♡ Capítulo 51: "Eu estou viva, me tirem daqui!"
[ALERTA CLAUSTROFOBIA]
Esse capítulo contém gatilho para claustrofobia.
Se for claustrofóbico, por favor não leia.
O olhar do professor Keanu em mim, me traz sentimentos que eu mesma não sou capaz de entender.
Enquanto o homem em minha frente fala sobre o que iríamos fazer, eu só consigo olhar para a sua boca e me lembrar do beijo no sofá. O desejo que senti em estar ali com ele, sozinhos na casa dele, é inexplicável.
Seus lábios são um convite para o inferno, no bom sentido da palavra.
O toque de suas mãos em meu corpo, os puxões de cabelo, as leves mordidas que Keanu dava em meus lábios. Tudo! Me causaram uma explosão de excitação. Eu teria me entregado para ele naquele sofá, mal tínhamos decidido o que éramos e eu já me sentia pronta em entregar a minha virgindade para ele.
Algo em mim sabe que é muito cedo para isso acontecer, mas eu não estava me importando. Eu queria e meu corpo também o queria, e ao julgar por algo que senti encostando em minha intimidade, Keanu também me queria. As sensações que ele me faz sentir, nenhum outro homem conseguiria causar. Os toques de Lian, em nada chegaram perto daquilo que Keanu me proporcionará em seu sofá.
Eu desejo o professor Keanu com todo o meu ser.
Uma hora após quase ceder minha intimidade para Keanu, estou deitada com a cabeça em seu colo assistindo Piratas do Caribe. É um bom filme e a atuação de Johnny Depp é perfeita em seu papel como Jack Sparrow, quer dizer, Capitão, Capitão Jack Sparrow.
Ouço a campainha tocar e por um momento deixo de respirar. Tiro a atenção do filme e me viro bruscamente para Keanu, o mesmo me olha com preocupação e se levanta do sofá.
— Finalmente! Deve ser o tal Stoucker. — Exclama Katy, ao meu lado.
— Você está pronta? — Keanu pergunta, seus olhos estão em mim. Os olhos castanhos mais lindos que já vi, me analisam profundamente.
— Não. — Respiro fundo. — Mas, vocês estão aqui. Eu vou seguir em frente com isso. — Falo, sorrindo fraco para o homem acima de mim. Estou apreensiva e sinto minhas mãos ficarem geladas. Keanu retribui o sorriso e se inclina para me beijar. Os lábios quentes dele me levam longe, posso imaginar como seria senti-los em meio as minhas pernas.
Fico perplexa com meus próprios pensamentos. É evidente que ainda estou atiçada pelo beijo de uma hora atrás.
A campainha soa mais uma vez.
— Não é elegante deixar um convidado esperando. — O tom de Katy é de provocação e Keanu balança a cabeça rindo.
Dá para notar que eles têm um forte laço de amizade, fortalecidos pelos anos de união matrimonial de Keanu e Marie. Eu não sou páreo para Marie e todas as histórias que os três viveram juntos.
Eu estou muito insegura o tempo todo.
Quando Keanu e Katherine me contaram sobre a possível reencarnação, eu surtei. Quis fugir para longe de tudo. Mas, no fundo do meu coração, eu já sabia que existia algo. Na verdade, essa é a única explicação para as visões com Saint Andrews, os pesadelos com a mulher que agora sei ser a falecida Marie e o seu encantador marido, Keanu Davies. Isso também explica a sensação de déjà-vu que senti ao conhecê-lo. O conforto que só os olhos dele me passam.
Se eu conseguir acessar a vida de Marie, saberei que o meu destino é ao lado de Keanu e me sinto esquisita com essa ideia: Amar o mesmo homem que Marie amou.
Mas, não escolhemos de quem gostamos, não é?
Um homem com óculos, cabelos brancos, colete azul e blusa social branca aparece na sala, ao seu lado está Keanu, visivelmente ansioso.
— Meninas, este é o Steven Stoucker. — O homem apenas sorri gentil, enquanto Keanu segue com as apresentações. — Steven, essas são Zoey e Katherine.
— Prazer em conhecê-las. — A voz do homem é bastante calma.
