♡ Capítulo 47: "Zoey sabe que é minha."
Katherine e eu estamos assistindo um filme de ação. Gostávamos muito de fazer isso tempos atrás, mais precisamente no início do meu namoro com Marie.
— Eu realmente não entendo. Como alguém salta com um carro de cima de um prédio e não morre? — A indignação de Katy é plausível. Filmes de ação, no geral, são muito mentirosos e isso a deixa extremamente enfurecida, mas Katherine é teimosa e nunca deixa de assisti-los.
— Os produtores exageram demais! — Prossegue a mulher. — Essas coisas não acontecem na vida real e quando acontece, ninguém sobrevive para contar.
— Acho que essa é a graça de filmes de ação, fugir da realidade.
— Mas isso é demais! — Exclama a mulher apontando o dedo indicador para a televisão.
Somos interrompidos por uma batida forte na porta, seguido por um grito extremamente doloroso. Me levanto rapidamente do sofá, sobressaltado. Katherine me encara assustada.
O que está acontecendo?!
— O que foi isso, Keanu?! — Katherine pergunta assustada e dá um pulo para o meu lado ao ouvir mais algumas batidas desesperadas na porta.
— Keanu! — Uma voz grita entre as batidas incessantes. O tom é de desespero e eu não consigo decifrar de quem pertence a voz. Katherine se esconde atrás de mim.
— Fica aqui. Eu vou olhar. — Falo para Katy. A mulher atrás de mim confirma com a cabeça. Caminho com cuidado para a porta, a abrindo devagar.
O que vejo me deixa estagnado.
Zoey está completamente desorientada em minha frente. Ela parece perdida e sem foco. Seu olhar está passando através de mim, como se não estivesse me vendo.
— Ei, ei! Estou aqui! — Pego-a pelo braço, trazendo-a para dentro. Seus cabelos estão molhados e a minha garota está descalça. Sinais de quem saiu desesperada de casa. Meu coração bate acelerado ao imaginar o pior. — O que houve? — Pergunto, na esperança que meus pensamentos estejam incorretos.
Zoey ainda está desorientada, seus olhos procuram algo em que focar. Seguro em seu delicado rosto, fazendo com que a garota olhe diretamente para mim.
— Zoey, olha para mim. — Falo calmo e percebo que não surge efeito algum sobre ela. — Olha para mim! — Exclamo com todo o ar em meu pulmão. Seus olhos heterocromáticos finalmente parecem focados nos meus e eu a solto. — Me conte. O que aconteceu? — Pergunto mais uma vez.
— Eu... Eu... — A garota não consegue completar a frase e as poucas palavras que saem da sua boca são baixas. Seus olhos passam por mim e encaram Katy, vejo suas sobrancelhas se juntarem em confusão. Zoey continua conferindo cada centímetro daquela sala e o seus olhos aumentam de tamanho ao encarar os quadros de Marie na parede. A minha menina foge de perto de mim, correndo apressada e tropeçando pelos próprios pés.
— Zoey! — Exclamo, indo até a minha garota. Ela pega um dos quadros em sua mão.
— É ela... Eu, ela... — Suas palavras saem altas e desconexas. Eu não consigo entender o que Zoey está tentando dizer.
— Zoey? — A chamo calmamente, ou tento soar o mais calmo possível diante da situação. Seus olhos se encontram aos meus, noto o brilhar de lágrimas neles. Eles se fecham e a vejo desmaiar em minha frente. Toda a minha visão está em câmera lenta enquanto tento pegá-la. O som do quadro se quebrando, traz de volta a velocidade desse momento.
Katy e eu estamos encarando uma Zoey deitada em minha cama.
Seu semblante é calmo.
— O que foi aquilo? — Indaga Katherine.
Eu permaneço em silêncio. Não sei o que aconteceu, mas ela sabe alguma coisa sobre Marie.
— Eu não sei, possuo apenas alguma teoria.Temos que esperar ela acordar para termos uma resposta concreta. — Respondo baixo, ainda encarando a minha menina desacordada. Seu rosto está molhado pelas lágrimas, suas bochechas estão ainda mais vermelhas e seus cabelos estão bagunçados.
Deixamos a garota descansar e descemos para a sala. Estou limpando os cacos que foram deixados após Zoey desmaiar em meus braços. Me agacho e apanho a foto solitária. Foi a última foto que tirei de Marie, ela usava um vestido coral e um chapéu marrom. Estávamos no parque central, sentados na grama. Éramos um casal feliz.
— Ela viu alguma coisa. — Falo repentinamente, colocando os meus pensamentos em ordem. — Eu acho que ela viu a Marie.
Após uma hora, continuo inquieto e preocupado. Subo novamente para o meu quarto e me aproximo de Zoey, deixo um beijo calmo em sua testa e acaricio levemente seus cabelos. A minha garota mexe um pouco a cabeça para os lados, dando sinais que está acordando. Seus olhos azul e castanho parecem confusos, eles percorrem por todo o quarto e depois pausam em mim. Sorrio de forma complacente.
