Capítulo 10 - Caçadora
Capítulo 10 — Caçadora
— Pode repetir o plano? — pedi, sentindo-me ainda mais incrédula do que antes.
Luca ajeitou Humberto em cima de seu ombro enquanto caminhava tranquilamente para dentro da mata. O vampiro se contorcia, tentando se livrar das correntes. Eu seguia atrás, ainda incrédula.
— Nós vamos levar o nosso amiguinho até a borda externa da floresta e soltá-lo. Ele provavelmente não irá arriscar um confronto com nós dois, estando tão drenado de sangue. Então, sendo um vampiro esperto como é, ele deve correr. A única coisa que vai impedi-lo de chegar à cidade e matar alguém antes de chamar os seus amigos para destruir a gente é você.
Eu tinha ouvido bem da primeira vez, só achei que eu tinha ouvido errado ou ele tivesse ficado louco. Humberto parou de se remexer e levantou a cabeça, sorrindo para mim por trás da corrente em volta da boca.
— E você confia tanto assim na minha capacidade? — questionei incerta. Sua resposta foi o silêncio. Tudo que eu podia ouvir era o tilintar das correntes, o barulho da mata e os gritos em minha cabeça avisando que aquela era uma péssima ideia. — Um pouco de apoio moral ajudaria...
Luca continuou a andar e só parou quando chegamos perto do precipício onde ele me trouxe tantas noites atrás. Depois, derrubou o vampiro no chão com um baque.
— Isso é tão novo para você, quanto para mim. Não posso prever resultados, cara mia. — Ele segurou meu rosto entre suas mãos. — Mas acredito em você e no seu potencial. Saia desse vestido de menininha. — Olhou para a minha roupa florida manchada de sangue. — E mostre aquela Tita feroz que tem dentro de você.
Balancei a cabeça concordando. Eu precisava aprender e um vampiro drenado era o mais perto de um ser sobrenatural fraco que eu poderia chegar. Respirei fundo, era agora ou nunca.
— Solte as correntes.
Não precisei pedir duas vezes. Assim que Luca o liberou, o vampiro ficou de pé e se virou para nós com a boca aberta e os dentes distendidos. Porém, assim como ele havia previsto, Humberto saiu correndo. Disparei atrás dele, permitindo-me avançar pela floresta.
Mesmo drenado ele era rápido! Mais veloz do que Luca jamais havia sido. Eu o segui e a cada metro avançado sentia o meu corpo mudar um pouco. Visão, audição, velocidade. Pernas, garras e o início de um focinho. Meu vestido tinha se rasgado nos pontos que o corpo alargou. Eu tinha voltado a ser a mistura humanoide de lobo e mulher.
O vampiro estava ganhando terreno e eu rugi para o céu. Vi o instante que ele estremeceu e olhou para trás, para mim. Seu corpo inteiro tremeu e o odor pungente de medo fez cócegas em minhas narinas. Sorri, ou melhor, fiz o mais perto que um lobo poderia fazer para sorrir. Lábios esticados e dentes à mostra. O vampiro se recuperou do susto e voltou a escapar, mas eu não tinha intenção alguma de deixá-lo sair da floresta, muito menos chegar na cidade.
Podia sentir a presença do meu protetor logo atrás de mim, vigiando-me de perto. Queria provar para Luca que suas aulas não foram em vão e que eu havia aprendido alguma coisa. Havia uma pequena ladeira à nossa frente e enquanto o vampiro descia em velocidade, escorregando pela encosta, decidi apenas saltar.
E o extraordinário aconteceu: enquanto estava no ar, meus ossos se remodelaram. Quebraram e mudaram, eu nem sentia mais a dor. Com a adrenalina pulsando em minha veia, chegava a ser prazeroso. Quando aterrissei em quatro patas a um metro do vampiro, sabia que não havia escapatória, ele era meu.
Primeiro ataquei o seu tornozelo, dilacerando músculos e tendões, o que o fez cair. Depois acertei diretamente em sua jugular. O vampiro se agitou, me empurrando para longe, no entanto, isso fez apenas com que eu abrisse mais o seu pescoço. Apesar de ferido, ele continuava forte. A pele ao redor de sua garganta começou a regenerar e as unhas se enterraram com força na lateral das minhas costelas, arrancando-me um ganido.
Luca se aproximou, ele ia interferir.
Abocanhei a primeira coisa que encontrei: um pulso. Ossos partindo, a mão soltando e um grito agudo na noite. A minha presa não queria mais brincar, estava sem forças.
— Termine o serviço, Tita. — Luca ordenou.
Ataquei mais uma vez a sua jugular, sorvendo as últimas gotas de sangue antes que o corpo abaixo de mim se desfizesse em pó. Meu corpo inteiro doía e também se sentia maravilhoso. Luca se abaixou com as mãos para cima e quando percebeu que eu estava consciente e não o atacaria, pegou-me no colo.
Respirei pesadamente duas, três, quatro vezes, até que o meu corpo relaxou o suficiente para voltar à forma humana. Eu estava nua em seus braços, coberta de sangue, pó e sujeira. Foi aí que minha consciência veio à tona e percebi o que havia feito: destruído um ser que vivera por incontáveis anos. Voltei os meus olhos chorosos para Luca.
— Eu matei alguém... — sussurrei.
Luca balançou a cabeça e afastou os fios de cabelo do meu rosto.
— Você matou um monstro, cara mia. — Beijou a ponta do meu nariz. — E fez isto muito bem. Foi rápida e certeira.
Mais lágrimas brotaram à superfície, não apenas pela dor em minha alma, mas pelas pontadas em minhas costelas.
— E isso não faz de mim um monstro também? — questionei com os meus lábios trementes.
Ele beijou minha testa ternamente, sem se importar com a sujeira.
— O fato de você se importar já mostra que jamais será um monstro.
Pretendia responder, mas a dor da costela voltando ao lugar e cicatrizando me atingiu em cheio. Agarrei-me mais a Luca e gritei tão alto quanto podia. Ele me abraçou apertado e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, o meu grito se silenciou e eu não vi mais nada.
*****
Uma melodia suave penetrou na escuridão em que eu me encontrava e vinha de uma voz afinada e familiar. Uma mistura de ópera e canção de ninar. Algo frio e molhado escorreu pelos meus cabelos e dedos longos se emaranharam nos fios, penteando os pequenos nós em meus cachos.
— O que é isso? — perguntei ainda de olhos fechados.
— Uma velha música que não existe mais.
Finalmente abri as minhas pálpebras e me vi sentada em um ofurô com as costas apoiadas em Luca. Olhei para as minhas mãos, estavam limpas. As minhas pernas também. Eu vestia uma camisa preta. A camisa dele. Encostei minha cabeça em seu ombro. Sentia-me completamente diferente. Cada molécula de água atiçava os meus poros. As partes onde Luca tocavam em mim queimavam com o calor de sua presença.
Eu me sentia etérea.
O ar tinha gosto, o céu estava mais perto e as estrelas brilhavam mais.
— Por que eu me sinto drogada?
— É o efeito do sangue e da caça combinados. — Suas mãos desceram dos meus cabelos para os meus braços. Não consegui evitar o suspiro, o toque mais simples era erótico para mim. — Sei que isso não era o que você tinha em mente para o nosso primeiro encontro oficial. — Pontuou ao beijar a lateral da minha cabeça. — Porém, eu queria que sentisse cada uma das coisas que eu pretendo fazer com você.
Eu me virei de joelhos em frente a ele. Luca estava majestoso usando apenas o seu jeans preto. Era o topo de um prédio alto no centro da cidade. Inclinei-me em sua direção e o beijei. Porra! Tudo que aconteceu antes, o sequestro do vampiro, sua tortura e caça, valeu à pena, se aquela estava sendo a minha recompensa.
Não sabia descrever em palavras, a sensação era divina. Ele me puxou mais para perto, colando-me ao seu peito nu. Luca era feito de músculos rígidos e torneados. Passei a mão por eles, apreciando a textura e sem acreditar que aquele homem era meu. Sua língua brincava com a minha. Ele tirou minha camisa por cima do ombro e como não usava nada por baixo, fiquei completamente nua. Mordi os meus lábios e fiz menção de esconder os meus seios. Sabia que Luca já devia ter ficado com muitas mulheres perfeitas e eu estava longe de ser isso.
— Não faça isso. — Ele segurou minhas mãos. — Não se esconda de mim. Você é — beijou o meu pescoço — a porra da mulher — acariciou os meus seios e sugou um dos mamilos — mais linda — sugou o outro — que eu já vi.
Luca voltou a me beijar, já que eu tinha meio que congelado no lugar. Eu circulei minhas pernas ao redor do seu quadril.
— Onde você esteve por toda a minha vida? — Agarrei os seus cabelos, guiando sua cabeça de volta aos meus seios. Ele sorriu contra a minha pele antes de atacar os meus mamilos de novo.
Joguei minha cabeça para trás e comecei a me mover contra ele. A maciez da minha carne contra a aspereza do seu jeans. Meus lábios se entreabriram e quando sua mão escorregou pela minha pele até o meio da minhas pernas, agarrei a borda do ofurô, sentindo minhas unhas alongarem em garras.
Luca era tentador demais e eu me sentia uma hedonista.