— Katherine é a irmã da minha falecida esposa, a Marie. — Stoucker olha para o quadro que está bem colocado ao lado da escada e volta a sua atenção para o meu professor.
— Nunca em minhas experiências, eu tinha presenciado algo tão idêntico. Se eu não entendesse do assunto, diria que vocês são a mesma pessoa. — Steven fala ao me olhar. Meu rosto toma uma expressão confusa ao me recordar das palavras de Keanu, ele havia me dito que eu era Marie, mas esse homem diz que não sou.
— Eu sou, ou não, a Marie? — Pergunto, apontando para a fotografia da linda mulher e ignorando as boas normas de apresentação.
— Sim e não. — Continuo extremamente confusa. — Você possui a alma de Marie, a essência da alma dela. Vocês podem até compartilhar os mesmos gostos, as mesmas paixões... — Meu olhar e o de Keanu se encontram novamente, ele está sorrindo para mim e eu retribuo, insegura. — Mas, de acordo com os estudos, você é outra pessoa, não a mesma que faleceu.
— Então, como o senhor explica a minha capacidade de vê-la? — Eu o bombardeio com as minhas perguntas.
Eu quero saber tudo.
— Sua reencarnação é recente. — O homem de colete azul continua irritantemente calmo. — Soube que se passaram apenas dezenove anos desde a morte da sua companheira, não é senhor Davies? — O olhar de Stoucker está em Keanu.
— Isso. Dezenove anos. — O tom de voz que sai da boca de Keanu é indecifrável para mim.
— Podemos começar a sessão? — Pergunta Steven, seus olhos saem de Keanu vindo em direção a mim.
— Podemos. — Repondo rápido e sem pensar demais sobre isso.
— Certo, deite-se no sofá, por gentileza. Os demais, por favor, não façam barulho. — Steven pede, olhando para todos na sala e em seguida, voltando a prestar atenção em mim.
Eu faço conforme o homem de cabelos brancos pede, me deito no sofá que outrora estava nos braços quentes de Keanu. Vejo Stoucker colocar a mão no bolso e tirar de lá um relógio de bolso, daqueles bem antigos que vemos em filmes de época. O homem balança o relógio diante dos meus olhos.
— Concentre-se no relógio. Siga ele com seus olhos. — Sério isso?! Uma hipnose barata?
— Como isso vai me ajudar a capturar as memórias de Marie? — Pergunto, sem esconder a irritação em minha voz.
Ele parece mais um charlatão. — Penso.
— Confie, Zoey. — Ouço a voz de Keanu. É como se ele tivesse lido aos meus pensamentos referente ao homem.
— Esvazie a mente e siga o balançar do relógio. Você irá sentir seus olhos pesados e com bastante sono. — A monotonia na voz de Stoucker, me captura.
Eu não consigo manter meus olhos abertos, fecho os meus olhos e tudo está preto. Ao longe, consigo ouvir a voz solene de Steven, sua boca parece estar colada em meus ouvidos, pois não consigo ouvir nada além da sua voz maçante.
— Agora, volte lá atrás. O que você vê? — Uma luz muito branca atinge os meus olhos, me vejo na mesa de jantar com a minha mãe. Eu me lembro disso, estávamos conversando sobre um dos meus sonhos, conhecer a Saint Andrews.
— Estou jantando com a minha mãe. Planejando a viagem para o Reino Unido. — Respondo no automático.
— Vamos voltar, um pouco mais. Me leve para a sua infância, Zoey. — Sinto uma alegria tomar conta de mim. Eu voltei para um dos dias mais felizes da minha vida e está mais claro do que minha mente se recordava que estava naquele dia. — Me conte, onde estamos? — Ouço a voz calma de Stoucker em meus ouvidos.
— Estou na praça tomando sorvete de morango com os meus pais, depois de brincar com eles no parquinho. Eu estou muito feliz, feliz de verdade como nunca! — Sorrio ao responde-lo.
— Vamos forçar um pouco mais. — Sua voz é mais séria e parece ainda mais longe. — Acesse sua antiga vida... — E tudo se torna escuro, sufocante e muito triste.
— Me tira daqui! — Exclamo. — Está escuro eu não consigo respirar! — Bato incessantemente minhas mãos em algo de madeira. — Por favor! Eu estou viva, me tirem daqui!
