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Capítulo 17

Acordo com uma forte dor de cabeça, a boca seca e o nome Ryder rondando em minha cabeça.

- Quem diabos é Ryder!? - me sento e abraço as minhas pernas, quando percebo que essa calça não é minha.

Cara, eu esqueci que estava na casa do Lorenzo!

Olho ao redor e vejo que estou sozinha no quarto dele. A última cena de ontem passa pela minha mente me fazendo sorrir como uma boba.

Decido não enrolar e levantar. Passo no banheiro dele para passar uma água no rosto e amenizar um pouco a minha situação.

Ao voltar para o quarto, vejo Enzo entrar com um grande sorriso no rosto e me lembro que dormi na cama dele...

Meu Deus!

- Bom dia.

- Bom dia... A gente dormiu juntos? - pergunto meio envergonhada e ele ri, me deixando desconcertada.

- Quando percebi que você tinha adormecido, preferi não te acordar. Então, preferi eu mudar de cama.

- Oi!? - ele me deixou dormir na cama dele!? Ele dormiu em outro lugar só para não me acordar!?

- Você dormindo parece um anjo - ele muda o rumo e sorrir - Um anjo que ronca demais - Enzo começa a rir.

- Que mentiroso! Eu não ronco - cruzo os braços.

- Como sabe?

- Eu sei! - afirmo.

- Eu tô brincando... Dormiu bem? - não respondo por teimosia - O café da manhã já está posto lá embaixo. Mas se preferir, eu trago aqui.

- De jeito nenhum! Não quero incomodar. Não custa nada eu descer - me apresso para ficar ao seu lado pronta para descer.

- Você quem sabe - começamos a caminhar para o andar debaixo - Quem é Ryder? - Enzo, do nada, me pergunta, me fazendo arregalar os olhos assustada.

- Quem?

- Você fala dormindo... - acabo corando. O que mais eu falei? - Relaxa. Assim que percebi que você havia dormido, eu fui para o outro quarto, no entanto, acabei ouvindo... Desculpa - ele diz meio sem jeito.

- Eu não faço a menor ideia de quem seja ele. Para falar a verdade, nem me lembro dos meus sonhos.

- Compreendo - entramos em um cômodo completamente iluminado pela luz do sol. Com uma mesa bastante decorada que ia de um lado para o outro.

- Vocês comem tudo isso? Tudo!? - digo com os olhos arregalados e ele gargalha.

- Bom dia! - Viviane diz com um sorriso iluminado - Amora, minha querida, dormiu bem? - ela faz sinal para eu me sentar.

- Não tem nem como dormir mal aqui - acabo soltando, a fazendo rir.

- Eu fico feliz com isso - eu assinto e ela sorri.

- Bom dia - Clara aparece na porta e diz para que todos nós pudêssemos ouvi-la. Depois entregou alguma coisa para Viviane e saiu.

- Então - Viviane me tira de meus devaneios - Me fala um pouco mais sobre você - ela beberica seu suco.

- Bem... - me sirvo com o suco de manga e uma torrada, para me dar mais tempo pra pensar no que dizer - Não tem muita coisa pra falar - sorrio meio sem graça.

- O que pensa fazer na faculdade? - ela me dá um "empurrãozinho".

- Não faço ideia ainda - mordo minha torrada.

- Enzo pensa fazer geologia - Viviane diz toda animada.

- Que legal! - olho pra ele com um grande sorriso.

- Quem sabe... - ele diz e dá uma mordida no bolo de laranja.

- Eu acredito que você vai conseguir - pisco pra ele - Talvez eu faça farmácia - mexo os ombros como quem não quer nada.

- Mas não tem nada a ver com a sua cara - Viviane faz uma careta - Até artes plásticas vai, mas farmácia não. Escute o que eu digo. Você precisa fazer algo que a deixe feliz - sorrio com o seu encorajamento.

- Talvez eu faça mesmo - sorrio e começo a comer o bolo de laranja que estava divino.

Conversamos mais outras banalidades, arrancando várias gargalhadas minhas. Agora sei porque Enzo é como é. Não tinha como ser diferente com uma mãe como Viviane. E o que mais me encantou nela também foi a maneira de como ela trata os empregados. Se não tivessem os uniformes, poderia jurar que fossem apenas visitas, pessoas qualquer, e não empregados.

Depois do glorioso café da manhã, resolvo me arrumar para encontrar Arthur. Enzo se ofereceu para me acompanhar e eu achei uma boa ideia.

Ele separou outro par de roupas pra mim e eu vesti uma roupa mais ocasional. Uma calça jeans escura, uma blusa tie dye degrade e o meu tênis de ontem mesmo.

