Capítulo 18
Acordo naquela manhã me sentindo melhor do que todos os outros dias, e espero a visita rotineira do médico, pois tenho esperança que logo sairei desse lugar. Me sinto bem e acho que posso terminar de me recuperar em casa.
Ainda não fazemos ideia quem me atropelou, mas temos quase certeza que foi intencional, na realidade quem seria um motorista tão imprudente que subiria a calçada e atropelaria alguém? Isso me deixa nervosa. Quem iria desejar meu mal a ponto de querer me ver morta?
Tento não pensar sobre o assunto, por que me deixa agitada e eu preciso me recuperar o quanto antes, pois sei que seu Renato está me dando todo apoio, até pagando minhas despesas médicas, mas eu preciso muito voltar a trabalhar o quanto antes, pois tenho medo de ele me dispensar depois desse ocorrido, não que fosse culpa minha, mas depois do que ouvi de Samantha ficava com um pé atrás.
Havia me passado pela cabeça que talvez em um momento de nervosismo ela tenha sido a pessoa a me atropelar, mas logo descartei essa ideia, ela não faria algo para prejudicar seu trabalho, não seria tão baixa.
Estou perdida em pensamentos quando ouço a porta do meu quarto se abrir, e o perfume doce e familiar empreguina minhas narinas, me fazendo sorrir pois já sabia exatamente quem era.
—Oi, achei que o horário de visitas já havia acabado. Você não estrou escondida né? –Pergunto em tom de brincadeira, sabia que ela seria capaz de algo assim, mas esperava que não tivesse feito.
—Claro que não né sua boba. –Diz Camille me fazendo sorrir. Estava com saudades da minha única amiga em muito tempo. –Mas, quase que não consigo entrar, tive que explicar o motivo do meu atraso e implorei para me deixarem entrar.
—Ah amiga, só você mesmo. Vem aqui me dá um abraço. – Digo acenando com a mão para ela se aproximar.
Ela me abraça e beija minha bochecha, algo fofo e carinhoso que aprendemos a fazer uma com a outra. Camille em muito pouco tempo virou uma amiga que eu não quero ter longe nunca.
—E qual foi o problema que te fez atrasar, tá tudo bem? –Pergunto curiosa.
—Tá sim amiga, minha mãe que veio com um papo todo estranho pro meu lado. Acho que a idade tá chegando pra ela.-Fala rindo.
—Como assim menina? –Pergunto rindo junto com ela.
—Deixa pra lá, nem vale a pena repetir. –Diz querendo claramente mudar de assunto, algo que logo fazemos.
—O Gabriel veio me ver. –Digo corando vergonhosamente.
—Ahh, eu vi. Encontrei com ele na saída. Inclusive ele estava acompanhado de um gato. –Fala ela do seu jeito Camille de ser. E eu dou risada, me sinto tão bem em sua companhia.
—É o Henrique, ele é cuidador do Gabriel. Um amor de pessoa. -Digo sabendo exatamente de quem ela estava falando.
—Entendi. E como você está Sophie? – pergunta ela.
—Tô cada dia melhor, já já me dão alta, e como está as coisas na empresa? –Pergunto, tentando sondar o que tem acontecido por lá em minha ausência.
—Tudo na mesma. Mas depois do seu acidente ficou todo mundo agitado, querendo saber o que aconteceu, não se fala em outra coisa por lá. –Explica.
—Imagino. As vezes eu mesmo nem consigo acreditar. –Falo pensativa.
—Amiga você precisa tomar um banho de sal grosso urgentemente!! –Fala Camille exageradamente, e eu dou uma gargalhada, ela logo me acompanha e o resto da manhã é preenchido de risadas no meu quarto de hospital.
Encontro meu pai em seu escritório, grudado ao telefone, como tem feito nos últimos dias, o que me deixa curioso sobre esses assuntos que ele tanto trata, tem ido muito pouco a empresa, trabalha mais em seu escritório, se tranca por horas atrás dessa porta e não liga a mínima para as recomendações que o médico passou, o que me preocupa com frequência e mais uma vez venho até seu escritório lembrá-lo de se alimentar, espero ele encerar sua ligação.
—Precisamos conversar Gabriel. -Diz ele claramente nervoso.
A tensão imediatamente toma conta do ambiente, me levando a ficar nervoso também com o tal assunto que meu pai disse que precisava conversa comigo. Ele parece agitado e ansioso com o telefonema.
—Entre Gabriel. –Diz ele, passando a mão na testa, mania que adquiriu ao longo dos anos, quando estava para lidar com algo muito complexo.
Eu que estava esperando na porta arrasto minha cadeira sala adentro na expectativa.
—O que houve pai? É algo relacionado a mãe? –Pergunto, esperando que fosse algo sobre isso, pois os últimos dias tem sido uma situação estranha para meu pai, que ficou chateado por não ter minha mãe por perto quando passou mal.
—Sim, em parte é sobre sua mãe. –Começa ele sentando-se em sua cadeira atrás da mesa. – Sua mãe e eu vamos nos divorciar. Ela não está sabendo lidar com meu passado...
—Certo, eu já esperava por isso. –Digo, mas espero por algo mais, pois ele realmente estava nervoso. –Mas como assim passado?
Meu pai suspira e baixa a cabeça, e ai eu noto o qual grave é o assunto, não que eu já não tivesse percebido, mas a tensão só aumentava.
—Vamos pai, não enrola. Fala logo!-Digo ficando cada vez mais ansioso e agitado.
—Não é simples Gabriel. –Ele diz um pouco grosso dessa vez.
—O que pode ser assim tão grave? Fala pai, eu vou entender. –Digo mas não tenho certeza sobre isso.
—Não filho, você não vai entender. –Ele fala aumentando a minha curiosidade.
—Você pretende me falar logo o que está acontecendo ou vai ficar nessa tenção o dia todo? –Digo perdendo a paciência.
—Certo. Eu preciso que você preste bem atenção no que vou te falar. E espere eu falar tudo, depois você pergunta o que quiser e eu tentarei responder. Mas antes que eu termine de falar quero que você apenas me escute. –Ele fala esperando que eu concorde, e apenas confirmo com a cabeça, então ele inicia a sua história, um passado que eu desconhecia completamente.
—Filho, eu já cometi muitos erros na minha vida, e um desses erros gerou uma enorme consequência...Eu tive alguns casos no passado, um desses casos foi com uma antiga funcionaria da empresa, tal funcionaria largou o emprego anos atrás e foi embora nunca entendi o real motivo, até que alguns meses atrás ela voltou a me procurar, está muito doente e disse que não poderia morrer sem antes contar um segredo que vem guardando por tantos anos, coisa que eu nunca soube até então...Eu tenho uma filha com essa mulher, uma filha que estava muito próxima de mim durante todo esse tempo.
_O QUÊ? –Grito, horrorizado. Nunca me surpreendi tanto quanto agora.
_Filho! –Diz ele, pedindo calma com o olhar, então volto a fechar minha boca e escuto toda a insanidade que sai da do meu pai.
_Sim, eu tenho uma filha. Ela trabalha na empresa e se essa mulher não tivesse me procurado eu nunca saberia.
_Isso é sério pai? – Pergunto indignado.
_Infelizmente sim Gabriel. –Responde passando a mão na testa novamente.
_Quem é ela? Eu conheço? –Pergunto ansioso.
_Sim Gabriel. Minha filha...Sua irmã é: A Camille! –Diz ele, me desestabilizando e enxugando o suor de sua testa mais uma vez.
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