Logo após deixar a Sophie em casa Henrique acelera para o hospital onde meu pai se encontra internado, estou uma pilha de nervos, apesar de Alfredo tentar me tranquilizar por telefone dizendo que agora ele estava bem, eu não conseguia me tranquilizar, precisava vê-lo.
Chegamos ao hospital o mais rápido que conseguimos e Henrique me leva para a recepção, passo os dados do meu pai para a recepcionista e logo estamos nos encaminhando para seu quarto.
Henrique me empurra porta adentro rapidamente pois ele sabe que só ficarei tranquilo quando vir meu pai.
Ele parece abatido, e nitidamente abalado com o acontecido, me aproximo de sua cama e ele abre os olhos.
—Pai, o que houve, você tá bem? -Pergunto assim que sinto seus olhos em mim.
—Oi filho, tô bem sim. Nem era necessário você vir aqui. Eu tive apenas uma hiperglicemia. – Explica ele.
—Claro que eu viria pai, e isso é grave sim, hiperglicemia é coisa de diabéticos não é? Pai, você precisa se cuidar. -Digo realmente preocupado.
Ele apenas reclama baixinho, quando o médico entra na sala e imediatamente me pego perguntando o que ele teve, o que devemos fazer, quero saber tudo.
O médico tenta ser o mais claro possível explicando todo o caso do meu pai.
— Diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento de glicose no sangue. Isto acontece quando o pâncreas deixa de produzir insulina em quantidade suficiente para processar o açúcar presente no corpo. Como consequência, o nível de glicose no sangue fica alto, levando a um quadro de hiperglicemia. No entanto, se a taxa de glicose no sangue em jejum estiver entre 100 e 125 mg, a pessoa é portadora de glicemia de jejum alterada, uma condição chamada de pré-diabetes. E foi o caso do seu pai, ele está pré-diabético, mas não se preocupem, isso tem reversão, apenas fazer exercícios físicos, diminuir a quantidade de açúcar é o principal. -Explica o médico detalhadamente.
E ele continua a falar, mas eu não ouço mais nada. Preciso parar de me preocupar apenas comigo, meu pai precisa de mim e se ele estiver preocupado comigo não vai conseguir cuidar de si mesmo, não consigo deixa de pensar que isso aconteceu por culpa minha. Além de egoísta eu era também causador de mais problemas na vida do meu velho, não iria conseguir lidar se algo pior tivesse acontecido.

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Meu pai recebeu alta no mesmo dia e fomos para casa, cheio de dicas e recomendações médicas. Eu continuava preocupado e queria estar por perto a todo momento, sempre perguntando se ele precisava de algo, mas felizmente aquela noite foi tranquila e parecia que nada havia acontecido, ele continuava o mesmo homem implicante e conversador de sempre, o que pela primeira vez em muito tempo me fez relaxar e ter a certeza de que tudo ficaria bem.

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Papai foi para cama assim que adentramos em casa, por pura insistência minha, ele precisava de repouso absoluto, foi o que o médico falou ao permitir dá alta para ele ainda essa noite, pois ele só sairia na manhã seguinte se tudo corresse como estava. Mas meu pai cabeça dura disse que dormiria melhor em casa, e cá estamos nós.
Peço para Henrique ajudar ele a todo momento, pois hoje eu saberei me virar sozinho, é meu pai que precisa de toda minha atenção, e é isso que farei. Preciso saber que ele está bem, não posso fazer algo que o machuque ou abale, pois agora noto com clareza que sua saúde está frágil.
—Como você está se sentindo pai? -Pergunto pela milionésima vez aquela noite.
—Filho, pelo amor de Deus, já estou bem. Vá dormir. -Diz ele quase irritado comigo o que me faz sorrir.
—Tudo bem, mas qualquer coisa você promete que me chama imediatamente? -Digo mais para ele ter certeza que pode contar comigo do que qualquer outra coisa, pois sei que ajudá-lo é meio improvável nesse momento.
—Eu prometo que se precisar de algo grito o nome de Alfredo, e todos na casa irão acordar. Inclusive Henrique que dormirá aqui hoje. -Diz ele olhando para Henrique que passou todo o momento de braços cruzados como segurança de shopping ao nosso lado, sabendo que poderíamos precisar e ele estaria a disposição, como sempre está. Ele apenas confirma com a cabeça como se estivesse perdido em pensamentos, e depois de todos os acontecimentos, ele deve estar mesmo.
Henrique me ajuda a chegar no quarto e me acomodar depois de um banho. Estou em minha cama, pensando no meu pai, o que faria sem ele? Nem consigo imaginar, ele foi meu alicerce quando tudo de ruim começou a acontecer, sempre esteve ali por mim e quero que ele tenha a certeza que eu estarei sempre aqui por ele. 
Fecho os meus olhos, exausto, precisando urgentemente relaxar, mas acho que estou esquecendo de algo, não consigo lembrar o que nesse momento, minha mente está tão cansada e eu me entrego a escuridão.

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Ainda não conseguia para de pensar sobre os ocorridos da noite passada, com todos os acontecimentos eu acabei esquecendo completamente da Sophie, e quando fui verificar o celular essa manhã tinha mensagens e chamadas perdidas dela, putz, ela devia ter ficado muito preocupada, e eu tonto esqueci de avisar qualquer coisa. Imediatamente ligo para seu celular e no terceiro toque ela já atende com voz sonolenta.
—Gabriel? Meus Deus, graças a Deus você retornou, eu passei a noite toda esperando sua ligação. Como está o seu pai? -Ela pergunta nitidamente preocupada.
—Desculpa Sophie, com tudo que aconteceu eu não lembrei de avisar para você, ele já tá em casa, passa bem. Voltamos ontem a noite mesmo, o médico passou alguns medicamentos, mas agora já tá tudo bem, ele teve uma hiperglicemia. -Explico por alto o ocorrido.
—Ahh, graças a Deus. Eu fiquei muito preocupada, que bom que o seu Renato está bem agora. -Diz ela, me deixando curioso sobre um pequeno detalhe. Pois pelo que eu me lembrava em nenhum momento citei o nome do meu pai.
—Como você sabe o nome do meu pai Sophie? – Pergunto intrigado. A linha fica totalmente em silêncio fazendo o oposto com minha cabeça e meu coração, que nesse momento vira uma confusão sem fim, então também acabo me lembrando o que não devia ter deixado passar até agora, eu havia visto ela em frente a empresa, isso devia ter algum significado e eu esperava que houvesse uma boa explicação para tudo isso.