Prendo o meu cabelo em um coque desfiado e vou de encontro ao Enzo na sala de visitas.

- Ficou muito bem em você - ele se refere a roupa.

- Valeu. Han... Vocês têm visitas como eu diariamente? Porque vocês parecem bem preparados - acabo rindo com a minha pergunta meio idiota.

- Não. Mas sempre prevenidos - ele roda seu braço em meus ombros e me guia para fora da casa dele.

- Tchau - despeço de Viviane antes de sair de vez da sala.

- Tchau. Divirtam-se - ela para de mexer em seu tablete para olhar pra gente.

- Tchau. Até mais tarde - Enzo diz e fecha a porta.

- Olha. Você me guia. Porque, não sei se você se lembra, mas... não sei como cheguei aqui - ele gargalha.

- Está em boas mãos - entrelaço meu braço em sua cintura e começamos a caminhar igual eu e Art fazemos.

Ao chegarmos na minha humilde residência, rezo mentalmente para o meu celular estar no meu quarto, pois não faço a menor ideia de onde o deixei, ainda mais depois do meu apagão.

- Amora! - todo o tom meloso que minha tia estava usando ontem sumiu, restando apenas sua carranca - Que bom que chegou - ela diz mais calma ao ver Enzo ao meu lado - Oi, creio que não tivemos tempo para conversar com calma - ela tenta sorrir - Nem sei o seu nome...

- Pois é... Me chamo Lorenzo.

- Prazer. Cláudia - eles apertam a mão um do outro.

- Devidamente apresentados. Agora, vem - puxo Enzo para o meu quarto - Por favor. Ignora - fecho a porta de meu quarto para termos mais privacidade.

- Porta aberta! - minha tia grita e eu bufo – Sabe o significado de "porta aberta"? - ouço sua voz mais próxima.

- Pronto... - abro e finjo um sorriso.

- Melhorou – ela me encara e se afasta.

- Olha - me viro para Enzo assim que tenho a certeza de que minha tia não está pelas redondezas - Minha casa não é nem uma mansão como a sua. Mas dá pro gasto - começo a revirar as gavetas procurando o meu celular.

- Eu não ligo pra isso - ele repara melhor em meu quarto - Nossa..., mas você podia ser mais organizada.

- Meu quarto tá ótimo assim - nem o encaro para não me irritar mais.

- Fã da Pink? - ele olha para o post dela pregado na parede.

- Tá brincando? Muito! - sorrio pra ele antes de voltar para a minha procura.

- BTS... EXID... ATEEZ... Stray Kids... BtoB... Vejo um padrão aqui. Só ela não se encaixa aqui - ele faz cara de pensativo.

- O que posso fazer? É o meu gosto.

- Sabe o que eu percebi? - faço sinal para ele continuar - Eu estou no padrão - ele abre o sorriso e eu caio na gargalhada.

- Quê!?

- Você tem um estilo e eu faço parte - ele sorri, me fazendo ter que segurar a barriga de tanto rir.

- Meu caro - me aproximo com dificuldade dele - O seu perfil me atrai - dou pequenos tapinhas em sua bochecha - Satisfeito?

- Você não sabe o quanto... - bufo e reviro os olhos - Aliás - ele muda de tom - O que está procurando?

- Meu celular - ponho as mãos na cintura e encaro o meu quarto, que a propósito, está uma zona. Mais que o normal.

- Por que não disse antes? É muito mais fácil eu ligar pra ele - ele pega seu iphone e começa a chamar. Entretanto, não ouvimos nada.

- Ele provavelmente não deve estar aqui - bufo e cruzo os braços derrotada.

- Calma. Você vai achar.

- Tá - me viro abruptamente para Enzo - Vem - o puxo para fora do meu quarto - Tia! - ela aparece na sala - Você sabe se o Arthur já está em casa?

- Provavelmente... - a corto.

- Obrigada. Tchau - me apresso em dizer.

- Espera - ela faz eu parar e encará-la - Vou sair com Álvaro hoje - ela diz e eu me enrijeço.

- O-ok - não é possível que só de ouvir o nome dele, vai me fazer ter um ataque de pânico!

- Só pra te informar - ela diz e sai da sala. Não enrolo e faço o mesmo com Enzo.

- Quem é Álvaro? - Enzo me pergunta.

- O novo namorado da minha tia - me limito ao dizer - Bom. Então vamos para a casa de Art. Caso ele não tenha chegado ainda, o esperamos, pois, se formos para o hospital, corre o risco de desencontramos.

- Ok.

No caminho em direção à casa de Art, me assusto ao ver o mesmo garoto de meus flashbacks.

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