Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 10 Momento


A mulher caminhava agitada pelo corredor extenso de sua propriedade, sua mente estava em ebulição ao pensar no tamanho engano que cometeu ao julgar que o Baile de Máscaras do Marquês traria o brilho a família que havia julgado ter merecido, no entanto, tinha em suas mãos evidências de quão enganada estava. Cruzou a porta abruptamente.

— Não creio que você fez algo tão imprudente! — A voz da mãe reverbera por toda a estufa. — Como pode, preciosa, fazer isso com o nome da família!

A garota conteve um suspiro, não queria demonstrar a sua vulnerabilidade, desde a noite do baile sempre procurava se isolar, não tinha ânimo para socializar, muito menos ficar conversando assuntos triviais. A única pessoa que ainda se esforçava em receber era sua amiga Megan, que nunca deixava de lhe visitar. Todavia, estranhava, pois, estava atrasada, nunca tinha acontecido, porém, a jovem não havia chegado, deixando a manhã mais cinzenta. Tudo que podia fazer nesse momento era manter a calma, se inteirar do que sua progenitora estava vozeando.

— O que exatamente fiz, minha mãe. — Tentava equilibrar a emoção. Sua genitora estava descontrolada. Não obstante, Sophie tinha uma leve ideia do porque a mais velha estava tão desgostosa.

— Não brinque comigo mocinha. — Jogou o periódico de fuxicos no colo da garota. Pegou o folhetim com cautela, leu a coluna social que destacava o Baile de Máscara do Marquês Blackshadow. Era costume muito comum escreverem artigos sobre a nata londrina, não obstante, não utilizavam seus nomes. No entanto, usavam suas iniciais. Assim, a garota leu nervosamente pulando linhas se atendo só aos pontos relevantes, em que apontava um encontro picante entre o misterioso MB e uma beldade proeminente da sociedade SS. Seus dedos tremeram. Suas pernas desfaleceram, se não estivesse sentada teria caído com certeza.

Um rubor subiu por suas bochechas. Sentia que perderia os sentidos, respirou fundo forçando sua mente a focar no que sua mãe falava. Não conseguia compreender como esse assunto havia chegado nos ouvidos dos fabricantes de histórias burlescas e de mal gosto. Sentia um nó em sua garganta a lhe sufocar, nem ao menos sabia como era o rosto do homem, que no primeiro momento a fez reviver sentimentos de menina que só um rapaz foi capaz de despertar. No segundo momento lhe invadiu na sua privacidade sem qualquer aviso, isso a perturbou não beijaria outro que não fosse Benjamin Crowford. O som irritado da voz da mulher a alcançou.

— Sabe muito bem que uma senhorita de respeito não fica com um cavalheiro em uma sala privada. — A mulher se abanava. — Ainda mais com um cavalheiro que não se revelou antes da meia-noite, pois saímos antes, por causa de sua súbita indisposição. Entende minha preciosa como tudo isso foi impróprio. Pode ficar arruinada diante da 'boa' sociedade londrina. — Andava de um lado para o outro. — Só espero que o Duque não leve em conta um jornal de fontes duvidosas.

— Querida o que foi que aconteceu? — Tom entrava na sala com cautela, sua esposa estava a ponto de ter uma crise nervosa. — Qual o problema? Esperava você para o nosso café da manhã.

— O problema, meu amado esposo, é a sua filha! — Enxugou uma lágrima de nervoso. — Está no jornal na coluna de fofocas!

— Qual é o teor do artigo? — O patriarca queria avaliar todos os pormenores da situação. Talvez poderia encontrar alguma vantagem nessa adversidade. Afinal de contas, às vezes aparecerem numa coluna de fofocas sociais contribuía em alguns negócios, pois seus nomes ficavam relevantes. Todavia esse artigo era muito mais pernicioso. Deixava Sophie totalmente exposta a falatórios nocivos. Com o periódico nas mãos caminhava de um lado a outro tentando encontrar uma saída lógica para esse impasse.

— Querido, o que vamos fazer agora? — A voz da mulher estava esganiçada.

— Deixe-me pensar um pouco. — Coçava o queixo com afinco.

