Capítulo XIV
Aviso rápido que esqueci de colocar lá em cima:
Sempre que aparecer "⇆♕⇆♔⇆♕⇆♔⇆ ⇹♔⇹♕⇹♔⇹♕⇹" significa que a história vai ser narrada por outro personagem, ok?!
— Nunca fiquei tão feliz por ver essa sua cara feia, Finley. - disse sorrindo ao abraçá-lo.
— Sabia que viria, John. - respondeu na mesma intensidade.
Mesmo estando com as roupas pingando, Cedric me abraçou com alívio quando entrei no bote. Os olhos do meu amigo se encontraram com os de Ayla assim que se desencontraram dos meus.
— Você deve ser a Ana, certo?
— Ayla. - me adiantei em corrigir - O nome dela é Ayla.
— Então Ayla, quer me contar algo sobre você? Confesso que estou curioso para te conhecer. - como esperava, nenhuma palavra foi dita por ela - Você é muda?
— Boa sorte, companheiro. - bati levemente no ombro de Finley enquanto olhava para Ayla - Demorou 2 dias só pra eu descobrir o verdadeiro nome dela.
Depois da minha afirmação, meu amigo deixou a conversa com Ayla para depois. Enquanto remávamos, eu e Finley conversamos sobre alguns assuntos referentes à tripulação que deveriam ser esclarecidos antes que a Ayla embarcasse.
— Ei, Ayla. - Finley chamou e ela o encarou com uma expressão não muito amigável - Você sabe falar inglês? - ela ficou em silêncio.
—Desiste, meu amigo. Ela não vai dizer uma palavra até se sentir segura o suficiente para tal.
— Pode responder só com a cabeça, se quiser. - ele sugeriu calmamente - É que só eu e o John sabemos falar português, o resto da tripulação não sabe, então sua resposta seria muito útil. Do you understand me?
Mesmo depois de anos em sua companhia, ainda hoje me surpreendo em como Finley consegue ser gentil com qualquer pessoa que se aproxima dele.
Um tempo depois de ficar encarando os olhos do meu amigo, Ayla assentiu com a cabeça.
— Ótimo. - ele falou sorrindo.
— Sabe falar inglês? - perguntei e ela me olhou - Como?
Como se a pergunta não tivesse sido direcionada a ela, Ayla ignorou minha fala voltando a olhar para o mar ao nosso redor.
Decidi não insistir, voltei a remar com a ajuda de Finley.
Não demorou muito para que chegássemos ao navio e, como esperado, Ayla atraiu toda atenção para si assim que subiu a bordo. Os olhares curiosos se direcionaram para ela sem nenhum impedimento.
— Ei, vocês dois. - Finley disse, pondo fim ao silêncio - Coloquem o bote no convés. - ele se direcionou para Ayla - Não precisa ficar com medo. Eles são feios e sujos, mas são boas pessoas.
Pela terceira ou quarta vez vi aquela mulher sorrir. O fato do sorriso de Ayla não ter sido causado por mim e sim por uma pessoa que ela acabou de conhecer me deixou levemente incomodado, mas me esforcei para não demonstrar.
— Atenção, marujos. - falei em inglês com o tom da voz elevado - Essa é Ayla, nova integrante da tripulação - percebi que começaram a cochichar entre si - Algum problema?
— Não ouviu as lendas, capitão? - um deles disse.
— Que lendas? - Finley questionou.
— Ter uma mulher a bordo atrai má sorte, senhor. - sorri de canto.
— Esqueçam essas histórias, marujos. Como vocês mesmo disseram, são apenas lendas. - olhei ao redor - Agora voltem ao trabalho, temos que estar em alto mar ao entardecer.
A movimentação dos homens foi rápida, em poucos instantes todos já haviam ocupado seus devidos postos. Quando estava prestes a ir em direção a minha cabine, Finley me chamou novamente.
— Como havia te dito, esse é o voluntário que achamos naquela cidade. - era um rapaz jovem, de cabelos lisos escuros que quase cobriam seus olhos devido ao tamanho - Seu nome é Adam, tem 19 anos e está disposto a fazer parte da tripulação.
