♡ Capítulo 36: "Eu me odeio por não odiar você."
Acordo sentindo bastante frio e com o braço dormente, Margareth está nua e deitada sobre o meu braço. Suas mechas loiras cobre todo o meu rosto. Tento me mover sem acordar ela, o que é uma missão impossível.
Eu não quero ser o canalha que sai durante a noite após o sexo, mas nessa manhã faremos uma viagem de volta para casa e por todo o corredor, nos quartos, há alunos dormindo. E se alguns deles me ver saindo do quarto de Margareth com cabelos bagunçados?
E se Zoey me visse?
Com muito cuidado consigo sair da cama e colocar minha roupa. Antes de sair, deposito um beijo suave na testa de Margareth.
Não estou orgulhoso por fazer isso, mas é necessário, vou conversar com Margareth depois. Eu não sei o que será depois do que aconteceu, não há desculpas, somos adultos e vamos achar uma forma de lidar com isso, na verdade, eu vou ter que arranjar uma forma de conviver com isso. Afinal, quem está em uma enrascada sou eu. Sempre esteve claro que Margareth se sentia atraída por mim e eu abusei desses sentimentos ontem a noite.
Sou eu o completo errado nesta história.
Não posso negar que passar a noite com Margareth foi muito prazerosa. Não quero ser um babaca, mas eu sinto que faltou algo, não consigo explicar essa sensação. É diferente do vazio corriqueiro que há em meu coração.
Entro no quarto, preciso tirar o cheiro de sexo que há em mim antes de voltar para cama. Deixo a água me lavar por completo, desde os cabelos até o restante do meu corpo. A noite com Margareth repassa em minha cabeça. Como eu vou dizer para ela que nosso envolvimento não passará disso?
Eu estou mais fodido do que antes.
Se estar apaixonado por minha aluna, que pode ser a reencarnação da minha esposa falecida já é péssimo, imagina agora?! Eu transei com minha colega de trabalho.
Inferno!
Minha cabeça está começando a latejar, sinto os efeitos em pensar demais e também misturado com a noite de bebedeira e sexo. Enrolo a toalha na cintura e saio do banheiro, visto uma roupa confortável e me espalho por entre os cobertores em cima da cama.
Preciso descansar.
Mal fecho os meus olhos e já tenho que abrir novamente, uma batida incessante em minha porta me desperta. Me levanto com a cabeça pesando mais do que todo o meu corpo e ao abrir a porta recebo uma Margareth extremamente furiosa.
— Como você pôde fazer isso?! — Margareth grita.
— Por favor, não grite. Não queremos acordar todo mundo, entra aqui. Vamos conversar. — Falo calmo, abrindo passagem para ela.
— Você fez sexo comigo e simplesmente vai embora? — A mulher pergunta, se sentando na cama.
— Eu tive receio de ficar por mais tempo e quando saísse já tivesse alunos pelos corredores. — Explico o meu ponto de vista, levando as mãos para a têmpora. — Por acaso você não teria alguma aspirina contigo, teria?
— Você não estava com esse medo ontem, quando me fez gemer! — Margareth novamente aumentou o tom de voz. Sua voz é como facas em meu cérebro.
— Os quartos tem as paredes grossas. — Respondo, dando de ombros. Sim, agi como um babaca, de novo. — Marg, infelizmente eu não posso te oferecer um romance.
Seu queixo cai ao ouvir as minhas palavras, posso ver os olhos verdes se encherem de lágrimas. Isso é de doer, eu não gosto de fazer uma mulher chorar, mas eu preciso encarar a situação e ser sincero.
— O que aconteceu entre nós essa noite foi muito bom, de verdade. Mas eu não posso te oferecer o meu coração. — Falo, me sentando ao seu lado, passo o meu braço ao redor de seu corpo e sinto a mulher tremer com meu simples gesto.
— Você acha que sou um brinquedo para você, Keanu? — A voz de Margareth é carregada de amargura. — Eu sei que você carrega suas dores. Eu sei que você não consegue esquecer a Marie, eu entendo tudo isso. Eu gosto de você desde que eu comecei a dar aulas na Saint Andrews. Essa noite foi a melhor de todos os meus dias. Eu não estou pedindo por um romance, não estou. Eu apenas queria que você não tivesse saído na surdina após eu gemer o seu nome.
Estou sem palavras com a confissão e o desabafo de Margareth e me sinto ainda pior por tudo o que fiz.
— Você é uma mulher fantástica, Marg. Se eu não estivesse apaixonado por outra, eu poderia facilmente ser fisgado por seus olhos verdes. — Acaricio sua cintura com as pontas do meus dedos.
— É, mas eu não odeio você, Keanu. Eu me odeio. — Lágrimas rolam pelo rosto de Marg e meu coração, que já é quebrado, se parte um pouco mais. — Me odeio por não conseguir odiar você. — Margareth sorri, sem ânimo e ainda com os olhos marejados, ela se levanta afastando-se de meu abraço desengonçado. A mulher bonita, a qual eu acabo de magoar, caminha até a porta e eu permaneço no mesmo lugar, congelado e patético. — Não precisa se sentir culpado. Estamos bem. — Marg me lança um último olhar brilhante pelas lágrimas que ela tanto controla para não cairem em minha presença e com um suspiro cansado, Margareth se vai.
Eu me sinto péssimo.
Eu sou péssimo.
A dor em minha cabeça está péssima.
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