O momento não era propício para escândalos, pois desejava formar alianças sólidas de negócios com o poderoso Marquês, com isso não seria prudente se indispor com o homem. Todavia existia um embaraço que não se podia negar, era público. Sua única filha estava exposta. Jamais poderia deixar sua preciosa joia desprotegida. Ouvia a esposa com cautela, no entanto, se fazia urgente encontrar uma solução lógica que silenciasse o burburinho que circulava pelos círculos sociais que frequentavam.

— Sophie, não pode perder uma reputação tão sólida, que conquistou por três temporadas sociais, por causa de um Marquês sem nenhum decoro. Nem sabemos qual é a sua aparência. — Estava totalmente irracional. — Precisa se casar o mais rápido possível!

— Mamãe, não podem me obrigar!

— Ah! Não posso? — Se voltou para a filha indignada. — Não me tente mocinha, estou muito desapontada contigo.

— Silêncio! — O homem elevou sua voz. Precisava encontrar uma saída urgentemente. — Às duas estão me exasperando!

Às mulheres logo se encolheram ao perceberem que de fato Tom Stanton estava nervoso. Em tempo nenhum ouviu o patriarca elevar a voz para elas, logo se deram conta de que o magnata estava preocupado com os últimos acontecimentos. Seu semblante era duro, não demonstrava nenhum humor. Seus olhos tornavam a encarar as páginas que permaneciam atadas em suas mãos. Mordeu sua bochecha interna um sinal aparente de que ele estava incomodado com a situação. O casamento poderia ser uma saída louvável, porém, essa ação precipitada só endossaria o que estava circulando pelos periódicos. Falaria alto nos meios em que frequentavam que de fato Sophie esteve numa situação comprometedora, isso seria o fim da família se agissem como se o falatório tivesse fundamento. Com isso se voltou para as mulheres que o olhavam atônitas.

— O casamento não será uma ação eficaz. — Encarou a esposa que abriu a boca para contestar, mas antes que o fizesse ele completou. — Se acelerarmos essa solução só dará combustível para que continuem a conversar sobre a culpabilidade de nossa filha. Além disso, nossa preciosa segue sem decidir sobre o casamento há três temporadas, como minha querida, bem lembrou. Portanto, deveremos seguir por outra estratégia.

— Qual seria meu amado? — Estava curiosa com o que seu esposo estava pretendendo.

Tom caminhou entre as flores da estufa o local era muito amplo, pesava todas as consequências do acontecimento, como poderia minimizar a situação, então conseguir uma leve vantagem sobre o engano que sua filha cometeu ao ir falar com tal homem em particular.

— Pensando no bem-estar de Sophie, sobretudo de nossa família poderemos convidar amigos próximos para uma reunião campestre em nossa propriedade em Derbyshire.

— Oh! Querido isso é uma ótima ideia. — Sorria aliviada. — Poderei fazer uma semana de festejos e jogos campestres, e ao final um baile majestoso. — Batia palmas comemorando a solução que Stanton apontava.

— Pai, isso pode fracassar, talvez ninguém queira participar! — Estava tentando desencorajar o patriarca. — Então, isso sim, traria vergonha a nossa família, estaremos em ruína social.

Gertrud olhou com preocupação para a sua menina que apontava uma verdade incontestável, o evento poderia fracassar e, então os Stanton ficariam muito pior que agora. Com isso, ela se voltou para o marido, com um olhar suplicante.

— Não, se convidarmos as pessoas certas, os destaques sociais que querem realmente ver e ser visto... — A filha o interrompeu.

— Quem garante que irão a essa festa campestre?

— Sophie, meu anjo... — Seu pai afagou a sua face. — A aristocracia é muito frívola, querem destaque, assim como nós. Apontando os predicados certos da ocasião. Com certeza será um sucesso. — A garota bufou. — Tendo os convidados certos, incluindo o Marquês Blackshadow e o Duque de Connaught e Strathearn, todos vão ir para ver se minha linda filha irá escolher seu noivo.

