente? — foi a primeira pergunta do Dr. Walker.
— Bem, até certo ponto. Meu desmaio deve-se ao choque de uma má notícia, que ainda nem me foi inteiramente repassada —, afirmou Lizzy, fitando Jane, com ar questionador.
Jane engoliu em seco. Sentia-se constrangida por ter; ainda que não intencionalmente; provocado uma situação desagradável.
Dr. Walker — que além de médico experiente era um homem vivido — percebeu que o que quer que tivesse ocorrido ali, tratava-se de um assunto familiar, e tratou logo de focar no seu trabalho.
Em poucos minutos, veio o diagnóstico:
— Minha jovem Sra. Darcy, à mim não interessa de modo algum tomar conhecimento dos detalhes de evidente cunho pessoal que culminaram neste desmaio. Todavia, tenho uma notícia que certamente justifica; se não por completo; pelo menos em grande parte; a sua reação diante dos fatos.
As irmãs entreolharam-se, e em suas belas faces transparecia uma expressão cúmplice equivalente a um "Não pode ser!". A suspeita de ambas confirmou-se quando o médico anunciou, contente:
- A Sra. está grávida!
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