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G L O S S Á R I O

Hanbok: roupa tradicional coreana.

Eomamama: forma respeitosa da princesa referir-se à sua mãe, a rainha.

Gongju: princesa.


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SOO BIN DEVE ESTAR CHORANDO em algum canto escondido dos meus aposentos. Foi difícil convence-la de que ficarei bem, ela chega a ser tão protetiva comigo quanto meus pais são.

Abamama concedeu-me o desejo de deixar o palácio, deu-me permissão de conhecer de perto, durante o estreito prazo de dois meses, o país que um dia governarei. Mas, é claro, ninguém pode saber, nem mesmo os funcionários que trabalham sob seu comando. Ele receia que a informação vaze e surjam complicações à minha segurança. Preocupa-se também com possíveis traições.

Por isso, enquanto Soo Bin se disfarça com meu hanbok real, eu uso calça jeans para realizar meu maior feito. 

Com a identificação de dela em mãos, aproveito agitação dos turistas assistindo à troca de guardas em frente ao portão interno Heungnyemun¹ e escapo com relativa facilidade, fingindo ser uma das funcionárias do palácio.

Passo pelo arco do portão externo Gwanghwamun² e inspiro profundamente o frescor de abril.  Tem cheiro de primavera e possibilidades.

Evito olhar pra trás antes de me misturar à multidão sem nome, não quero hesitar.

Ninguém me reconhecerá, eu sei disso.

Papai sempre temeu que pessoas insatisfeitas com o retorno das monarquia pudessem atentar contra minha vida, por isso me escondeu no palácio longe da mídia e de qualquer tipo de atenção.

Consigo contar as vezes em que fui autorizada a sair. Sempre na surdina da noite. Sempre para comparecer a jantares políticos enfadonhos ou passar férias secretas no exterior.

As pessoas acabaram elaborando diversas teorias sobre mim. Alguns especulam que faleci quando criança e o rei quis ocultar do povo a morte de sua única herdeira.

Outros sugerem que fui trancafiada com tanto afinco porque minha aparência é tão medonha que envergonharia a família real.

Muitas vezes tive vontade de esclarecer que não existem grandes motivos, que sou apenas uma princesa restrita aos limites do palácio e nada mais, porém me contive, eomamama explicou que não seria apropriado.

Pego um táxi e entrego o endereço. Há diversos lugares que eu gostaria de conhecer, contudo um em particular me atrai com urgência.

Em poucos minutos chegamos à ponte Mapo, uma das muitas que atravessam o rio Han.

Inúmeras pessoas tiraram suas vidas aqui, cidadãos do  país que um dia terei a missão de governar. 

Luzes com sensores acendem nos corrimãos de metal, revelando frases de consolo conforme os transeuntes caminham pela ponte.

O que está incomodando você?

Como você gostaria de ser lembrado?

Passo os dedos pelas letras luminosas à medida que ando e já não me sinto tão bem. Penso em encerrar minha aventura e retornar para o palácio, mas então eu o vejo.

Ele está com o corpo apoiado na mureta de segurança. Seus olhos castanhos e perdidos vagueiam pelas águas escuras do rio Han.

Um sorriso solitário ganha forma em seus lábios e sinto uma pontada de angustia.

Ele vai pular?

Vou até onde ele está e paro ao seu lado. Apoio os braços no corrimão  e contemplo o rio que corre sereno e indiferente abaixo de nós. Sinto vertigem por conta da altura e desvio o olhar. 

O rapaz, notando minha presença, sai de seu estado de letargia e volta sua atenção para mim.

Perto o suficiente, noto alguns cortes em seu supercílio. Uma grande mancha arroxeada contorna seu maxilar anguloso e há sangue pingando de sua camisa.

Involuntariamente estendo a mão e toco o líquido que goteja, salpica o chão e depois escorre pelas fendas irregulares da calçada.

O rapaz me observa com uma expressão confusa, porém não diz nada.

Ele é a alto. Provavelmente mais do que eu conseguiria alcançar se desse meu maior salto e isso diz muita coisa.