— PAI! — Estava indignada. — De verdade não quero ser destaque em nada! Quero ter sossego... — Sua voz se apagou. Era inútil lutar contra seus genitores. Estavam resolutos em se expor. Embora tivesse uma ideia clara em relação à festa que seria uma corrida para encontrar um marido. Acreditou que no campo teria mais liberdade de fugir dos pretendentes. Teria mais oportunidades de se esquivar de todas as frivolidades que a ocasião apontava. Por ser um local amplo, a propriedade tinha muitos esconderijos perfeitos para se refugiar e poder ler seus livros. Assim deixou que eles se empolgassem com as preparações do evento pomposo.

— Filha... — Tom falou conciliador. — Tudo que tem que fazer é escolher um noivo! Não adie mais tudo isso. Precisa se casar! São três temporadas está ficando velha, meu amor.

— Exatamente, meu querido! — Gertrud tinha um rosto satisfeito. — Será um momento glorioso para se anunciar um noivado!

— Sim, papai será um momento perfeito. — Baixou a cabeça, num sentimento esmagador de derrota. — Agora podem me dar licença?

— Querida, não vai tomar café conosco? — Sua mãe a olhava preocupada.

— Não, mãe estou bem, só preciso organizar algumas partituras para a aula de música.

— Sim, querida, faça isso, mandarei arrumarem uma bandeja para Betty lhe levar depois. — A garota anuiu. Com isso seus pais a dispensou, ela foi ao seu quarto totalmente, vencida, sem nenhuma esperança aquecendo o seu coração. Não tinha mais como remediar os intentos de seus progenitores em vê-la casada com alguém poderoso. Em razão de não saber onde encontrar seu amigo, o único que poderia a salvar de um futuro tão sombrio. Suspirou.

No mesmo momento em que, Tom e Gertrud, estavam radiantes com as perspectivas dos preparativos de uma festa campestre. Seria um momento ímpar para terem êxito em seus planos, ao mesmo tempo que aliviavam os fuxicos sobre Sophie, conseguiria fazer a garota finalmente decidir por um pretendente. Queriam que tudo acontecesse num arranjo perfeitamente ajustado. Foram ao salão menor para tomar seu pequeno-almoço. O empresário já tinha seus planos todos traçados, apenas precisava de sua linda esposa para tornar o tema mais delicado, traria uma sutileza nos tratos com os convidados, os envolveriam de modo gracioso.

Contava com Abigail Thornton para que a auxiliasse nesse projeto que seria suntuoso. Todos os detalhes deviam ser bem executados, pois todos em Londres deveriam se curvar diante da beleza e do esplendor que será em Forest Hill. A propriedade da família Stanton no Distrito de Peak, o lugar era maravilhoso com paisagens bucólicas com colinas suaves que enchiam a vista, com bosques que circundavam a propriedade e o rio Wye caudaloso que era um viveiro natural para trutas e salmões. Assim a propriedade tinha muitos atrativos para os homens com pescaria e caça, para as mulheres jardins muito bem cuidados para passearem nas tarde frescas do verão e um lago onde poderiam tirar suas inspirações para aquarelas e óleos.

A senhora Stanton após sua refeição ao lado do marido acertaram alguns detalhes, então se separaram para que cada um se encarregassem de todos os pormenores do evento social, promovida pelos Stanton. A senhora da casa estava reunida com as senhoras Thornton e Crowen, as professoras de sua filha. Ouvia as mulheres, concernente às sugestões que estas pontuavam em relação às melhorias na casa que iria receber convidados finos que necessitariam ter total conforto. Precisavam se sentir bem recebidos. Com isso o trio seguiu montando listas de convidados e de materiais e objetos imprescindíveis para a festa campestre.

(...)

A biblioteca estava na penumbra, as cortinas pesadas de veludo azul-turquesa impediam a entrada da claridade, muito embora o dia não estava radiante. O sol estava oculto em densas nuvens que se precipitavam em uma chuva copiosa que açoitava as vidraças do cômodo.