—Oi. — Sussurro para a garota.
— Aconteceu de novo. — É tudo o que ela me diz. Zoey se senta na cama, levando a mão para a cabeça. — Só que dessa vez foi pior. Eu não sabia para quem recorrer, eu só sai...
— Ei calma, agora tudo está bem... — Tento transferir confiança para Zoey, deixá-la confortável.
— Eu vi sua ex esposa, a Marie. — Zoey se recorda do nome que eu havia pronunciado há um mês atrás. — Eu a vi!
— Como assim você a viu? — Eu quero saber tudo. O que ela tinha visto, o que Marie havia dito e sentido.
— Eu a vi no espelho. Marie falou comigo, Keanu. Eu estou ficando maluca? — Seus olhos suplicam por ajuda.
— Não, você não está maluca.
— Como não?! Eu vi uma mulher morta! Eu não só a vi, ela também falou comigo e me disse que eu sou ela! Como?! — Zoey está eufórica e ouvir a palavra morta deixa meu coração pesado. — Como você explica isso sem ser loucura?!
—Tem uma explicação para isso. — Admito com um certo receio. — Mas você precisa confiar em mim e manter a sua mente aberta, está bem?
A minha garota confirma com a cabeça e eu suspiro. Chegou o momento que eu tanto esperei, o momento da revelação. Em minha mente, seleciono as palavras com calma. Umedeço os lábios e começo do início, com calma, como quem está pisando em ovos.
— Você já ouvir falar sobre reencarnação? — Meu tom de voz é suave e neutro.
— Isso não acontece. — Zoey responde, sua voz é de uma pessoa cansada.
— Eu também pensava que não. Até te conhecer. — Sou sincero. — Eu fiquei obcecado com o fato de você possuir esses olhos. Os mesmos olhos que os de Marie. — Despejo todas as minhas descobertas, incluindo as datas de morte e nascimento entre as duas mulheres.
Zoey está chocada com tudo o que estou contando. Sua cabeça não para de balançar em negação.
— Isso não pode ser real. Eu sou Zoey Lancaster. Eu tenho uma vida! Eu penso da minha forma!
— É possível. Existe muitos estudos sobre isso. Você possui uma doença, decorrente ao tiro em que ceifou a vida de Marie. — Zoey leva suas pequenas mãos para o peito, repousando - as em seu coração.
— Isso explica as suas dores. Os flashes de memória. — A voz de Katherine ecoa. Não tinha notado que Katy tinha retornado para o quarto.
— Não, não. Isso não é real! —Zoey exclama. — Eu estou enlouquecendo e vocês também. Eu vou embora! — Eu seguro seu punho antes que Zoey pudesse sair da cama, seus olhos me encaram sérios. Me forço a ignorar o calor que sinto passar por todo o meu corpo.
— Você me contou uma vez que viu uma mulher com um homem. Você viu o teatro. Marie foi assassinada em frente ao teatro dos seus sonhos, Zoey. Eu sei que você também me viu em um deles, você mesma me contou, não diretamente... — Falo ofegante. Zoey me encara abismada, eu desvendei os seus segredos. — Você apenas não quer acreditar, porque isso mudará tudo.
— Sim, eu vi vocês dois. — Admite a garota. — Mas isso não significa nada. — E lá está a faísca de desafio em seus olhos, a mesma postura de Marie ao resistir aos meus argumentos. Essa discussão eu preciso vencer.
— Eu conheço um especialista em terapia regressiva, ele consegue fazer algumas almas que reencarnaram acessar memórias de sua vida passava. Poderíamos resolver tudo e seguir em frente. — A encaro convicto de que minhas palavras iriam atingir a parte de Zoey que é esperta e muito curiosa. — Juntos. — Completo em um sussurro.
—Eu estou confusa, Keanu! Ontem eu me deitei e eu ainda era Zoey Lancaster. Hoje vocês e um reflexo de uma mulher que morreu anos atrás, estão me dizendo que sou Marie? A sua esposa que voltou?! Isso é loucura!— Zoey continua em negação. Katherine e eu nos olhamos e permanecemos em silêncio. — O pior é que não vou saber quem sou até passar por isso.
Meu coração está acelerado com as últimas palavras que saíram de seus doces lábios.
Está acontecendo.
Zoey sabe que é minha.
Minha Marie.
— Eu aceito participar desta loucura. Eu preciso saber quem sou de verdade e qual é o meu destino. — Sorrio para a garota em minha frente e a abraço, a mesma retribui, me apertando forte contra seu corpo. Deposito um beijo em sua cabeça, ao nos afastarmos.
— Vou estar ao seu lado o tempo todo. — A asseguro. Entrelaço nossas mãos e as levo até os meus lábios, beijo a sua mão suavemente, sem tirar os meus olhos de cima da minha linda e teimosa, Zoey.
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