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Capítulo 4

- Amora! - acordo com um balde de água fria na cara, literalmente.

- Que? Oi? Que foi? - caio da cama ao sentir a água fria em contato com minha pele.

- Você vai se atrasar! Primeiro dia de aula - minha tia Cláudia diz irritada com as mãos na cintura e o balde debaixo de seu braço esquerdo...

- Espera... - tento me lembrar dos últimos acontecimentos e... - Ai Meu Deus! Tia! - me levanto e a abraço apertado - Eu fiquei com tanto medo... V-você está bem!? - passo meu olhar por todo o seu corpo para ter a certeza de que ela está na minha frente e bem - Foi tudo um sonho... - digo para mim mesma voltando a abraçá-la.

- Você está bem...? - ela tenta se soltar de meu aperto, mas eu a impeço, com medo de que se eu a soltasse, ela sumiria.

- Foi só um pesadelo - a olho e sorrio.

- Isso é água nos seus olhos? - eu rio com o seu comentário.

- Não. É que caiu um cisco no meu olho - fico de costas pra ela e respiro fundo, me recuperando.

- Tá legal... Não se atrase – sinto ela me lançar um olhar confuso e, depois, a escuto sair.

Obrigada Deus! Agradeço mentalmente por tudo aquilo ser um sonho.

- Nossa, Lorenzo! - acabo soltando - Ele... ele não existe... - chateio-me ao lembrar do moleque enxerido.

Bem que ele era bom demais para ser verdade...

Ignoro esse lado negativo e foco apenas no positivo, no caso: MINHA TIA ESTÁ VIVA!!

Corro para o banheiro, e tomo um banho rápido.

Nossa, também acordei assim no meu sonho...

- Coincidência - digo tentando convencer eu própria.

Saio e visto...

- Com certeza não! - penso em voz alta ao ver a mesma roupa que eu vesti em meu sonho.

Alterno para uma blusa preta comprida com uma estampa de fogo na bainha, um short jeans que é escondido pela blusa, tênis branco de cano longo e opto por fazer uma trança de boxeadora. Me olho no espelho e decido passar um batom vermelho.

Gata como sempre!

Pisco para mim mesma através do espelho e saio rapidamente de meu quarto.

- Escola virou lugar para exibir o corpo agora? - minha tia diz de cara feia.

- Não..., Mas... - me lembro outra vez do sonho - O que disse? - só mais uma coincidência.

- Você está muito estranha. Até mais que o normal. Mas isso não será motivo para você chegar atrasa. Então, saia já daqui! - sorrio com sua atitude. Minha tia sendo minha tia... - O que é isso no seu rosto?

- Um sorriso, ué...

- Sem sarcasmo?

- Não posso acordar de bom humor agora?

- Você. De bom humor? Acho que estou ficando doida - dona Cláudia se senta na cadeira ao seu lado fazendo drama.

- Bom. Deixe me ir agora, então - pego uma maçã...

- O quê? - minha tia me pergunta ao me ver encarando a fruta.

- Acho que vou de pera hoje - troco de fruta e saio pela porta.

Quando começo a caminhar, escuto meu celular apitar, avisando ter chegado mais uma notificação.

Arthur: Já saiu de casa?

Prefiro não responder e apertar o passo. E assim que o encontro com as mãos...

Mesma roupa?

- Até que enfim. Pensei que tinha esquecido de minha pessoa - calma, só mais uma coincidência...

- Vamos? - saio do choque e começo a caminhar em direção ao colégio, ignorando meu amigo.

- Você está legal? Nem cumprimenta? - ele tenta melhorar o clima, mas falha miseravelmente - Sério, você é a Amora que eu conheço? - Art para em minha frente, me impedindo de continuar a caminhar.

- Acredita em coincidências? - ignoro sua preocupação comigo.

- Que tipo de pergunta é essa? - ele enruga a testa.

- E em sonhos que preveem o futuro?