Sentado diante de uma mesa de cedro. O Duque não desviava seus olhos do jornal que trazia um artigo muito peculiar, a luz de uma vela bruxuleava em sua face, o deixando com uma aparência ameaçadora, o folhetim abordava algo que ele se recusava a acreditar. Contudo, a noite do baile o anfitrião da festa parecia saber o que estava fazendo. Isso fez o seu sangue ferver, uma vez que o nobre em questão, não conhecia a sua tecnicamente prometida, se não o era ainda, se devia a recusa sistemática da jovem em adiar tal fato inevitável, tinha uma leve impressão de que a dama às vezes se portava como se estivesse esperando por algum prometido, meneou a cabeça, Sophie não poderia ter um relacionamento clandestino. Conhecia a garota há três anos, não havia nada em sua conduta que a abonasse.

O Lorde se levantou para absorver todo esse assunto que o assombrava e turvava seu raciocínio. O único plano que pensava em seguir era fazer da jovem Sophie Stanton sua noiva. Não se importava com o Marquês, ele que procurasse outra jovem para que o sujeito se casasse e garantisse produzir um herdeiro para manter seu título com a família.

O Duque só não imaginava que Benjamin Crowford pouco se importava com essas questões de hereditariedade. A isso lhe escapava um detalhe muito importante, lorde Blackshadow, não esperava apenas uma esposa, mas sim se reencontrar com o seu amor de infância e juventude.

Um título nobiliárquico era sempre superestimado entre seus pares, a família do Duque era muito antiga, tradicional. Contava com várias gerações de Dalmay que herdavam o brasão Connaught e Strathearn. Richard Dalmay nasceu com esse propósito. Sua vida foi pensada para ser o décimo segundo Duque. Sua educação foi esmerada ao extremo, com o intuito de ser um nobre a altura de tal privilégio, Duque Strathearn vivia a altura dessa distinção.

Contudo, a Duquesa viúva Strathearn, não estava muito confortável com as escolhas de seu filho, acreditava que a senhorita Stanton não estava a altura de tal honraria, era uma jovem linda de fato, porém não seria uma duquesa adequada, uma vez que era filha de um magnata que não tinha títulos e nem um passado impoluto. Essas questões manchariam em definitivo as gerações futuras caso seu único filho seguisse obstinado em sua decisão. No entanto, se sentia aliviada por sua filha ter se casado com o Duque Harghait. Ela esperava seu primeiro filho, todos esperavam que desse à luz a um menino, mas o marido era encantado com a sua esposa não pensava muito nesse detalhe sempre haveria oportunidade para ter mais filhos. Era delicada e de uma beleza etérea. Lady Harghait era muito bondosa. Sempre apoiava seu irmão mais velho.

Enquanto que Richard Dalmay se instalava em Londres durante a temporada social, bem como participava ativamente na Câmara dos Lordes, pois sempre estava ativo nos círculos sociais. Sua mãe preferia ficar no campo. A viúva odiava ficar na capital da Coroa, alegava que as paisagens citadinas a faziam adoecer. Todavia era uma mulher muito saudável. Gostava do ar puro e ficar distante das "harpias" que vasculhavam a vida de todos, sempre em busca de um escândalo digno de circular pelo grupo.

O Duque era bem ciente das predileções de sua mãe. No entanto, sabia que a senhorita Stanton era uma mulher mais que preparada para assumir tal posto social. Era muito educada gentil, não era uma moça dada a arrebatamentos injustificados, muito menos corria em fazer os homens rendidos aos seus encantos, salvo no baile do Marquês, é bem possível que o cavalheiro em questão seja um dândi libertino que enredou a jovem que não teria nenhum preparo em se livrar de tal ardil.

Coçou a barba que já estava aparente seu modo informal era algo incomum, pois o aristocrata sempre se arrumava com afinco, todas as manhãs seu valente o auxiliava em todos os pormenores, com o intuito de sempre se apresentar impecável, no entanto, dispensou Winston que não concordou com a atitude de seu senhor, porém ele não poderia dizer nada, apenas torcer para que nenhuma visita inesperada chegasse, o vendo em tão mau aspecto. Isso recairia no valete responsável pela apresentação do nobre. Seria humilhante para o serviçal se falassem de modo ácido ou maldoso para com o seu patrão.