— Fique calma, Zoey. — Ouço a voz de Stoucker novamente. — Você não está lá. Quando eu contar até três você vai voltar, mas se lembrará de tudo. Um. — Começo a ver uma luz. — Dois. — Eu já consigo respirar melhor e meu coração parece leve. — Três. — Abro meus olhos e estou no sofá de Keanu.
Eu estou suando e me encontro mais sem fôlego do que quando meu professor estava me beijando.
Essa tinha sido uma experiência horrível.
Corro para os braços de Keanu e afundo o rosto em seu peito, sentindo o aroma de seu perfume amadeirado.
— Está tudo bem, você está bem. — As mãos de Keanu sobem e desce por minhas costas. — Katy, pega uma água para ela.
Com muito esforço me afasto de seus braços e tomo a água gelada que Katherine me trouxe.
Eu estou tremendo muito.
— Quer nos contar o que houve? — A voz de Steven continua calma e seus olhos me analisam.
— Eu voltei. Eu estava em um caixão. — Minha voz soa calma no primeiro momento e depois, eu surto ao me dar conta do que aconteceu. — Eu estava presa na droga de um caixão! — Sinto meu coração doer novamente.
— Isso é incrível. — Sussurra Steven.
— O que é incrível? — Keanu pergunta e meus olhos pulam de um homem para o outro.
— Ela esteve na pele de Marie no dia de seu enterro. — Steven tem a voz fria, para ele é como se fosse algo muito rotineiro. Na verdade é, óbvio que ele já tinha visto muito disso. — Porém, você estava consciente, Zoey.
— Então, é possível confirmar que Zoey é mesmo a reencarnação da minha irmã? — Katherine questiona, seus olhos estão marejados.
Continuo em silêncio, apenas absorvendo todas as informações, meu coração não para de palpitar e todo o meu corpo treme.
— Sim, é possível. Só alguém que reencarnou conseguiria acessar tal lembrança. — Steven sorri. — Zoey, parabéns, você foi muito bem. — Fecho os meus olhos ao ouvir as palavras de Stoucker, cansada e com o coração doendo, volto a abraçar o homem que me traz segurança.
Alguns momentos depois eu me sinto mais calma e acompanho Steven até a saída, sendo seguida por Keanu.
— Muito obrigado, senhor Stoucker. — Keanu agradece ao homem com um aperto de mão. Ambos os homens, estão com expressões sérias e eu permaneço em silêncio no meio deles.
— É o meu trabalho.
— Quando será a próxima sessão? — Keanu está muito ansioso e eu também compartilho da mesma ansiedade. Apesar da primeira sessão ter sido de uma sensação horrível, me sinto ansiosa para a próxima.
Quais as lembranças eu posso acessar?
Eu quero entender melhor quem eu fui, para saber quem eu sou agora.
— Estamos marcados para o mesmo horário na semana que vem. E como Zoey possui uma reação maior as lembranças do que os demais, ela precisa de um tempo maior para se recuperar. — Steven lança um olhar preocupado para mim. — Após as sessões, as visões que acontecem quando você está acordada, irão aumentar. É importante que você não fique sozinha nesse tempo, ok menina? — Me sinto estranha e apavorada.
— Ok. — Não há certeza em meu tom de voz.
Eu moro sozinha e não tenho parentes na cidade, apenas colegas e conhecidos, como Mirna. Eu posso ficar um tempo lá? Não, ela fará muitas perguntas e eu sigo mentindo para ela sobre a minha mãe e todo o resto.
— Eu posso filmar nossa próxima sessão de regressão? — Pergunta Stoucker, sem esconder o entusiasmo, embora se mostre preocupado. Não sei o que responder, é a minha imagem em transe que estará sendo exibida.
Eu me sinto parte de um grande experimento científico.
Mas, é o trabalho dele, sua carreira e quem sabe comigo, com mais provas sobre esse acontecimento, Steven Stoucker possa ajudar outras pessoas na mesma situação que eu.
Respiro fundo e sorrio forçada para o homem em minha frente.
— Tudo bem, eu autorizo. Será bom contribuir em suas pesquisas... — Não consigo completar a frase em voz alta.
...Sobre almas que voltaram para viver novamente.
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