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Capítulo 28

- M-mas, m-mas, m-mas... - em completo choque, eu não conseguia raciocinar sobre nada.

- Vivian sempre foi a única com quem me importei. A única quem eu amei - ele diz frio, me fazendo arrepiar a nuca.

- Por quê!? Por que se interferiu na minha vida!? - com o ódio fluindo de minhas veias, eu não sentia mais nenhuma dor física, pelo contrário, me senti forte o suficiente para o derrubar, para acabar com ele, o fazer pagar por toda a dor que causou em minha mãe.

- Existe uma coisa chamada, peso na consciência - ele volta a fica de costas para mim. Enquanto que eu, começo a gargalhar seca.

- Você? Um anjo? Peso na consciência!? - digo irônica.

- Não digo que me arrependo por ter feito aquilo - eu ia responder, mas ele continua rapidamente - Mas me arrependo de ter feito aquilo com quem Vivian se preocupa, mais que isso, com quem ela amava - suas palavras só faziam meu sangue ferver mais ainda.

- Você não é o meu pai!

- Nem quero ser - ele fixa seu olhar no meu, como se pudesse ver minha alma, me fazendo querer chorar novamente – No entanto, eu não vou deixar aquele clone roubar o que é meu.

- Não preciso da sua ajuda - cruzo os braços e viro a cara.

- Já viu o seu estado? O que Ryder sabe que eu não? Esse corpo não aguenta o seu poder - seguro para o meu queixo não cair - Ele é apenas um mortal com um dispositivo para viajar pelo tempo e entre mundos, mas nem aquilo sabe usar direito. Já eu, sou um anjo - que saco! Ele até que tem razão.

- Como tenho certeza que você vai realmente me ajudar? - ele não me responde, mas se aproxima e encosta a mão em meu tornozelo - Não encosta... - tento tirar, no entanto, antes que de eu fazer qualquer movimento, meu pé solta uma luz branca, e, quando ele se afasta, vejo meu pé curado - Como...?

- Não fiz nada - arqueio a sobrancelha em uma pergunta - Foi você quem curou esse corpo, eu apenas mostrei o caminho.

- Eu sou isso!?

- Todos os celestiais não são corpos físicos, mas adquirimos. Porém, você não desenvolveu o corpo por já estar em um. E, por isso, você tem limites - ele pausa.

- Então... - eu não confio nele, mas ele tem razão em uma coisa, eu não conheço o meu próprio corpo e nem o meu potencial, ou seja, preciso de ajuda...

- Todavia - ele me corta - Vai precisar fazer uns... sacrifícios - só com essa hipótese, meu sangue gelou.

- O quê? - engulo seco.

- Seus sentimentos, não são seus...

- O QUÊ!?

- Não me interrompa! - ele se irrita – Os sentimentos são desse corpo. Antes dos seis anos de idade desse corpo, você estava aprisionada, mas, com o sacrifício de Carmela, você adquiriu a capacidade de controlar os movimentos, mas os sentimentos continuam sendo...

- Não!

- Fica tranquila meu doce - ele diz irônico - Com Lorenzo foi diferente.

- Mas...?

- Você o ama - mesmo com o tom frio, pude ver um traço de orgulho nos olhos.

- Não, não o amo! Gosto de sua companhia e só isso! - cruzo os braços e faço bico.

- Me diga, qual foi o primeiro traço de poder que você teve durante todos esses anos? - arregalo os olhos ao juntar as peças - O sentimento, é a chave – Foi graças ao acidente de Cláudia que você voltou no tempo para mudar os acontecimentos, no entanto, foi graças ao Lorenzo que você foi capaz de fazer isso.

- Como faço para vencer? - me levanto e recupero todo o meu ar de autoritária.

- Você sabe.

- Mas... você disse.

- Que vou te ajudar. Não te dar a resposta. E... mais uma coisa, pare de confiar no Ryder. Ele não sabe de absolutamente nada! - dito isso, ele some em uma luz branca.

- Por onde eu começo!? - grito para o alto, entretanto, duvido que ele tenha escutado - Bela ajuda... - bufo e cruzo os braços - E a minha mãe!? Onde ela está, já que não está morta, e como faço para ajudá-la!? - pode não ser minha mãe biológica, mas é mãe desse corpo e a considero de coração - Tá! - estalo os dedos e apareço em meu quarto.

Eu tinha uma noção de como eu ia encontrar o meu cantinho, no entanto, minhas teorias nem chegaram perto da realidade. Meu quarto estava abandonado, porém, com as minhas coisas. Minha cama desarrumada, o guarda-roupa caindo aos pedaços e a janela quebrada, mas, ainda o meu quarto.

Eu realmente não entendia o porquê tudo aqui está desse jeito, tanto a maneira como a casa de Arthur estava, quanto a maneira que Lorenzo me olhou, como uma desconhecida. Todavia, eu precisava fazer uma coisinha antes.