Nesse momento, Winston bate a porta, adentrando no cômodo escuro, demorou para que seus olhos se adaptassem ao ambiente. A isso notou que o Duque estava apoiado na moldura da lareira, o homem com o auxílio do atiçador tentava reavivar as chamas. Pigarreou.

— Senhor? — Esperou o Duque se virar. Não notando nenhuma reação do sujeito. Tentou mais uma vez. — Perdão Lorde Strathearn, o mordomo disse que o administrador de suas propriedades esteve aqui duas vezes pela manhã para uma reunião com o senhor, e às duas ocasiões foram adiadas. — Endireitou a coluna. — Lorde, está doente? Quer que chame um médico?

Richard se voltou na direção do valete piscando um par de vezes. O encarava como se estivesse saindo de um transe.

— Por gentileza poderia abrir as cortinas? — Winston foi rapidamente atender o pedido de seu senhor.

— Precisa de mais lenha para avivar o fogo. A sala está fria. — Observava o homem que parecia derrotado. — Quer que mande chamar um doutor?

A luminosidade do dia adentrou com impetuosidade na biblioteca. O Duque franziu o cenho protegendo com as mãos os olhos sensíveis às luzes diurnas, muito embora a cidade estava cinza pela chuva que não deixava de cair.

O Lorde Strathearn se adaptou rapidamente com a claridade caminhou até uma poltrona de couro marrom se sentando de modo informal.

— Não preciso de nenhum médico, remédio ou extrema unção... — Olhou para o valete com seus olhos azuis gélidos, não esboçando nenhum sentimento. — Necessito que me deixem sozinho!

— Sim, senhor, tratarei de avisar ao George que não lhe incomode com cartões de visitas, nem correspondências que venham da casa dos Stanton.

— O que disse?

— Avisarei a criadagem para não lhe perturbar. — Sua voz era solene.

— Com respeito a carta vinda da casa de Sophie Stanton...

— Ah! Sim, já vejo, chegou agora há pouco. Quer que a traga?

— Faça isso agora mesmo!

O valete saiu rapidamente para trazer a missiva que se mostrou ser tão importante para o aristocrata, mais até do que saber o que se passava com as suas propriedades. Então o homem na casa dos quarenta anos de baixa estatura entrou com uma bandeja de prata com um envelope com o lacre da família Stanton. Richard Dalmay, Duque de Connaught e Strathearn, sorriu pela primeira vez em dias.

Se levantou bruscamente se precipitando em quebrar o lacre para se inteirar do que se tratava tal correspondência, leu com avidez o conteúdo, assim que concluiu olhou seu serviçal com um semblante mais suave, até um pouco mais corado.

— São ótimas notícias!

Então novamente seu coração se agitou, pois, ser convidado a festa campestre dos Stanton não lhe dava um poder real sobre a garota, muito menos tinha essa intenção de se impor ante a senhorita. Sabia haver alguma reserva da parte da moça, voltou a avaliar o comportamento da jovem nesses três anos que se conhecem. Reconhecia que ela sempre se mostrava bondosa e educada. Contudo, invariavelmente, a jovem mostra uma atitude de cautela. Nesse momento, o duque não conseguia ler os sinais em Sophie, isso o frustrava. Pensava em todos os motivos possíveis que a fazia agir com tanta reserva. Será que o tal Marquês conseguiu cruzar a barreira que ela construiu? O tal aristocrata falou algo que faria toda a diferença ao coração dela? Conseguiu desvendar os segredos que ela carrega? Fechou os olhos com força tentando afastar todos esses questionamentos que nublavam sua mente racional, não podia deixar que sentimentos arrebatados o tirassem de seus caminhos firmes e objetivos. Continuaria firme em sua decisão em fazer Sophie Stanton na Duquesa de Connaught e Strathearn, e ser a mãe de seu herdeiro. Nada poderia mudar seus planos. Então esticou a coluna, voltando a sua postura aristocrática de sempre.