- Você está bem? - ele põe a mão em minha testa para ver se eu estou com febre.

- É que eu tive um sonho maluco. Mas... Esquece - lhe dou o melhor sorriso que consigo, embora tenha saído um pouco amarelado.

- Tendi..., mas, então - ele faz a pose igual a um corredor quando está se preparando para correr - Melhor corremos se quisermos chegar a tempo.

- Sim, sim - disparamos a correr contra o tempo. Não demorou muito e já estávamos no portão do colégio.

- Me lembre de te lembrar para sair mais cedo de casa - Art diz ofegante.

- Ahn... - respira... Penso comigo mesma, em uma tentativa falha de não surtar. E, para ajudar com o meu não surto, o sinal bate.

- Acho melhor irmos - Art diz mais recuperado. Apenas concordo com a cabeça.

- Todos para o auditório! Todos para o auditório! - o guarda manda...

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez...

Conto até dez para tentar me acalmar.

- Uaí? Não prefere sentar no fundo? - Art diz ao reparar que eu estava indo para ficar mais próxima dos outros alunos. Coisa que não costumo fazer.

- Quero fugir da rotina.

- Han... - nos sentamos na terceira fileira ao lado de uma songamonga.

- Por favor, não diga nada - levanto minha mão para impedir que Art continue com o que ia fazer.

- Tá legal... - ele levanta as mãos em forma de rendição.

- Bom dia, queridos alunos. Aos novatos, sejam bem vindos à escola e aos que estão passando para uma nova fase, seja do fundamental 1 para o 2 ou para o Ensino Médio, sejam bem vindos também - abraço a mim mesma na esperança de acalmar meus nervos.

- Preciso sair daqui - me levanto abruptamente e corro para a saída.

- Aonde pensa que vai? - sou parada por um guarda.

- Não estou me sentindo muito bem - aperto minha barriga para dar ênfase ao que digo.

Ele me encara pensativo. Acho que analisando suas opções. Até que ele assentiu com a cabeça e eu saio em disparada rumo ao banheiro.

- Você só pode estar ficando doida - me olho no espelho e começo a rir histérica. Acabo perdendo as forças nas pernas, resultando em minha caída no chão - Já sei. Eu ainda estou sonhando. Só pode ser - tiro a cabeça dos meus joelhos e digo confiante - E a cura pra isso é... Aí! Não. Não estou sonhando - me belisco para acordar, mas acaba que serve apenas para eu me machucar.

Quando começo a escutar os murmurinhos, deduzo que a palestra já tenha acabado. Então, me forço a levantar, molho mais uma vez meu rosto e saio em direção à aula de matemática confiante de que tudo isso é uma coincidência lógica.

Meu cérebro calculou todas as probabilidades de acontecimentos em minha mente e, de acordo com as minhas lembranças, fez eu sonhar tudo isso.

- Boa tarde turma - logo que eu entro na sala de aula, a professora chega - Meu nome é Adriana e como falta apenas 15 minutos para finalizar, além de ser o primeiro dia de aula, deixarei que seja apenas conversas. Até bom para nos conhecermos melhor - ela sorri amigavelmente.

E é nesse momento que...

- Posso me sentar aqui? - O Lorenzo aparece.

- Lorenzo... - Esqueço de tudo e apenas corro para abraçá-lo.

- Nossa... Nunca pensei ser capaz de causar isso nas garotas - ele diz estranhando minha atitude - Como sabe meu nome?

- Eu ahn... - como explico que eu tive um sonho com ele?

- Invadi a sala da diretora e vi sua ficha - foi a primeira coisa que me veio à mente. Não seria a primeira vez... 

- Temos aqui uma rebelde... - ele ri.

- É isso aí - pisco pra ele - Ai meu Deus! - eu não poderia sonhar com ele, não com tantos detalhes.

- O que foi?

- Eu preciso sair daqui. Preciso salvar a minha tia!

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