♡ CapÍtulo 58: "Me casar com você."
[ALERTA DE GATILHO]
Esse capítulo contém relato de violência e abuso sexual.
Se você está passando por isso, ou conhece alguém que está, disque 100 e denuncie.O canal de denúncia funciona diariamente e qualquer um pode denunciar, sendo menor de idade ou não. A ligação é gratuita e pode ser feita de forma anônima.
Se o tema for muito pesado para você,
por favor não leia.
[SUGESTÃO DE MÚSICA]
A música em que Keanu e Zoey dançam neste capítulo, está anexado na multimidia.
Sugiro que ouçam durante a leitura da cena.
Tudo está muito silencioso, ao ponto de conseguir ouvir o meu coração bater acelerado em um ritmo constante de samba em meu peito. Meu coração perde o compasso ao ouvir o girar da chave e depois um barulho de salto batendo no chão, junto com o acender das luzes.
— Eu não acredito que Katherine me deixou sozinha após a intensidade de emoções que foi o dia de hoje. — Ouço a voz de Zoey. Seu tom de voz é cansado e aparenta estar muito chateada.
Eu me culpo por não ter estado com ela. A verdade é que estive o dia todo distante, organizando o jantar em surpresa para ela, que eu acabei não tendo tempo para ficar ao lado dela.
Que irônico, não?
Eu posso notar que isso afetou Zoey e espero poder reparar tudo nesse momento.
Os barulhos dos passos se aproximam do cômodo em que estou e de repente, eles cessam. Noto Zoey na entrada da sala de estar, seus olhos estão em mim e eu estou paralisado segurando com força o buquê de rosas, um sorriso tímido surge em meus lábios.
A expressão de Zoey é de uma genuína surpresa, seus olhos se moviam entre mim e a mesa decorada. Um sorriso de felicidade se forma ao se dar conta do que é tudo aquilo.
— O que isso tudo? — Pergunta a garota totalmente encantada, vindo até mim. Eu a abraço apertado antes que pudesse dizer qualquer coisa. O seu perfume é maravilhoso de se sentir.
Saímos do abraço, mas mantivemos o contexto visual. Seus olhos brilham de felicidade e aquilo é conforto para o meu coração culpado.
— Uma vez, você me disse que casais têm jantares românticos. — Falo e nossos sorrisos se alargam ao ouvir a melodia que começa a tocar ao fundo. — Isso tudo é para você. — Estendo as rosas em sua direção.
— Keanu, elas são lindas. — Exclama Zoey. — Obrigada. — A garota acaricia as pétalas das rosas com um sorriso no rosto. Zoey é tão linda quanto as rosas que segura.
A linda mulher em minha frente leva o buquê até o nariz e fecha os olhos ao sentir o aroma das rosas.
Zoey é de uma formosura que eu jamais vi.
Ela volta a me olhar e lança um sorriso ainda mais radiante ao notar o envelope vermelho entre as flores. — Você também escreveu um cartão? Ah, Keanu... — Consigo deixá-la sem palavras.
A forma em que ela suspira o meu nome, me faz o homem mais contente do mundo.
Toda aquela correria tinha válido a pena.
— Sim, é uma promessa que eu faço a você para além da vida. — Reúno coragem para dizer o que está em minha mente. — Mas, eu quero que leia apenas quando eu vier a faltar em sua vida. Quando você estiver velhinha em uma cama quente. Promete que fará isso?
Eu estou arriscando. Não é uma promessa que eu tinha certeza que vou cumprir, mas é possível, visto o que está acontecendo aqui e agora, ao lado de Zoey.
— Eu sou uma pessoa bastante curiosa, mas eu prometo. Vou cuidar deste cartão até a minha velhice. — Ela ri e eu também.
Eu sou um homem contente com Zoey.
— Vamos comer, a comida está quase esfriando. — Puxo uma cadeira para que Zoey se sente. A garota parece perdida, olhando para a mesa.
— Você que organizou tudo? — Pergunta Zoey. — Quero dizer, olha para tudo isso. — Ela aponta para o meu pequeno improviso. — Me lembra A Bela e a Fera, a rosa no vidro.
— Isso foi uma coisa de improviso. — Confesso. — Mas me recorda a mesma coisa.
Sirvo a entrada e apresento o prato de cozinha como se eu fosse um chefe de cozinha, servindo a um cliente de extra importância.
— Senhorita, para a entrada desse magnífico jantar temos Bruschettas* com tomates tostados e manjericão. Espero que se delicie.
— É tudo maravilhoso, Keanu. — Zoey agradece. — Eu não acho que mereço tanto.