— Winston, vou precisar de seu auxílio, preciso estar apresentável em minha reunião com o meu administrador. — O homem se animou ao perceber que seu senhor parecia ter recuperado o bom senso, voltando a se portar como um nobre que tem suas responsabilidades, então foi ao quarto de banho preparar a ablução do Duque.

Dalmay, por sua vez, mostrou um semblante mais decidido. Tomou a firme decisão de ir a tal evento, na certeza que ganharia o coração da jovem, mesmo que para isso desafiasse o Marquês Blackshadow para um duelo, riu consigo, sabendo que tal situação não chegaria a tanto, pois não viviam uma história caricata saída das páginas de um folhetim barato. A isso rumou para o seu quarto para se arrumar, a fim de se mostrar apresentável, não poderia se entregar a arroubos infantis. Seu coração estava mais obstinado em relação aos seus objetivos.

(...)

Os pensamentos voavam para o momento mais especial que viveu em anos! O toque suave de suas mãos na base das costas dela, o deslizar deles pelo salão como se fossem plumas ao vento, sentia que poderia voar. O rosto dela com o brilho dourado que fazia sua beleza etérea. Suspirou. Com os olhos cerrados ainda podia ouvir os acordes melodiosos do piano e violino em seus ouvidos. Podia ainda sentir o calor que emanava do corpo meigo dela. Estava tão linda quanto na tarde do estábulo.

O coração de Benjamin Crowford estava acelerado, o cheiro agradável de flores e verão que fluía da pele branca, levemente sardenta nos ombros ainda o incendiava. Ter ela tão perto de si, foi um misto de prazer e tormento, pois vibrou cada ponto de seu ser a ter entre seus braços mesmo que momentaneamente, e pelo mesmo motivo isso também o atormentava, já que ela o repudiou, por não ter o reconhecido. Abriu os olhos e em frustração ouviu a voz do amigo. Ao entrar indolente no escritório do Marquês.

— Bennie, trouxe sua correspondência. — Sorriu de lado. Coçando a cabeleira ruiva. — O mordomo não ficou muito contente.

Benjamin curvou os lábios num rosto alegre.

— Acredito que esteja adentrando nas atividades do homem.

— Estava querendo ser útil. — A voz estava divertida.

— Deixa os envelopes aí no aparador, depois vejo do que se trata. — Fez um gesto para o móvel. — Bastian... — Desistiu deixando a voz morrer no meio da frase.

— Bennie, o que está te incomodando? Desde sua grande apresentação na cidade sinto que está recluso... mais do que o costumeiro, pode se abrir comigo, não tenha medo.

Benjamin Crowford caminhou pelo espaço entre os móveis, respirou profundamente o ar para os pulmões, soltando pesadamente pelas narinas. O seu amigo de longa data estava realmente incomodado, o evento que planejou não saiu como queria, talvez tenha errado na dose.

Pensava em tudo que poderia ter feito para evitar o embaraço que vislumbrou no rosto de sua amiga um brilho de raiva nas írises esverdeadas dela, uma aflição que gostaria de todo o coração poder arrancar de sua memória. Foi imprudente e totalmente apressado, avançou num caminho que não tinha o direito de invadir. A dança os arrebatou, no entanto, os acontecimentos que sucederam depois foram desastrosamente equivocados. Esfregou o rosto de modo impaciente, quanto mais pensava, mais remoía os seus pensamentos e os muitos caminhos que poderia ter conduzido naquela situação, sentia muito remorso, não queria ter feito o que fez. O rapaz meneava a cabeça em negação, enquanto que Ward seguia silencioso o observando, reconhecia que seu amigo tinha algo muito importante para dizer, mas sabia muito bem que ele falaria no seu tempo, com isso ficou sentado aguardando o momento de Crowford.

O marquês sabia haver tomado medidas muito extremas, os pais da Sophie eram frívolos e superficiais isso era incontestável, todavia, não poderia ter exposto sua amiga, aos seus caprichos. Mais uma vez sua consciência o atacou violentamente, sua cabeça girava ao compasso da valsa que compartilhou um momento doce com sua amada, porém o giro foi ficando cada vez mais veloz, culminando no afastamento abrupto de Sophie com o seu rosto o reprovando, um nó se formou em sua garganta trancou em seu espírito uma lágrima que desafiava se precipitar em seu rosto vermelho.