Sim, eu devia estar salvando o mundo e, ao invés disso, estou aqui, em meu quarto.

Sim, é sacanagem eu deixar tudo em cima de Ryder. Ele pode estar precisando de mim.

Entretanto... como ele mesmo disse, preciso estar 100%.

Se meu quarto está do mesmo jeito que deixei, embora coberto por teias de aranha, acho que vou encontrá-lo aqui.

Começo a revirar as gavetas até eu achar o bilhetinho que Enzo me deu quando me conheceu.

- Obrigada.

Sorrio pra mim mesma e, novamente, estalo os dedos e me teletransporto para algum riacho. Eu só preciso tirar todo esse sangue e estar mais apresentável.

Depois de me limpar, estalo os dedos e penso na casa de Lorenzo - Quê...? - olho ao redor e vejo que está da mesma maneira que a minha, com suas coisas, mas abandonada. E então, eu lembro que, quando fui até ele, não pensei em sua casa, mas sim nele próprio - Esse tempo está uma bosta... - digo e estalo os dedos, porém, mal termino de estalar e algo me impede, ou melhor, alguém - Me solta!

- Nós não terminamos! - o diabo diz furioso.

- Tem razão. Eu ainda não acabei com você - tento realizar o movimento que aprendi na época que eu fazia defesa pessoal, no entanto, eles não me ensinaram a me defender de um clone de um celestial.

- Quem pensa que sou!? - ele some, apenas escuto sua risada macabra por todo o local. Faço pose de luta.

- Não tenho medo de você! - grito para o alto.

- Devia ter - ele diz frio e, logo em seguida, sinto um impacto sobre o meu corpo. Ele havia me jogado contra uma parede e eu acabei caindo em uma mesa de vidro. Eu via cortes por todo o meu corpo por causa dos cacos, porém, logo se curaram, restando apenas a minha roupa suja de sangue.

- Ei! Eu acabei de me limpar! - me levanto em um salto e grito furiosa. Ele apenas gargalha.

- Vejo que conversou com um certo alguém... - fecho os meus olhos e penso que seria bom poder ficar invisível também. Quando os abro novamente, posso ver tipo uma sombra de calor se movimentando rapidamente.

- Sim. E descobri algumas coisinhas ao meu respeito - eu apenas seguia o meu extinto - Você não tem chance! - estalo os dedos e me faço aparecer no caminho da sombra de calor, imito um movimento de um soco e faço aparecer uma luz forte, o derrubando contra outra parede - Uauuuu! - fico animada com o que acabei de fazer. No entanto, ele outra vez some, mas, agora, como se realmente tivesse ido embora.

- Só porque sabe de alguns truques, não quer dizer que pode me derrotar. Eu sou o próprio diabo...

- Correção: uma cópia de um anjo caído - apareço e o corrijo, como se fosse uma outra pessoa qualquer. Ele se irrita e começa a fazer tudo voar, como um ciclone arruína tudo por onde passa.

- Você vai se arrepender! - ele mal termina de falar e saio rápido dali. Entretanto, não dá tempo d'eu pensar em algum lugar, resultando em meio a uma nevasca - Amora! - ele aparece em minha frente, com sua aparência mais assustadora do que antes.

- Me deixe em paz! - corro para sair dessa tempestade e apareço em um lugar oposto, em meio a uma tempestade de areia no deserto.

- Não pode fugir de mim! - sou jogada para longe novamente, batendo as costas em alguma rocha. Fico paralisada até eu curar o corpo. Me levanto e protejo meus olhos como posso.

- Você não vai conseguir o que quer! - fecho os olhos e tento o visualizar - Aí!!! - antes de eu conseguir achá-lo, sinto uma queimação em meu braço - O que é isso!? - entro em pânico ao ver o meu punho direito chamuscado.

- Um empurrãozinho... - ele gargalha - Esse corpo não aguentará e morrerá. Você será forçada a sair.

- Não! - grito e estalo os dedos com a mão boa. Para ter certeza, vou para um bunker que eu havia visto na TV. Não muito bem, acabo desiquilibrando ao chegar no meu destino - Aí... vejo o preto em meu pulso aumentar de tamanho - Mas... - olho ao redor e vejo uma caixa de primeiros socorros - Vai ter que servir - pego e estalo os dedos. Apareço em frente a um rio novamente. Corro para a água e mergulho a minha mão - Aíiiiii! - grito de dor e tiro a minha mão da água rapidamente. Vejo que havia duplicado de tamanho - Droga! - pego a faixa e apenas enrolo a ferida - Vai ter que servir - antes de ir, me olho pelo reflexo do rio. Eu assustei ao ver minhas olheiras marcadas, as pontas de meu cabelo brancos e meus olhos estavam sem cor - Você consegue - ignoro minha aparência deplorável e digo confiante.

Estalo os dedos. 

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