— Você merece o que há de melhor, Zoey. — Seguro em suas mãos sobre a mesa. As chamas das velas em contraste com seus olhos são de tirar o fôlego.
Comemos a entrada sem muita conversa, apenas trocamos sorrisos e carícias, entre uma mordida ou outra.
Toda a minha atenção está focada nos olhos de Zoey, há felicidade neles, mas algo parece errado. Sinto que há algo perturbando - a.
— Keanu, as Brus... Seja lá o que forem, estavam deliciosas. Você quem fez?
Rio com a forma em que ela se refere as Bruschettas*.
Eu quero perguntar o que aconteceu, o que ela tinha visto de tão grave para faze-la ir até a casa dos Olsen conversar com Suzan. Mas, é melhor deixar o assunto de lado, por hora.
— Infelizmente não. — Confesso para a garota. — Eu não teria tempo o suficiente para preparar o cardápio e todo o resto. Na verdade, eu não tenho dotes culinários para tanto.
— Eu gosto da sua comida, só aquele espaguete a carbonara que não deu muito certo. — Caímos na risada ao lembrar do meu desastre na cozinha.
— A culpa foi toda da senhorita! Você me tirou toda a concentração... — A acuso e Zoey semi cerra os olhos. — Em todo caso, Katherine teve um papel importante na surpresa. Eu pedi que ela te mantivesse ocupada. Aliás, para onde Katherine te arrastou? — Pergunto, ao retirar os pratos sujos da mesa e caminhar até a cozinha.
— Katy não me levou a lugar algum. Ficamos um longo tempo com os pais dela.
— Eles foram educados com você? Zoey, você me parece chateada ao tocar no assunto. — Eu tenho a sensação de estar pisando em ovos. Retorno para a sala de jantar.
— Eles foram legais. Eu não quero falar sobre isso agora, vamos deixar os nossos problemas para amanhã. Minha mente precisa de um pouco de paz, os dias tem sido exaustivos.
— É verdade, vamos aproveitar... — Sirvo-a de outro prato e encho a sua taça de vinho, em silêncio.
— Não vai me explicar o que é, chefe Keanu?— Rio e entro novamente no personagem.
— O prato principal é um clássico risoto e um filé, de um suculento salmão. É simples, mas muito sofisticado. E para acompanhar, um vinho da casa, safra de 2009. — Levo as mãos em frente ao peito e me curvo para a dama na cadeira, abaixo minha cabeça em referência. — Bon Appétit.
Finalmente a minha parte favorita do jantar chega.
O momento da sobremesa.
Estou ansioso para saborear o Petit Gâteau*. A junção do quente e do frio que explodem na boca em uma sensação única.
— Isso é maravilhoso! — Explode Zoey após a primeira colher.
— Sim! É muito saboroso. — Acompanho-a aos elogios á sobremesa. — Sabia que existe uma controversa sobre quem é o idealizador desta delícia?
— Não! Como assim? — Zoey é sempre atenta a qualquer coisa que eu posso ensina-la.
— Muitos dizem que é uma sobremesa francesa.
— E não é? Sempre ouvi que é. Almejava viajar até a França para provar um desses legítimo.
— Essa é a questão. Dizem que esta receita é francesa e surgira de um improviso. O chefe teria errado na receita ao fazer alguns bolinhos. Ridículo, não é? Mas, em outra versão da história, dizem que o criador do doce é um aprendiz dos Estados Unidos.
— Grandes cozinheiros acertam até no erro. — Zoey sorri. — Mas como você sabe disso?
— Curiosidades inúteis que adquiri ao longo dos anos. — Dou de ombros.
Rimos um pouco mais, enquanto nos deliciamos com essa sobremesa divina. Naquela altura, eu pouco estou me importando se a receita é italiana ou francesa.
Comeria mais destes se pudesse.
A música que toca ao fundo é a mais linda já escrita, em minha opinião. Elvis Presley sabia como tocar o coração de um homem apaixonado. Acredito que Can't Help Falling In Love já embalou diversos casais e com Zoey e eu não seria diferente.
— O jantar está excelente, mas no próximo, eu prefiro que você seja o chefe por trás dos pratos. — Zoey soa exigente.
— Deixa comigo, madame. Prometo que terá um ótimo cardápio elaborado por Keanu Davies somente para você. — Me levanto, parando ao seu lado.
Zoey me olha confusa.
— O que está fazendo?
— Não é um jantar romântico se o casal não dançar uma música lenta. — Falo, estendendo minha mão em sua direção.
— Keanu, eu não sei dançar.
— Por favor! — Imploro. — Não se pode deixar o Rei do Rock esperando. — Lanço-a um sorriso galanteador e assim como Marie nunca resistiu a ele, Zoey aceita. — Confie em mim.