Eu não precisava ver o meu reflexo na água para saber que os meus olhos tinham adquirido um tom brilhante de âmbar. Deslizei minha unha pelo peito dele e com a língua estendida, lambi as gotas de sangue que surgiram. Ah! Eu me senti umedecer ainda mais. Aquilo era a perfeição!
Estava à beira do humano e do animal.
— Não mais do que isso — alertou.
Acenei concordando, não podia exagerar e perder o controle. Senti sua ereção por cima das calças, eu queria libertá-la e me afundar nela. Porém, ele parou minha exploração antes que eu chegasse ao zíper de seus jeans.
— Ainda não! — Nós invertemos de posição e eu fiquei apoiada na borda, quase deitada e boiando. Luca apertou um botão e me apoiou pela bunda, retirando-me mais da água. — Apenas sinta.
Os jatos da hidromassagem me atingiram por vários lados ao mesmo tempo que sua boca se conectou ao meu clítoris. Eu me sentia sobrecarregada, as bolhas formadas pelos jatos eram como dezenas de dedos me tocando. Oh, sim! Seus dedos se uniram à boca e eu mal podia respirar. Um dedo, depois outro e mais outro... Todos dentro de mim. Eu gritei e era um uivo. O vento frio da noite tocava os meus mamilos intumescidos.
Era demais...
Era demais...
Era demais...
Minha pele começou a ondular. De repente, Luca estava segurando os meus cabelos, forçando-me a encará-lo.
— Fique comigo! — exigiu.
Agarrei-me aos seus ombros, tentando permanecer humana. Minhas unhas enterraram em sua carne quando ele me penetrou com força. Eu me sentia apertar ao redor dele, um encaixe perfeito. Nós tínhamos sido feitos um para o outro. Ele me beijou, sua língua imitando o movimento do quadril. Leitura de mentes deveria ser um de seus poderes, pois ele sabia exatamente o que fazer para me proporcionar mais prazer.
Eu não passava de uma marionete do desejo em suas mãos. Ofegos e gemidos escapavam de minha boca e Luca sempre repetia para eu ficar com ele.
— Mais forte! — ordenei.
Ele mordiscou os meus mamilos e sussurrou em meu ouvido:
— Segure-se.
Luca e eu agarramos a borda da banheira. Só então percebi que ele também estava se segurando o tempo todo. Suas estocadas se tornaram mais fortes e rápidas, quase punitivas. Senti a porcelana se esfarelar sob a minha força, mas não estava me importando. Ele colocou uma mão em volta do meu pescoço, cortando um pouco do ar e dos uivos que eu nem tinha notado que estava fazendo.
— Olhe para mim — ordenou mais uma vez. — Fique comigo e sinta.
Obedeci de imediato, absorvendo todas as sensações e me perdendo no calor de seus olhos. Sua mão continuava em mim, pressionando minha garganta. Segurei-me ao ofurô como se a minha vida dependesse disso e o mundo explodiu ao meu redor com um estrondo. Luca berrou logo em seguida. Eu tinha atingido o céu e ido além dele. Alcançado as estrelas, a galáxia e o universo.
Eu me tornei tudo e nada nos braços de Luca.
Quando voltei a mim, estávamos no topo do prédio vizinho. Escondidos na penumbra, ele me segurava com um braço e carregava as próprias roupas com o outro.
— O que... — comecei a perguntar, porém ele tampou a minha boca e fez um som de "shh".
Calei-me no momento que pessoas engravatadas com lanternas nas mãos chegaram à cobertura onde estivemos segundos atrás. Todas as luzes se acenderam e eu fiquei surpresa ao finalmente perceber que aquele era o hotel mais chique e caro da cidade, e aquela deveria ser a suíte presidencial. A minha surpresa, entretanto, foi bem menor do que a dos funcionários aglomerados ao redor do ofurô. Eu podia ouvir daqui as suas exclamações de choque ao ver a destruição que nossa primeira vez causou.
— Eu presumo que você não tinha reserva — sussurrei assim que ele liberou minha boca.
— Claro que não! — murmurou de volta. — Você acha que eu deixaria os nossos nomes registrados? Como explicaríamos isso? — Ele me entregou a blusa e vestiu a calça, ambas as peças completamente encharcadas. — Desculpa, queria terminar a noite com algo especial.
Pensei em fazer piada e dizer que seria muito especial passar a noite na cadeia por invasão e destruição de propriedade privada, mas a expressão de Luca era arrependida.
— Estar com você é o que torna a noite especial. — Apontei para as roupas. — Mesmo que seja no escuro e toda molhada.
Ele se aproximou, seus dedos na barra da minha blusa.
— Ótimo, eu pretendo te deixar mais molhada em breve.
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