— Bastian... — Soltou um ar reprimido em seu peito. — Acredito que cometi um terrível engano. Exagerei com Sophie, estou tão irritado comigo. — Desviou a vista do outro. — Desperdicei uma oportunidade de conversar com ela. Sophie deve ter muita raiva de mim. — Desabou numa poltrona se sentindo totalmente derrotado.

Sebastian se levantou caminhando até o amigo que estava muito cabisbaixo, observou que nunca o tinha visto tão agitado e numa atitude tão negativa, precisava o ajudar a ver as coisas de um ponto de vista mais equilibrado.

— Vamos pensar em todos os detalhes dos acontecimentos, talvez encontremos algo positivo em que possamos trabalhar a seu favor.

— Penso que fui um idiota! Coloquei tudo a perder! — Apoiou os cotovelos no joelho, numa postura ansiosa. — Ela deve me odiar. Com razão, fui insensível e rude!

— Como? Não pode ser? — Estava atônito com as revelações do amigo. — O que fez a ela de tão grave? Sabe que o Marquês é você?

— Forcei uma situação, que a deixou embaraçada. — Se levantou com muito peso nas pernas e mente. — Tentei beijá-la, queria que ela se lembrasse do nosso encontro. Como fui tolo, ela se assustou. Não sabia que eu e o Marquês somos a mesma pessoa

— Hum! Entendo... — Analisou as palavras do amigo, se aproximou do homem pesaroso. — Pelo que me contou deve de verdade ter atemorizado Sophie com a sua ação ávida. Contudo, tem um meio de converter essa situação.

— Tem alguma solução? — Encarou Ward com dúvidas.

— Claro que tem, pense comigo... — Ambos se sentaram um de frente ao outro. — Você disse que ela não sabe que são as mesmas pessoas, podemos trabalhar para reverter esse mal-entendido ao seu favor. Criar eventos em que o Marquês se mostre mais generoso, não tão assanhado. — Nesse momento, levantou a sobrancelha de modo divertido. — Festas sociais sem tanta pompa, mais íntimas, talvez um jantar, um passeio no Museu de História Natural. Qualquer coisa que seja mais perto do dia-a-dia da garota.

— Será que isso vai resolver? Tenho ceticismo nesse aspecto. — Tornou a caminhar pelo cômodo. — Penso que não será tão fácil contornar tamanha confusão que causei a mim e a minha amiga. Queria poder apagar tudo que fiz.

Nesse momento, entrou no escritório mordendo uma maçã todo despreocupado, Conrad, indo direto ao aparador.

— O que você quer apagar? — Folheava as cartas uma a uma. Até que o rapaz se deteve em um envelope, a fruta se precipitou no chão pelo impacto que teve ao ler o sobrenome.

— O que foi Flag? Mais um filho perdido de Manchester. — Benjamin ria apesar de tudo. Sebastian não gostou da piada sem-graça do amigo, pois há uns meses recebeu uma carta em que revelava que em sua primeira aventura amorosa havia tido consequência, um filho de cinco anos que a avó materna criava, uma vez que, a moça tragicamente não sobreviveu ao parto, dessa forma, a criança foi criada com essa senhora que tinha uma saúde muito fraca, não tinha mais condições de ficar com o rebento do moço ruivo. Seus pais ficaram estarrecidos com a notícia de serem avós de um garoto de cinco anos, o acolheram enquanto Ward estava organizando as coisas. Agora o menino vivia com o pai em Londres. Benjamin o recebeu com muito carinho. — Fala homem o que tem nesse papel que o deixou emudecido.

O rapaz estava um pouco agitado. Estendeu o papel lacrado na direção do Marquês.

— Tenho a impressão que o que tem neste envelope é a resposta para toda a sua impaciência dos últimos dias. Depositou o objeto na mão do amigo.

Benjamin Crowford, engoliu em seco ao ler a caligrafia bem trabalhada no papel alvo, quebrou o lacre com muita cautela, como se fosse algo muito sensível e fosse se desmanchar entre seus dedos.