Coloco sua mão direita em meu ombro e uma de minhas mãos em sua cintura, a puxo um pouco mais para perto de mim. Nossos corpos estão produzindo um calor aconchegante.
Seguidos pelo ritmo da música, começamos a nos movimentar, para um lado e para o outro, em um ritmo constante.
Zoey está com sua cabeça na curva do meu pescoço e sua respiração quente em minha pele me causa arrepios. Posso sentir uma corrente elétrica pulsando entre nós dois.
Estamos rodando e tomando por aquele pequeno espaço entre a mesa de jantar e sala de estar. Estamos totalmente entregues ao nosso próprio mundo de amor. Zoey se afasta do meu pescoço e olha para mim, preciso ausentar minha mão da sua cintura para tirar o cabelo que cai sobre o meu olho roxo. Eu não o preciso esconder de Zoey, nunca precisei.
A garota em meus braços me decifra como ninguém. Os olhos de Zoey em mim ardem como chamas e me consomem por inteiro. Seus lábios rosados me chamam, me recordo de como é o júbilo dos teus beijos.
— "Como um rio certamente corre para o mar;
Querida então, vai;
Algumas coisas são destinadas a serem assim... " — Canto em seu ouvido e posso sentir os pelos de seus braços se arrepiarem. — "Pegue em minha mão, legue minha vida inteira também." Zoey, eu não posso deixar de me apaixonar por você!
— Keanu... Estou apaixonada por você. — Aquelas palavras são um calento para mim.
Estamos juntos e mais sólidos.
Até o momento não havíamos dito essas palavras um ao outro e esse é o momento mais alto que chegamos em nossa relação.
Eu amo como isso soa e quero que ela fale novamente.
— Pode repetir, por favor... — Peço suplicante.
— Eu estou apaixonada por você. — O sorriso em meus lábios são enormes.
Me inclino e a tomo em um beijo, um beijo intenso, com desejo e muita paixão. Nossas línguas quentes dançam no mesmo ritmo.
Estamos aproveitando o delírio que as nossas bocas nos causam, sem pressa. Todo o tempo do mundo pertence a nós neste instante.
O contato físico entre nós está se tornando mais intenso, a medida que o beijo vai se intensificando.
O ar se torna ausente e cessamos o beijo por breves segundos.
Há excitação no ar.
Seus olhos flamejantes estão me desejando, assim como os meus a devoram por inteira.
Não vamos resistir essa noite.
A puxo para mim novamente, minhas mãos estão em sua nuca, aprofundando o nosso beijo, com um pequeno grau de força, eu puxo os seus cabelos e faço com que sua cabeça fosse levemente jogada para trás, deixando o seu pescoço exposto para mim.
Deposito beijos por todo o caminho até o seu queixo.
O perfume inebriante de Zoey me deixa ainda mais desejoso de seu toque, passo a língua em beijos quentes em seu pescoço, finalizo com uma mordida leve. Isso arranca de Zoy um gemido.
Ah, seu gemido é como sinos em meu ouvido.
Eu quero mais.
Volto a beija-la ainda mais intensamente, em um movimento rápido a pego em meu colo e sem afastar os nossos lábios eu a levo até o sofá.
Deito -a com cuidado.
Seus dedos emaranham-se em meus fios de cabelos.
É uma sensação incrível estar rendido aos braços de Zoey.
Volto a me concentrar em depositar mais beijos em seu pescoço, minha mão aperta a sua coxa quente e meu desejo é invadir o vestido que ela está usando. Zoey tira as mãos do meu cabelo e as leva até um dos botões em minha camisa, a observo com calma, suas mãos estão trêmulas, então eu a ajudo, eu mesmo retiro a minha camiseta e volto a abocanhar seus doces lábios.
Uma de minhas mãos repousam em um dos seios de Zoey, ainda protegidos pela camada fina do vestido. Permaneço ali, esperando que a mesma me afaste, mas isso não ocorre. Aproximo mais os meus dedos do seu decote e com um pequeno esforço, passo minha mão por sobre seu sutiã, sentindo de leve o quente e o macio de sua sua pele.
Imediatamente as mãos de Zoey me tiram de lá e eu a olho confuso.
— Eu não consigo. — A minha garota diz e eu me afasto rapidamente, deixando com que ela se sente no sofá. — Me desculpa, eu... Eu não consigo.
— Está tudo bem, Zoey. Não vamos apressar as coisas. — Acaricio o seu rosto.
— Não é isso! — Minha menina exclama. — Eu quero você e estou pronta para isso. Mas, o que eu presenciei hoje... Eu me sinto suja. Eu não consigo. — Ela afasta o rosto de minha mão e esconde-o, percebo estar tentando afastar as lágrimas.
— Ei, eu estou aqui. — Me aproximo dela, tocando de leve em seu cotovelo. — Me conte o que houve. — Peço com a voz rouca.
— Você sabe que Marie foi abusada?
Meu coração para.
Eu sei?
Me recordo da minha primeira vez com Marie, ela estava receosa, muito mais que o normal para uma primeira vez e sempre que nós nos beijavamos, Marie tinha medo de ultrapassar a barreira do seguro e agora tudo isso faz sentido.
— Não, mas ela me deu sinais. — Sussurro. — Eu deveria ter notado.
— Eu vivi isso hoje, na terapia regressiva. Eu senti o que ela passou. Foi horrível, Keanu. — Seus olhos estão marejados. — Por isso eu tinha que ir até os Olsen, eles mereciam saber... Porém, eles já sabiam.
— Eles sabiam quem foi?
— Sim, o culpado está preso até hoje e eu fico aliviada por isso, mas a sensação é de nojo. Eu me sinto suja e violada. — Zoey está entregue aos soluços, seu corpo todo treme. Eu a abraço, não sei o que dizer e não quero arriscar em dizer alguma coisa errada.
— Algo incrível também aconteceu no dia de hoje. — Sua voz é embargada pelo choro. — A senhora Olsen acredita em nós.
— Acredita que você é Marie?! Isso é mesmo uma boa notícia... — Falo baixo.
— Keanu, eu não sou a Marie. Eu sou a Zoey... — Ela me corrige, limpando uma lágrima teimosa. — Mas é bom não ser mais taxada como impostora.
— Você é Zoey, me desculpa... Eu ainda não consigo desassociar vocês duas. — Confesso.
— É confuso para mim também.
Horas depois, estamos deitados na cama de Zoey e prontos para descansar desse dia sem fim.A minha frágil e inocente menina, repousa a cabeça em meu peito desnudo.
— Eu pensei que você estivesse ido se encontrar com outra mulher. — Zoey confessa de repente.
— O quê? Como assim? — Abaixo minha cabeça para observa-la.
— Você não quis almoçar comigo, dizendo que tinha uma reunião. Essa eu entendi, fazia bastante sentido. — Zoey faz uma pausa para suspirar, ela movimenta seus dedos em meu abdômen. — Mas a noite? Quem tem uma reunião docente a noite? E você estava arrumado demais... Eu imaginei que estivesse cansado de mim, de toda a minha confusão e dos riscos que é ficar comigo.
— Ficou com ciúmes? — Implico com Zoey.
— E se dizer que senti um pouco?
— Não há a menor chance de ter outra mulher em minha vida, Zoey.
— E Margareth? Eu vi a tensão na briga entre vocês em Cracóvia.
— É, aconteceu uma coisa entre mim e Margareth na viagem, mas nada que teria algum futuro. Sabe, quando eu me imagino casando novamente é com você. — As palavras escapam sem eu perceber. — É, eu me casaria com você.
— Não acha precoce dizer isso?
— Olha para mim, minha querida. Eu já sou velho para perder mais tempo, estive cogitando a possibilidade de deixar Saint Andrews e assim, poderemos ser livres.
— Não posso aceitar isso. Saint Andrews é o seu lugar. Não posso permitir que você abandone tudo o que construiu por lá, por minha causa. Você não pode, Keanu! Não pode! — Zoey exclama e as palavras saem rápidas de sua boca.
— Então vou esperar até a sua formatura. — Falo calmo e sorrindo para ela, minhas mãos fazem carinho em suas madeixas castanhas.
— Para quê?
— Me casar com você.
Bruschettas* é um antepasto italiano, feito á base de pão, que é tostado em grelha com azeite e depois esfregado com alho. Há diversas variações, no caso deste capítulo, é tostado só tomate com molho de manjericão.
Petit Gâteau* é uma sobremesa composta de um pequeno bolo de chocolate com casca, possui um recheio cremoso é geralmente servido com sorvete. A controvérsia sobre a criação do doce é real, alguns defendem que foi criado na França, pelo chefe francês Jean-Georges, ao errar na quantidade de farinha, outros dizem que o Petit Gâteau é uma invenção americana, idealizada por um aprendiz de chefe dos Estados Unidos.
Há quem diga também que foi criado pelo chefe francês Michel Brás e adaptado e trazido para o Brasil pelo famoso Erick Jacquin. Já para o chefe Oliver Anquier, ele acredita que ninguém sabe ao certo onde o Petit Gâteau surgiu.
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