— Seja bem-vindo, meu jovem.
— Obrigado, senhor. - ele agradeceu com a expressão neutra.
— Você será o novo criado-de-bordo. Aquele homem ali, Joseff, é o mestre do navio, ele te dirá qual sua função.
Se despedindo com um aceno rápido de cabeça, o garoto se afastou com os olhos vidrados em Ayla que, por sua vez, se mantinha distante dos homens. Foi então que percebi que todos, exceto Finley, se concentravam em nela.
— O que fará com ela, John? - Cedric perguntou.
— Devolverei para sua terra natal quando passarmos por lá.
— Tudo bem, mas me referi ao período que ela ficará conosco.
— Não entendi.
— John, ela é muito bonita, chama bastante atenção. O que fará quando se sentirem atraídos por ela? - olhei para Ayla outra vez - Você sabe que o desejo cega os homens.
—Isso não vai acontecer. Não terão coragem de se aproximar dela! - falei com certeza - Agora, preciso traçar a rota que seguiremos até nosso destino. Mostre tudo a Ayla, o convés, a cabine de navegação, onde fica o dormitório...
— Dormitório? - perguntou perplexo - Ela dormirá conosco?
— Sim.
— John, isso é uma péssima ideia. Existem mais de 15 homens dormindo lá embaixo, não é seguro para ela.
— O que sugere então, Sr.Cedric Finley? Que eu leve-a para meu quarto?
— Seria melhor que deixá-la em meio a esses homens.
— Esses homens são nossos parceiros de navegação, Finley. Não deveria desconfiar tanto daqueles que acatam suas ordens sem questionar.
— Quando se tem uma mulher envolvida, não ponho minha mão no fogo por nenhum deles!
Respirei fundo procurando algum resquício de paciência para continuar com aquele assunto.
— Meu amigo, estou tentando ganhar a confiança daquela dama desde que a vi pela primeira vez. - fui sincero - Não posso levá-la para meu quarto depois de tudo que ela passou, Finley.
Não tive muito tempo para continuar aquele assunto, logo precisei me retirar daquele espaço para atender um dos marujos, mas antes me aproximei de Ayla outra vez.
— Ei. - toquei levemente em seu braço - Voltamos para a estaca zero de novo?
Ela sabia que eu me referia ao fato dela me ignorar e manter o silêncio total.
— Se é que algum dia chegamos a sair dela, navegante.
Suas palavras fizeram eu sentir aquele incômodo, mas dessa vez o motivo era por saber que havia outro muro se formando entre nós dois.
— Capitão! - um marujo me chamou.
Continuei encarando Ayla até a mesma desviar o olhar, mostrando que não queria continuar aquele assunto. Só então me afastei para ajudar o integrante da minha tripulação.
⇆♕⇆♔⇆♕⇆♔⇆ ⇹♔⇹♕⇹♔⇹♕⇹
Ainda quero entender onde estava com a cabeça quando cometi a loucura de embarcar nessa droga de navio com esse bando de homens nojentos me olhando como um pedaço de carne.
Me escorei na proa do navio para olhar aquela quantidade inestimável de água em volta da embarcação, fazendo a mesma parecer minúscula.
O vento em meu rosto transmitia uma sensação de paz e liberdade tão grande que me atrevi a fechar os olhos para aproveitar a sensação um pouco mais.
—É bom, né?! - ouvi uma voz ao meu lado e me afastei rapidamente - Me desculpe, não quis te assustar. - ele sorriu de leve.
Mesmo sem conhecê-lo, Finley parece ser uma boa pessoa. Ele transparece a imagem de um mediador, alguém capaz de propiciar alívio mesmo em situações ruins.
— Provavelmente ainda não se sente segura o suficiente para falar, então não vou lhe pressionar, mas saiba que está segura aqui. - olhou em meus olhos - Não sei quais horrores te fizeram passar nos últimos meses, ou até anos, mas agora as coisas são diferentes.
Será mesmo?
*Relevem os erros, por favor.*
A autora tá atrasada de novo, mas é aquele ditado né: "Antes tarde do que nunca."
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