— De quem é essa correspondência. — Sebastian estava curioso.

— É da família Stanton. — Se adiantou Conrad, voltando a morder seu lanche recuperado do chão.

O marquês se afastou da dupla que cochichavam com relação às suposições do conteúdo da missiva. Ele precisava contemplar esse momento, digerir o conteúdo. Os seus olhos caíram nas palavras bem desenhadas da missiva. Era um convite para uma festa campestre. Esses eventos eram muito comuns entre os nobres, convidava sempre números herméticos de casais para promover matrimônios. Sua sobrancelha arqueou em dúvida. O que a família queria com tal invitação? Olhou para os amigos que estavam vidrados nas reações de Benjamin.

— Do que se trata essa carta, Bennie? — Sebastian quebrou o silêncio.

— Se trata de um convite. — Falou com reserva.

— Um convite? — Repetiu Conrad.

— Exato, um evento social patrocinado por Stanton. — Entregou o papel na mão do ruivo que leu com calma o assunto. Virou para o amigo com alegria. — Bennie, esse é o momento perfeito para contornar o assunto que tanto lhe amarga. Poderá fazer a garota esquecer, por assim dizer, os equívocos do primeiro encontro.

— Como assim desfazer os acontecimentos. — Conrad estava alheio aos assuntos.

— Fui precipitado com Sophie. — Falou acanhado.

— De verdade você a beijou? — Começou a gargalhar. — Ela te bateu na cara! Queria ser uma mosca para ver isso.

— Não me bateu! — Estava rubro. — Mas esteve bem perto de o fazer. — Desviou o olhar. — Mais de uma vez.

— Ela sabia que você era o marquês?

— Não Flag, não sabia. — Se adiantou Ward.

Colocou as mãos na cabeça numa atitude displicente com os pés na mesa de centro.

— Ótimo! — lançou o resto da maçã no lixo, comemorando o acerto.

— Como assim ótimo. — Benjamin Crowford estava confuso.

— Se ela tentou te bater porque achava que era um desconhecido, isso significa uma coisa, Bennie, ela pensa em você!

— Verdade, — admitiu Sebastian — a postura combativa dela mostra que não esqueceu o Benjamim Crowford. Viu o Lorde Blackshadow como uma ameaça, então meu caro amigo, tem sim uma excelente oportunidade de converter a situação ao seu favor. — Riu para os amigos. — Este convite aponta claramente que os pais dela não estão ofendidos, ou queira pressionar um casamento.

— Bom, minha opinião é clara, tem que aceitar tal convite. — Conrad olhava pidão. — Deve acrescentar a mim nessa festa, vou amar passar uns dias no campo respirando ar fresco, pescando trutas, jogando críquete e vendo muitas ladies bonitas.

— Vejo que Flag está com a razão. — Ward completou. — Contudo, iríamos para lhe auxiliar. — Olhou feio para o rapaz indolente na poltrona. — Não para ficar flertando com as damas da sociedade, estas garotas, não são criadas para isso. — Conrad deu de ombros com as recomendações do amigo.

— Sim, aceitarei o convite. — Encarou os rapazes. — Solicitarei o acréscimo de meus conselheiros no evento, mas vocês deverão se comportar na propriedade dos Stanton. Serão prudentes, respeitando as senhoritas que serão convidadas. — Aguardou os rapazes confirmarem entenderem o pedido.

— Sim, Bennie respeitarei o local. — Conrad Flag replicou obediente.

— Com certeza nos comportaremos a altura de sermos conselheiros do Marquês Blackshadow.

Crowford anuiu para eles. Com isso o trio seguiu conversando sobre como agiriam no local, dando dicas de como Benjamin poderia reverter a situação constrangedora que se formou na última vez que Sophie Stanton teve ao contatar o lorde Blackshadow. Necessitava ser o mais gentil e sutil para contornar a má impressão que se formou na mente da garota. Ele teria que ser muito elegante e sensível às necessidades da lady, mas o amor carinhoso que tinha por ela o conduziria a fazer o melhor para ganhar a confiança de sua amada amiga.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro