Capítulo 3 - Adrenalina
Alêxy Gaillard
Já faz parte do meu dia-a-dia acordar mais cedo para praticar exercícios, mas hoje especialmente me bateu uma insônia que tive que ir mais cedo que o de costume para a academia. Estou tenso, suado e a adrenalina percorrendo o meu corpo em uma velocidade alucinante. Aumentei o peso da Barra de ferro e voltei a fazer o exercício ouvindo a música Crazy da banda Aerosmith. Cada verso que ouvia mexia comigo de uma maneira que nem consigo explicar. Começo a cantar:
"Vem aqui, amor
Você sabe que você me leva a subir pelas paredes
Com o seu jeitinho de fazer essas maldades parecerem boas
Parece que estamos fazendo mais as pazes do que fazendo amor
E sempre parece que você tem alguém mente
Além de mim
Garota, você tem que mudar seus modos malucos
Você me escuta?"
Paro de puxar a barra de ferro e sento na cadeira para dar uma pausa e tomar água, ando até a janela e olho para o jardim da minha casa onde eu e a Alexandra fomos felizes. Sinto o fone de ouvido sendo puxado, olho para o lado e vejo o meu irmão.
— Putain! Quem mandou você tirar o meu fone? Desaprendeu a falar agora é?
— Estou a aproximadamente a quinze minutos lhe chamando e você nem se quer responde, então a única forma de lhe chamar a atenção foi lhe tirando o fone já que o que parece você estava flutuando em outro planeta ou o meu frère et soeur adquiriu problemas auditivos. É sério que agora sou obrigado a ficar te vendo sem camisa? - Édouard diz sério.
— Já ouviu falar no ditado que diz os incomodados que se mudem.
— Alêxy, você já deve ter ouvido falar que se deve respeitar os locais públicos e você deveria estar usando camisa aqui já que não é só você que mora aqui, então pare de ficar se exibindo sem camisa porque aqui não tem mulher alguma.
— Você deveria deixar de ser um trou du cul porque não estou querendo me exibir para ninguém, até porque só estamos nós dois aqui e além do mais está é a minha se por acaso estiver esquecido.
— Ah, se não é exibição, então é o quê?
— Deixe de encher a minha paciência, só estou querendo extravasar um pouco a minha agitação, além disso, estou na academia da minha casa, então posso ficar aqui como vim ao mundo que não fará a mínima diferença.
— Você é um completo descarado e está parecendo uma mulherzinha, agora só falta marca hora no spa para relaxar.
— Continue me irritando mais um pouco que irei te mostrar quem é a mulherzinha aqui. Talvez essa minha ansiedade e agitação deva ser devido ao meu trabalho e os problemas da família, ainda mais sendo Consiglieri não é nada fácil ser conselheiro de algo tão grandioso e letal. Principalmente quando se é um juiz renomado e odiado por criminosos, entre eles políticos corruptos que pagariam qualquer valor pela minha cabeça.
Édouard começa a andar para o aparelho de musculação, vira-se e mostra o dedo do meio para mim, senta na abdutora e começa a exercitar-se.
— Essa sua agitação está misturada com um pouco de ansiedade e com certeza tem nome e sobrenome, agora se você estiver com algum tipo de dúvida sobre ter que se casar novamente, ainda pode mudar de ideia, não é obrigado a casar-se. - Édouard fala encarando-me.
— Não estou em duvida irei me casar por obrigação, simplesmente a organização está me obrigando e eu sei que o Noah sente falta de um amor de uma mãe, você sabe muito bem disso. Preciso arrumar uma mãe temporária para ele e euma esposa de fachada para a máfia.
— Bom, só quis lembrá-lo que se houver algum resquício de dúvida, ainda dá tempo para retroceder. As responsabilidades só irão aumentar daqui para frente em relação a isso não há dúvidas.
É verdade só aumentaram, mas fomos treinados desde pequenos para nos tornarmos chefes um dia e iremos superar os que são insuperáveis.
— Devemos ser loucos por tentar superá-lo ou por gostar do que fazemos!
— Nós gostamos da adrenalina e a emoção que ela nos traz é apenas uma consequência do que vivemos todos os dias, o que contradiz um pouco com as nossas profissões.
— Você nunca se imaginou tendo uma vida fora do mundo em que vivemos?
— Não, eu amo o que faço.
— Também amo o que faço.
— Então, o porquê desta pergunta?
— Só a título de curiosidade.
— Por acaso está saindo com alguém, Édouard?
— Não, por quê?
— Porque eu tive esta impressão quando você me fez a pergunta.
— Foi só uma pergunta retórica, nada de mais e muito menos para se preocupar.
— Édouard, Édouard não me engana, está acontecendo algo.
— Tudo bem, estou saindo com uma mulher, mas ninguém sabe e nem devem saber.
— E o porquê disso? Ela não é da família?
— Ela não faz parte da família, mas como sei que é perigoso, a mantenho distante dessa nossa outra vida. Além disso, não é nada sério.
— Você sabe que pode trazer problemas se os nossos inimigos descobrirem sobre ela.
— Por isso mesmo ninguém pode saber sobre ela.
— Irmão, é melhor você terminar antes que traga desgraça para a vida dela e dos seus familiares.
— Ah, como você fez com a sua mulher?
— A uma diferença entre o seu caso e o meu. Você mesmo acabou de dizer ela foi a pessoa que escolhi para viver até o resto dos meus dias e iria protege-la sempre, já você acabou de afirmar que é só um caso e nada mais. Você a está colocando em risco por um sexo de uma noite e nada mais.
— Sei disso, mas não posso abdicar dela por enquanto, não enquanto não estiver satisfeito. É melhor você se apressar senão o grandioso juiz Alêxy chegará atrasado. Ah, e antes que eu me esqueça chegue antes das vinte e uma horas, você tem um compromisso imperdível hoje.
— Não me lembro de ter marcado nada.
— Só chegue antes das vinte uma horas e deixe o resto conosco.
— Conosco você quer dizer que os nossos irmãos estão envolvidos? Não é possível que até a Alícia esteja envolvida?
— Em relação a hoje não está envolvida. Nem tente não aparecer porque já está tudo pronto e nós iremos atrás de você onde estiver.
— Putain, não quero me envolver em confusão porque o meu casamento já é amanhã.
— Deixe de ser mocinha. Já está avisado, esteja aqui no máximo vinte uma horas ou sofrerá as consequências.
— Está me ameaçando agora?
— Entenda como quiser. - Fala começando a andar. - Vamos se não irá se atrasar e não quero desculpas mais tarde dizendo que o atrasei.
— Você é um trou du cul.
Entramos em casa e já imagino que Marlon esteja surtando e tenha colocado todos os homens a minha procura. Como se não bastasse ser monitorado vinte quatro horas por dia nos sete dias da semana em tempo real pelas centenas de câmeras de seguranças e rastreadores que o desgraçado deve ter colocado no meu ipod e ainda diz que preciso cumprir horário.
Quando comecei a subir as escadas, senti que era observado por alguém. Quando me virei não consegui ver o rosto, só consegui observar bem rápido antes que desaparecesse apenas um longo cabelo na cor de chocolate indo na direção da cozinha.
[****]
Entro na cozinha, e meneio a cabeça, desaprovando o fato de Marlon está vidrado no notebook. Sem dúvida alguma checando as câmeras de seguranças.
— Espero que você tenha uma boa explicação para estar a essa hora olhando as câmeras de segurança em vez de está procurando alguma informação sobre o tráfico de criança e mulheres aqui no meu território. Sobre o desaparecimento do carregamento das drogas em Nova Orleans já chegou a algum culpado?
Além do Marlon ser da minha confiança, é meu segurança e a pessoa que mais confio, além dos meus irmãos é claro. Confio muito nele e acredito em seu trabalho.
— Bom dia, Alêxy. Como foi o seu treino? Teve uma boa noite de sono? Porque a minha noite foi ótima.
Tiro o meu terno e coloco na cadeira, abro a geladeira e me sirvo com suco de tangerina e uma fatia de bolo de morango com recheio de leite ninho e cobertura de frutas vermelhas. Relaxo um pouco os meus músculos saboreando um pedaço do bolo. Marlon continua entretido no notebook, levanta por um segundo o olhar para me analisar.
Nos conhecemos desde a nossa infância e ele com certeza não consegue entender o fato de um homem bem-sucedido como eu ter um fraco pelo bolo que a Evanice faz, mas o bolo que ela prepara é o melhor que já provei.
— Alêxy está parecendo uma criança de dois anos comendo esse bolo, você precisa ver a cara que você faz quando está comendo.
— O bolo está ótimo. Com relação ao que te perguntei chegou a algum resultado?
— Conseguimos a informação que transportaram as mulheres e as crianças para a Venezuela, Indonésia e Paquistão.
— Certo e quem são os receptores?
— Ainda não conseguimos essa informação.
— E as drogas tem algum resultado?
— Nada ainda.
— Esse tempo todo utilizado e só obteve essa informação? Você encarregou quem para essa investigação?
— Não foi fácil conseguir essa informação. Os chefes das máfias desses países não estão colaborando muito bem, estão dificultando um pouco a situação. O Álvaro está na investigação das drogas e o Thór no tráfico das crianças e das mulheres.