Seus cabelos lisos estão desalinhados pelo vento e alguns fios  grudam em sua testa devido ao suor que escorre por sua pele pálida.

Por trás dos machucados no rosto, contornos bem desenhados se pronunciam numa harmonia tentadora.

Sinto vontade de tocá-lo.

Nunca toquei num garoto antes, então hesito.

Seria estanho se eu o fizesse?

— O que foi? — Sua voz rouca me desperta.

Percebo que estou encarando-o fixamente e baixo a cabeça envergonhada.

— Por que você ia pular? — Expulso da mente a pergunta que me perturba.

— Eu não ia.

— Ia sim. — Insisto.

— Não é da sua conta. — Me dá as costas e sai andando.

Ninguém nunca me deu as costas antes, principalmente quando estou falando. É uma regra de etiqueta básica do palácio.

Começo a segui-lo. Ele pega um ônibus e eu entro também. Nunca estive em um desses antes, então me acomodo num assento próximo a ele e aguardo.

Repito pra mim mesma que estou apenas tentando ajudá-lo. Se você vê alguém à beira do perigo, seria errado deixa-lo sozinho, não é mesmo? 

Por isso, quando ele se levanta e desce numa parada, vou atrás. 

Reconheço este lugar, estamos no parque Yeouido³. É fim de tarde e o sol inunda o ambiente como uma névoa alaranjada e flamejante. As inúmeras cerejeiras que margeiam a calçada estão em flor e perco o ar, é incrível.

Caminho no encalço do rapaz misterioso, não me preocupando em disfarçar. Ele sabe que estou seguindo-o e, ao que parece, não se importa mais. 

O jovem caminha devagar como se me incentivasse a não desistir do meu intuito. Depois, deita num espaço gramado debaixo de uma árvore frondosa, apoia a cabeça no braço e, fechando os olhos, solta um longo suspiro.

Deito-me ao seu lado e repito seus movimentos.

As pessoas devem estar olhando e, por um momento, fico aflita. Suprimo os pensamentos que se agitam em mim devido à minha conduta inapropriada e relembro que, hoje, não sou a Gongju, sou apenas Kim Sun Hee, uma garota comum de dezenove anos.

Quando abro os olhos, noto que o rapaz apoiou o peso sobre a lateral do corpo e está me encarando. 

— Qual seu nome?— Pergunta a mim.

— Kim Sun Hee.

Vislumbro um lampejo de reconhecimento cintilar por seu rosto, mas é tão rápido que não dou atenção.

— Choi Jae Ho. — Ele se apresenta. 

Novamente, o silêncio paira sobre nós e, juntos, contemplamos as flores de cerejeira desprenderem-se dos galhos e rodopiarem embaladas pelo vento.

Jae Ho não me pergunta mais nada e talvez seja porque simplesmente sabe que, tanto quanto ele está sozinho, eu também estou.

Acredito que um mútuo reconhecimento entre almas solitárias não precisa de palavras para ocorrer. Podemos discernir nos singelos gestos os traços de um coração atribulado.

Quem sabe até mesmo exalemos um perfume próprio, como seres pertencentes à uma mesma espécie, unidos pela falta de contentamento.

Não tenho as respostas, apenas sei.

Quando me levanto para ir embora, fito de seus olhos e  compreendo que esta não será a última vez que nos veremos. 

— Estarei aqui amanhã. — Me despeço com um sorriso tímido.

E ele sorri de volta.

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¹Portão interno Heungnyemun

²Portão Gwanghwamun

³Parque Yeouido: o parque conta com diversas áreas recreativas temáticas, como a da tradicional floresta coreana, a floresta dos ecossistemas, a praça da cultura e a área gramada. Muitas pessoas da cidade vão até ele para descansar e desfrutar de passeios, jogos esportivos e eventos culturais. Um dos pontos mais famosos é a rua Yunjunro, famosa pelas encantadoras árvores de flor de cerejeira alinhadas numa faixa de cerca de seis quilômetros.

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