Admito que a minha vida não foi nada fácil na máfia e muito menos na carreira no judiciário. Obviamente precisei me esforçar bastante para alcançar o cargo que tenho hoje, como juiz da quinquagésima vara criminal, ainda mais pelo preconceito que se tem por tatuagem.
— Eles que não queiram me ver irritado, mas mudando de assunto você viu por acaso alguma mulher com cabelo na cor de chocolate passar por aqui?
— Você está falando da minha irmã, ela me fez uma visita surpresa. Onde você a viu?
— Quando estava subindo as escadas, senti uma presença, mas quando virei para olhar não consegui ver o seu rosto. O nome dela é Luisa, não é?
— A minha irmã se chama Louise.
Realmente um nome bem marcante e autêntico.
[****]
— Cinco testemunhas confirmaram que o senhor Maki Yoshuan nunca compareceu a empresa RedBlack. Imagens das cameras comprovam que o mesmo não estava presente na hora da chacina. - A advogada Cibelle Martinez concluiu.
— Afirmar que as vítimas morreram azar do destino por estarem no local errado e no dia errado é um absurdo. O autor está brincando com a dor das famílias das vítimas.
Depois de mais um dia de trabalho cansativo deixei tudo organizado para a minha licença já que amanhã me tornarei um homem casado, sai do Tribunal de Justiça e fui direto para o estacionamento, onde se encontra uma equipe de segurança a minha espera. Desde que nasci sempre foi assim, o meu pai sempre diz a segurança em primeiro lugar. Por mim não andaria com nenhum e os meus irmãos também, mas o meu pai nos obrigou a sempre a andar com quatro ou mais.
Entro e me sento no banco do motorista do meu Mercedes-Benz Maybach Exelero, mas o meu carro preferido é o Bugatti La Voiture Noire. Quando término de me aconchegar no carro, olho na direção de Marlon que está no assento de passageiro e o cumprimento, mas por algum motivo veio a minha mente a sua irmã. Tivemos um envolvimento quando tínhamos dez anos, mas por algum motivo ela teve que ir embora com a sua mãe e o meu amigo ficou com o seu pai.
— Já selecionei alguns homens para a sua escolta de amanhã e para o evento de daqui a pouco. - Informa Marlon, analisando algo no tablet.
Merda. Tinha esquecido totalmente da programação do meu irmão.
— O que o meu irmão está tramando? - Dou uma olhada de lado rápida para o Marlon.
— Não adianta me dar esse olhar intimidador porque você não irá conseguir informação nenhuma minha.
— Você deveria me dizer o que ele está tramando para que eu possa já ir preparado caso dê alguma merda.
Como sei que ele não abrirá essa boca, preferi mudar de conversa e matar a minha curiosidade sobre a Louise.
— A sua irmã voltou para morar com você?
— Relaxa Alêxy não sairá nada de errado hoje. Em relação a minha irmã, ela não irá morar comigo porque já está morando com umas amigas.
— Então, só foi uma visita matando a saudades.
— Sim. E também de reclamação da minha parte, mas com razão por ela não ter me dito antes que já estava de volta a mais de seis meses.
— Se Alícia fizesse isso, ela estaria em grandes apuros.
— Tenho certeza que a sua irmã estaria em maus lençóis. A Louise abriu um negócio com suas amigas, por um lado entendo que consome e muito a gente para dar tudo certo e, por outro lado, ela poderia ter dito que tinha chegado e eu poderia ter ido ao encontro dela.
— Bom, pelo menos ela está bem. Tenho uma lembrança longínqua dela.
— Ela está linda.
— Imagino que sim. - termino de falar e estaciono o carro.
[***]
Antes de entrar no banho cogito a ideia de ligar para Alexandra, estou com saudades, mas também com vontade de saber se ela irá sair, só de pensar em outro homem chegando perto dela ou a tocando nem que seja por um mísero segundo já me sobe a raiva. Como terei que sair com os meus irmãos, não posso pedir para que ela não saia. A minha vontade é de sequestrar e fazermos um sexo selvagem, perverso e bem gostoso.
Começo a me despir, entro no banheiro, ligo o chuveiro e a água toca o meu corpo quente trazendo a sensação de frescor. Quando estou terminando de me vestir ouço uma batida na porta peço que entre e é o meu irmão Hugô avisando que já está na hora de irmos e que os seguranças já estão orientados. Essa é a nossa vida, uma eterna bomba relógio que a qualquer momento pode explodir em nossa direção e de quem estiver do meu lado ou ao nosso redor. Mas uma coisa é certa que a vida dos nossos está sempre em primeiro lugar.
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